Me Apaixonei pela Pessoa que Eu Odeio

Tentando entender uma maníaca assassina


Continuei olhando para a tela do computador por bastante tempo. Quem aquela maníaca estava pensando que é? Uma hora ela dá a ideia estúpida de pularmos em uma piscina, na outra diz que me odeia, depois vem conversar no MSN.

Ela só poderia ter fugido de um hospício.

Por fim desliguei o computador. Minha mente era um emaranhado de sensações novas e confusas. Não sabia o que fazer, e quando começava algo logo parava e ia fazer outra coisa.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Desci lá embaixo e coloquei minha roupas para lavar. Voltei e tentei afinar meu violão. Depois comecei a jogar um novo game que o Bruno tinha me emprestado.Mas não tinha nada para fazer. Quer dizer, ter tinha, eu tinha que estudar para algumas provas e tinha uma pilha de tarefas para fazer, mas não estava com cabeça para isto.

Fui até a sala. Meu pai estava lendo um livro, deitado no sofá. Me sentei no outro e liguei a TV.

Troquei de canais algum tempo, sem deixar em nenhum, até que meu pai mandou parar com aquilo, que era irritante. Deixei na Warner mesmo, onde estavam reprisando alguns episódios de Two and Half Men.

A campainha tocou. Fui atender, na esperança de que fosse Elizabeth, tinha mandado uma mensagem para o celular dela há uma meia hora. Nem me lembrava que hora acabava sua aula de música.

Abri a porta e dei de cara com meu pontinho rosa favorito.

-A onde você se meteu?

-Oi Luke, tudo bem? Eu estou ótima. –Elizabeth disse, com um sorriso falso.

-E é claro que eu quero entrar. –Dei espaço para que ela passasse e logo após fechei a porta.

-Oi Elizabeth! -Meu pai falou, desviando a atenção de seu livro.

-Oi Gabriel. –Ela falou simpática.

-Vem Elizabeth, precisamos conversar. -Falei impacientemente, já levando Elizabeth pelo braço para o meu quarto. Depois

-Meu Deus, porque toda esta impaciência?

-Ela tem nome e sobrenome, se você quer saber.

-E eu poderia saber qual é? –Ela perguntou revirando os olhos e sentando na cadeira da escrivaninha.

-Joanne Summer.

-O que foi agora? Não me diga que vocês brigaram outra vez! –Ela disse, com aquele tom de voz que as mães usam quando os filhos fazem algo de errado.

-Não fale comigo como se eu fosse uma criança! –Repliquei ficando mais bravo ainda.

-Então não aja como uma. E afinal, o que aconteceu? –Elizabeth perguntou, seus olhos brilhando de curiosidade.

Me joguei na minha cama e fiquei olhando para o teto.

-Basicamente, nós fomos até a cidade, assistimos a um filme e fomos à praia. –Respondi devagar com a voz monótona.

-E o que tem de errado nisso? -Perguntou Elizabeth, totalmente confusa.

-Nada de errado nisso mas sim no que vem depois! –Falei com a estranha sensação de querer mentir para Beth e não lhe dizer o que realmente havia acontecido.

-E o que é? –Elizabeth perguntou impaciente.

-Bem, nós pulamos na piscina e...

-Vocês pularam na piscina? –Ela me interrompeu.

-Quer que eu conte logo ou não? –Perguntei irritado.

Elizabeth assentiu com a cabeça enquanto fingia fechar a boca com um fecho.

-É que nós chegamos ao prédio pelos fundos, então Joanne disse que eu não pulava na piscina, eu respondi que é claro que não pularia, afinal por que eu faria isso? Mas então ela me convenceu a pular, eu disse que faria, mas que ela também deveria entrar na piscina. Ela concordou, só que quando eu pulei na piscina ela não pulou. Então eu fingi que tinha me afogado, dai ela entrou também. –Falei com um fôlego só.

-Vocês dois são malucos. - Elizabeth falou, entre risos.

Lhe adverti com o olhar e ela logo ficou quieta outra vez.

-Depois ela descobriu que a tia dela tinha saído de casa e como não tinha a chave ela teve que ficar aqui em casa, só que ela estava toda molhada. Então eu emprestei umas roupas minhas para ela. Enquanto Joanne tomava banho eu fiz panquecas para a gente comer, estava morrendo de fome.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

-Você sempre está morrendo de fome. –Olhei bravo para ela. –Ok, não falo mais!

-Como eu estava dizendo, nós comemos as panquecas, até que sobrou só uma. Eu tentei pegar, só que ela também tentou. Nossos rostos ficaram muito perto um do outro e eu a... Beijei.

Senti algo diferente ao dizer isto em voz alta, era uma sensação estranha no meu estomago, algo que eu jamais tinha sentido. Era como um enjôo, mas não bem assim... Algo meio inexplicável, nem bom nem ruim.

-Você beijou a garota? –Ela perguntou incrédula.

-Pois é. –Falei enquanto sentia minhas orelhas começarem a ficar vermelhas e quentes.

-E qual foi à reação dela? –Elizabeth parecia estar fazendo um interrogatório.

Demorei um pouco para formular uma boa resposta.

-Foi com certeza a pior parte. Quero dizer, ela falou que eu não devia tê-la beijado, que me odeia. –Fiz uma pequena pausa para dar mais ênfase. -Ah, e sem querer eu disse que só estava sendo legal com ela por que o meu pai disse que reduziria o meu castigo. Dai sim ela ficou uma fera.

-Não sem razão.

-Como assim, Beth? –Perguntei indignado por ela dar razão a maníaca assassina.

-Você beija a garota e depois disso fala que esta sendo legal com ela por que seu pai mandou... Como esperava que ela ficasse? –Ela perguntou confusa.

Pensei um bom tempo antes de responder.

-Acho que você tem razão.

-Claro quem sim, eu sempre tenho. –Ela falou, voltando a ser a Elizabeth que eu conheço.

-Só que a parte mais estranha vem agora. –Falei olhando para a garota de cabelo rosa outra vez.

-Ainda tem mais? –Ela perguntou genuinamente surpresa.

-É que depois ela veio falar comigo no MSN, só que eu não dei meu e-mail para ela.

-Fui eu quem deu. –Elizabeth disse, enquanto olhava para as próprias mãos, não envergonhada, mas parecendo estar conferindo o esmalte.

-E por que você fez isso? –Lhe perguntei irritado por ela ter dado o MEU MSN para aquela maluca.

-Por que ela pediu. –Ela falou como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

-E o que eu faço agora? –Perguntei, voltando minha atenção ao teto.

-Acho que você só tem uma escolha. –Ela deixou a deixa no ar.

-Não me diga que tenho que pedir desculpas, de novo, para a maníaca assassina!