Maternidade

Explicando


Eu estava cansada. Depois de ficar enfurnada no Hospital desde ás seis da manhã, meu corpo já reclamava e minha cabeça doía. Não que estivesse muito cheio, já que só tive dois pacientes, mas fiquei ajudando Shizune com a papelada cheia de relatórios, e também trabalhei com Ino, produzindo os meus próprios relatórios sobre a clínica de crianças.

Era bom fazer algo que não fosse ficar atoa, esperando algum paciente, mas mexer com papeis não era bem o meu forte. Preferia cem pacientes a cem relatórios.

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De qualquer forma, depois das nove horas, Shizune finalmente me liberou; peguei minhas coisas no consultório e sai apressada, indo em direção a casa dos meus pais. Como eu tinha trabalhado o dia todo, Sarada teve que ficar lá, já que ainda era nova demais para ficar sozinha em casa. Estava com seis anos, e cada dia mais parecida com o pai – fisicamente e na personalidade.

Ela fica emburrada com frequência, é muito reservada – quando perto de outras pessoas, porque perto de mim ela fala mais que o Naruto. No entanto, também é muito inteligente, vive sendo elogiada pelos professores, e tem as melhores notas, como eu na minha época. Era uma criança e tanto, e eu, como mãe coruja, me sentia muito orgulhosa.

Avistei o prédio onde meus pais moravam, e andei até lá o mais rápido que pude. Sabia que tinha extrapolado o limite que tinha estabelecido, para não deixa-la sozinha. E eu tinha certeza de que ela estava entediada na casa dos meus pais.

– Oh, Sakura! Até que enfim chegou. – disse minha mãe, enquanto abria a porta do apartamento para mim. Eu suspirei, assentindo.

– Desculpe a demora. É fim de mês, então temos mil relatórios para entregar ao Hokage. E Shizune pediu minha ajuda então... – minha mãe apenas assentiu, enquanto andávamos em direção a cozinha.

– Sarada está fazendo o dever de casa. Perguntava quando você ia chegar de cinco em cinco minutos...- riu, e eu sorri. – Já jantou e tomou banho, só falta dormir agora.

– Ótimo, obrigada mãe. – entramos na cozinha, e lá eu vi minha filha, compenetrada no exercício. Passei a mão em seus cabelos, agora um pouco mais curtos, chamando sua atenção. – Olá, pandinha.

– Oi, mamãe. – ela respondeu, sorrindo de boca fechada. Seus dois dentes da frente tinham caído, por isso, agora, ela raramente sorria de boca aberta. Odiava as janelinhas em sua boca.

– Está fazendo o dever? – sentei-me ao seu lado, depois de lhe dar um beijo na testa. Ela ajeitou os óculos, recém- adquiridos, e assentiu.

– Sim, mas ainda não terminei. Tem uma parte em que vou precisar de sua ajuda.

– Hm, sério? – tentei olhar o dever, estranhando o fato dela pedir minha ajuda, o que raramente acontecia.

– Sim. Podemos ir? – assenti, me levantando e ajudando-a a guardar o material na mochila.

– Mãe, já estamos indo. Cadê o papai?

– Está dormindo.

– Bem, mande um abraço para ele. E obrigada por cuidar de Sarada. – minha mãe sorriu, dando de ombros.

– Obrigada por cuidar de mim.- Sarada disse, fazendo uma reverencia breve, que fez minha mãe soltar uma risada.

– Ora, Sarada, não precisa ser tão formal. Sou sua avó, esqueceu? – Sarada sorriu, negando com a cabeça. – Tomem cuidado na rua!

Nos despedimos e começamos a caminhar juntas. No caminho ela me contou o que fez durante o dia, reclamou das piadas sem graça do avô, e como foi na escola. Quando chegamos em casa, tirei os sapatos e fui direto para a cozinha.

– O que acha de tomarmos sorvete? – perguntei, e ela sentou na mesa com um sorriso enorme.

– Sim! – sorri, pegando o sorvete no congelador e colocando para mim e para ela.

– Então, o que quer me perguntar? – ela pareceu assustada, me olhando por trás dos óculos vermelhos.

– Er... eu tenho um trabalho de escola para fazer. – ela parecia um pouco sem jeito, enquanto tomava uma colherada do sorvete.

– Hm, e o que é? – também tomei uma colherada, observando-a com atenção. Ela parecia um pouco tensa, e sua mania de ajeitar os óculos só aumentava.

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– A Watanabe- sensei pediu para nós escrevermos a história de nossos clãs. – tomei outra colherada, entendendo o porquê de Sarada estar nervosa.

Acontece que eu nunca contei a história da família de seu pai para ela, ela apenas sabia que eles tinham sido importantes e que morreram quando Sasuke era novo. Além disso, não dei mais detalhes. Eu sabia que esse dia chegaria, afinal Sarada era curiosa, e não entendia a razão de seu clã ser tão importante para Konoha.

– Bem, vamos fazer então. – eu respondi, sorrindo; ela apenas arregalou os olhos.

– Não tem problema?

– Logico que não. Vá pegar o papel. – ela fez o que eu pedi sem pensar duas vezes, e voltou em menos de um minuto com o caderno em mãos. – Está preparada?

– Sim!

– Pois então, o clã Uchiha foi um dos primeiros clãs de Konoha. Seu avô, Uchiha Fugaku, há muito tempo atrás, foi o líder do clã, e também o comandante da polícia de Konoha. Fugaku, junto com Mikoto, teve seu tio, Itachi e seu pai. Itachi era muito forte, considerado um gênio, e com pouca idade já era um shinobi de elite. Ele amava Konoha, e morreu como um herói.

– Como ele morreu? – engoli em seco, pensando se era realmente bom falar sobre isso. Resolvi que isso era conversa para quando ela estivesse mais velha.

– Na guerra.

– Entendi... – ela anotou tudo, e eu suspirei aliviada por ela ter acreditado. – E meu avô e avó? Como morreram?

– Bem... ouve um acidente. E todo o clã Uchiha foi morto, sobrando apenas o seu pai. – ela parou para pensar, franzindo o cenho, e eu sentia que vinha outra pergunta a qual não poderia responder.

– Que acidente?

–Hm... um acidente terrível. Enfim, vamos continuar. Seu pai treinou arduamente e tornou-se um dos shinobis mais fortes de todo o mundo. Tanto ele quanto o Naruto. – ela pareceu não se importar com a mudança de assunto, e quando mencionei o Naruto, pareceu ficar interessada.

– O Hokage?

– Sim. Você sabe que nós fomos colegas de time, e, bem, eu acompanhei o desenvolvimento do Naruto, apesar de não ter acompanhado o do seu pai.

– Por que não?

– Porque o seu pai não estava na vila... ele foi embora, para treinar, sabe?

– Hm... então ele sempre fez isso. – ela murmurou, abaixando os olhos, ainda escrevendo. Fiquei em silencio, concordando com ela; afinal, Sasuke era uma alma livre, gostava de ficar sozinho. Apesar de que, eu tinha certeza, ele sentia nossa falta. – Acho que já está bom.

Assenti, sorrindo. O sorvete tinha acabado, tanto o meu quanto o dela, e ficamos em silencio. Ela escrevia, e eu a observava. Imaginava o que ela pensava sobre o pai, as vezes eu via a magoa em seus olhos infantis, que não entendiam o motivo de todos os amigos terem pais presentes, enquanto o dela estava longe.

Era difícil para mim vê-la com o olhar triste, e eu tinha certeza de que se perguntava se o pai a amava, ou sentia sua falta, tal como ela sentia a sua. Contudo, não tinha muito o que fazer, além de dar todo o meu amor para ela, em uma forma de tentar suprir a falta de Sasuke, e torcer para que a missão dele acabe logo, para ele voltar para casa.

– Olha só... – chamei sua atenção, sorrindo.- Seu pai te ama, ok?

Ela pareceu surpresa, arregalando os olhos. Vi algumas lagrimas acumularem em seus olhos, tão parecidos com o do pai, e não resisti ao abraço. Apertei-a em meus braços, em uma forma de passar que estava tudo bem, que ficaria tudo bem. Contudo, minha filha não gostava muito de abraços, então não demorou muito para que falasse.

– Mamãe, ‘tá muito apertado.

– Ops...- eu disse, rindo em seguida, sendo acompanhada por ela. – Quer mais sorvete?