Capitulo 3 - Missões, interesses, surpresas

Äike desce a escadaria que dava direto na taverna, quando chegou La estava tendo uma festa de boas vindas para os novatos, pode ver Ray pulando pra La e para Ca completamente bêbado, Sho estava vendo e rindo dele. Todos pareciam muito alegres.

Ele se senta numa das cadeiras do balcão, foi recebido pelo homem que estava no palanque na hora do exame:

–Vai querer o que?

Äike estava surpreso, ele tinha dito que era o chefe da filial, então porque ele esta no balcão servindo bebidas? Era ele quem devia estar dando a festa!

Ele estende a mão para Äike:

–Meu nome é Solomon, e o seu?

Äike aperta a mão dele:

–Äike... Porque você esta ai?

Solomon ri:

–Estranhou o chefe da filial servindo cerveja?

–Um pouco...

–Eu gosto de ficar aqui, por que da para ver todos, saber o que eles gostam, essas coisas.

–Faz isso para se aproximar deles.

Solomon bate palmas:

–Exatamente!

Äike se sentia tranquilo perto dele, por algum motivo Solomon não aparenta ser perigoso, parecia ser um bom chefe, ele pergunta:

–Queria saber mais sobre as missões.

Solomon sorri, pareceu gostar da pergunta:

–Simples meu caro, as missões são divididas em grupos que vai de D a S, missões nível D são ridículas, vocês mal deixam a região, as missões nível C são apenas feitas no país da sede ou filial, as nível B já complicam, pois envolvem missões fora do país, as de nível A são bem difíceis, missões por todo o mundo... Mas ainda tem as missões nível S... São super perigosas e apenas um grupo seleto de usuários podem fazê-las.

Äike não estava muito satisfeito com isso, demoraria muito para deixar o país, mas por outro lado ficou curioso sobre as missões nível S, mas achou melhor não perguntar... Por enquanto:

–Quando meu grupo recebera uma missão?

Solomon enche um copo e entrega para Äike:

–No Maximo dois dias, não esperamos muito porque tem varias missões, principalmente em tempos de guerra.

Äike pega o copo e começa a beber, não era nada alcoólico, apenas um tipo de suco... E o pior que Äike realmente não bebia... Mas como Solomon sabia disso?

A festa continuou animada, apenas Solomon e Äike não estavam bêbados, Sho estava dançando em cima da mesa, Ray já tinha desmaiado de tanto pular, a maioria parecia feliz... A maioria.

No final Äike teve que carregar os dois para o quarto, foi um trabalho chato, Sho continuou bebendo durante o caminho e Ray não saia do lugar.Quando o dia seguinte chegou quase ninguém saiu da cama... Era a oportunidade perfeita para Äike “treinar”.

Ele toma um banho, veste apenas um short e desce, sua intenção era de ir para a floresta, notou que alguns vendedores estavam abrindo suas lojas, ele não entendeu o porquê, afinal ninguém ia sair hoje... Ou ia?

Ele sai para a floresta e se afasta um pouco do prédio principal, precisava de uma grande distancia, para não ser visto... Afinal, o que ele ia fazer era realmente perigoso.

Procurou uma arvore que pareça ser bem resistente, bem longe do prédio ele encontra uma ENORME arvore, sua casca tinha cor cinza lembrando o metal e suas raízes estavam bem cravadas na terra, Äike olha para sua mão e se lembra do treinamento com sua mãe:

–Pense numa forma... E a crie.

Ele se concentra, se Gray podia então ele também pode... Uma energia negra surge envolta de Äike, ela começa a se reunir em sua mão e tomar a forma de uma lamina, mas quanto mais ele modelava mais energia surgia, num ultimo esforço ele arremessa a lamina na arvore, após uma explosão de energia negra uma rachadura feia surge no casco da arvore.

Äike estava suando e tossindo, usar aquele poder requer muita energia física e espiritual, ele não entendia como Gray usava aquilo como se fosse normal... O que faltava para ele conseguir?!

Não pode pensar muito, logo viu uma rocha indo em sua direção, ele reúne energia em sua mão direita e soca a rocha quebrando-a, ali perto estava o homem que os recebeu no dia do exame:

–Belo soco garoto!

Äike o encarou, ele parecia bem demais para alguém que bebeu muito daquele jeito e ainda estava preocupado com o quanto ele pode ter visto:

–O que faz aqui?

O homem cruza os braços, parecia insatisfeito com a pergunta:

–Nada de perguntas idiotas, um usuário de verdade ataca antes de perguntar!

Ele faz um movimento com a mão, varias pedras se reúnem e formam outra grande rocha que voa em direção a Äike, que novamente reúne energia e destrói a pedra.

Mas o homem não parecia satisfeito, varias pedras começam a atacar Äike, que concentra energia em todo o corpo, não podia usar todo seu poder porque estava parcialmente cansado.

Eles ficaram quase meia hora nesse soca rochas, no final Äike estava exausto, ele não entendia o porquê de tanto cansaço, usar a escuridão não o deixava tão cansado... Algo estava drenando sua energia...

O homem parecia muito satisfeito:

–Você tem potencial garoto, MUITO potencial.

Äike bufava, o homem parecia super bem, nem havia suado:

–O que drenou minha energia?

Ele bate palmas:

–Então você notou? Incrível, poucos notam que isso ocorre.

O homem se aproxima da arvore:

–Essa bela arvore cinza... Já foi um espírito, que foi transformado depois de cometer um crime muito grave, após isso a arvore passou a absorver a energia espiritual dos seres a sua volta.

Äike senta no chão, aquilo tudo era demais para ele, aquela historia era meio impossível... Mas tinha outras preocupações:

–O que você quer comigo?

O homem não parecia gostar de perguntas:

–Será que minhas intenções não ficaram claras? Estou te testando.

–Qual o motivo?

O homem começou a se irritar:

–Gostei do jeito que lidou com aquele tigre, alem disso o que você fez agora a pouco não é comum, por isso te testei.

Isso não deixava Äike satisfeito, ele tinha que ter outra razão para tê-lo seguido ate ali, e quem raios era ele? Não parecia ser um usuário fraco...

Os dois se encaram por um tempo, Äike tentava recuperar suas forças, o homem não se movia, parecia esperar por algo. No fim Äike puxou papo:

–Seu nome?

Ele pareceu gostar MUITO da pergunta, fez uma pose ridícula e respondeu:

–Sou Walker the Black Rock!

Aquela resposta assustou Äike, apenas os melhores e mais fortes usuários recebem títulos, chamados Usuários Reais. The Black Rock, alem de ser famoso por sua técnica bruta e implacável, era conhecido por nunca ter perdido uma luta em 15 anos! Uma lenda mundial ali, testando ele:

–NÃO PODE SER! VOCÊ E REALMENTE O BLACK ROCK?!

Walker parecia realmente satisfeito com a reação de Äike:

–Vejo que você me conhece! Muito bom! Um aprendiz deve reconhecer seu mestre!

Aquilo assustou Äike, aprendiz? Desde quando? Por quê? Ele se levanta, ainda estava um pouco cansado, mas não tirava a expressão de surpresa do rosto:

–Aprendiz? Que historia e essa?

–De tempos em tempos os que possuem titulos escolhem usuários com capacidades especiais, como esse que você acabou de me mostrar.

Äike estava preocupado com isso, aprendiz... Sabia de suas próprias capacidades... Mas esse não era o problema:

–E o pessoal dos outros grupos?

Walker ri, parecia ter achado graça na pergunta:

–Porque acha que você esta no grupo Alfa? Os grupos são criados para juntar os melhores ou os que trabalham melhor em conjunto.

Äike se sentiu indignado, era tudo armado para um deles ser escolhido? Eles estavam assistindo o exame e os julgando pelas suas capacidades mostradas em UM DIA?!

Äike aumentou o tom da voz:

–Vocês não têm o direito de julgar os outros desse jeito! – Havia aprendido com sua mãe, nunca julgar os outros por apenas uma luta ou movimento – Eles podem ser bem mais fortes do que parecem!

Walker revida num tom mais alto:

–Então porque você e seus colegas estão no grupo alfa? Por que acha que aquela garota perguntou aquilo? Você acha mesmo que estamos julgando errado?

Aquilo chocou Äike, sabia que Walker não estava mentindo... Sabia que era bem forte, sabia que Ray era lunaticamente bom e que Sho sabia muito bem o que fazer numa luta... Ele sentia isso.

Ele não sabia o que responder, começou a andar para trás... Sabia que a maioria estava feliz com o exame... A maioria... Äike se vira e começa a correr de volta para o prédio.

Ainda no mesmo local, Walker observava o garoto correndo, um sorriso estranho surge em sua face:

–Um dia garoto... Um dia...