Masshiro

Kiiro


黄色

Amarelo

— Hinata, pode levantar daí agora! Vamos voltar para casa! E você, Uzumaki, nunca mais se aproxime de minha filha! — Gritou alterado, Hiashi.

— Desculpe, Uzumaki-san, ele me obrigou a dizer tudo... — Tenten tinha a manga de sua camiseta rasgada e um arranhão feio no braço, o que assustou o loiro assim que a viu.

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— Papai, eu volto, a culpa não é dele... É minha...

— Eu sei! — Ele a puxou com força pelo pulso e deferiu-lhe um tapa na cara — Vamos!

Antes que Naruto pudesse reagir imprudentemente, Neji e Tenten o impediram, deixando que pai e filha fossem embora dali. O casal pediu para que ele se acalmasse e que se sentasse onde estavam, o que o loiro obedeceu e os dois o acompanharam. O moreno suspirou e lançou um rápido olhar à namorada, que assentiu levemente com a cabeça.

— Eu sei que você está morrendo de ódio pelo meu tio, se bobear até por mim, mas, bem, eu devo explicações, certo? — Neji perguntou e o Uzumaki maneou positivamente com a cabeça. — A Hinata jamais tinha tido contato com algum homem desconhecido da família, aliás, eu, Inuzuka-san e outro amigo nosso, somos os únicos homens com quem ela já conviveu... Acho que, por não ter lá uma ideia de como era um homem fora do contexto familiar, ela acabou confiando demais em você e a esse ponto deve estar se apaixonando por você. — Pausou — Uma paixão tão rápida assim pode ser impossível? Pode, mas não acredito que seja o caso dela. Você, Uzumaki, é uma boa pessoa, devo admitir, e sei que tem as melhores das intenções com ela, não no sentido amoroso, mas querer mostrá-la como é o mundo afora. Só que, bem, o Hiashi não quer que a Hinata conheça isso. Melhor falando, ele não quer que o mundo a conheça...

— Mas por quê...? — Naruto sentia cada vez mais raiva do Hyuuga mais velho — E por que, raios, ele bateu nela daquela forma? Isso é agressão! O que vai acontecer agora?

— Ele não quer que as pessoas achem um defeito só na nossa família. Desde que Hinata nasceu, ele a vê como “o” defeito dos Hyuuga, então a trata assim desde que é pequena, sem se importar com o que pensem a seu respeito. E agora... Não sei... É bem possível que ela seja trancafiada a dez chaves na casa em que vive.

— Mas esse velho é um monstro! — Não se conformava como alguém podia ser tão ruim — E o que aconteceu com a Tenten?

— Ah, comigo? — Ela soltou um riso abafado — Ele me segurou pelos braços, fortemente... — Tenten apontou para as marcas dos dedos — E esse arranhão feio aqui é porque, para me tirar dele, Neji me puxou e ele acabou deixando esse machucado. Mas nada se compara ao que a Hinata sofre... Eu vou ajudar vocês. — Deu um sorriso pequeno — E Neji, não quero saber de você ajudando mais esse seu tio.

— Mas aí ele pode fazer algo com você. — Falou.

— Eu vou dar um jeito... — Forçou um sorriso amarelo — Eu sempre dou um jeito!

— Uzumaki-san — Neji chamou — Se eu fizer algo muito ruim, desculpe-me, é puro egoísmo meu... Mas eu tentarei ajudar no que puder, inclusive irei embora agora, para que meu tio não cometa nenhuma loucura. — Levantou-se da grama e estendeu a mão à namorada, que aceitou e também ficou de pé — Até mais.

O loiro pôde ver o casal indo embora e antes que sumissem totalmente de vista, levantou o mais rápido que conseguiu e foi até eles, correndo. Tocou no ombro da morena, que virou um pouco assustada.

— O que foi, Uzumaki-san?

— Podem me chamar de Naruto. — Pausou — Pode mandar uma mensagem à Hinata por mim...? — Indagou.

— Claro... O que é?

— Diga a ela que o amarelo, cor dos meus cabelos, é como o sol que ela sentiu tocar a pele, quentinho, aconchegante, e que essa é a cor do otimismo... E que ela pode confiar em mim. — Sorriu.

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— Já está apaixonado, Uzumaki? — Neji perguntou.

— Ainda não... Mas quero protegê-la! Provavelmente ficaremos sem nos ver por um tempo, certo? Então quero que ela saiba que não a esqueci...

— Pode deixar, entregarei a mensagem assim que possível! — A chinesa respondeu com um sorriso.

— Obrigado! Até mais. — Curvou-se enquanto os dois davam às costas.

— Até!

O casal e o loiro entraram em seus respectivos carros e seguiram em direções opostas. Naruto comprou vários jornais em uma banca e voltou a casa, assim que chegou, começou a procurar um emprego em algum restaurante. Precisava de dinheiro para contratar um ótimo advogado. Ele salvaria Hinata das mãos de Hiashi, com toda certeza. Não, de fato, ele ainda não estava apaixonado, mas no caminho certo, ele gostava da presença dela, queria ajudá-la, queria mostrar o mundo que ela não podia ver, ele seria a luz de Hinata no meio de tanta escuridão. Sorriu ao ver uma ótima oportunidade: chefe de cozinha, especialista em culinária japonesa e quando percebeu o nome do restaurante, lembrou quem era o dono.

•••

Chegaram ao Condomínio Hyuuga em total silêncio, desceram do carro e Hinata rumou à sua pequena casa, com ajuda de sua bengala, sendo completamente ignorada por Hiashi. Praguejou-se mentalmente por ter sido tão boba, tão impulsiva, tão louca. Claro que seu pai acabaria surtando com aquilo, ninguém poderia saber de sua existência, o mundo não poderia conhecer Hyuuga Hinata. Pensou estar apaixonada por um homem que tinha conhecido havia menos de um dia... Adentrou a humilde moradia, deixou os sapatos na entrada e foi ao seu quarto.

Deitou-se e fechou os olhos, que não fazia muita diferença. Ela não sabia o que era paixão, não podia afirmar que sentia aquilo, mas se sentia tão bem quando tinha o rapaz ao lado, que cogitou que esse era o significado de estar apaixonada... Resolveu apagar a palavra da cabeça e confirmou que ele era somente um ótimo amigo, até aquele momento. Permitiu que algumas lágrimas rolassem pelo rosto, Hinata não queria estragar a vida de um homem tão gentil. Limpou alguns filetes quando ouviu a porta ser aberta.

— Hinata, está aí? — A voz de Neji ecoou pela casa.

— Estou sim, Neji-niisan... — Respondeu e ele foi até onde ela estava.

— Desculpe pelo que aconteceu hoje... Não queria ter estragado seu dia...

— Tudo bem...

— Hinata, você estava chorando, é claro que não está bem.

— Não posso fazer nada, Neji-niisan... E eu não quero estragar a vida do Naruto-kun.

— Ele te mandou uma mensagem... A Tenten ia te passar, mas eu falo por ela. — Pausou — Ele disse que a cor dos cabelos dele, o amarelo, a cor dos cabelos dele é como o sol que te tocou na pele hoje, aconchegante... E é a cor do otimismo. Então ele disse que você pode confiar nele. — Afagou os cabelos negros da prima mais nova.

— Obrigada... — Agradeceu meio chorosa.

— Pode me bater por ter te feito mal pelo meu egoísmo. — Ele riu fraco.

— Não, não tem problema, eu entendo seu lado, Neji-niisan, você quer proteger a Tenten-san, não é? No fundo, acho que proteger alguém querido é sempre um motivo para cometer loucuras, não acha? — Neji era como seu irmão mais velho, não conseguia sentir rancor por ele, e naquela situação o entendia muito bem, seria capaz de muitas coisas para que seu pai não machucasse o Uzumaki.

— Hinata.

— Hum?

— Está tudo bem você se apaixonar por aquele idiota. — Neji declarou.

— Eh? Niisan! Pare com isso! — Exclamou encabulada, causando um riso no mais velho. No fundo, Hinata ainda parecia uma criança, era evidente.

— Ele não é assim ruim como pensei. — Respondeu — Mas se ele te fizer algum mal, eu juro que o quebro na metade.

— Ele não faria. — Falou mais para si mesma do que para Neji, em tom baixo.

— Tenho certeza que não. — Disse — E por isso está tudo bem. Nós sabemos que você está gostando dele.

— Não conta para o papai? — Pediu.

— Jamais contaria. — Respondeu com sinceridade — Vou embora, tudo bem? Vou falar com seu pai e ver o que ele está planejando... — Abraçou-a mais uma vez antes de se levantar e dar às costas — Até mais... E nem pense em ficar sem comer!

— Tudo bem. — Sorriu de leve — Até!

Neji sempre fora muito atencioso, desde quando eram crianças. Hizashi, pai de Neji e seu tio, tinha desaparecido pouco depois do primo nascer, nunca ouvira informação nenhuma sobre seu sumiço. E sua tia, bem, Hinata nunca soube história alguma sobre ela, então não fazia ideia do que poderia ter acontecido com a mãe de Neji, que cresceu órfão. Por isso, foram criados juntos, e devido à sua deficiência, desde muito cedo ele a ajudava no que fosse preciso.

Hiashi nunca fora um pai presente. Desde muito nova, sabia que ele a evitava a todo custo, inventando desculpas que precisava trabalhar, viajar ou mesmo que estava cansado. Quando sua mãe ainda era viva, cuidava tanto de Hinata, quanto de Neji, e ela era, de longe, a melhor mãe que poderiam ter na vida. Contava histórias antes de dormir, cantava músicas alegres e acompanhava Hinata em passos simples de danças infantis. Com tantas lembranças acolhedoras, a solitária Hyuuga não pôde deixar de sorrir. Um dia, até ela já fora feliz.

O rapaz saiu da casa da prima com um sorriso no rosto, feliz por saber que Hinata poderia estar voltando a cultivar bons sentimentos. Foi andando diretamente à mansão principal, onde encontrou seu tio no escritório. O velho estava furioso, as veias pareciam saltar, o rosto tinha uma coloração avermelhada, os olhos davam impressão de estar em chamas. Neji suspirou e chamou o homem a sua frente, que o olhou com raiva.

— O que quer, Neji? — Grosseiro como sempre.

— O que você quer, tio? — Rebateu calmo.

— Por enquanto nada, ainda estou pesquisando alguma forma de fazer isso sem que possa ser incriminado. — Declarou.

— Como? — Neji não acreditava que o tio estava louco a tal ponto — Isso o quê, tio?

— Vamos sequestrar esse Uzumaki e fazê-lo jurar que jamais comentará da existência de Hinata a ninguém!

— Tio, todos que a viram andando nas ruas com ele ou mesmo com o Akamaru, no dia do acidente, já sabem da existência dela... — Tentou mudar o plano do mais velho, aquilo era absurdo demais! — E você sabe que isso é perigoso demais para o nosso nome, não sabe?

— Sei, Neji, claro que sei! Mas eu não consigo dormir direito só de pensar que o Uzumaki está saindo por aí mostrando a todo mundo que Hinata existe! — Respondeu.

— Acho que isso é arriscado demais, tio. — Suspirou.

— Eu ainda vou pensar em algo bom, Neji, pode apostar. Por enquanto, peço que vigie Hinata e não a deixe cometer mais loucuras, e muito menos que aquele rapaz a encontre.

— Certo. Farei isso. Qualquer coisa que precisar, pode me chamar. — Curvou-se diante do tio e foi em direção à porta.

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— Ainda bem que tenho alguém como você aqui, Neji! — Hiashi disse antes que o sobrinho saísse.

•••

Em outro canto da cidade, Naruto participava de uma entrevista de emprego. Não estava nada nervoso, pelo incrível que parecesse. Suas últimas experiências no mercado foram complicadas, mas ainda assim estava confiante naquela situação. Sinceramente, tinha quase certeza de que a vaga seria sua. Falava com convicção, mostrava ser capacitado para ser um dos coordenadores da cozinha. E o melhor de tudo: o entrevistador era seu melhor amigo da época do colégio, que, devido alguns imprevistos, tinha se mudado fazia algum tempo e, por isso, acabaram por perder o contato. Não que tal fato fosse um caminho mais fácil de ganhar a vaga, mas pelo menos o empregador sabia que Naruto era, sim, um rapaz confiável e cheio de força de vontade. Quando parecia que as perguntas haviam encerrado, o silêncio pairou por uns segundos, mas logo foi cortado pela voz do entrevistador, com uma última questão:

— Quer dizer que você foi quem se recusou ir trabalhar uns dias atrás por estar no veterinário? — Riu.

— É... — Levou a mão à nuca, mostrando certo constrangimento.

— Isso é a sua cara, Naruto! — Sorriu — Vamos à cozinha. — Pausou — Surpreenda-me.

— Claro que sim!

Os olhos azuis brilharam ao adentrar aquela cozinha imensa, com manaitas¹ novinhas e branquinhas, panelas de todos os tamanhos e com suas devidas tampas (todas limpinhas e brilhantes!), facas com o fio incrivelmente afiado, sem marca alguma, sem contar as geladeiras e freezers industriais enormes, tão grandes que jurava que podia dormir dentro deles tranquilamente. A última vez que vira uma cozinha tão completa e organizada foi quando ainda era um estudante de gastronomia, numa visita técnica a um restaurante renomado. Mas trabalhar dentro de uma? Nunquinha em sua vida toda.

O amigo explicou onde cada ingrediente ficava armazenado, bem como era a organização de tudo. Naruto só assentia e segurava a ansiedade, que aos olhos do chefe estava mais do que claro. Assim que teve a permissão para começar, decidiu que prepararia a sua especialidade: misso lamen². Naruto podia ser considerado quase um mestre daquele prato, desde a infância era apaixonado por tal, então, durante sua especialização em culinária japonesa, passou a experimentar novos temperos, criou seus próprios.

Para sua sorte, ainda tinha um pouco de caldo base no panelão ao lado do fogão principal e fatias de tyashu³ de sobra também. Deixou a água fervendo, pegou o macarrão de espessura mais grossa na geladeira e o deixou no balcão, enquanto esperava a fervura. Pôs um ovo para cozinhar, passou uma porção de moyashi* pela frigideira, temperando apenas com sal. Colocou o macarrão na cestinha de preparo e rapidamente virou-se para preparar o caldo diretamente no donburi*. Colocou uma medida da base, somou água fervente, misso* e mais alguma coisa que o chefe não conseguiu descobrir o quê, chefe este que estava impressionado com a capacidade que Naruto tinha de cronometrar o tempo de cada ingrediente na cabeça. O Uzumaki agilmente retirou o macarrão do cozimento, bateu a água e o despejou delicadamente dentro do recipiente. Pouco depois, adicionou o ovo cozido – no ponto! Com direito à gema brilhante no centro! –, o tyashu, uma porção de cebolinha, uma rodela de naruto* e o moyashi.

— Bom apetite, chefe! — Serviu com um grande sorriso.

Itadakimasu*. — O rapaz assoprou o vapor que saía do macarrão tão apetitoso.

Foi só colocar a pequena porção da massa na boca, que pôde sentir o sabor inigualável daquele lamen. A suavidade do macarrão contrastava com a intensidade do caldo! O tyashu tinha seu sabor acentuado com a adição do caldo e do moyashi. Surpreendeu-se. Fazia tempo que seu paladar não era agradado daquela forma com tanto gosto! Sorriu ao amigo e, enfim, confirmou:

— Está contratado, Naruto!

— Obrigado... Sasuke! Começo quando?

— Na próxima semana, mudarei os horários de cada um e incluirei você.

— Certo. — Abriu um grande sorriso.

— Por hoje, pode voltar a sua casa ou se quiser fique para o jantar!

— Eu vou voltar para casa, obrigado pelo convite. Preciso organizar o apartamento! — Riu — Mais uma vez, obrigado, Sasuke! Você tem meu número, certo? Se precisar de algo é só ligar!

— Quando eu acertar tudo, te ligo! Será um prazer ter você na Ichiban! — Estendeu-lhe novamente a mão e o guiou até a saída.

— Certo! Até mais! — Deu um último aperto de mãos e foi direto ao seu carro. Precisava contar à Sakura que tinha conseguido o emprego!

•••

Fazia alguns dias desde que visitara o campo. Ainda conseguia lembrar de algumas das tantas sensações proporcionadas naqueles poucos minutos com Naruto. As pessoas diziam que era difícil se lembrar exatamente de sentimentos e sensações, mas devido à deficiência, Hinata cresceu aprendendo a gravar apenas esses detalhes. Seus outros sentidos eram muito mais sensíveis e aguçados que os de outras pessoas. O toque da grama sob o corpo ainda parecia fresco em sua memória, bem como o sol tocando sua pele, e apesar de detestar o verão, aquele dia, ainda assim, parecera mais refrescante que o normal. Sorriu com as boas lembranças.

Em pouco tempo, o rapaz que se dizia loiro de olhos azuis, tinha conquistado um espaço considerável no coração da jovem Hyuuga. Como não conquistaria com tantas atitudes adoráveis? Levantou-se da cama, calçou suas pantufas e foi tomar um banho fresco. Hinata realmente não gostava do verão. Mas o início daquela paixão talvez tenha sido um motivo para sentir seu coração se aquecer de uma forma mais agradável.