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Capítulo 3 - Erika Foster



– Até mais May. – Howard e eu nos despedimos de Mayday e seguimos para o térreo.



– Seu pai vem buscar você? – Howard me pergunta enquanto esperamos pelas nossas caronas no hall do prédio.



– Sim.


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Na mesma hora escuto uma buzina vinda de um carro preto que estacionou há pouco tempo em frente ao edifício.

– Erika! Howard! – escuto a voz do meu pai, Donald Blake, nos chamar. – Vamos logo, está frio aqui.

Howard e eu nos aproximamos do carro.

– Achei que minha mãe viesse me buscar. – Howard afirma, mas ao mesmo tempo com certa dúvida em seu tom.

Meu pai dá de ombros.

– Jane me mandou vir buscar os dois, disse que você passaria a noite em casa hoje.

Olho para Howard, ele parece indiferente.

– Ah.

E entramos no bando de trás, meu pai pisa fundo no acelerador rumo ao nosso apartamento no Queens.

– Desculpem-me pelo atraso, sei que deveria ter buscado vocês há uma hora, mas tive um imprevisto no hospital.

Meu pai é o chefe do departamento de cirurgia no principal hospital do nosso Distrito, tendo que resolver os problemas e acaba sempre chegando tarde em casa, minha mãe não é muito fã do emprego dele.

– Tudo bem pai, nós não esperamos muito.

Volto meu olhar para Howard, ele encara o movimentação fora da janela, uma expressão séria toma conta de seu rosto. Eu o cutuco e logo depois sussurro.

– Você está bem?

Howard sorri e acena com a cabeça.

– Apenas cansado. – ele sussurra de volta.

Eu sei que ele está mentindo.

– Não precisa ficar chateado com a sua mãe. Ela não fez isso por mal.

Ele nada responde, apenas desvia os olhos de volta para a janela.

Suspiro, tenho que admitir que sinto uma certa pena de Howard. Ele é o típico menino rico que tem tudo, menos a atenção da mãe, que sempre está ligada ao trabalho.

Ok, quem sou eu para julgar Virgínia Potts Stark? Quero dizer, minha mãe contou que quando o pai de Howard, Tony Stark, desapareceu, ela assumiu a empresa e desde então dá o melhor de si para manter a “Stark Inc.” com os negócios em dia.

Mas mesmo assim, será que ela não tem nem um pouco de tempo para Howard?

Quero dizer, ele não precisa fazer muito para chamar atenção, é literalmente o melhor aluno da escola, tem a média mais alta de todos os tempos, principalmente em matemática, física e química, recebeu até um prêmio de Harvard. Ele tem uma aptidão para essas matérias de dar inveja (sim, eu gostaria de ter pelo menos metade de todo o conhecimento e facilidade que Howard tem nessas áreas). Não, eu não sou má aluna, mas também não sou a melhor, Howard está na minha frente com o título.

Entretanto, as notas perfeitas dele nunca pareceram impressionar a Sra. Stark, e quando nada mais parecia chamar a atenção da mãe, Howl decidiu entrar para o universo de pegadinhas da Mayday.

Mayday sempre fez esse tipo de coisa, aprontar com os outros, pelo menos desde que eu a conheço. Isso está no sangue dela e eu sei que ela faz isso por puro prazer e como um passatempo. Já Howard, bom, ele não é o melhor no ramo e sei que só faz isso numa tentativa desesperada de tentar receber alguma atenção.

Bem, funciona. Só que de um jeito não muito amoroso. Agora, Pepper só o vê como um menino delinquente que trás polêmica para o nome família Stark. Entretanto, Howard não parece se importar com o tipo de atenção, pelo menos está recebendo alguma.

O carro para e meu pai abre minha porta.

– Vamos, estou congelando.

Howard e eu saímos rapidamente e corremos em direção ao elevador principal do velho prédio de tijolos de apenas cinco andares.

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Aperto o botão com o número três.

– E então, como foi o dia de vocês? – meu pai pergunta, obviamente tentando quebrar o silêncio presente.

Howard me lança um olhar preocupado.

– Hã... Foi tudo bem, Sr. Blake.

Meu pai ergue as sobrancelhas loiras, fixando seus olhos azuis nos castanhos escuros de Howard.

– Você não parece muito animado, Howl, aconteceu alguma coisa?

Quando ele abre a boca para responder o elevador fixa no terceiro andar e abre as portas para a minha casa, onde uma mulher miúda com cabelos castanhos claros e olhos caramelos nos aguarda.

– Oi, mãe. – eu a cumprimento.

– Olá Erika, olá Howard. – ela dá um abraça em nós dois.

– Oi, tia Jane.

– Que cheiro bom é esse, Jane? – meu pai pergunta, seguindo para a cozinha.

– Don, nem pense em cutucar a comida! – minha mãe o repreende, correndo para o local onde a comida está provavelmente sendo cutucada por um Donald Blake faminto.

Howard e eu nos acomodamos na mesa de jantar.

– Levou outra advertência? B.O? – eu pergunto a ele

Mas este apenas faz que “não” com a cabeça.

– Pior.

Meus olhos se arregalam.

– Vocês foram expulsos?!

Howard faz um sinal para que eu fale mais baixo.

–Não! – ele sussurra. – Suspenso... Pelo resto da semana.

Faço uma careta.

– Sua mãe já sabe?

– Já sabe sobre o que, Erika? – minha mãe pergunta, enquanto traz uma panela com macarrão ao molho branco para nós.

– Hã... – olho para Howard, ele parece tão branco quanto o molho. Pensa, Erika, pensa. – Que o Howard... Tirou dez em física elétrica.

Tanto minha mãe quanto meu pai encaram Howard com admiração.

– Nossa, parabéns, Howl.

– Obrigado, tia Jane. – ele responde, olhando para mim com uma expressão confusa e ao mesmo tempo descrente. – A prova até que foi fácil.

– E você, Erika? Recebeu a nota também? – meu pai indaga.

Agora foi minha vez de ficar branca. Posso ver o sorriso de Howard com a minha palidez.

– Na verdade, ainda não, acho que o professor errou na soma da minha nota.

– Entendo.

Comemos em silêncio depois disso e logo fomos, exaustos, para a cama, onde dormimos rapidamente.

[x]

Acordo novamente exaltada, com minha respiração acelerada e meu coração batendo a mil por hora, posso sentir meu pijama empapado com o suor e o latejar da minha cabeça, ainda focada nas imagens do meu sonho ruim.

Será possível que tenho sempre o mesmo pesadelo?

São sempre eles, os dois homens, um é loiro com olhos azuis, musculoso e alto que usa uma armadura antiga como traje e uma marreta como arma. O outro é mais baixo e esguio, possui cabelos negros e olhos verdes esmeralda com um sorriso brincalhão no rosto, usa como roupa vestes reluzentes e metálicas e usa um cajado como sua arma de combate.

Os dois brigam entre si, o homem loiro atira o martelo contra o seu aparente inimigo e este, lança um tipo de feitiço em troca.

Logo depois um clarão envolve os homens e quando some, os dois estão banhados com sangue, seus olhos ficam vermelhos e seus dentes pontudos, deixando-os com uma aparência assustadora e totalmente mortífera.

Eles olham para mim e sorriem, ambos preparam as armas e as atiram contra mim. Fecho meus olhos com força, esperando o toque doloroso de ambas contra o meu corpo.

Mas então eu acordo, sempre atordoada e com a mesma dúvida de sempre.

Quem são eles?

– Erika? – escuto Howard me chamar, ele está deitado na cama de baixo da beliche, sua cara transmite puro sono. – Você está bem?

Fecho meus olhos por alguns segundos, tentando afastar as imagens dos dois homens da minha cabeça.

– Teve aquele sonho de novo, não? – ele adivinha, erguendo uma sobrancelha.

Faço que “sim” com a cabeça. Howard sabe dos meus sonhos, ele e Mayday. Eu não tenho coragem de contar aos meus pais, com medo de eles acharem que eu sou maluca ou algo do gênero.

– Quero entender por que sonho com eles. – jogo minhas pernas para fora do beliche e caio em pé no chão gelado de madeira. – Toda noite a mesma coisa, não faz sentido.

Howard também se levanta da cama.

– Sonhos são apenas sonhos, Erika, não têm que ter sentido.

Dou de ombros.

– Também não são repetitivos. – de repente, o som do estômago de Howard roncando quebra o silêncio matinal, eu rio. – Venha, vamos comer alguma coisa.

Ambos seguimos em direção à cozinha, e, quando me aproximo da geladeira, posso ver um bilhete endereçado a mim.

Erika,

Donald e eu fomos resolver uns probleminhas no hospital, não sabemos quanto tempo irá levar, então saiba que há suco de laranja na geladeira e algumas torradas na dispensa.

Amo você,

Jane.

Tiro o bilhete e o coloco em cima da bancada.

Enquanto abro a geladeira para pegar o suco, ouço a campainha ressonar.

– Howl, pode atender, por favor? – eu peço, imaginando serem meus pais.

Escuto o trinco da porta se virar e uma exclamação de surpresa vinda de Howard.

– Mayday?!

– Howard?!

– Por que está vestida assim? Você correu na neve apenas com isso?!

Vou para a sala, e vejo uma Mayday vestida com um pijama branco e vermelho listrado com pantufas pretas e peludas, os cabelos ruivos estão presos num rabo de cavalo alto todo bagunçado, ela parece sem fôlego, suas bochechas estão vermelhas, seus olhos castanhos semicerrados e cansados.

– May, o que está fazendo aqui? – eu indago, surpresa pela sua visita.

Mayday entra no apartamento e se joga no sofá, tentando recuperar o fôlego.

– Aconteceu uma coisa muito estranha hoje de manhã lá em casa. – ela diz.

Howard e eu nos entreolhamos e logo depois nos juntamos a ela.

– O que houve?

Mayday respira fundo.

– De manhã, minha mãe e eu, começamos a conversar sobre um assunto qualquer... – ela faz uma pausa. – Mas, no meio da conversa, eu percebi que ela estava agindo de um jeito muito estranho.

Franzo minha testa.

– O que quer dizer com isso?

Mayday tira a franja da cara.

– O que eu quero dizer, é que ela começou a falar coisas que a minha mãe jamais falaria. Coisas sobre o meu pai e algo estranho sobre aranhas. – ela estremece. – Ela começou a sorrir de um jeito cínico e me chamar de uns nomes estranhos.

– Isso é que é amor maternal.– Howard comenta algo totalmente avulso.

Mayday lança a ele um olhar desentendido.

– O quê?

Howard engole seco.

– Esqueça.

Mayday volta seu olhar para mim e eu o devolvo dando de ombros.

– E então, o que houve?

– Eu disse que ela não era minha mãe, e então... – seus olhos se arregalam, fixos num canto da sala. – E-ela virou aquilo.

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Howard e eu viramos para ver o ponto em que Mayday encarava com terror.

Um homem está parado no canto da minha sala, este é alto e encorpado, usa uma roupa preta com um sobretudo, por um momento, pensei que fosse um bandido, mas quando eu olho para sua face, eu entendo por que Mayday o chamou de “aquilo”.

O rosto é branco como giz, seus olhos são grandes e negros, ele não possui nariz, apenas duas órbitas que pareciam ser suas cavidades nasais, um sorriso malicioso toma conta de sua boca sem lábios. Ele não está usando máscara.

– Meu Deus... É o Lord Voldemort. - Howard sussurra, horrorizado.

– Assim você me ofende, garota-aranha. – Ele segue em nossa direção. – Mas tenho que lhe agradecer, menina, se não fosse por você, eu demoraria o dobro do tempo pra localizar os outros dois.

– Quem é você? – eu pergunto, no entento, temendo receber uma resposta.

O homem, ou seja lá o que seja, continua a avançar.

– Camaleão, é assim que me chamam, garotinha.

– Por que te chamam assim? – questiono, tentando ganhar tempo para pensar em alguma coisa para nos livrar daquele desse louco, ele avança como um predador para cima de nós três, e sei que se ele por suas mãos na gente, coisa boa não irá acontecer para o nosso lado.

Em resposta, Camaleão muda de forma, assumindo a aparência de um homem de mais ou menos 20 anos de idade, com cabelos castanhos e olhos da mesma cor dos de Mayday.

Viro-me para Mayday, ela o encara com os olhos quase saindo da cara.

– Pare com isso! – ela ordena.

– Qual o problema, garota-aranha, não gosta que eu assuma do seu papai? – agora eu entendo, Camaleão havia assumido a forma do pai de May, Peter Parker.

Ele muda de forma novamente, mas dessa vez, para um homem com uma fisionomia um pouco mais velha do que a do pai de Mayday, este tem barba e cabelos negros, e olhos castanhos escuros do mesmo tom dos de Howard, o que destaca em sua aparência é um ponto brilhante no meio do peito.

– E agora, quem sou eu? – Camaleão pergunta, ainda mantendo o mesmo ritmo em nossa direção enquanto recuamos para a parede. – Alguma ideia, pequeno Stark?

Howard nada diz, apenas olha para o taco de basebol autografado do meu pai pendurado na parede, eu já vejo um plano sendo formulado na sua cabeça.

Camaleão muda de forma novamente, e agora, para o meu terror, ele se transforma no homem loiro dos meus sonhos, os mesmos cabelos compridos, os mesmos olhos azuis, o mesmo olhar de ódio. Quando avisto a marreta em sua mão, sinto meu coração bater mais rápido.

– Sabe quem eu sou, garotinha? – ele ergue o martelo em minha direção, ameaçando atirá-lo em mim.

– Howard, agora! – eu berro para Howl, que pega o taco e fica entre Mayday e eu e Camaleão.

– Não chegue mais perto. – Howard o ameaça, levantando o taco contra Camaleão, que voltara a sua forma original.

Ele ri.

– Que gracinha, o garoto acha que pode me ferir com um pedaço de metal. Vamos acabar logo com isso, criança, meu patrão não gosta de esperar.

Agora ele corre em nossa direção, e quando está a poucos metros de nós três, eu arranco o taco das mãos de Howard e dou com o mesmo na cara de Camaleão com toda a força que consigo reunir em meus braços, o homem atravessa a parede que dividia a cozinha da sala, formando um rombo que deixa Mayday e Howard boquiabertos.

– Como você fez isso? – May pergunta, ainda chocada.

– Vamos embora daqui! – eu grito e nós três vamos em direção ao elevador.

Aperto o botão, mas este demora tanto a vir que já posso ouvir Camaleão se levantar.

– Vai pagar por isso, garota. – ele me promete, seguindo em minha direção, com duas pistolas nas mãos apontadas para mim.

– Não! – Mayday grita e estende ambas as mãos em frente ao corpo, e quando o faz, um material grudento voa de seus pulsos nus e se fixa nos olhos de Camaleão, que fica atordoado com o ataque inesperado. Ela olha para ambas as mãos sem entender. – O que foi isso?!

Howard puxa ambas de nós em direção as escadas de emergência no lado de fora do apartamento.

– Não temos tempo de ver se você solta gosma pelo pulso. – ele diz com urgência. – Não vai segurá-lo por muito tempo.

Descemos rapidamente os degraus cobertos de neve, mas no meio da nossa corrida pelo gelo escorregadio, Howard acaba escorregando e batendo as costas com toda a força no corrimão, fazendo-o urrar de dor.

– Howl! – eu volto e o ajudo a se levantar, posso ver a dor em seu rosto quando eu o ergo do chão. – Consegue andar?

Com um esforço, ele assente.

– Vocês não vão a nenhum lugar. – e então, algo é apontado contra a minha cabeça, posso sentir a boca da arma na minha nuca, fazendo-me ter arrepios na coluna. – Agora cooperem, ou ela morre.

Tudo o que consigo fazer é empurrar Howard para o andar de baixo, de onde Mayday olha para nós dois com medo.

– Correção. – uma voz masculina desconhecida se manifesta. – Largue a arma agora, ou você morre.

Camaleão ri.

– Achei que estivesse morto depois do nosso último encontro, Agente Rogers.

Ouço um riso em resposta.

– Ah, Camaleão, achou mesmo que aquela sua armadilha conseguiria me prender?

– Sempre arrogante, Rogers.

– Eu tento.

– Não fique tão feliz por sua vaidade. – Camaleão prende-me num aperto de ferro contra seu corpo e me vira para encarar o Agente Rogers.

E este, para a minha surpresa, não passa de um garoto. Ok, um garoto alto e com uma massa muscular incomum para os garotos da nossa idade, mas, ainda assim, um jovem de apenas dezessete ou dezoito anos, com cabelos castanhos claros e olhos azuis. Ele veste um uniforme preto e vermelho, e carrega uma arma na mão, uma arma bem maior e com uma aparência bem mais mortífera que as pistolas de Camaleão.

Sinto a arma sair da minha nuca e deslizar até o alto da minha cabeça, posso sentir o terror tomar conta de mim, fazendo-me tremer.

– Erika! – Howard e Mayday gritam para mim, posso ver que May havia conseguido levantar Howl e agora ambos estão no andar abaixo, olhando para a cena com desespero e aparentemente sem saber o que fazer.

– Olhe bem para o rosto dessa linda menininha, Rogers, quero que você carregue a memória dela na sua consciência.

O garoto Rogers olha para mim fixamente, e, logo depois, me dá uma piscadela. Ele desvia os olhos de volta para Camaleão.

– Sabe, Camaleão, pode achar que eu sou arrogante... – ele sorri para o inimigo. – Mas deveria saber que não sou burro a ponto de vir sozinho.

Quando o garoto acaba de falar um gigante punho verde vem na minha direção, entretanto, o Agente Rogers me envolve e me tira no exato momento em que o punho se choca contra o Camaleão, fazendo-o voar até o final da minha rua.

O garoto Rogers olha para mim, e, pela sua expressão, parece não gostar do que vê.

– Você está em choque... Desculpa, mas terei que sedar você se quiser viver.

E antes que eu pudesse dizer algo a respeito, ele injeta algo no meu pescoço que me faz apagar imediatamente.