Marcas de uma Lágrima

Capítulo III


— Hoje o dia vai ser ótimo! É a primeira coisa que digo ao abrir meus olhos e logo coloco um sorriso em meu rosto. Tive ótimos sonhos e dormi maravilhosamente e estou com um ótimo pressentimento pra hoje. - Vou começar o dia com o pé direito hoje - Penso, mas na hora que levanto acabo esquecendo e só saio da cama. Pra falar a verdade, não sei com qual pé eu saí, mas deve ter sido com o direito, ou talvez não... Tanto faz!

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Tomo meu banho, como algumas frutas e coloco meu calção de banho por debaixo da roupa e estou pronto pra sair. Eu tenho que chegar um pouco mais cedo, pois fiquei de ir ajudar o Luan com a música pra festa, arrumo minha mochila com meu notebook e tudo que preciso, confiro novamente tudo que preciso, pois tenho a ótima mania de esquecer as coisas e finalmente saio de casa. No final do corredor me encontro com Nay enquanto abre a lixeira.

— Luk! Eu preciso muito te contar uma coisa - Diz ela já me deixando impaciente, sou muito curioso.

— Fala logo... - Digo já um pouco preocupado, na minha cabeça já está passando um filme. Acho que ela descobriu que eu tentei sequestrar o cachorro dela por que ele era muito lindo, depois penso que ela descobriu que eu tinha falado que ela está linda com o cabelo branco, mesmo achando ela muito engraçada e parecida com a mulher da Familia Adams...

— Eu descobri que o Ramsay é uma cachorrinha - Ela para todo o filme que passa pela minha cabeça enquanto cora de vergonha.

— Eu vi que ele não tinha pinto, foi triste - Ela continua contando. Suspiro aliviado e ao mesmo tempo solto um leve riso.

— Como assim você não reparou que seu cachorro não tem pinto, Nay? - Pergunto já gargalhando enquanto a encaro com as bochechas vermelhas.

— Eu sou muito lesada! Achei que o pinto dele tivesse nascido para trás! - Ela fala gargalhando e aumentando um pouco do tom de voz.

— Ramsay virou Theon - Começo a gargalhar sem conseguir me segurar com a minha própria piada sem graça, ela da um sorriso sem graça, mas não me contive e continuo rindo.

— Até pensei em colocar o nome dela de Theon, mas minha cadela não merece esse desgosto. Eu ainda não decidi qual colocar, pensei em tantos nomes e não gostei de nenhum - Ela diz um pouco triste com o que havia dito.

— Por que não coloca Anezka? O nome daquela sua personagem na sua história! - Digo arrumando minha mochila nas costas e olhando as horas. Vejo que a conversa acabou me atrasando então me despedi e sem saco para ficar esperando o elevador desço correndo as escadas até o ponto de ônibus.

Depois de uma boa viagem ouvindo músicas enquanto estava no ônibus, chego na casa do Luan. Ele mora bem longe de mim, mas em um ótimo lugar e muito grande. Eu adoro o fato dele morar perto da faixa verde, o que me deixa muito feliz. Eu amo a natureza. Quando chego o portão está aberto e já vou entrando, seus pais não estavam lá nem suas irmãs, se não me engano ele havia dito que elas haviam viajado.

Luan está no quintal perto da piscina arrumando algumas bebidas, a sua sunga verde limão me lembrava um marca-texto e começo a rir, seu corpo moreno brilhava com a luz do sol batendo em suas costas. Ainda não somos maior de idade, mas festa não é festa sem bebidas e os seus melhores amigos, não é mesmo? Ele está tentando fazer uma batida estranha com coco que viu no Facebook, até que não fica tão ruim. Arrumo o notebook com as músicas e ficamos conversando até o povo chegar.

As garotas são as primeiras a chegar, Chris e Ana vieram juntas com o namorado atual da Chris, Santos. Hoje ele não parece tão idiota como sempre, talvez fosse realmente o meu dia. Como diria Vih - Hoje eu estou no pique - O resto dos nossos amigos chegam aos poucos e é uma bagunça total, mas uma bagunça muito divertida. Luan fica a festa quase que inteira atrás de uma guria que ele é muito afim, só que eles tiveram um rolo e ele ficou com vergonha de contar pra ela o que realmente sentia, então acaba que ficam nessa amizade colorida.

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Lu é um cara muito gente boa e não o conheço a muito tempo, ele começou a fazer medicina na mesma universidade que eu e nós éramos meio que nêmesis um do outro. Ele era o meu arqui-inimigo e eu simplesmente o odiava por motivo nenhum, até que um dia ele acabou por descobrir o meu maior segredo e desde então nos tornamos amigos. Hoje em dia, ele não faz mais o mesmo curso que eu, ele decidiu fazer Educação Física, mas quase sempre pegamos umas matérias juntos. Ele é fissurado em esportes, ele pratica luta desde pequeno e eu ainda acho que um dia ele vai ir pras olimpíadas, mas ele diz que não quer e blá blá blá.

Enquanto estou na piscina um garoto se aproxima de mim, não o conheço e o fato dele não parar de me encarar me deixa desconfortável. Como sou meio tímido fico incomodado e acabo por sair da piscina, o que não o mantém longe de mim e ele me segue até as cadeiras perto das bebidas. Sua voz é rouca e seus lábios carnudos me deixam focado em sua boca, porém ele me canta descaradamente e eu estava completamente agoniado. Fico lisonjeado pelo interesse dele por mim, qual homem não gosta de ter seu ego inflado por uma cantada? Mas quebro qualquer tipo de intenção que ele tem comigo, afinal estou em um momento que eu quero ficar sozinho e curtir a vida.

Victor e Kia, a sua namorada, começam a discutir perto da piscina. Fico preocupado, porém não vou me meter, Vih é super de boa e provavelmente vai aceitar tudo que ela disser, então não tem motivo para eu entrar nisso. Ela é muito ciumenta e quase paranoica e ele é um cara muito na dele e discussão começa a piorar e se tornar algo feio, eles terminam o namoro ali mesmo na festa. Isso meio que destrói todo o clima da festa e alguns de nossos amigos preferem por ir embora, inclusive ele. Eu quero ir com ele, acompanhar até em casa ver se tudo está bem, porém ele rejeita e diz que está bem que só quer ficar um pouco sozinho. Kia começa a criar um grande drama e um show e por fim seu pai vem a buscar.

Já começava a anoitecer e poucas pessoas ainda estão na festa, somente eu, Ana, Chris e Santos, Luan, Leve e Melissa, a amizade colorida do Luan. Ajudamos ele a arrumar toda a bagunça e decidimos entrar para a sala e jogarmos alguns jogos. Jogamos Imagem & Ação, Charadas e decidimos jogar Verdade ou Consequência, pego uma das garrafas de qualquer fosse o que estamos bebendo e nos sentamos em um círculo no tapete.

O jogo começa bastante divertido, Luan conseguiu beijar novamente Melissa e Ana já estava sem sua camisa, o jogo até que não está tão "safado" quando eu esperava que se tornaria. É a minha vez de girar a garrafa, estiro o palmo e toco a superfície gelada do vidro. Com um movimento fraco giro a garrafa que para na Ana e em mim.

— Verdade ou Consequência, Luk? - Ela pergunta já fazendo aquela cara de malvada que ela faz sempre antes de aprontar alguma coisa.

— Você me conhece, sou um cara de desafios. Quero Consequência! - Totalmente mentira, mesmo assim respondo com o peito inflado e com um mau pressentimento.

— Desafio você a beijar a menina mais bonita aqui, mas sabemos que eu venceria disparada em relação a vocês meninas. Como sou como uma irmã para você Luk, não conte comigo - Ela solta uma risadinha histérica e se apoia em Leve que está ao seu lado rindo também.

Não penso muito e em como um impulso me aproximo de Chris e toco meus lábios no dela lentamente. Eu estou aproveitando aquele momento, nossos lábios ficam grudados por poucos segundo, mas para mim é como uma eternidade. Somente volto a mim mesmo quando Santos se coloca de pé gritando e chutando a garrafa que quebra ao atingir a parede.

— Que porra é essa, Lukas? - Ele esbraveja.

— Caralho! - Me coloco de pé percebendo a merda que eu acabara de fazer, me sentindo muito culpado e sem saber o que fazer. - Me desc...- Tento me desculpar, mas sou interrompido com o choque de seu punho contra meu rosto. Eu nunca apanhei de ninguém, muito menos no rosto. A dor no momento não é tão grande, é mais como sentir um grande calor em meu rosto, percebo que meu nariz sangrava e levei a mão até ele. E é finalmente quando meu corpo processou a dor, foi como se a dor tivesse caído sobre mim do nada, fico desnorteado e cambaleante. Eu vejo dois de Santos na minha frente e preciso me apoiar no sofá para não cair.

Chris se coloca no meio gritando com ele o impedindo de me bater mais, meu ouvido zune e eu não entendo nada que eles falam somente sei que estão gritando e muito. Eles acabam por ir embora e Ana veio me ajudar, ela havia corrido na cozinha e pego gelo. Ela coloca sobre meu olho e o choque térmico fez com que doa mais ainda, mas com o tempo me acostumo e o gelo anestesia o local e não sinto tanta dor. Ela pega minha mochila e minhas coisas, me despeço do Luan e peço desculpas pelo problema causado. Entro no taxi com Ana que me acompanha até meu prédio.

Tomo um banho quente que me fez relaxar e esquecer um pouco do que havia acontecido, pego minha mochila e vou arrumar as coisas que eu havia levado pra casa do Lu e assim que abro minha mochila algo chama minha atenção. Uma carta que não deveria estar ali apareceu em cima de meu notebook, recolho ela sem entender o que está acontecendo. A abro tentando não rasgar o envelope, o que não dá muito certo, dentro uma carta digitada e sem assinatura de quem havia a escrito permanecia parada. Procuro novamente pela assinatura, porém não a encontro.