Marcas Do Passado (HIATUS)

O encontro (com Damon Salvatore)


POV AMANDA

O dia começou sem sol no céu de Nova Iorque, mas não chovia.

Acordei com o som do meu despertador, que tocava "I'm Yours" do Jason Mraz. Isso gerou um bom humor logo de manhã, afinal a música era uma das minhas preferidas e eu amava ser acordada por ela ao invés de gritos e berros, além disso eu ia sair com Damon Salvatore. Tinha como o dia ficar melhor ?

A música ecoava suave pelo quarto enquanto eu me sentava na cama e me espreguiçava de olhos ainda fechados.

Fui até meu closet e como sempre troquei minha camisola por uma roupa para minha costumeira caminhada na esteira. Quando se é uma modelo, é preciso manter a boa forma. Sai do closet já vestida e segui para o banheiro para fazer minha higiene bucal.

Após uma hora caminhando em minha esteira com uma TV de tela plana em minha frente - simulando minha caminhada - terminei.

Uma ducha rápida e eu já estava de cabelos lavados e os secava com um secador, ainda enrolada em meu roupão. Depois, me maquiei e escolhi a melhor roupa que encontrei.

Eu estava escolhendo qual sapato usaria quando recebi a ligação de Damon. Ele disse que já estava em frente ao prédio e eu disse que logo desceria e que não precisava pedir o porteiro ou a secretária para interfonar pro meu apartamento. Então escolhi o primeiro salto alto que vi, os calcei rapidamente e sai do apartamento.

Quando cheguei lá fora, percebi que o trânsito já estava de matar.

Na beira da calçada, havia um carro preto, de vidros de mesma cor, fechados. O carro provavelmente era um Jaguar. Os vidros escuros se abaixaram, revelando um homem de cabelos igualmente escuros. Ele usava óculos e quando o tirou pude ver os olhos extremamente azuis do Salvatore. Um sorriso torto se formou nos lábios dele e inevitavelmente acabei sorrindo também.

Ele desceu do carro e veio até mim, me cumprimentando com um beijo na face respeitador, mas seus olhos não se desgrudavam de meus lábios rosados.

– Você está linda. - ele disse.

– Eu sei. - respondi sorrindo.

– Era um elogio. Eu não queria que você ficasse metida.

– Ora, por favor. - falei irônica - A modéstia é uma das minhas maiores virtudes.

– Percebe-se. - ele sorriu e me guiou até o carro, abrindo a porta do lado do passageiro para mim como se fosse um cavalheiro.

Damon era encrenca na certa, mas isso apenas me atraiu cada vez mais.

Quando chegamos ao Bryant Park já passava das nove da manhã. Tudo o que eu via era um gramado verde, cheio de cadeiras. Parecia um lugar agradável. Damon sugeriu que fossemos no Byant Café e eu concordei com a sugestão, pois estava faminta. Escolhemos ficar no terraço o que tornou o café da manhã mais agradável ainda. Mesinhas com guarda-sóis estavam espalhadas para todos os lados e raios solares suaves começaram a surgir.

Tomamos o café da manhã em meio a risadas, enquanto conversávamos animadamente.

Depois disso, Damon me levou a Broadway.

– Deixo você escolher qual musical vai querer assistir. - Damon disse gentilmente, enquanto sorria.

– Que tal esse ? - apontei para o cartaz do musical de Spider Man.

Damon ergueu uma sobrancelha. Parecendo confuso.

– O que foi ? - perguntei. - Não gosto do Homem Aranha ?

– Não é isso. É só que... eu esperava que você escolhesse "Cinderella".

– Muito romântico. - expliquei. - Não gosto de musicais românticos.

Damon riu, mas eu sabia que no fundo ele estava me achando bastante estranha. Comprou os nossos ingressos e entramos no teatro para assistir ao musical.

Saí de lá mais agitada do que quando entrei.

– Adorei. - eu dizia animada. - As músicas do U2 são demais, nem acredito que tocaram.

– Vir assistir esse musical só serviu para eu provar a mim mesmo que odeio musicais ! São irritantes.

– Que horror. Devia estar feliz por ter saído com alguém como eu.

Ele riu, debochando :

– Na verdade. Gente sensual devia sair com gente sensual, você mesma disse. E você não é sensual.

– Que horror.

– Mentira. Você é bem sensual. Tanto que eu tenho vontade de transar com você.

– É uma pena que eu seja uma tentação. Isso não vai acontecer. - falei rindo.

– Não ?

– Não.

– Então por que aceitou meu convite para sair ?

– Só para passar o tempo.

– Poderíamos passar o tempo com sexo casual.

– Acho que não. - falei, mas na verdade eu estava mentindo. A ideia de sexo casual com Damon não era nada ruim, na verdade, era tentadora. - Você é um idiota, Salvatore.

– Me contaram que garotas tem queda por idiotas.

– E se eu dissesse que você pode transar comigo ?

– O que eu teria a dizer ? Absolutamente nada. Apenas que será uma honra te comer.

– É por esse motivo que não vamos terminar isso com sexo selvagem.

Como eu disse : Damon cheirava a problema, um problema dos grandes, mas e daí ?

POV DAMON

Horas depois...

Parei o carro.

– Cara, quanto eu bebi ? - Amanda perguntou.

– Me chame de burro, mas depois de certo número, minha capacidade de contar foi derrotada. - respondi.

– Você é um anjo, sabia ?

– Acho que você está bêbada, Amanda. Muito bêbada. - falei. - Mas é claro que sou um anjo. Sei disso. Consegue ver minhas asas ?

Senti a mão dela pousando em minha perna, subindo para o joelho, para a coxa, para o lugar depois da coxa... o caminho todo até as costas.

– Não. Não achei suas asas. Mas acho que não procurei com muita vontade.

– Se eu fosse você, fugiria. - falei

– Mas você não é...

– Dez segundos de vantagem.

– Isso é uma insinuação que tenho alguma deficiência ?

– Eu poderia abusar de você nesse estado.

– Então abuse.

– Você bebeu e está fazendo coisas que não faria se estivesse sóbria.

– Obrigada pela análise, senhor psicólogo. Mas não dizem que o álcool só te leva a fazer coisas que não faria se estivesse sóbrio ? Então. É meu caso. Sou louca por você.

– Você não acha que talvez seja hora de entrar ?

– Boa ideia. Vem comigo. Minha cama é grande, a gente pode ficar agarrado.

Eu ri :

– Não. Você entra e depois eu vou pra casa. Sabe... você na sua e eu na minha... sozinho.

– Ou... a gente pode ficar aqui no carro e aproveitar o banco de trás. Adoro banco de couro.

Essa mulher estava me tentando. Só podia. Queria beija-la ou transar com ela, mas não faria isso com a garota naquele estado. Eu não era um ser tão horrível assim.

Fiquei sério.

– Ok. - ela disse, levantando as mãos como se rendesse. - mas vou precisar de ajuda para entrar.

Desci do carro e corri até a porta dela, abrindo-a em seguida. Estendi a mão e ela a pegou. Andamos em direção a casa e ela entrelaçou os dedos nos meus. Gay... pensei, mas não tão ruim.

Ela tropeçou nos pés, algumas vezes, e ria alto de si mesma.

Chegamos no elevador. Apertei o botão que levava até o andar onde ela ficava. A porta se fechou e quando abriu-se novamente a guiei até seu apartamento. Mas a porta estava fechada.

– Chave ?

– Está no meu bolso de trás. - ela respondeu, dando um sorrisinho.

– Então me dá.

– Vem pegar. - ela soltou um riso.

E lá vamos nós...

Ok, sei jogar esse joguinho. Puxei-a pela cintura, até que o corpo dela ficasse colado ao meu e não desgrudei os meus olhos dos dela. Desci minha mão, até chegar no bolso de trás e enfiei a mão nele, pegando as chaves em seguida. Confesso que deixei minha mão lá por mais tempo que o necessário. Sorri. Ela sorriu também. Andei até a porta e enquanto tentava abrir, um pouco atrapalhado com as chaves, senti uma mão subindo por minhas costas novamente, mas dessa vez por debaixo da camisa.

– Você não cansa ?

– De você ? Não. - ela respondeu.

– Se eu fosse prefeita ia declarar uma lei em que você não pudesse usar camisa nunca. - ela riu, descendo a mão até chegar em minha bunda.

Virei-me.

– Sério. Para com isso. - tentei falar no som mais sério possível, mas ela ficou na ponta dos pés, pegou meu rosto entre as mãos e me deu um leve selinho. Derreti um pouquinho.– Ok. Vou te colocar na cama - falei, abrindo a porta, finalmente.

Entramos no apartamento e ela puxou meu braço por cima dos ombros dela. Abracei-a por trás e dei um beijinho em sua bochecha. Ok, aquilo era muito gay e se ela fosse contar a alguém eu negaria. Depois que tive certeza que ela não ia vomitar tudo o que tinha bebido e não iria me assediar mais, levei-a até o quarto e coloquei-a na cama.

– Então esse é o seu quarto ? - comentei, enquanto sentava na cama. Dei um sorriso de escárnio.

– Muito surpreso ?

Sim, eu estava. Havia livros para todos os lados. Ela parecia gostar de ler, além disso, alguns quadros de pintores famosos estavam pendurados nas paredes.

– Já disse. Não sou superficial. E você não encontraria um lugar cheirando a muito sexo. Damon... ?

– O que é ?

– Você não pode contar para ninguém que eu te trouxe ao meu quarto.

– E por que ?

– Eu tenho uma reputação a zelar. Como ficaria minha honra e integridade se soubessem que eu trouxe um homem com o qual não sou comprometido para meu quarto ?

– É verdade. Ainda mais se soubessem que ficamos tão perto assim e eu na sua cama. - falei, tirando os sapatos e me deitando ao lado dela. Segurei uma risada. Ela não podia mesmo estar sóbria.

– Não vai buscar uma vela aromatizada e um vinho da safra de 2000 A.C ? Não vai nem perguntar meu signo antes de deitar na minha cama ? Acha que sou fácil ? - ela me interrogou.

Cai na risada.

Estávamos tão próximos na cama, que nossas coxas se tocaram e aquele short curto não ajudava muito a eu conter meus pensamentos.

– Verdade ou desafio ? - ela perguntou do nada.

– Verdade. - respondi.

– Quais são seus fetiches ? - perguntou

– Você já começou com uma boa pergunta.

– Não sou de perder tempo.

– Acho que lugares... banheiros, elevadores... Verdade ou desafio ?

– Verdade.

– Diga coisas que te broxas e te excitam.

– Gritos me broxam, mas gemidos me excitam. Não gosto de masoquismo e nem sadomasoquismo. Acho que é isso. Verdade ou desafio ?

– Verdade.

– Ok. Se você pudesse ter qualquer coisa no mundo, o que escolheria ? A propósito... seus pés são feios. Cruzes ! - o luz estava acesa, mas eu não tinha percebido que ela havia reparado em meus pés.

– Não dava para ter o rosto e o corpo perfeitos desse jeito e ainda ter pés lindos, não é ? - zombei - e a resposta é : nada.

– Damon ?

– O que é ?

– Obrigada.

– Pelo que ?

– Por não ter se aproveitado.

– Tudo bem. - respondi, dando um beijo em sua testa.

Mais uma vez... gay.