Manus Life - Segunda Temporada

Encontrando um velho conhecido


CAPÍTULO VINTE E TRÊS - ENCONTRANDO UM VELHO CONHECIDO

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"Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor na humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo."

(Augusto dos Anjos)

Estava na aula de anatomia, já que era a semana da faculdade*. O professor estava mostrando como cortar um cadáver e aquilo estava me dando nojo. Sério... acho que esse corpo devia de ter uma vida miserável para acabar sendo cobaia em uma experiência, não? Bem... espero que isso também não ocorra comigo.

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_Boa tarde, alunos. _começou a diretora, entrando de repente na sala e se assustando. É... ela entrou bem no momento que ele estava mostrando as tripas.

_Pode entrar, só espero que esse cheiro não esteja te incomodando. _verbalizou o orientador, chegando perto da mesma.

_Melhor sair daqui, Edmundo. _comentou aos risos por estar com as tripas bem perto de seu rosto.

É impressão minha ou até a diretora já tinha um amor que a correspondia? Ah, ninguém merece.

_Está bem, pode começar Sra. diretora. _disse o homem sem graça ao notar que todos os olhavam espantados.

Ela correu para longe dele e do corpo, ficando perto da janela para respirar. Se não fosse pela mascara que eu estava usando, provavelmente eu faria o mesmo.

_Como vocês sabem, o baile de primavera é mês que vem. Então... precisamos de pessoas que nos ajudem na decoração e algumas para a organização do mesmo, quem se habilita? _comentou.

Nem preciso comentar para saber que Bianca e Bridget levantariam a mão para fazer algo voluntário com o intuito de serem rainhas do baile. Mas, algo me surpreendeu, Nath também estava fazendo a mesma coisa.

_Nath, o que tu estais fazendo? _questionei horrorizada, fazendo uma careta de desaprovação.

_Mesmo que eu as odeie por serem esnobes eu também tenho o mesmo sonho que elas... ser rainha do baile. _sussurrou normalmente, sorrindo enquanto levantava a mão altamente.

ISSO-É-O-FIM-DO-MUNDO!

_QUÊ? _berrei, esquecendo-me completamente que estava em uma sala de aula e que muitas estariam me fuzilando agora, principalmente a diretora.

_O que há de tão interessante para se comportar deste jeito, D. Manuelle? _questionou de forma presunçosa.

A vontade que tenho agora, mesmo sendo completamente errado, era de gritar por ela ter errado meu nome. Eu me chamo "Manu"! É... minha mãe apenas me chama de Manuela porque era nome que queria por no cartório, mas a mulher do local errou na hora e colocou pela metade.

_Nada, Sra. apaixonada-pelo-Edmundo. _minha voz morria a cada palavra pronunciada, e o apelido que dei não pode ser ouvido pela mesma.

_É? E que tal cuidar da decoração que nem sua amiga? Não é porque se tornou famosa que você deve começar a ser mal-educada com os outros. _deu-me um sermão, doida para que eu ajude para que ela não precise pagar nada no final. Yeap! Eles só pensam em dinheiro.

_Obrigada, mas não quero. _disse simplesmente, mostrando um sorriso amarelo.

_Está bem. _ logo, voltando para o local e pegando as pranchetas. _Apenas anotem o número e a assinatura do lado do seu nome quem for realmente ajudar, colocando a função que deseja ao lado dos dados. _concluiu, deixando os convites em cima da mesa.

Ela andou a passos lentos até o professor e sussurrou algo em seu ouvido, fazendo-o corar. Céus! Essa mulher é muito pervertida. Saiu após agradecer o mesmo por ter vindo ao colégio.

_Bem... vamos continuar, sim? _questionou sem graça, mostrando as outras partes do corpo do homem.

***

Quando sai do colégio, vários fotógrafos começaram a me seguir. Eram de várias emissoras conhecidas, algumas nem tanto. Tentei correr para os despistar, mas eles foram mais rápidos que eu. Entrei em um arbusto e me escondi, mas havia um paparazzi no local.

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_Boa tarde, Manu. Então... o que fará agora que és famosa? _bombardeou-me rapidamente, sabendo que estava ao vivo.

Quase ri imaginando quanto tempo o mesmo estava ali. Vida de repórter não é fácil. E, por mais que não quisesse, isso me lembrou de Hélio e o sonho do mesmo. Como será que ele está agora? Não pude deixar de questionar.

_Manu...? _chamou-me o homem, tentando me despertar dos devaneios. E deu certo!

_Ainda não sei, mas o que realmente espero é que isso não me suba a cabeça. Minha diretora disse, hoje de manhã, que não era para mim virar mal-educada por causa disso, e é o que espero também. _confessei mais segura em frente as câmeras. Podia até ver a diretora sorrindo ao ouvir isso...

_Brilhante! É... conte-nos mais sobre a escola. _comentou, tentando puxar assunto.

_Não tenho nada o que comentar, apenas que conheci muitas pessoas especiais lá. _confessei, lembrando-me de Matthew, Nath, Florêncio e, por incrível que pareça, Fábio.

_Sim, e... _ia continuar, mas logo uma manada veio em cima de nós.

Flashes para todo o lado, alguns com o bloco de notas tentando anotar algo. Senti-me abafada com tanta gente ao meu redor, tentando sorrir para omitir minha tristeza em relação a isso. O homem que estava me entrevistando saiu tristemente, sabendo que sua matéria havia acabado.

Posso dizer que isso me lembrou de uma cena, o sonho que tive há tempos.

Fiquei observando todos ao meu redor, entendendo o porquê de algumas celebridades não gostarem deles. Aquilo era constrangedor, desconfortável. Antes eu sentia raiva dos que os ignoravam, mas agora queria fazer o mesmo. Paralisei ao observar as pessoas e notar uma cara familiar entre elas... Hélio. Sorri ao confirmar isso.

Ele suspirou ao ver que eu o reconheci, andando entre a multidão de repórteres enfurecidos. Chegou perto e me pegou pela mão, falando para todos que ele havia marcado uma entrevista particular. Todos entenderam e se distanciaram. Bem... acho que esse era o passe para todos os respeitarem.

_Hé-Hélio, não acredito! É você? _comecei, chegando perto do mesmo.

_Sou eu sim, Manu. _disse aos risos enquanto descansava do fôlego que perdera.

_E o que faz aqui, criatura? _sorri enquanto o questionava.

_Já te disse que trabalho em um jornal, não? _assenti. _Então... fui demitido, mas outro me contratou. Agora estou cobrindo, algo de teor nacional. _finalizou.

_Oh! Que boa noticia, Hélio. _sussurrei, sendo realmente sincera em meu comentário.

_E você, ainda apaixonada pelo Matthew? _questionou temeroso, olhando-a diretamente.

Ela corou após ouvir isso, fazendo-o suspirar em desagrado.

_Estou vendo que nem precisa respondeu, né? Mas... o mesmo ainda está com aquela Bianca? _questionou, rezando para uma resposta positiva.

_O que acha? _rosnou, completamente aborrecida.

_Céus! Tu não mudas, não é? Vejo também que nem se confessou ao mesmo, pois se tivesse o feito já estaria com ele. _deu de ombros, vendo a reação da mesma.

E isso me fez lembrar de Florêncio, entendendo o que o mesmo dissera.

_Até tu achas isso, Hélio? _perguntou, completamente sem graça.

_Por quê? Quem mais te disse?

_Florêncio. _respondeu simplesmente.

_Pois é... acho que esse é um motivo para você pensar sobre o caso. Claro que pode ser mentira, mas ele olha do mesmo jeito que... eu olho para você. _confessou ainda que a amava.

_Ah! Deixe de calunias, isso é impossível. Ele ama a Bianca, e mais ninguém. _declarou irritada, virando para o lado enquanto fazia beiçinho.

_Tens certeza? _comentou seriamente, pegando-a pela rosto com o intuito de que prestasse atenção nele.

Eu vi... a doçura nos olhos do homem, algo que me trazia segurança. E isso fez com que eu desejasse, arduamente, amá-lo.

_S-sim. _respondi insegura, completamente perdida em suas negras orbes.

_Bem... e tu vais para o baile de primavera, Manu? _comentou, quebrando seus devaneios. E ela sentiu alivio por isso.

_Como sabes disso? _confusa.

_Como não hei de saber, sendo que há panfletos espalhados por toda a parte? _questionou, apontando para um papel no poste.

_É... nisso tens razão. _concluiu, não respondendo a pergunta.

_Então... tu vais ao baile? _questionou novamente, deixando a curiosa para saber o motivo de tanto insistir.

_Esses bailes são feitos para garotas que tenham um par, algo que não tenho. _sussurrou melancólica.

_Até agora. Quer ir comigo, Manu Toledo? _questionou como se tivesse a pedindo em casamento. Bem... pelo menos era isso que ele imaginava ao fazê-lo.

_M-mas você não é da escola. _suspirei ao saber que isso era impossível.

_É...? Esqueceu que eu já fui aluno? Acho que poderiam abrir uma exceção quanto a isso. _dando um dos seus melhores sorrisos.

_Acho melhor eu não contrariá-lo mais. Aceito seu pedido, gás hélio. _disse aos risos, lembrando-me de sua carta.

_Caramba! Estou começando a me arrepender por ter te amado, Manuela. _disse brincando, mas eu levei a serio.

Não entendi o porquê, mas meu coração doeu ao escutar isso. É... justamente a única pessoa que a amava verdadeiramente estava arrependida de fazê-lo? Acho que nasci para não ser correspondida, mesmo.

_Eu estava brincando. Não estou arrependido, muito pelo contrário, a cada instante me descubro mais apaixonado por ti. _concluiu, roubando-me um selinho.

Posso dizer que esse era o velho Hélio, não? Pois é.

_Pare de me beijar, garoto. _respondi aos risos, sendo levada por ele até minha casa.

Senti-me completamente feliz por ver ele novamente, sendo que seria seu par no baile de primavera. Claro que, mesmo parecendo egoísta, desejava que outro ser me convidasse, mas era impossível. Yeap! Estava começando a me arrepender de aceitar ser sua amiga novamente. Maldito Matthew!