Manus Life - Segunda Temporada

Afinal, todos somos humanos.


CAPÍTULO DEZOITO - AFINAL, TODOS SOMOS HUMANOS.

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"Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo."

(Pitágoras)

A cada dia que passa, eu tenho mais certeza do quanto a vida nos cobra e é mutável. Há momentos em que passamos a acreditar em algo que pensávamos que não existia, que era impossível de ocorrer. Não, não estou falando de algo simples, mas em uma pessoa ter coração. Hoje, eu descobri algo que me deu pena.

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Oh sim, dia de aula! Eu teria que me encontrar com Fábio, e encará-lo de frente. Havia pensado muito sobre o que ocorreu na tarde de ontem, e sobre o que ele tinha me dito. Queria acreditar nele, porém o decorrer da história me ensinou que é difícil alguém mudar de atitude. Yeap! O loiro poderia muito bem ter feito aquilo, e de propósito.

Encarei o meu armário, rezando para não encontrá-lo. Ainda não tinha forças para ouvir suas desculpas, principalmente perdoá-lo. Dei uma segunda chance, e até terceira, porém não sou "boba" para dar uma quarta. O mesmo teria que me convencer muito, ou melhor, dar-me prova de suas afirmações. Quando fechei a porta, encontrei uns olhos azuis me encarando de maneira séria.

Aquilo, com toda a certeza, me queimava. Fábio sabia muito o poder que tinha só por olhar para a outra pessoa, podia causar na outra o sentimento que quisesse sobre o mesmo. Agora, eu sentia pena e arrependimento. Encarei o chão, tentando não encará-lo, para não cometer bobagens ao falar com ele.

_Manu, olhe para mim. _eu não respondi, e mal me mexi ao ouvir sua ordem. _Por favor, não irei falar novamente! _desta vez ele gritava, dava para escutar a multidão cochichando sobre isto.

_Não temos nada o que conversar, pois já o fizemos por telefone. _respondi, saindo em seguida.

Os livros na mão, andando como se nada tivesse acontecido, como se não fosse importante a sua existência para mim. E era isto que eu almejava causar, fazer com que ele se sentisse culpado com o que fizera. Porém, um segundo depois, eu notei que os objetos não estavam mais em meus braços ao ser puxado de modo brusco para trás.

Era Fábio, fuzilando-me com o mais puro ódio. Eu havia tocado em sua ferida, na sua querida popularidade. Ninguém, ninguém mesmo, poderia ignorá-lo ou sair antes que o mesmo terminasse a conversa. Sem dúvida alguma, ele era uma pessoa fútil.

_Eu... não posso deixar você partir, aliás, nunca deixei. Droga! O que eu preciso fazer para que acredite em mim? _A primeira frase, aquela mísera mensagem me tocou como fogo, deixando-me perplexa.

Para as pessoas ao redor aquilo poderia ser um detalhe insignificante, porém para mim não. Estava se declarando na frente de todos, mesmo que fosse de maneira indireta. O mesmo estava afirmando que sempre me amou, e nunca se esqueceu de mim. Admito que não boa em português, porém pude entender o que Fábio disse. Como se fosse um flash, acordei.

_Nada, você já me machucou muito, e não quero sentir isto novamente. _Sussurrei, apenas para ele.

_Sabes que eu não tenho medo de me arriscar, por que você teria? _questionou, a expressão calma. "É! O mesmo amava ser o centro das atenções."

_Eu não sou como você, e isto já deveria saber. Somos completamente diferentes, como água e vinho. _confessei, vendo seu olhar mudar de contente para melancólico em instantes.

_Não, está errada. Já que queres discutir, também o farei. Para mim não importa o que disse, é apenas um detalhe, o que reconheço é que te amo. _berrou para todos, e a multidão ficou surpresa.

Dava de ouvir os comentários ao fundo, como: "Beija, beija". Algo que todo o casal escuta ao receber a declaração do amado. Nessa hipótese, eu não poderia fazê-lo, não mesmo. Notei que minhas maçãs do rosto começaram a ficar rubras, sinal de que estava constrangida com a situação.

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_Por que tu fazes com que eu sempre tenha que repetir, em? EU-NÃO-ACRE-DI-TO-EM-VO-CÊ. _falei pausadamente, refletindo a raiva que estava sentindo.

_É tu que faz com que eu tenha que repetir, despejar tudo o que sinto por ti. Droga! É tão difícil assim engolir a verdade? Por acaso é complicado deixar o orgulho de lado e acreditar que eu te amo, em? _questionou, a voz doce, porém seus gestos mostravam o contrário. Ele me sacudia enquanto falava, tentando me "acordar" de algum jeito.

Olhei para o lado com esforço, e notei uma loira correndo para o banheiro. Provavelmente ela estava chorando por causo do ocorrido, ou seja, mais um coração havia sido partido pelo loiro. Eu não queria este desfecho para mim, e pela segunda vez sair ferida.

_Estais me machucando, Fábio! _exclamei, falando sobre a força que ele estava depositando em meus braços e em suas palavras. _Mesmo que esteja falando a verdade, não podemos ficar juntos. Há muitas coisas que nos separam, e uma delas é esse seu rancor por ser ignorado. _sai, porém não fui mais detida.

Depois de um tempo notei que os livros não estavam mais no chão, mas nos braços de outra pessoa. E esta me olhava de uma maneira fria, rancorosa. Levantei a cabeça e parei em seus olhos, aqueles que podiam me queimar mais que os do Fábio. Alguém pelo qual eu desejava contar o que sentia, declarar-me e ser feliz ao seu lado, porém seria muito sonhadora ao pensar nisto.

Aproximei-me de maneira cautelosa, encarando o chão e não o Matthew. Tinha a certeza de que o mesmo estava me fuzilando agora, tentando ao máximo fazer com que eu me sinta mal. Yeap! Os populares tinham esse problema, e eu não gostava disso.

Quando percebi já esta no limite, tanto que só sua camisa estava em meu campo de visão. Isto me trazia lembranças, algo que almejava a todo o custo esquecer. Mas, eu sabia, por mais que tentasse, que era um esforço em vão. Automaticamente seu cheiro veio em minha mente, com a súbita vontade de abraçá-lo. E, como se ele lesse meu pensamento, o mesmo anulou a distância entre nós e enroscou seu braço em meu corpo.

O perfume de lavanda ficou mais forte, e a quentura também. Com o rosto em chamas, o coração aquecido, olhei para cima. Aquela coragem que tinha de contar o que sinto se dissipou, e nenhuma palavra saiu de meus lábios. Matthew aproximou seu rosto do meu e sussurrou em meu ouvido:

_Seria errado dizer o quanto senti sua falta? _questionou, deixando-me completamente desarmada.

Eu não tinha o que fazer, neguei com a cabeça. O mesmo sorriu, aquele repuxar de lábios que fazia meu coração bater de modo descompassado. O sorriso do qual sempre desejei que fosse para mim, o de plena satisfação.

_Pois é, pior que senti. Sei que teria que me afastar de ti, porém não consegui. Senti-me um monstro por ter brigado contigo daquele jeito, pois eu nunca poderia mandar em sua vida. Só quero que saibas, que nunca deixarei de ser seu amigo. _Seria ruim dizer que todo o resto evaporou como água ao ouvir sua última palavra?

"AMIGO!" Aquilo fora repetido em minha mente como um CD furado. Aquela palavra doía muito, mais do que facas sendo desferidas em meu peito. Um sentimento tão puro, porém algo que pode eliminar em 55% a chance de namorar com o mesmo. Claro, que os outros 45% tiveram a sorte de gostar de alguém que poderiam ser os dois. Matt não era um deles, e a minha aparência + timidez + ser anti-social, diminuíam para 0,00000001% - não botei mais zero, porque senão ia ocupar a tela inteira - a chance de ficar com alguém popular.

_Mas, eu não quero sua amizade. Apenas quero que sejas feliz e corra atrás de sua amada, a Bianca. Sinto muito, mas não poderemos ser amigos novamente. _finalizei, desvencilhando-me de seus braços, correndo em direção ao banheiro.

Aquela frase era um desabafo, era a minha declaração correndo contra o medo, algo que eu sabia que ia entender de outro jeito. Era muito orgulhoso e impulsivo para pensar duas vezes em relação ao que eu disse, provavelmente não irá mais me procurar depois disso. Eu não chorei - aleluia -, porém queria ficar sozinha. Ao chegar ao ambiente, lembrei-me da menina que correu para esse local, tentando procurá-la.

Talvez pudéssemos compartilhar nossas aflições, e poderia ajudá-la a esquecer o Fábio. Logo, escutei um choro vindo da segunda porta. Senti pena da garota, ninguém merecia passar por isso.

_Você está bem? Quer contar o que ocorreu? _questionei tristemente, fazendo a menina soluçar mais depois do comentário.

_Eu não quero sua ajuda, por favor, saia daqui! _exclamou, a voz alterada pelo choro.

Porém, eu sabia quem era, ou melhor, conheceria ela de longe. Enquanto continuava a pensar, as informações vieram para mim como uma enxurrada. Parecia ser inacreditável, irreal, pois nunca ia pensar que Bridget tinha coração ou choraria por um homem. Alguém que a traiu e a feriu há uns meses.

Então, ela tinha sentimentos como qualquer menina, e amava um idiota que nunca a correspondeu. Se fosse em outro momento isso me faria rir, porém eu estava machucada para tanto. Sorrir seria maldade, e poderia agravar o problema que a mesma tinha.

_Bridget, você não pode ficar ai para sempre. Eu sei que é difícil, porém eu sei que és forte e que vai superar isso... _ia continuar, porém ela abriu a cabine e veio em minha direção de maneira furiosa.

_Você, é uma VAGABU***, Toledo! Não preciso de seus conselhos, e nada que venha de ti. És um mísero inseto, alguém que teria todo o prazer de pisar. _declarou com todo o ódio, a cólera em seus olhos.

Em câmera lenta, como se alguém tivesse mexido no tempo, ela me de um tapa. Não, um tapa seria pouco, melhor seria dizer "o" tapa. Aquele que deixava marcas, que seria lembrado por dias, e até semanas. Um sinal do que ocorreu, como um aviso de que sofreria conseqüências ao irritá-la novamente.

Nada respondi, compreendendo tudo o que ela sentia.

_Não dê uma de santa, vamos! Agride-me. Não revidar é um ato covarde, de alguém que tem medo de enfrentar os problemas. És o pior tipo de pessoa, não é a toa que não todos pisam em você... _ela ia continuar a me magoar, rasgando meu coração que já estava partido.

Aquilo foi o limite, eu nunca poderia deixar barato. Fiz o que ela pediu, devolvi o tapa que me dera anteriormente. Dava de ouvir o estralo ocorrido pela força do ato, e pior, podendo ver a marca da minha mão em seu rosto. Isto era bom de alguma forma, era como se toda a minha angustia fosse transferida para sua face.

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_PIRANHA! Vai pagar por ter feito isso, por ter machucado o rosto mais bonito que já vira. _declarou tentando sair do toalete, porém eu a impedi.

_Por favor, não se machuque mais, por ele não vale a pena. _sussurrei, olhando-a com preocupação.

Sei que ficarei arrependida por ter feito isso, porém não posso permitir que se fira. Ela é minha inimiga, mas todos são humanos e merecem igual respeito.

_E o que sabes sobre isso, em? És apenas uma garota que nunca teve um relacionamento na vida e, provavelmente, não amou também. _ríspida, tentando ao máximo se controlar.

_Está errada, mais do que imagina. _sussurrei, olhando-a com tristeza.

_O que eu não entendo é o porquê dele escolher justo você, uma pessoa sem beleza ou personalidade. Ele só pode estar brincando, ou tentando fazer com que eu sinta ciúmes, tenho certeza. _declarou, sorrindo em seguida.

Se eu pudesse "quebraria" o rosto dela inteiro para que a mesma parasse de falar besteiras, frases que machucariam o mais rude dos corações. Abaixei minha cabeça, as mãos em punho, tentando a todo o custo não chorar.

_Não tenho mais o que falar contigo, não antes de perceber o quão cruel és. _disse de modo sombrio, saindo rapidamente.

Aquilo foi estranho, ela tinha sentimentos afinal? Eu me negaria a chorar por causa das frases da Bridget, pois o seu objetivo é sempre me afetar. Isto dava um giro em minha vida, mostrava o quanto eu posso estar errada em relação a uma pessoa.