Malfeito feito

Poção Wiggenweld


Marlene subiu as escadas para o dormitório feminino com o maior cuidado, já passava das onze quando ela e Sirius voltaram para o Salão Comunal, mas mesmo sendo o mais silenciosa possível, uma voz ecoou pelo quarto.

— Nem pense que você vai escapar chegando de fininho, Marlene McKinnon. — A voz de Alice ecoou pelo quarto. As luzes já estavam apagadas, mas as meninas tinham combinado esperar para descobrir o que acontecera com a amiga. — Podemos saber porque você sumiu depois do jantar?

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— Inclusive, tivemos que esperar a senhorita chegar para saber das novidades da Lily também. — Mary levantou da cama e acendeu as luzes, deitando-se na cama de Marlene, ansiosa para ouvir as histórias.

— Vai Lily, você disse que ia contar assim que a Lenny chegasse! — Dorcas sentou na cama, abraçando um travesseiro, animada.

— Vocês não tem jeito mesmo... — Lily resmungou e se espreguiçou, deixando claro que estava tirando um cochilo quando as meninas a chamaram. — Bem, hoje a tarde...

— Depois de você ter dado um fora no James! — Mary interrompeu, um pouco desacreditada. Ele tinha se tornado um dos meninos mais populares de Hogwarts, os marotos eram sempre foco de atenção. Talvez Remus perca um pouco da atenção por estar com Dorcas, mas ainda atraía olhares mais discretos pelos corredores. Já Peter, era o menos falado entre as meninas, mas ainda assim conseguia encantar Mary.

— Eu não... Eu não dei um fora nele, ele só perguntou se eu queria dar uma volta! — Lily justificou. — E é o James, eu nunca sairia com ele! — Ela falou, em um tom encabulado e de desprezo. — De qualquer forma, eu passei a tarde com o Fabian... Nós ficamos perto do Lago Negro e um pouco antes de voltarmos para o jantar, ele me beijou! — As bochechas coradas a denunciaram antes que ela terminasse a frase, levando as meninas a dar gritinhos animados. Marlene, que nem teve tempo de se sentar em sua cama antes que Lily contasse a novidade, se jogou na cama da amiga e a abraçou.

— Parece que hoje foi um dia cheio de primeiras vezes... — Ela soltou, num suspiro, deixando a informação no ar. Foi a Alice quem entendeu primeiro, soltando um "como é que é?", boquiaberta.

— Eu e Sirius... — Marlene mordeu o lábio, olhando para baixo para que seu cabelo escondesse as bochechas levemente coradas. — Nós... Vocês sabem.

— Como foi que isso aconteceu? Onde? — Dorcas estava tão chocada quanto as outras, mas ficou levemente corada por imaginar se um dia poderia dizer o mesmo sobre ela e Remus.

— Torre de Astronomia. Nós combinamos que iríamos matar a curiosidade juntos. — Marlene estava ficando envergonhada com os olhares empolgados das meninas, sabendo exatamente como Lily havia se sentido minutos atrás.

— E como é que foi? — Lily perguntou, tentando disfarçar a curiosidade. — Vocês se protegeram não é? Eu não sei como é esse tipo de coisa para os bruxos... — Ela colocou a mão embaixo do queixo, percebendo que nunca tinha pensado nisso.

— Ai Evans, você parece minha mãe! — Lenny deu um empurrão na amiga, rindo. — Sirius usou um feitiço. — Explicou, em seguida, puxando Lily para perto novamente. — E eu diria que foi interessante, eu não tenho muito bem como me basear. — Ela deu de ombros, lembrando de tudo o que tinha acontecido. — Agora vamos dormir, porque eu não sei vocês, mas eu estou bem cansada! — Falou, enquanto pegava seu pijama e ia em direção ao banheiro.

Tinha sido realmente um dia cheio de primeiras vezes. Também tinha sido o primeiro fora que James recebeu em toda a sua vida escolar, e isso foi além de simplesmente orgulho ferido, era sobre a Lily. Como se não bastasse ela recusar passar a tarde com ele, ainda estava saindo com outro cara.

Sirius voltou para o quarto já bem tarde. Peter, Remus e Frank já dormiam, mas James estava deitado pensando em tudo que acontecera no dia. Ele não tinha se planejado bem, decidiu que faria um bom plano e tentaria falar com a Lily de novo. Se não desse certo, tudo o que ele podia fazer era esquecer aqueles olhos verdes e se contentar com as outras meninas daquele castelo.

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— James! — Sirius cutucou o amigo, percebendo que ele ainda não estava dormindo. Sentou-se na beirada da cama, mas nem se deu o trabalho de acender a varinha. Mal conseguia ver James, os dois eram iluminados apenas pela lua crescente que brilhava sobre o Lago Negro, a luz atravessava a janela fracamente.

— Sirius? O que foi? — James franziu a testa, procurando por seus óculos no criado mudo ao lado da cama. Colocou os óculos de armação arredondada e se sentou também.

— Eu estava com a Marlene. — Sirius passou a mão pela nuca, um sorriso escapando pelos lábios. — Nós... Nós fizemos. Na Torre de Astronomia.

— Sério? — James arregalou os olhos, um pouco admirado do tal plano que os dois estavam falando mais cedo. — E como foi? — Lançou um sorrisinho maroto para o amigo. — Seu cachorrão. — Desde que Sirius havia adquirido a forma de um grande cachorro preto quando se transformava em sua forma animaga, os meninos começaram a fazer esse tipo de trocadilhos.

— Cala a boca, seu veado! — Sirius deu um empurrão em James, brincando sobre sua forma animaga também. — Foi muito bom, achei que minha cabeça fosse explodir com toda aquela informação. E a Marlene, ela é incrível mesmo... A melhor amiga que alguém poderia querer. — Sirius suspirou, dando de ombros.

— Ei, achei que eu fosse seu melhor amigo! — James reclamou, fazendo Sirius revirar os olhos.

— E a Evans? — Perguntou, um pouco apreensivo. Ele não sabia bem se James tinha admitido para si mesmo que estava gostando dela, mas diante da careta que ele fez quando ouviu o nome dela, Sirius concluiu que sim.

— Você viu ela me dando o fora. — Resmungou, brincando com o cobertor. — E ela passou a tarde com aquele Prewett. O modo como ela conversava com ele quando os dois entraram no Salão Comunal, parece que está acontecendo algo entre eles...

— Relaxa James, essa coisa com o ruivo deve ser passageira. O que ele tem de interessante? Ela vai enjoar rápido! — Sirius o tranquilizou. — E enquanto isso, nós planejamos um modo de fazer ela cair de amores por você, não que seja muito difícil não é? — Ele deu uma piscadela e se jogou em sua cama, nem se dando o trabalho de colocar o pijama.

James esperava que Sirius estivesse certo, aquilo não deveria durar muito.

—x-

Na quinta-feira seguinte, depois que a última aula acabou, Lily foi se encontrar com Severus na biblioteca. Ambos estavam rabiscando anotações em pergaminhos e em seus livros, quando Peter apareceu e chamou Lily.

— Eu preciso da sua ajuda. — Falou, meio incerto. Eles estavam parados perto da janela, a algumas mesas de distância de onde Severus estava. — Preciso aprender poções!

Lily estranhou a súbita vontade de aprender dele. Ele normalmente ficava na média em todas as provas, mas talvez os N.O.M.s tenham o motivado. Além disso, ele e Lily não conversaram diretamente muitas vezes, ele apenas fazia comentários enquanto estavam com os outros.

— Ok... — Ela franziu a testa, o olhar passando de Peter para a mesa em que estava sentada antes. — Bem, eu estou estudando poções agora. Vem aqui. — Foi andando de volta para a mesa e indicou uma cadeira vazia ao seu lado.

Peter olhou relutante para Snape.

— Você deveria saber que Severus é um dos melhores alunos de poções do nosso ano, se você precisa mesmo de ajuda, junte-se a nós. — Lily falou, antes que ele dissesse algo para o sonserino.

— Por que seus amigos não te ensinam? — Severus mostrou seu mau humor repentino por ter que dividir sua amiga com mais alguém.

— Eles... Eles não precisam estudar para irem bem nas provas, tem facilidade, sabe? E eles não tem tanta paciência quanto a Lily, me zoam quando demoro para entender. — Peter deu de ombros.

— Talvez não sejam bons amigos, afinal. — Snape falou, com um tom de vitória por saber que isso atingiria Pettigrew.

— Sev! — Ela olhou feio para ele, um pedido silencioso para que Severus parasse de falar. Ele entendeu o recado, mas não reagiu muito bem. Fechou a cara, entortando o nariz grande e pontudo, enquanto juntava seus pergaminhos e livros.

— Se você vai ficar defendendo seus amiguinhos grifinórios, melhor eu ir embora. — E com isso, saiu dando passos pesados sobre o chão de madeira, que ecoaram por toda a biblioteca.

— Ótimo... — Lily resmungou ironicamente e balançou a cabeça em negação. — Os garotos estão bem sensíveis esses dias. Peter pegava seus materiais na mochila e olhou para a cara aborrecida de Lily.

— Tem certeza que está falando só do Ranh... Snape? — Ele se corrigiu, lembrando-se que Lily não ficaria feliz com aquele apelido. — Ou tem algo a ver com a sua discussão com James ontem? — Peter não deveria tocar no assunto, não tinha tanta intimidade com ela assim. Mas, apesar disso, tinha que descobrir o que estava acontecendo entre ela e aquele garoto.

— Ah, aquilo foi tão idiota! Ele sempre está com por ai com alguma garota, por que eu não posso sair com alguém? — Ela respondeu rápido, como se precisasse desabafar aquilo. — Eu não preciso dar satisfações ao Potter. — Cruzou os braços, um pouco exaltada.

— Calma Lily... Talvez ele só esteja preocupado, tentando cuidar de você. — Peter tentou melhorar a situação para o amigo. Era para isso que a amizade servia, afinal. Ajudar os amigos e guardar os segredos deles, agora que James havia admitido que gostava de Evans.

— Preocupado? — Ela franziu o cenho, as sardas dela saltitando pelas bochechas. — Eu não preciso de ninguém cuidando de mim! Pode dizer isso a ele quando o encontrar! — Lily cortou o assunto, fechando o livro de poções com mais força do que era necessário.

— Achei que fosse me ajudar... — Pettigrew falou, meio incerto e assustado com a reação de Lily. Ela era bem explosiva quando algo a incomodava.

— Desculpe, o Potter me deixa bem irritada as vezes. — Ela confessou, abrindo o livro novamente e respirando fundo. — Certo, a última poção que o Professor Slughorn ensinou foi a Poção Wiggenweld. Ela serve para restaurar as forças de alguém doente e também é eficiente contra venenos de cobras e de plantas venenosas. — Ela explicou, observando suas anotações e as passando para Peter.

Os dois ficaram na biblioteca pelo que pareceram horas, Lily revisando as poções e ensinando os macetes para a poção dar certo. Ela tinha aprendido com Severus que não seguir totalmente as instruções do livro, as vezes gerava uma poção ainda mais eficiente. Quando o estômago de Peter começou a roncar, eles decidiram ir para o Salão Principal encontrar os outros para o jantar.

— Você e Peter estavam juntos? — Mary perguntou, um tom curioso em sua voz.

— Ele me pediu ajuda em Poções. — Lily deu de ombros, pensando que se eles fossem estudar juntos mais vezes, podia deixar subentendido que Mary estava interessada nele. Fez uma nota mental para lembrar de fazer isso na próxima chance que tivesse.

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— Oi meninas! — Sirius deu um sorriso sedutor e se sentou ao lado de Lily e Mary, ficando a frente de Dorcas e Marlene, dando uma piscadela para a melhor amiga, que respondeu com outra. James e Remus se juntaram a eles, porém o último não estava com a mesma animação de Black. Lupin estava com uma aparência de doente, o rosto pálido e os ombros um pouco curvados e Lily sabia o motivo, mas não sabia como ajudá-lo. Ele parecia precisar de uma das poções que ela ensinou para Peter mais cedo.

Remus se abrira com ela nos primeiros anos e contou sobre ser um lobisomem, mas depois disso os marotos o envolveram em tantas brincadeiras e confusões que ela achou que ele estava conseguindo lidar melhor com seu problema, se distraindo um pouco entre uma lua cheia e outra. Mas, conforme ele ia ficando mais velho, os efeitos de ser um lobisomem afetavam cada vez mais a saúde dele e ficava cada vez mais claro que havia algo de errado.

— Está tudo bem, Remus? — Marlene se assustou quando viu o estado dele. — Você tem uma saúde muito fraca, menino! — Comentou, antes de insistir para que ele comesse mais uma coxa de frango.

— A Lenny está certa, Remmy. Você precisa comer, não pode ficar sempre doente assim. — Dorcas parecia preocupada, carinhosamente acariciando a mão dele sobre o banco.

— Meus pais dizem que eu sempre ficava doente quando era pequeno, deve ser só o clima mudando... — Ele deu de ombros, se forçando a parecer melhor. — Eu acho que só preciso descansar um pouco esse fim de semana.

— Cara, vamos fazer muita coisa nesse fim de semana, mas nada inclui descansar. — James cochichou, um sorriso estampou o rosto de Remus. Seria a primeira noite que ele não sofreria sozinho.