Caminhei até ficar próxima dele, que continuava ali, estático como se estivesse petrificado.

—Sua irmã —falei sentindo meus lábios tremerem —,ela me deixou entrar.

Ele enrugou a testa e permaneceu sério.

—Acabei de encontrá-la e Chiara não me disse nada. —Alex continuava estarrecido.

Soltei um suspiro sonoro.

—Eu vim porque preciso falar com você e é muito importante. —Encurtei ainda mais nossa distância.

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Alex passou as mãos pelos cabelos, depois fechou os olhos.

—Olha Maria Cecília, se veio até aqui para me dizer tudo o que já ouvi, eu passo. —Ele estreitou os olhos e fixou-os em mim. —Meu voo sai em minutos e eu estou atrasado.

Ele realmente estava magoado, tratava-me com frieza.

—Eu posso ser rápida —dei de ombros —,na verdade, eu não quero que você parta com uma ideia errada sobre mim, mais uma vez.

—Certo, isso é tudo o quê eu não preciso, já sei que vai dizer que não pode desmanchar o seu noivado e todos os outros argumentos que você já me deu. —Ele demonstrou estar farto daquele assunto.

Balancei a cabeça e ergui as minhas mãos, depois deixei que meus braços caíssem rentes ao meu corpo, entregue.

—Na verdade eu vim dizer que você estava certo o tempo todo, eu errei com você, errei com o Marcus, mas principalmente... errei comigo mesma. — Emocionei-me.

Alex arqueou a sobrancelhas, ele não estava entendendo nada.

Outros dois passos e ficamos ainda mais próximos, sentia todo o contraste do meu corpo gelado enquanto o meu sangue fervia. Sem tirar meus olhos dos dele, procurei suas mãos e assim que as encontrei, entrelacei seus dedos nos meus.

Ele não hesitou, não me repeliu e isso acabou por me doar uma dose de calmaria.

—Alex, antes de vir até aqui, entreguei uma resenha, ou melhor, uma carta de confissão ao meu noivo, ou ex noivo —olhei para o relógio na parede e imaginei que àquela altura Marcus já tinha lido — ,ele já deve estar sabendo que eu não posso me casar com ele porque amo outra pessoa, e principalmente, porque amo quem eu sou quando estou com essa pessoa.

A respiração de Alex ficou curta.

—Maria Cecília, está me dizendo que veio até aqui... —ele levou uma das mãos até a boca.

Balancei a cabeça de forma positiva.

—Alex, eu vim até aqui pra dizer que no que depender de mim... Alexandre Collerman, eu quero ver a continuação de nossa história —toquei seu rosto —, se ainda quiser, o final feliz desse livro vai ser seu, ou melhor, vai ser nosso, porque eu não me vejo sendo feliz se não for com você.

Ele perdeu a voz, piscou algumas vezes como se estivesse absorvendo o que escutara. Em segundos, milhares de coisas assolaram meus pensamentos, e, amedrontei-me com a possibilidade de daquela vez, ser ele a me dispensar.

— Não está brincado comigo, não é? —ele indagou desconfiado.

—Não... — Sorri, já com lágrimas molhando meu rosto — E se me deixar voltar para a sua vida, eu te prometo amanhãs, se me deixar voltar, Alex, eu não vou sair nunca mais.

Ele balançou a cabeça e sorriu, sua emoção era notória e depois de dar um soco do ar, seus lábios estavam nos meus, sedentos, e como em todas as outras vezes, eu tive a certeza de que ali, era o meu lugar.

—Maria Cecília —ele se afastou arfando —,se você mudar de ideia, eu juro que dessa vez eu a sequestro, eu coloco em prática um dos inúmeros planos que eu tinha criado para mantê-la comigo.

Não tive como não rir.

—Fique tranquilo... —Saltei em seu colo, enlaçando sua cintura com as minhas pernas. —A essa altura, a cidade inteira já deve saber que não haverá mais casamento, e a temporada de caça às bruxas, ou melhor, de caça à Lia, já deve ter começado. Eu até imagino o quanto devo estar sendo odiada.

—Estarei do seu lado, por todo o tempo. —Ele roubou-me mais um beijo e depois me soltou na cama, colocando-se sobre mim. —Vou fazer tudo ficar bem, vou cuidar de você e mais, provarei todos os dias que você fez a escolha certa quando optou por mim. —Alex alternava as palavras com beijos por todo o meu corpo.

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—Eu sei de tudo isso... — sussurrei me sentindo em combustão. —Mas agora, tudo o que eu preciso é matar essa saudade que me consome, eu quero você, Alex.

******

—Eu não sei como vou olhar para a sua irmã. —Sussurrei abraçada a ele, ainda estávamos deitados e já era começo de tarde.

—Estava com tanta raiva e achando que você iria mesmo se casar, que contei tudo a ela, tudo mesmo.

—Nossa Alex, — dei um tapa em seu braço—nem quero imaginar, a ideia que sua irmã faz de mim, Chiara deve me achar uma...

Ele segurou um dos meus braços passou a beijar cada um dos meus dedos.

—Nesse momento ela deve estar feliz por mim, Chiara ficou preocupada comigo, ela queria ir falar com você...tirar satisfações, por partir o coração do seu irmão caçula. —Ele ficou sério. —Você me deixou arrasado, Maria Cecília.

Fiz uma careta e sim, me senti ainda mais apaixonada por ele, mesmo sem entender como aquilo era possível.

—Bom...agora preciso colher os frutos dos meu atos. —Respirei fundo enquanto sentava-me. —Eu preciso ver o tamanho do estrago que a minha carta bomba fez.

Enquanto tentava me vestir, Alex agarrou minha cintura e com os lábios leves, beijou minhas costas nuas.

—Não quero que você vá, tenho medo de perdê-la de novo —ele sussurrou em meus ouvidos.

—Eu já disse Alex, isso nunca mais vai acontecer. —Fui enfática.

—E o que vai acontecer então? O que vamos fazer agora? —Ele ficou sério.

Encolhi meus ombros, eu não planejara nada para o depois, e sabia bem acabara por bagunçar a vida dele, também.

—Temos que conversar — coloquei minha camisa—,você está vivendo na Argentina e eu, se não for demitida, trabalho aqui...

Sem nada dizer, Alex puxou-me fazendo com que eu me deitasse novamente, com a cabeça apoiada em um dos braços, deixou seu rosto diretamente sobre o meu.

—Eu faço o que você quiser, se preferir ficar aqui, transfiro meu trabalho pra cá, agora, se achar melhor dar um tempo, deixar a poeira baixar, vai ser um prazer dividir meu apartamento na terra dos hermanos, com você.

Aquela praticidade e desembraço com que Alex levava as coisas era uma das suas melhores qualidades. Ele fazia com que tudo parecesse simples de ser resolvido, e até por isso, insistiu em ir comigo à Monte Real, queria estar junto a mim, e por ele, falaria até mesmo com os meus pais.

Confesso que sua oferta me pareceu tentadora, Alex fazia com que eu me sentisse segura, só que não era o melhor a ser feito, aquele era um problema meu, e sentia-me pronta para resolvê-lo ou encará-lo, independente do que isso significasse.

Ele acompanhou-me até meu carro, de fato parecia temer que eu mudasse de ideia, ou sei lá o quê.

—Volta para jantarmos juntos? —Debruçou-se na minha janela.

—Não sei... —embrenhei meus dedos em seu farto topete —não sei como vou encontrar as coisas por lá, na verdade, nem mesmo a parte mais criativa do meu cérebro está conseguindo projetar o quê me espera.

—Sabe que se não voltar eu vou até lá... —ele apontou o dedo para mim —,assim, já aproveito e peço sua mão em casamento para seus pais. —Ele usou um tom ameaçador.

Revirei os meus olhos.

—Nem ouse dizer a palavra ,casamento, por um bom tempo... —rosnei para ele. — Fique tranquilo, se for expulsa de casa, vai ter de me dar abrigo.

—Ah...acho que vou ficar torcendo contra, então... —Ele fez um ar de garoto arteiro.

Aquele era Alex.

Parei no posto de gasolina, precisava abastecer, e aproveitei o tempo em que o frentista gastava para encher o tanque, fazendo uma ligação.

—Não, nada de diferente por aqui, eu até achei que você tivesse desistido.

—De forma alguma Gabi, eu fiz, entreguei a carta ao Marcus e depois segui para a casa do Alex. —Suspirei. — Minha amiga... nunca me senti tão em paz como agora —relatei, tomada por uma calmaria incomum.

—Isso significa que deu tudo certo? — Gabi parecia apreensiva. —Você e ele finamente...

—Sim, parece que enfim estou colocando minha vida em ordem, de verdade. —Sorri feliz enquanto entregava o dinheiro ao frentista.

—Eu partilho da sua alegria...pra mim você fez a coisa certa, agora é esperar para ver como as pessoas daqui vão reagir.

Eu já conseguia imaginar a manchete do jornal de Monte Real:

“Maria Cecília Cortezi, abandona o noivo, Marcus Demetri, praticamente no altar.”

Era obvio que minha estadia na cidade não seria lá muito fácil, eu seria julgada, condenada e o pior de tudo isso, não me espantaria se meu ato acabasse por respingar na imagem dos meus pais, ou mesmo na floricultura. Havia também os pais de Marcus, esses sim pediriam minha cabeça numa bandeja.

Não tinha jeito, estava feito e assim que pisei na floricultura, já esperava que minha mãe pulasse em meu pescoço, pronta para me estrangular.

Não foi como aconteceu, ao contrário do que eu imaginava, tudo parecia absolutamente normal, minha mãe ria enquanto conversava com a Lúcia.

—Lia, o Marcus está lá em casa, — ela sorriu para mim, enquanto eu tentava me sustentar sobre pernas de borracha amolecida—ele achou que você estivesse aqui.

—Meu pai está junto? —indaguei, imaginando Marcus mostrando aquela carta a ele.

—Não, seu pai está em Alana. —Ela permanecia empilhando uns vasos, sem sequer imaginar a tempestade que estava por vir.

Lucia me encarou de novo, e podia ser coisa da minha cabeça, mas pareceu-me que ela sabia de tudo.

—Bom, eu vou...falar com o Marcus. — avisei, e já me preparava para sair, quando uma voz interior me fez voltar para dar um abraço em minha mãe.

Ela não sabia o porquê de eu estar fazendo aquilo, já eu, tinha a impressão de que aquela podia ser a última vez em que minha mãe estaria amigável comigo.

“Seja forte!” — Era tudo o que eu pensava a cada passo que me levava até Marcus.

Achei que ele estaria na sala e cheguei a vê-lo sentado em sua poltrona preferida, mas não, ele não estava ali. Subi as escadas sentindo meu coração batendo na boca, abri a porta do meu quarto e sim, eu o encontrei.

Sentado em minha cama, a cabeça baixa e minha carta nas mãos. Demorou um minuto para me encarar, mas quando o fez, seus olhos eram como projetores, e talvez por conhecê-lo tão bem, sabia o quanto estava decepcionado comigo.

Esperei para ver quais seriam suas primeiras palavras, porque eu mesma, não podia dizer nada além do que estava naquela folha de papel.

Marcus tinha o direito de gritar, de xingar-me e até mesmo, se fosse bom para sua honra, mostrar aquela carta para a cidade inteira, ela seria um bom compilado à reportagem do cancelamento de nosso casamento.

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Eu não me orgulhava do rumo que tinha dado àquela situação toda, não me orgulhava por ter deixado as coisas chegarem àquele ponto, por fim, independente de Alex, eu fora omissa com Marcus, e por isso estava ali, à sua disposição, afinal, ele era apenas um baita cara bom e amável que acabava de descobrir que a mulher com quem ele iria se casar dentro de poucos dias, o enganara por mais de cinco anos, amava outro homem e mesmo assim, deixou as coisas chegarem tão longe.

Nossa! Isso soava tão ruim. Tão ruim quanto realmente era, mesmo assim, dava para piorar. Se me casasse com ele, em cima de tanto lixo emocional, embasada de tantas inverdades, era certo que um dia tudo viria à tona. Dava para vislumbrar-me no futuro, diante da nossa primeira discussão de casal, vomitando toda a minha frustração por ter me metido naquele casamento simplesmente porque achava que não tinha outra saída.

Não seria estranho que eu colocasse a culpa de meu fracasso pessoal nele, e não precisava ser vidente para prever que se eu não mudasse meu caminho, era naquilo que culminaria nossa história.

Por fim Marcus e eu tínhamos objetivos diferentes, ele planejava filhos, enquanto eu nem sabia se queria mesmo ser mãe. Marcus almejava um ninho, raízes, e quanto a mim, tudo o que eu mais desejava, eram asas para voar.

Por pior que aquilo tudo estivesse sendo no momento, ruim mesmo, seria deixar a bomba estourar depois.

Nós ainda tínhamos tempo para recomeçar e naquele ponto, no máximo teríamos que nos preocuparmos em como faríamos para devolver os presentes, o que mesmo sendo ruim, era bem mais fácil do que ter de decidir com quem as crianças ficariam.

—Lia, eu já li e reli isso —ele balançou o papel sem me encarar—, e juro que vim até aqui, esperando que você me dissesse que tudo não passa de uma grande brincadeira.

Balancei minha cabeça e caminhei devagar até Marcus.

—Eu jamais brincaria com algo tão sério. —Olhei para ele tentando conter minhas lágrimas. —Não faz ideia de como foi difícil escrever cada letrinha dessas...

Marcus fechou os olhos e depois se levantou, ficou tão próximo de mim que dava para sentir o calor do seu corpo.

—Eu nem sei o que dizer pra você, Lia... —Sua voz estava abafada, ele já chorava. —O pior é que eu notei que você tinha mudado, as diferenças eram gritantes, só que eu não queria enxergar.

Baixei minha cabeça, se pudesse desapareceria, estava envergonhada e era legitimo me sentir assim.

—Sei que isso não quer dizer nada, mas honestamente, eu sinto muito, e mais, eu tentei Marcus, tentei com todas as minhas forças fazer com déssemos certo...

—Eu sei.—Ele voltou à atenção ao papel em sua mão.—Está tudo aqui, e você nem precisa me dizer mais nada.

—Marcus, eu me odeio por ter deixado as coisas chegarem tão longe, só que a vida e suas reviravoltas, acabaram por me dar esse abanão, e eu, eu não podia me casar com você pelos motivos errados...

Ele suspirou e voltou a se sentar na cama, estava arrasado.

—Terminar um noivado é mais difícil que terminar um namoro, não é? —Ele indagou com os olhos em mim, entendi que ele preferia então, que eu tivesse colocado fim em nossa história antes.

—Se eu soubesse tudo o que sei hoje...

—Sim...o tempo nos ensina, e é por isso que eu vou dizer, que é mais fácil terminar um noivado que um casamento... —Ele deu de ombros.

Ele era mesmo espetacular, tanto que me deixou sem palavras, e em silêncio, o único som audível naquele quarto, eram os de nossas fungadas e soluços. Marcus e eu estávamos isolados em nossas tristezas, entregues ao luto do nosso fim, cada um a sua maneira.

Todo final, todo clico que se fecha efetivamente é triste, e a iminência do nosso não era diferente.

—Eu quero que saiba que estou disposta a falar com todo mundo. —Sequei meu rosto com a manga da minha camisa. — Vou conversar com seus pais, e se for preciso com a cidade inteira, estou disposta a assumir minha culpa perante á todos.

Marcus cruzou os braços nesse momento e escondeu o rosto neles, seu choro se fez mais alto, desesperado até, aquela cena me lembrou muito a sua volta para Monte Real, quando ele me procurou na floricultura, aquilo me estilhaçou por dentro, outra vez.

—E se eu dissesse que tudo bem? —Marcus me encarou com os olhos vermelhos e tristes. —Lia, e se eu passasse por cima de tudo isso?

Não. Ele definitivamente não deveria ter me feito aquelas perguntas. Teria sido tão mais fácil se ele simplesmente tivesse gritado que eu era uma vadia sem coração e sem caráter...

—Marcus... —Respirei fundo, precisava de ar. —Não se trata disso e, acho que expliquei tudo nessa carta, mesmo gostando muito de você, eu não me vejo dentro do que você planeja, eu... — Ele se levantou.

—Tudo bem Lia, eu entendi. —Marcus dobrou o papel e colocou-o no bolso da calça. —Vamos fazer então...ou melhor, desfazer.

—Amanhã eu falo com seus pais, faço questão de ao menos tentar me explicar...

Marcus caminhou até mim, balançando a cabeça em negativa.

—Você não vai ficar com toda a culpa, sabe bem que se fizer desse jeito, essa cidade inteira vai cair matando em cima de você. —Ele parecia firme.

Franzi minha testa sem entender o que ele estava me propondo.

—Eu não ligo. — Encolhi meus ombros.— Eu tenho que arcar com as minhas escolhas.

— Diremos que foi uma decisão conjunta, que pensamos bem e vimos que somos muito jovens para assumir algo tão sério quanto um casamento.

—Você não precisa fazer isso por mim. —Disse, porque realmente, vê-lo agindo daquela forma, e tendo ainda toda aquela consideração por mim, só me fazia sentir pior.

—Lia, eu não vou mentir—ele seguiu em direção a porta —,nesse momento eu estou com muita raiva de você, mas sinto ainda mais raiva de mim. —Ele estava de costas. —Apesar de tudo, eu a amo, amo tanto que sequer posso imaginar alguém a julgando. Eu não vou deixar que ninguém fale mal de você.

Suas palavras me reduziram a pó, pensei que fosse desaparecer. Eu não tinha mais nada para dizer a ele.

Agradecer? Seria pouco.

Senti vontade de abraçá-lo e declarar que ser amada por ele era uma honra, e que ele encontraria alguém à altura de sua grandeza, mas tudo isso poderia soar como um prêmio de consolação, embora não fosse.

Então, sem que disséssemos mais nada um ao outro, Marcus saiu pela porta do meu quarto pela última vez e aquilo doeu, doeu muito mais do que eu podia imaginar.

Fiquei por um tempo largada no chão junto da minha dignidade. Senti-a me estranha, não conseguia conter minhas lágrimas.

—Lia! Pelo amor de Deus...o que está acontecendo? — Minha mãe apareceu aos berros.

Olhei para ela e em seu rosto o pânico era evidente.

—Não vai mais ter casamento —avisei enquanto me levantava.

Ela levou as mãos ao peito e eu desejei que fosse apenas uma encenação. Era tudo o que me faltava, minha mãe realmente passar mal por conta do meu rompimento.

—Vocês brigaram? —Ela sentou-se na cama. —O Marcus passou por mim aos prantos.

—Não mãe, não houve briga alguma, nós apenas vimos que não é isso o que queremos para nós, e que esse casamento foi uma precipitação —falei, pegando a minha bolsa. —Vou sair, eu preciso pensar...

*********

—Tenho que admitir... —Alex acariciava meus cabelos como um pai consolando um filho. — Esse cara não tem sangue correndo nas veias. —Ele afirmou depois de me ouvir sobre a conversa com Marcus.

—A verdade é que ele é uma pessoa muito boa, Alex. —Funguei em seu ombro. —Eu sinto tanto por tê-lo magoado.

Alex permaneceu em silêncio, era o melhor a ser feito, ele mesmo sabia que não havia nada que pudesse me dizer naquele momento, por mais que ele tentasse fazer parecer que era fácil, sabia o peso da decisão que eu havia tomado.

—Não é fácil perder alguém como você, Maria Cecília... —Ele beijou minha testa, enquanto eu deitava a cabeça em seu colo. —Sei bem como ele está se sentindo...