OLIVER

Entro em casa me sentindo chapado, mesmo sem ter tomado nada, nem mesmo um trago. Não por falta de vontade, só o que quero é me enterrar em um copo de whisky, mas não seria justo com Thea, o rosto dela e dos garotos ficam passando por minha mente sem parar, seguidos pelo olhar devastado de Felicity e a confusão nos olhos de Bart. A mãe dele me deixou entrar, dentre todos os homens, eu fui o escolhido, e para que? Acho que só a fiz sofrer ainda mais. Wally deve estar me odiando agora.

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Preciso sair de casa, ou não vou conseguir me controlar por muito mais tempo. Pego as chaves do meu carro e saio pelas ruas escuras e sujas de Star City, antes que perceba estou em frente à mansão da minha família. Claro, que entre um boteco de esquina e o “Sanatório Queen” não sei dizer qual é pior, mas com sorte Thea vai estar em casa, não vou conseguir ficar sozinho.

—Speed? –chamo, assim que passo pelas portas duplas da entrada.

—Oliver. –Walter cumprimenta, saindo do escritório. –Thea saiu a alguns minutos, com um garoto peculiar. –para pôr um momento tentando se lembrar do nome.

—Roy Harper? –sugiro.

—Isso, o Sr. Harper. –sorri andando ao meu lado em direção a sala de estar. –Ela me disse que você quem a convenceu a sair com ele, isso foi muito fraternal de sua parte. –diz orgulhoso quando nos sentamos. –Fico feliz por isso.

—Ao menos um dos meus pais fica. –murmuro passando a mão no rosto. –Minha mãe me acha inconsequente e imprevisível.

—Ela também se orgulha Oliver, pode não parecer mais aquele foi o jeito dela de lidar com a morte do Robert, cada um de nós tem suas maneiras.

—Eu fui terrível com você. –olho, me sentindo envergonhado. –Digo, no primeiro ano, acho que nunca te pedi desculpas por isso.

—E não precisa, não tem que pedir. –sorri sincero. –Tinha dez anos, se sentia o homem da casa, Robert teria tanto orgulho de você, quanto eu tenho.

—Obrigado, eu precisava mesmo ouvir isso. Fiz tantas coisas...

—E se reergueu, todas as vezes. –me interrompe. –Precisa aprender a confiar em seu próprio julgamento Oliver, não tem que fazer o que eu, sua mãe ou Thea lhe dizemos. Nós somos sua família, e vamos amar você de qualquer jeito.

—Eu sei.

—Quanto a Srta. Smoak...

—Nós terminamos, bom, ela terminou comigo. –o interrompo. –Pediu para que nunca mais a visse, procurasse por ela, ou qualquer coisa do tipo.

—Ou... –ele se levanta e caminha em direção a uma escrivaninha antiga, procura por algum número em uma agenda preta e o digita em seu celular. –Sr. Diggle, aqui é Walter. –faz silêncio e fico boquiaberto ao me dar conta de que sempre estive errado, Thea nunca teve nada a ver com isso. –Claro, posso cuidar disso, mas Oliver está precisando ir em uma reunião do AA agora, pode busca-lo aqui na mansão em dez minutos? –mais silêncio enquanto John o responde do outro lado. –Perfeito, vou ficar com ele por enquanto.

—Foi você. –sussurro impressionado quando ele desliga. –Sempre pensei que fora Thea quem o contratou! –Walter sorri andando em minha direção.

—Pode não ter meu sangue, Oliver, mas é o meu garoto. Vou sempre cuidar de você como tal. –talvez ficasse bravo antes de conhecer Wally e Bart, mas depois deles consigo entender o sentimento de Walter, e me sinto grato por alguém escolher me amar dessa forma.

FELICITY

—Olha, só vou explicar mais uma vez, não precisa partir tudo, apenas arranque as extremidades e coloque na vasilha! –Sara se esforçava para se paciente, enquanto eu a “ajudava” a fazer o almoço.

—Por que não fico com a limpeza depois? –sugiro ao aceitar que não tenho esperança nenhuma na carreira culinária.

—Excelente! –aceita de imediato sem esconder o alivio em sua face. Me sento do outro lado da bancada de sua cozinha, com minha taça de vinho e a observo cozinhar sozinha, meu celular vibra mais uma vez e o ignoro como em todas as vezes anteriores. –Não vai falar com ele? –diz mexendo a panela, sem se virar para me olhar. –Já tem dias, e vocês nem mesmo conversaram.

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—Eu avisei para ele não me ligar. –justifico, olhando para minha taça, sentindo os olhos azuis de Sara sobre mim, e não estou no clima para julgamentos.

—Fel, eu e Ray estamos te dando o tempo para ter raiva, você precisa mesmo ter. –ela para a minha frente, do outro lado da bancada. –É bom ver que está se expressando, mas por que exatamente está com raiva do Oliver?

—Como por que? Ele mentiu para mim, Sara! –respondo indignada, mas o rosto dela nem mesmo muda de expressão. –E além disso, se envolveu ao invés de dizer a verdade! –agora ela sorri com desdém. –O que foi?

—Nada, só estava aqui tentando me lembrar de quem comprou os ingressos para a aula de culinária, ou tentando entender como a mentira dele é pior do que dizer que é divorciada quando não é.

—Não faz isso...

—Fazer o que? Te dizer a verdade? –suspira deixando a faca que usava nos legumes de lado. –Pessoas mentem Felicity, e quando se conhece alguém que já tem a bagagem de uma vida inteira nas costas... Não é como se pudesse olhar para ele e dizer o que o cara está pensando, ele não é o Barry, e vocês só tinham isso por se conhecerem a vida toda, não é nenhum super poder.

—Sabe o que me incomoda?

—De verdade, sem a desculpa que ensaiou em sua mente? –ergue uma sobrancelha, e sorrio com tristeza por ela me conhecer tão bem.

—Depois que Oliver saiu da minha casa, passei a noite tentando entender se estava feliz por ele não ter entrado naquele avião, –confesso, envergonhada. –ou se estava triste por ele não ter entrado. Consegue perceber como isso é complicado? Não posso fazer essa escolha!

—Pessoas fazem escolhas. –toca minha mão. –Mas nesse caso, não existe escolha nenhuma a ser feita, não mais.

—Ainda assim, não posso ficar com ele.

—Então parece que já fez a sua escolha. –dá de ombros com tristeza. –Vai assistir ao julgamento amanhã?

—Ainda não sei.

—Bom, eu e Ray vamos para sua casa te dar apoio de qualquer forma.

—Eu amo vocês! –choramingo, imitando as birras de Bart.

—Deveria mesmo. –responde fazendo pouco caso. –Nós aturamos todo esse drama sem fim, deveria fazer uma estátua em nosso homenagem! –carinhosa feito uma mula.

OLIVER

—Minha mãe não está, Sr. Queen. –Wally saia de sua casa com um enorme saco de lixo. –E se estivesse também... –parece não querer completar a frase, mas não era raiva em sua voz, é como se não quisesse me machucar.

—Eu sei, está tudo bem. –respondo me aproximando. –Vim apenas deixar isso em sua caixa de correio. –dou a ele a revista com o artigo de seu pai. –Precisava pagar minha dívida. –ele sorri com tristeza olhando para a revista, e vejo seus olhos brilharem quando percebe que estava autografada.

—Como conseguiu? –sussurra admirado.

—Conheci Cisco Ramon, em uma viagem, e ele era parceiro de seu pai no projeto. –explico. –Bom, eles autografaram um para o outro, uma brincadeira ou coisa assim.

—Obrigado.

—Tudo bem. –digo começando a me afastar, Wally se senta no degrau da calçada, parecendo muito mais velho do que seus oito anos. –Foi bom te ver, Wally.

—Sr. Queen! –chama quando estou prestes a entrar em meu carro. –Ele disse algo sobre vender árvores? –pergunta baixinho me fazendo voltar, me sento ao seu lado, e repasso mentalmente a conversa que tive com Barry naquela noite. –Disse que estava voltando por isso? Por que eu nem queria de verdade. –Wally se encolhe, parecendo finalmente ser uma criança da idade que possui.

—Não, ele não disse nada a respeito de árvores. –minto. –Falou que sobre trabalho, que precisava voltar por causa do trabalho. –me esforço para ser convincente, o ver daquela forma era devastador.

—Será que pode dizer isso à minha mãe? –pede, me olhando de lado. –Acho que ela se culpa pela morte dele.

—Não acho que sua mãe vai acreditar em mim. –suspiro. –Mas você pode dizer a ela. Não é sua culpa ou dela.

—Não é culpa de ninguém. –ele dá de ombros.

—Como está o Bart? –mudo de assunto, me levantando.

—Ele não anda muito animado, acho que sente sua falta.

—Também sinto falta dele, de vocês dois. –ele sorri. –Preciso ir agora, e você tem que entrar.

—É. –concorda se levantando com a revista em mãos. Wally começa a andar em direção a casa, mas depois para parecendo estar em conflito com ele mesmo. Então ele volta correndo em minha direção e abraça as minhas pernas, me pegando de surpresa. –Obrigado, por me contar sobre meu pai.

—Está tudo bem garoto, não foi nada. –me curvo para abraça-lo, e me mata quando ele me solta e entra correndo em casa. –Está tudo bem. –repito dessa vez para mim mesmo, e pego o celular em um bolso.

‘Oliver, está tudo bem?’

—Dig, quer ir a uma reunião?

‘Claro, passa aqui em casa.’

Vai ficar tudo bem...