É como um conto de fadas sentir sua respiração

Em meu pescoço

Você lembra do que eu gosto

Então, querido, me leve até lá

Diminua as luzes

E me beije no escuro

Pois quando você me toca

Querido, eu vejo faíscas

Sparks – Hilary Duff

Clarke

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A luz solar entrava pela vidraça da janela de madeira, batendo diretamente em meu rosto. Me remexi, incomodado com os raios solares, só aí me dando conta do corpo colado atrás de mim e de um braço possesivamente em torno de minha cintura, me prendendo a cama. A respiração extremamente lenta de Bellamy, ressonava em meu pescoço, fazendo-me arrepiar inteira. Virei a cabeça, começando a o encarar. Sua expressão calma e serena, combinava com sua respiração, como se não houvesse nenhuma preocupação do mundo. Então ele estragou o momento abrindo os olhos de uma só vez e soltando um “buuu!”.

— Idiota. – resmunguei depois de me recuperar minimamente do susto, sentando na cama.

Ele riu. Me levantei, indo até a cômoda e abrindo suas gavetas, até achar o que eu procurava: um jeans masculino já meio desbotado – provavelmente por ser velho – e uma blusa xadrez bem simples. Analisei a calça com mais cuidado, constatando que cabiam duas Clarke’s dentro dela, então o atirei para Bellamy, que pegou a calça com maestria e vesti o casaco, que ficou parecendo um vestido em mim.

— O que você está esperando? – cruzei as pernas, me virando pra ele. – Pare de olhar para as minhas coxas e vá se vestir. Temos muita coisa pra fazer.

— Uhun... – concordou sem desviar olhar.

Revirei os olhos.

Peguei a camiseta suja de Bellamy, constatando que não poderíamos salvar ela. Mais à frente, caída no chão ao lado da cômoda, havia outra blusa xadrez – desta vez vermelha. A peguei, revisando-a com os olhos. Ela serviria. A lavei na cozinha e a coloquei pra secar. Enquanto isso, fiz Bellamy vasculhar o perímetro em torno da cabana. Achei um rádio antigo junto com um pouco de comida enlatada, que graças aos céus ainda estavam na validade.

— Não tem nada aqui. – Bellamy anunciou, entrando pela porta e sentando-se na mesa da cozinha. – Exceto pelo mato, isso aqui tá deserto.

— Não vamos ficar aqui por muito tempo. – indiquei o rádio. – Olha o que eu achei.

— Um rádio. E daí?

Revirei os olhos. – Porque você não vai caçar um animal? Precisamos não morrer de fome e já está quase na hora do almoço. Vista aquela camisa ali. – indiquei. – Ela já secou.

Ele me olhou emburrado e se levantou, indo pegar a camisa pendurada no varal improvisado sobre a janela. Assim que ele vestiu aquele pedaço de pano me senti mais confortável. Bellamy passeando pra lá e pra cá sem camisa me deixava um pouco nervosa.

— Preciso de uma faca. – disse, fuçando as gavetas da pequena cozinha. – Pronto. Isso deve servir.

— Boa sorte. – desejei.

Ele me fuzilou mais uma vez com o olhar, logo o descendo para as minhas pernas.

Bellamy!

— Tá. – ergueu as mãos em rendição. – Eu sei. Já estou indo, tchau.

— Tchau.

Ele saiu pela porta enquanto eu suspirei irritada. Raven havia me ensinado um pouco de seu ofício, e eu esperava que fosse o bastante para concertar o rádio. Passei a manhã inteira tentando, sem sucesso. A menos que o relógio estivesse marcando a hora errada, Bellamy voltou ás onze e meia com três coelhos.

— É só isso? Arqueei uma sobrancelha.

Ele bufou: - Da próxima vez você caça e eu fico aqui então.

— Não, não! Isso vai ser suficiente pra um ou dois dias. No máximo três. Eu achei alguma comida enlatada no armário. Vou preparar o almoço. E você vai tomar banho.

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— Porque você fica me dando ordens?

— Porque eu gosto. Eu dei ordens a minha vida inteira Bellamy, e não vai se hoje que isso vai mudar. Além do mais, você está fedendo. – enruguei o nariz. – Anda, vai logo.

Ele deu outro bufo, indo em direção ao banheiro. Não sei o que ele tanto fazia naquele banheiro, já que ele foi sair só um século depois, com o almoço já pronto.

Ele se sentou na mesa, colocou um pouco de comida no prato e ficou olhando pra ela, com o cenho franzido.

— Isso não tá com uma aparência muito boa não...

Coma.

— Acho que não estou com muita fome...

Peguei uma colherada e enfiei em sua boca assim que ele a abriu, provavelmente para falar mal da minha comida. Ele a mastigou, de olhos arregalados.

— Gostoso. – elogiou.

Sorri convencida, começando a comer também. Bellamy pediu pra repetir, mas eu lhe disse que não, pois tínhamos que deixar um pouco para o jantar. Mas ele insistiu tanto que acabei concordando em cozinhar pra ele quando chegássemos em casa.

As horas foram passando e eu fiquei concentrada em concertar aquele maldito rádio. Bellamy esquentou a comida para jantarmos e depois de mais algumas horas tentando concertar aquela parafernália – que Raven não me escute dizendo isso -, fui tomar banho, me deitando com Bellamy logo depois.

— Esse travesseiro é horrível. – reclamei.

— Pode me usar, se quiser. – ofereceu com um sorriso sacana.

— Não, obrigada.

— Tudo bem, é você quem perde mesmo. – revirei os olhos.

Mas uma hora me revirando na cama – por causa daquele merda de travesseiro -, tentando ficar confortável, cedi e deitei a cabeça em seu peito, adormecendo instantaneamente com as batidas de seu coração. Sonhei que Rodalf estava sentado na cadeira de meu pai, rindo de mim.

♕♛♕

No dia seguinte, fiquei ainda mais paranoica com o rádio. Precisava concerta-lo para conseguir falar com Raven e sair desse maldito inferno. Depois de muito pensar, havia chegado à conclusão de que eu e Bellamy – principalmente Bellamy - fomos vítimas de um atentado. Só isso explicaria a bebida drogada que ele havia consumido um dia antes do casamento e o nosso acidente de carro, logo depois. Sem contar que nesse último, o carro causador do acidente apareceu da mesma forma em que sumiu. Do nada.

Apesar de minhas suspeitas – tanto do atentado, como quem está o cometendo -, não contei nada pro Bellamy. Precisava de pelo menos mais uma prova, sem contar que ele já estava me achando meio louca – mesmo que não contasse – com o lance do rádio.

— Clarke. – Bellamy me chamou, quando voltou as cinco da tarde com um uma nova caça. – Você está parecendo uma maluca. Uma maluca sexy, mais ainda sim uma maluca.

Revirei os olhos e larguei as ferramentas, indo até a pia lavar as mãos. Mais uma vez, ele foi tomar banho e eu preparei o jantar. Tínhamos almoçado o resto de ontem, ou como Raven falaria em seu sotaque francês fajuto, Restedeonté. Dessa vez eu preparei uma sopa, que diga-se de passagem, Bellamy também adorou. Fiquei até a madrugada com o rádio e só desisti por causa do sono, indo me deitar logo após um banho. Pensei que Bellamy estivesse dormindo, mas quando me aconcheguei em seu corpo, ele perguntou.

— E o meu beijo de boa noite?

— Não sei do que você está falando. – desconcertei.

— Ontem você não me beijou. – reclamou. – Acho que eu mereço um, você não concorda? Passei a tarde toda caçando aquele maldito...

Me inclinei, aproximando meu rosto ao rosto dele e encostando meus lábios nos seus. Foi um beijo doce e calmo. Quando separei nossos lábios, pronta pra me afastar, Bellamy tomou meu rosto nas mãos e me puxou de volta, me beijando. Ao invés de calmo e doce, esse beijo foi quente. Muito quente. Ele rolou nossos corpos, ficando por cima de mim e se inclinou sobre o meu corpo, mas parou de repente, gemendo de dor.

— Minha perna. – ofegou.

O empurrei, o fazendo voltar a posição anterior e afastei os lençóis, indo até o interruptor ligar a luz. Sentei-me na cama enquanto ele continuava deitado, e examinei a perna dele.

— Doí quando eu toco? – perguntei.

— Não.

— E agora? – movimentei-a, dobrando seu joelho.

— Um pouco. – gemeu.

Examinei o local do ferimento. Os pontos que eu dera já estavam saindo e uma cicatriz começava a se formar. A culpa me atingiu naquele momento. Enquanto eu ficava naquela cabana o dia inteiro tentando concertar um rádio que poderia nunca mais funcionar, Bellamy havia saído de manhã e à tarde, caçando animais não só pra ele como pra mim também. Me senti uma pessoa horrível.

Como não tinha mais analgésicos para lhe dar, me inclinei em direção ao ferimento, dando-lhe um beijinho.

— Pronto. – me levantei, indo em direção ao interruptor. – Um beijinho sempre resolve certo?

Antes de apagar a luz, olhei para seu rosto. Os olhos dele sorriam pra mim, achando graça.

— Eu te falei que me machuquei em outros lugares também? - não o respondi.

Apaguei a luz e voltei para a cama, me aconchegando novamente em seu corpo quente e másculo.

— Boa noite Bellamy.

— Boa noite Clarke.

♕♛♕

No dia seguinte, a rotina se repetiu. Esquentei a comida que sobrou do jantar e a comemos. Havia finalmente conseguido concertar o maldito rádio, o sintonizando na frequência do rádio de Raven.

— Você conseguiu concertar essa coisa. – Bellamy sorriu. - Por acaso você tem mais alguma habilidade que eu não sei?

— Muitas. – dei um sorriso metido. – Você ainda não viu nada.

Ele riu. De repente o rádio começou a chiar.

— Raven? – chamei.

O rádio chiou novamente. “Clarke?” reconheci a voz de Raven.

— O rádio está falando? – Bellamy sussurrou incrédulo.

O ignorei, me aproximando ainda mais do aparelho. Fiz um resumo de tudo o que tinha acontecido: o acidente do qual sofremos, como conseguimos sobreviver e a localização da casinha.

— Como estão as coisa aí? – perguntei ao terminar.

— Horríveis. Todos acham que você está morta e o conselho assumiu Rodalf como o novo chefe da máfia. Eu vou mandar buscarem você imediatamente. Nosso helicóptero vai ir agora mesmo vasculhar a área.

— Até que enfim! – suspirei aliviada.

Desliguei o rádio minutos depois, trocando um sorriso com Bellamy e o beijando de felicidade, com as mãos em torno de seu pescoço. O mandei ir tomar banho, indo logo depois que ele saiu, já que Raven provavelmente mandaria roupas novas pra gente. Logo depois, comecei a escrever um bilhete ao dono da casa.

— “Nós desculpe por invadir, eu e meu marido sofremos um acidente de carro e esta foi o único lugar que achamos para ficar. Prometo a vocês que pagaremos por tudo o que gastamos ou/e usamos.” – Bellamy leu em voz alta. – Pensei que a máfia roubava as coisas, não que pagava o que usavam... – divagou.

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O olhei chateada, e até com um pouco de tristeza, mas logo coloquei minha máscara.

— Nós roubamos de ladrões Bellamy, não de pessoas inocentes. – comentei com acidez.

O clima imediatamente ficou tenso. Deixei o bilhete na geladeira, sendo segurado por um imã e sai da casa, batendo no ombro de Bellamy propositalmente.

— Olha Clarke...

O mandei meu melhor olhar calculista, o fazendo engolir em seco e calar a boca. Não sabia nem porque estava tão chateada. Afinal era isso que todos eles pensavam no final das contas, que fazíamos o que fazíamos apenas por diversão.

Demorou mas meia hora para que o helicóptero surgisse no nosso campo de visão e pousasse no chão. O veio correndo abraçar o irmão, depois a mim.

— Ainda bem que vocês estão vivos! Nós precisamos ir imediatamente para a C.A.C.T.U.S., a menos que você queira que aquilo lá vire uma verdadeira ditadura militar!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.