A floresta estava em chamas. Qualquer lugar que a garotinha olhasse estava pegando fogo. Ela sabia, sempre soube. No dia em que ela saísse de sua casa algo de ruim aconteceria. A menininha de sete anos chorava em silêncio, continha suas lágrimas. Escutava gritos. Gritos dos soldados de seu país, Golty, sendo mortos brutalmente. Ela caiu de joelhos na terra. Terra misturada com sangue desta batalha e de varias outras no passado.

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Os olhos azul-claros arregalados e assustados enxergavam em câmera lenta todo aquele desespero acontecendo em sua frente. Seus cabelos longos e desarrumados atrapalhavam a visão dela.

Um rapaz de doze anos veio em disparada na sua direção, tudo voltou a seu ritmo normal. O rapaz loiro de olhos azuis a agarrou garotinha e correu para fora da floresta Mellory.

— Lunally, você está bem? — indagava o rapaz em desespero e sem fôlego suficiente. Os dois saíam cada vez mais de dentro da densa floresta com arvores desengonçadas que não seguiam qualquer padrão, com galhos no chão atrapalhando a corrida e espinhos que machucavam a pele das crianças.

Lunally olhou para trás e não viu mais sua mãe e seu pai. Tentava buscá-los virando a cabeça para o lado, afastava seus cabelos do rosto que bloqueavam sua visão, mas não os encontrava. O corpo dela estava sujo, ferido, banhado de sangue que não era dela, mas não se comparava com a dor maçante que ela sentia no coração.

— Daniel! Temos que voltar! — a menina esperneou no colo do irmão mais velho que tentava a todo custo segurá-la. — Mamãe e papai então em perigo! Não podemos deixar eles sozinhos! — gritava desesperada para o irmão em vão, pois era ignorada. Ela queria bater em Daniel que corria sem parar. Alguns guardas foram correndo com eles para proteger os filhos dos Alfas do reino. Seus pais: Laila e Davi, sempre davam prioridade para a proteção de seus filhos. Ou quem sabe os próprios Alfas pelo destino que seus pais poderiam estar tendo.

Lunally ficou quieta por um instante, encarava seu irmão e percebia a expressão de derrota e amargura. Daniel estava sofrendo. Seu querido irmão estava triste.

Daniel parou de correr e entregou Lunally para outro guarda e fez um sinal com a cabeça para que este a tirasse do local. Daniel estava voltando para o meio da floresta, para onde eles estavam, no templo de Mellory, um presente que o deus cervo deu para os cidadãos de Goldy, e só os escolhidos do cervo podiam entrar lá, o que causava inquietação nos outros reinos e por consequência conflitos.

— Daniel! — escandalizava Lunally. Não deixaria seu irmão sozinho. Deus me ajude — rezou a garotinha juntando as mãos e chorando sem cessar.

Um grande animal careca, cinza, com chifres enfeitados na cabeça, magro e com longas unhas grossas, de pelo menos cinco metros de altura, apareceu na frente do guarda que levava ela, os assuntando. Lunally já tinha ouvido falar daquela criatura antes, era um Wendigo, uma terrível aberração que comia carne humana, e dava para notar os dentes pontiagudos sujos de sangue.

— Santo cervo... — sussurrou o guarda. A criatura chegava devagar quebrando as árvores em seu caminho até estar na frente da menina que estava tremendo de pavor, mas não recuava. Lunally foi jogada no chão pelo guarda que a segurava, o qual saiu correndo.

Lunally levantou e sem muito sucesso tentou limpar as vestes, antes um lindo kimono furisode branco com flores de prata e de tecido refinado, agora um tecido sujo e rasgado. Encarou tremendo notavelmente o animal que estava tranquilo na frente dela.

Percebeu um ponto de luz branca flutuando, o ponto tinha um calor próprio que dava a sensação que acolhimento e obediência. Este símbolo mágico e divino estava indo para o local de luta, a menina seguiu e o Wendigo a seguiu logo atrás. Os passos foram ficando mais rápidos, até que ela começou a correr, não tardou ao chegar ao local, o Wendigo pulou sobre ela e começou a rasgar e devorar qualquer homem que não fosse de Golty.

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O ponto de luz sumiu.

Lunally avistou seu irmão um pouco machucado sendo protegido por guardas, então a menina foi para seu lado.

— O que houve? — questionou Daniel acuado e sem entender. — Quem é esse animal? E o que você está fazendo aqui?

— Acalme-se! — mandou Lunally colocando a mão nas bochechas de seu irmão que não era muito mais alto, na verdade era uma criança bem pequena. — O espírito do cervo nos ajudou. Agora cadê mamãe e papai? Vamos sair daqui!

Daniel deixou pela primeira vez em meio de tanto caos uma lágrima cair, abraçou sua querida e corajosa irmã.

— Desculpe-me. — choramingou no ouvido de Lunally. — Eles... — Fungou enquanto chorava e Lunally começava a chorar também. — Eles estão mortos.

Luna olhou para os lados em busca dos corpos sem almas de seus amados pais, e viu um homem de olhos azuis e cabelos esverdeados longos, de meia idade, fugindo, sorria com malicia, um sorriso que assombraria Lunally por tempos.

*

O azul claro e limpo tomava conta de todo o céu; a sensação e calor agradável, no qual o sol estava ainda ganhando espaço na imensidão do azul. As árvores que arborizavam qualquer lugar no reino. Lunally olhou para os muros de árvores que cercavam seu país, que era camuflado. A garota estava na floresta de trás do país, não a perigosa Mellory que ficava na frente, ela estava na floresta do Cântico, assim a chamavam, que levava para outros reinos que a pequena não tinha ideia do nome.

A garota se encontrava nostálgica e pensava mais uma vez em seu irmão, que estava um tanto nervoso, desesperado e inquieto. Queria a garota poder curar essa angustia de seu fraterno, mas ela era medica só de corpos, não de almas, aquelas 0,21GR (que dizem ser o peso da alma) que valiam mais do que todo o peso maciço da carne. Desde que venceram a tirania de sua avó, Lara, que fez uma terrível ditadura depois da morte dos antigos alfas. Daniel se acalmou um pouco e recuperou sua saúde, mas ainda estava pressionado pelos órgãos de poder e manipulado pela sua inocência.

Aos dezoito anos de idade, Lunally era uma excelente médica. A menina não era de se gabar, mas nunca perdeu um paciente. Mesmo Golty não tendo guerras ou batalhas, sempre aparecia alguém com alguma ferida um tanto trágica.

Lunally passou as mãos em seu cabelo loiro platinado e liso, de forma a jogar ele para trás e suspirou. Estava apoiada a uma grande pedra da floresta do Cântico, amava estar em contato com a flora e fauna, talvez fosse algo de um protegido do cervo, o Deus de seu país: Caius. O local era colorido com árvores que floresciam com plantas de todas as cores, além do barulho do rio continental que dividia toda Wakanda que tinha sua foz na floresta em que ela estava. O som dos pássaros e animais vivendo normalmente em seu nicho era confortante.

— Como se Daniel pudesse resolver isso desta maneira — debochou de seu irmão precavido até demais. Algo estava acontecendo nos outros países. Os espiões de Golty alertaram movimentações estranhas e suspeitas. Daniel praticamente estava policiando o reino, horário para acordar, para dormir, para sair, para respirar até! Ele estava regulando tudo para a segurança, o povo não importava, achavam bom, pois se sentiam seguros e o povo de Golty sempre foi fácil de lidar, eram regrados por nascimento, não gostavam da noite sombria nem de lugares vazios e silenciosos.

Talvez Lunally estivesse exagerando, era uma característica dela dramatizar tudo. Não era um regime ditatorial, Daniel simplesmente com plebiscitos e votos foi formulando e aprovando leis protecionistas para o povo, ou seja, essas regras são decisões democráticas.

Mas essas regras incomodavam muito Lunally. Ela era um ser dotado de liberdade, não gostava de ser regrada e muito menos mandada. Mas ela entendia perfeitamente. Vamos ver de um lado global: Golty era muito fraca em militância, mas sabia se proteger e esconder — tanto que se Luna foi atacada uma vez, foi quando alguém estava de fora do país, em viagens ou coisa parecida — se uma guerra estourar com os outros países, Golty findaria, então o mais sensato para o país seria não atacar, e para poder prevenir, Golty se esconderia. Assim era o pensamente de seu irmão e dos cidadãos.

— Se ao menos tivéssemos apoio. — levantou Lunally, limpou a terra de sua roupas, observou se seu corpo estava livre de sujeiras, o corpo era fino e delicado. Ela se gesticulou pelas árvores do local. Seus olhos azuis brilhavam pela esperança. Ela sempre pensou que os países deveriam se comunicar, se unir, chega de guerra. Mas ela também tinha ressentimentos. Não se sabe até hoje qual país mandou matar seus pais há onze anos, mas desconfiavam de dois reinos principalmente, de Draken e de Premim, os únicos países capazes de terem soldados bem treinados para lutar de maneira tão hábil dentro da floresta de Mellory. E também, Premin havia invadido o mercado Basílio, queria territórios, é bem provável ter invadido a floresta com o mesmo motivo, porém é impossível ter aquele lugar. E Draken por motivo de competição poderia ter feito o mesmo.

Luna colocou as mãos nas bochechas, e seu rosto de forma oval, chacoalhou-se e adentrou mais na floresta, percebeu que os animais se moviam para um mesmo lugar, animais pequenos: esquilos, pássaros, chinchilas, etc. Os tons coloridos se uniformizavam, virando um verde escuro e forte. A garota estava tão perdida em seus pensamentos que passou a andar automaticamente não prestando mais atenção no lugar.

— O que... — sussurrou Lunally com a voz falhada de surpresa. Perto do rio tinha um cervo com grandes chifres, couro marrom-claro manchado com tons mais claros ainda. Seus olhos mel encaravam a médica que aproximava devagar. O cervo era grande, forte e agradável de forma estanha. Lunally já viu cervos, isso sempre indicava um bom presságio, porém aquele era diferente. — Está perdido? Ora, não é só você, com toda essa confusão todos nós estamos — tagarelou animadamente para o cervo. Lunally era falante e amava uma boa conversa, mesmo que ela fosse a única a se pronunciar.

Estendeu a mão em frente o focinho da bela criatura, o cervo cheirou e saiu correndo. Lunally nem tentou seguir, o animal era muito rápido, ela no estado em que estava de quimono tsukesage, discreto e liso de tom azul-claro que escurecia quando chegava ao fim e com flores brancas bordadas decorando a barra; seu obi (a faixa que prendia o traje) era de tom azul-escuro com flores brancas, deixando um contraste muito bonito e harmônico. O cabelo de Luna estava bem penteado e solto, pois esta acordou cedo e não quis arrumá-lo.

Voltou um pouco desanimada para sua casa, pois sabia que seu irmão reclamaria por ela ter saído cedo, mas desta vez ela chegaria adiantada, porque por ela, ficaria o dia todo na floresta.

*

— Se não obedecer não será possível eu lhe proteger! — reclamava o homem de 1,57 de altura e de vinte e três anos em sua sala de negócios. — Você tem que saber que algo está nos ameaçando! Talvez esta vida pacifica que temos pode acabar a qualquer segundo!

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— Meu amor, acalme-se. Lunally não vez por mal, você sabe que ela gosta de se divertir na floresta do Cântico, e lá é seguro! — Lisa, a esposa de Daniel (o pequeno homem que reclamava com sua irmã), tentou intermediar a conversa. Lisa era linda, cabelos compridos azul-claros, com cachos perfeitos formados nas pontas, olhos azuis cristalinos e o melhor era que ela tinha 1,55 de altura, o tamanho perfeito para o pequeno Alfa.

Lunally não se conteve e soltou uma gargalhada gostosa.

— Por que está rindo? — indagou Daniel, o alfa atual, perplexo. Sentou-se em sua cadeira no escritório grande e aberto. Todos os lugares em Golty eram grandes e abertos, assim facilitava a fuga se necessário.

Luna consertou sua postura e foi até seu irmão zangado, sorriu para Lisa e piscou.

— Vi um belo cervo hoje — mudou o rumo da conversa, ela sempre fazia isso. — E tenho certeza que é um bom aviso. — O povo de Golty era muito fetichista, então cada detalhe para eles podia significar algo.

Daniel levantou com as mãos na mesa e iria dizer algo, mas foi interrompido.

— Talvez essas coisas que estão acontecendo sejam necessárias para algo maior. — ponderou à loira. — O que está realmente acontecendo, Daniel?

— Comércio no mercado negro do Basílio. — Esse lugar ficava em cima da floresta de Mellory, entre Findoram e Premin. Antes era um simples mercado neutro, mas nos últimos quinze anos virou uma bagunça ilegal. — Muitas vilas foram atacadas... Não sabemos direito, tudo indica guerra, mas não sabemos de quem, contra quem... Nada. — Daniel caiu em sua cadeira. Ele odiava não entender as coisas apropriadamente.

Lisa abraçou seu marido pelas costas e sorriu meiga para Lunally. Luna tinha 1,65 de altura. A garota tornou-se a rir novamente pela estatura mínima de seu irmão.

— Para de rir! — Daniel disse quase rindo junto, ele sabia o motivo da risada, não encarava mal, amava ver o sorriso de sua irmã. Logo todos riam na sala, era audível de longe, como os cômodos não eram isolados — eram abertos — todos percebiam o clima cômico na sala do Alfa.

*

Na tarde daquele mesmo dia. Lunally atendeu alguns pacientes, mesmo que ela não necessitasse trabalhar, pois era Alfa menor, a garota amava estar entre pessoas, e era cada historia e conversa que ela ouvia e falava que lhe agradava ao extremo estar naquele ramo.

Estava no hospital grande e aberto — como qualquer lugar no reino — feito de pedras claras grandes e madeira, típico modo de construção em seu país. Observava as crianças correrem, a loira amava crianças, se um dia casasse queria ter no mínimo três filhos.

— Alfa? — Um homem de cabelos cinzas, olhos azuis, apesar de parecer jovem tinha em volta de quarenta e poucos anos, trajava uma túnica branca com bordados dourados chegou perto de Lunally, era o Ancião líder: Ren, da Grande casa dos anciões, era o núcleo publico responsável por manter o equilíbrio natural, por exemplo, como os Deuses não mantêm contato total, ou nenhum, os anciões rezavam, realizavam os cultos, promoviam as festas para esses espíritos um dia voltarem, para mostrar a fé do reino e devoção. E sempre tinha visões sobre coisas paralelas, uteis ou não. Como eles faziam isso? Só os Deuses sabiam.

A grande casa dos anciões sempre existiu, eram os que cuidavam dos Espíritos em seus templos. Por isso continuavam com seus deveres.

— Sim — respondeu Luna virando sorridente. Deixou de ver as crianças para ver aquele velho chato, não é que ela não gostasse dos anciões, mas eles sempre tinham que inventar umas coisas muito estranhas, tipo na vez que proibiram usar vermelho, pois trazia maus presságios, mas agora não tinha mais esse decreto.

— Você está bem?

A garota estranhou, pois sempre que um ancião vinha falar com alguém, este era direto, ainda mais o líder deles. A garota sabia muito sobre o sistema dos anciões, porque sua amada e falecida mãe era uma escolhida do Cervo, e sua avó também. Elas eram umas das poucas no reino que conversavam com o espírito Caius. E sua mãe sempre lhe contou como o cervo era. Não era medroso, como muitos pensavam, era preocupado e angustiado, só não queria sofrer e fazer os outros tristes, então era reservado e quieto. Sobre o que sua avó dizia era outra historia, o rancor dela foi muito além de uma simples manifestação verbal ou emocional.

— O que quer? — Lunally foi até as estantes da sala e arrumou os vidros de remédios que estavam bagunçados por seu uso anteriormente. Seu jaleco limpo e bem modelado com a cinta em sua fina cintura foi guardado no cabide do armário.

— Sua paciência é divina! — ironizou o Ancião. Ele sorriu e continuou a falar: — Quero algo de você, mas o Alfa maior não pode saber.

Luna encarou o velho e sentiu seu corpo estremecer, ela só parecia ter coragem, mas era um tanto receosa. Tinha medo do que o ancião iria lhe pedir.

— Quero que vá ao templo de Mellory. O templo de lótus — pediu Ren, o ancião.

— Está louco? Meu irmão já vira uma fera de eu ir à floresta do cântico, imagina na Mellory?! — Lunally repreendeu a proposta. — Alem do mais, é perigoso e meus pais morreram lá! Lembra-se? — exaltou-se um pouco, seus olhos encherem de lágrimas, mas não deixou que elas caíssem.

Lunally tinha um segredo com os anciões, com a Grande casa dos anciões. Ela era a próxima escolhida do Cervo. Implorou quando descobriu para que não contassem ao seu irmão, pois este iria ficar louco pela possibilidade de um dia esse destino a botar em perigo, o que de fato faria. Lunally sempre fazia algumas coisas que os anciões pediam, pois sabia que era necessário devido sua função, mas ir a Mellory? Sem chances.

A garota até então nunca tinha conversado com Caius, o espírito do cervo, mas sempre tinha sonhos reveladores, e sempre teve uma relação peculiar com os animais e natureza, era como se os animais sempre ajudassem ela, por isso ser medica se tornou fácil. Ela sabia que erva usar para cada caso, qual era boa, e qual era ruim; Lunally simplesmente sabia.

— Você precisa ir ao templo! Lunally, ninguém sabe o que tem lá, poucos entraram. — insistiu o ancião.

— E os que entraram não saíram, pois eram mortos brutalmente pelos inimigos! — vociferou Luna. Ela não queria entrar mais na floresta, só lhe trazia lembranças ruins.

— Lembra-se do wendigo? — estimulou o velho, decidido a ter um simda alfa menor. — Ele te ajudou. Inacreditável! Dessa vez será o mesmo.

— Se... Estou supondo, não afirmando. Se eu for, o que falaria para meu irmão? — questionou certa de que tudo aquilo era loucura.

O ancião foi até a porta, deu um olhado discreto, o ancião tinha mandado guardas — betas — especiais afastarem os curiosos que poderiam vir a escutar a conversa. Sorriu e encarou a garota.

— A verdade. — concluiu Ren.

— Daniel mandaria alguém para me buscar, provavelmente o Eric — penalizou e citou o líder dos betas de Golty — Ele botaria o reino em risco, e isso é inadmissível.

— Sem a provação do Conselho dos betas e da Grande casa dos anciões ele não pode fazer nada — informou o ancião dando a entender que não deixaria o alfa por sentimentalismo fazer tal atrocidade.

Lunally realmente ponderava sobre a possibilidade de ir. Era uma covarde curiosa, sempre quis saber o que tinha no templo de Mellory, um presente do espírito Caius, o cervo. Ela sorriu, sua insanidade foi mostrada.

— O que fez você vir me pedir isso agora? — Sorria de forma travessa, Lunally era amante da aventura, por isso sempre saía pela cidade, pela floresta de Cântico sem avisar ninguém, porque ela gostava do inesperado. A garota poderia ser considerada como uma roleta de emoções, um tanto bipolar e insana, mas tinha seu senso de responsabilidade. Sabia até onde a brincadeira poderia ir.

— Não percebe? — indagou o ancião meio surpreso. — Algo está mudando. Os reinos estão inquietos e temo por isso. Então devemos usar tudo ao nosso favor, ou seja, temos que ter posse do nosso presente de Deus: o templo.