POV Sarah Black

Estávamos todos muito satisfeitos, Jake realmente tinha tirado de letra a corrida, ficou em segundo lugar e continuava liderando o campeonato anual. Nossa equipe estava muito bem colocada também entre as montadoras, mantínhamos o primeiro lugar com muita vantagem. Seria muito difícil perdermos tanto o campeonato como o prêmio de melhor montadora. Meu marido e meus filhos, meus orgulhos!

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Eu tenho um orgulho imenso deles, são inteligentes, bonitos e bom coração. E eu nada modesta, rsrsrs!

Minha vida é perfeita, viveria a mesma quantas vezes fossem necessárias e não mudaria nada.

Deu trabalho, com certeza, criar quatro crianças com pouca diferença de idade, ou nenhuma diferença no caso das gêmeas, é muito complicado, graças eu sempre contei com Dora, uma senhora que me ajudava com a casa e com as crianças quando era preciso. Eu parei de trabalhar no hospital, pois eu tinha o Embry, muito pequeno e já me vi grávida de Jake muito em seguida. Embry é meu filho do coração, já que não sou sua mãe biológica. Ele é filho do Billy com sua primeira esposa, que faleceu no parto. Eu não podia aceitar aquela situação, a criança praticamente abandonada, pois o Billy entrou em uma depressão muito séria e quem cuidava do Embry pelo menos um pouco, já era a Dora, que sempre trabalhou para os Blacks.

Eu me apaixonei por Billy assim que eu o vi pela primeira vez, quando ainda éramos crianças, não estudávamos juntos, não eramos amigos, quando cresci fui estudar fora, fiquei um tempo sem o ver e quando voltei, ele já estava com a Mary. Quando ela faleceu eu estava morando em Seattle, trabalhando no hospital de lá, não quis ficar muito próxima, pois eu sofria vendo eles juntos, ele nem sequer acho que me conhecia, ou somente de bom dia e boa tarde, pois nossos pais eram amigos, mas quando soube que ele estava sozinho retornei, fui contratada para o Hospital Geral de Forks e voltei a morar em La Push. Eu tentei me aproximar dele, mas ele estava tão transtornado que não me abriu espaço, ficando preso em casa ou andando deliberadamente por locais ermos e em horários inóspitos...

Um dia fui chamada para atender um caso de emergência. Um homem teria se jogado penhasco abaixo, em meio a pedras e mar por todos lados. Ao atender o telefone, já senti o coração disparado, sai desesperada, nem sabia o por que. Porem ao chegar ao hospital me deparei com Billy inconsciente. Foi ele quem tentou se matar. Imediatamente liguei para casa e pedi para que pegassem o menino, pois a esta hora, Dora já estaria pronta para sair, porem não podia deixar o menino sozinho.

Eu me responsabilizei por Billy no hospital, fiquei lá com ele, cuidei dele e quando ele acordou, eu conversei com ele, disse que já o conhecia, falei em meu pai e disse que o ajudaria. Muito relutante ele aceitou. Ele me disse certa vez que só aceitou por que ficou com pena de mim, investindo tempo e conhecimento com um homem que não valia nada. Mas para mim valia muito.

Consegui meu intuito, recuperei o homem e o recuperei para mim, claro que não fiz isto por dinheiro nem por qualquer outro motivo, eu fiz por amá-lo muito, por mim mesma e por Embry, que já havia me cativado com seus olhos iguais aos do pai.

Hoje eu vejo como valeu a pena cada noite mal dormida, cada dia de consulta e muita tentativa de fazê-lo enxergar que a vida continuava.

Mas vamos ao que mais interessa. Estávamos na pista, com todo o aparato de segurança e bombeiros, pois não podíamos arriscar, os testes sempre tem que cumprir as normas exigidas de segurança.

Jake saiu dos boxes, haviam trocado as peças e ele estava testando para ver se seria necessário mais algum ajuste, pois já era a segunda vez que veríamos se estavam perfeitas para carros de corrida. O que imaginávamos é que sim, que elas estariam prontas. Porem não foi o que ocorreu. Logo na primeira curva já não conseguíamos mais falar com ele, o ponto eletrônico não funcionava mais, só o ouvíamos, mas ele não. Ele então começou a falar que o carro estava falhando na parte elétrica, que os medidores estavam alterados e que ele iria voltar aos boxes para ver o que estava acontecendo por que não era o normal, não deveria ter tantas alterações por causa das peças.

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Nos encaminhamos para o gradil, para acompanhar a pista, quando ele entrou na curva que já levaria aos boxes, ouvimos seu grito, a explosão e quando ele foi arremessado para fora do carro.

No mesmo segundo as equipes de resgate e bombeiros já saíram em disparada, o Billy quase teve um enfarto, passou mal, teve que receber atendimento, Embry saiu correndo em direção ao acidente. E eu, entrei em desespero, mas tive que ser forte, todos precisavam de alguém forte naquele momento e eu quem tive que ser. Foi o dia mais terrível de minha vida com certeza. Claro que depois de atender o Billy e encaminhar a todos nós para o hospital, fui também examinada, me deram um sedativo, mas nada que me apagasse, eu tinha que ser forte, eu precisava saber de tudo que estava acontecendo.

Jake havia entrado direto pela emergência.

Billy depois de recuperado, ainda ficou um pouco no leito, acharam melhor deixar ele sedado por algumas horas.

Ficamos eu e Embry, chorando, na sala de espera. O restante da equipe já havíamos liberado, inclusive para voltarem aos EUA, se quisessem, pois nada poderia ser mexido enquanto não fosse feita a perícia. Embry havia ligado para as meninas, para Renata e Rose e pediu para alguém acompanhar as meninas ate lá, mesmo que elas pudessem viajar sozinhas, não achamos prudente, pois elas ficaram muito abaladas. Em três horas elas chegaram junto com Royce, Renata, Rose, Emmet e Alec. Estavam todos muito abalados.

– Sarah, pelo amor de Deus, o que houve de verdade? Onde está o Billy? Me pergunta Renata assim que me abraçou.

– Mãe, por favor, eles estão vivos, não é??? Agora foi Rachel que me perguntou.

– O Billy passou mal com o acidente, teve que ser socorrido e medicado, conseguiram reverter o quadro de enfarto, mas acharam melhor deixá-lo sedado por algumas horas. Ele ficou muito alterado.

– Mãe, mas e o Jake, mãe? Ele vai conseguir sair desta?

– Ah, meu amor, eu espero muito que sim. Já faz quase quatro horas que ele esta em cirurgia. A princípio ele entrou direto pela emergência, ele estava desacordado, muito machucado. Vieram nos avisar e pedir a autorização, pois ele esta com múltiplas fraturas e uma séria concussão na cabeça.

– Oh meu Deus!!! Disseram todos ao mesmo tempo.

– Teremos de esperar, o médico disse que viria assim que a cirurgia acabasse.

– Podemos ir ver o papai?? Me pediu Rebecca.

– Claro! Disse Embry. Deixe que eu levo vocês. Não se preocupem, papai está bem, deixamos ele ser sedado para não ter que passar por tudo isto. Mamãe vamos ver o papai, já voltamos, qualquer coisa nos chame imediatamente.

– Claro, meu amor. Vocês querem ir ver o Billy? Perguntei aos outros.

– Sim, vamos todos, mas não demoraremos, não quero deixar você sozinha. Me disse Renata.

– Não se preocupem, estou bem!

Eles se foram, mas nem passados cinco minutos Rose volta com Emmet.

– Nós ficaremos aqui com você, Sarah! E se quiser pode usar meu ombro. Me disse Rose, me abraçando.

Neste momento, tudo o que eu estava sentindo, saiu...eu chorei muito, muito mesmo, estava com medo de perder meu precioso filho, meu marido eu já sabia que estava fora de perigo, mas se meu menino morresse, eu não iria aguentar e o Billy também não.

Passei um bom tempo abraçada em Rose e logo que as meninas chegaram a substituíram.

Enfim, o médico apareceu, com o aspecto mais abatido que eu poderia imaginar.

– Então, Doutor, como ele está???

– Desculpe, mas quem é você??

– Ah, me desculpe, sou tia de Jacob, Renata.

– Ah, sim! É que antes estavam somente Sra Sarah e Embry. Sou o Doutor Shepherd, mas podem me chamar somente de Derek. Ele esta na sala de recuperação. A cirurgia ocorreu muito bem. Os sinais vitais se mantem estáveis. Respira sem aparelhos, mas ainda não recuperou a consciência.

– Coma?!?! Pergunta Royce.

Para o desânimo de todos, Derek confirmou com a cabeça.

– Ele não reage a estímulos de luz, dor ou ruído. Sofreu uma grande concussão aqui. Mostrando o lado direito da cabeça. Há inclusive um edema externo ali. Ele estava sem capacete?

– Não, ele sempre foi muito cuidadoso, mas quando chegamos ao local, o capacete não estava nele, depois o encontramos próximo do corpo dele, mas rachado e faltando a viseira. Disse Embry, que acompanhou tudo de muito perto.

– Bem, esta ausência de reação pode sugerir um edema cerebral. Mas ainda bem que ele estava com o capacete, poderia ter sido muito pior então.

Embry correu a mão pelos cabelos, as meninas continuaram abraçadas em mim.

– Ele vai morrer?? Pergunta Rachel

– Vou ser sincero, eu espero que não. Ele teve múltiplas fraturas, esta com pinos na perna direita, além de fraturas no pulso e braço direito. Na verdade, é somente o lado direito que sofreu mais impacto. Quebrou também duas costelas, a sorte é que não houve perfuração de órgãos e nem hemorragias. Quanto à concussão cerebral, é mais grave. Quando os tecidos sofrem lesões, eles incham. Quanto mais incham mais precisam de oxigênio para se recuperar. Infelizmente o cérebro é diferente, pois está encaixado no fundo da estrutura craniana. O cérebro não tem para onde inchar, o crânio não deixa, não tem muito espaço. Consequentemente sobe a pressão intracraniana, provocando redução no fluxo sanguíneo, como é o sangue que transporta oxigênio, isto quer dizer que o cérebro é pouco oxigenado. Com menos oxigênio a recuperação é mais lenta. Tudo vai depender é do organismo dele mesmo.

– Eu preciso saber Doutor, qual o pior quadro? Eu mesma pergunto.

– A pressão subir demais e interromper completamente o fluxo sanguíneo. Se cessar a oxigenação, é morte cerebral. Por isto o estamos monitorando com aparelhos. As próximas 48 horas são cruciais, pois podemos ver como o organismo dele reagirá. Antes que perguntem, nós não sabemos se haverão sequelas, danos permanentes, somente quando ele recobrar a consciência, isto é, do coma, poderemos examiná-lo e dizer isto e nem assim se tem certeza.

– Podemos fazer alguma coisa para ajudar na recuperação dele? Pergunta Rose.

– Não muito, infelizmente, depende exclusivamente do organismo dele reagir, dele mesmo querer voltar.

– E quanto a conversar com ele, Doutor? Podemos? Eu pergunto novamente, sei que tem alguns que acreditam que isto possa fazer a pessoa não se desconectar da vida terrena.

– Eu acredito que isto não fará mal algum, não vejo que isto possa afetar de forma negativa o paciente.

– Desculpe Doutor, mas quanto a aparência? Ele vai ficar com muitas cicatrizes? Desculpe-me perguntar isto, mas meu irmão é lindo demais para ficar com cicatrizes... Esta é minha filha Rachel, parece que vive de aparência...

– O rosto está inchado e com alguns hematomas, a perna com pino está engessada e suspensa. Enfaixamos as costelas para evitar que se machuque, caso fique agitado. Também o braço está engessado, junto com a mão, mas é só do cotovelo para baixo.

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– A cirurgia demorou tanto assim? Perguntou Emmet.

– Não, estávamos dando o tempo necessário para ver se ele recobrava a consciência ou se entraria em coma. Eu quis passar um quadro exato para vocês, sem erros de diagnóstico. Assim que ele ficar estável passaremos ele para a UTI.

– Obrigada, Doutor. Parece que nem nos importamos, mas como esta o Billy?

– O Sr Billy está muito bem. O efeito do sedativo já deve estar por terminar, foi tudo bem a tempo. Vocês podem ficar aguardando até ele acordar e depois podem encontrar algum lugar para ficar, já que ninguém pode ficar na UTI, além do paciente. Vocês poderão vê-lo, com certeza, podem até se revezar pelo hospital, mas não podem ficar direto com ele enquanto ele estiver na UTI, somente quando ele for para o quarto que alguém poderá ficar com ele.

Logo Billy acordou, falamos tudo para ele, não escondemos nada, pedimos para o Doutor Derek ficar conosco enquanto dávamos a notícia, pois ficamos com medo que ele passasse mal novamente. Ele chorou muito, mas ficou bem. Recebeu alta e fomos nos instalar em um hotel próximo ao hospital. Alec quis ficar lá, junto com Embry, enquanto procurávamos acomodações.

Assim que nos acomodamos, Embry ligou nos dizendo que ele estava na UTI, mas que ninguém ainda poderia entrar. Disse que poderíamos comer, tomar banho e dormir um pouco que ele ficaria lá e quando liberassem para entrar ele nos ligaria.

Conseguimos nos organizar, descansar um pouco, mas logo em seguida já estávamos todos prontos para voltar ao hospital. Queríamos noticias para podermos saber como agir, o que fazer...

Quando estávamos no hospital conversamos e chegamos ao consenso de que Billy deveria vê-lo primeiro, claro que o Doutor acompanhou, devido aos problemas de Billy.

POV Billy Black

Agora eu estava bem, melhor dizendo, estava consciente, me deixaram apagado enquanto o Jake passava por cirurgia. Eu entendo que quase tive um enfarto, mas eu precisava saber como estava o meu menino. Não que eu não ame meus outros filhos, mas ele é o meu menino, muito jovem, tão cheio de de vida, para passar por coisas tão terríveis assim.

Eu já estava esperando o pior, não que eu quisesse isto, mas eu aprendi que com a vida não se brinca e que às vezes ela é muito cruel. Se bem que se não houvesse acontecido tudo o que me aconteceu, eu não teria encontrado minha Sarah, aquela que despertou meu chamado do lobo. Com Mary foi amor, foi maravilhoso e meu desespero foi algo de maior por causa de Embry, é claro que com tudo o que eu fiz, eu acabei por quase abandoná-lo, mas até neste ato cruel meu, foi tudo como deveria ter sido, mesmo cruel a vida, o destino, faz tudo certo, só temos que nos conformar, aceitar e enfrentar, viver o que temos e não nos subjugar. É muito difícil, mas eu aprendi, é o necessário, é vital.

Me preparei e entrei na UTI, um quarto todo esterilizado, cama gradeada, tão sem vida, que meu deu um sufoco no peito. Respirei fundo e encarei de frente minha provação.

Era meu filho ali, desnudar minhas próprias inseguranças, só agravaria a situação.

Aproximei-me do leito em silêncio absoluto. Registrei sua perna suspensa, seu rosto machucado, os monitores e suporte de soro. Tomei-lhe a mão. Estava fria e mole. Com cuidado entrelacei nossos dedos. Falei com ele.

– Jake, sou eu, seu pai. Ergui sua mão, beijei e coloquei sobre meu peito. Está sentindo? Estamos aqui, esperando por você, lute, volte para nós!

Ele não se mexeu, claro, nem deu sinal de ter me ouvido. Mas não me importava, mesmo sentindo-me um inútil, por não poder acordá-lo e fazê-lo voltar para nós, não iria desistir.

Beijei-lhe a testa, afirmei que estávamos todos ali e que todos queriam vê-lo. Me despedi.

– Volto assim que puder, meu menino! Eu te amo muito! Espero ansioso seu retorno!

Sai dali arrasado, se eu pudesse estaria em seu lugar.

Depois que sai, todos foram vê-lo, mesmo que por cinco minutos, todos quiseram pelo menos enxergá-lo vivo, ter esta certeza.

Logo saímos e fomos comer algo. Embry disse que telefonaram e pediram para ele ir no outro dia ao autódromo, haviam feito perícias tanto no carro como na pista, nos equipamentos, eles checaram tudo e tinham uma coisa muito importante para nos informar, descobrimos assim que a equipe toda estava lá, ninguém saiu, com exceção do Mike. Acho que ele deve ter ido tranquilizar o pai. Joshua sempre acompanhava tudo.

Chegamos a conclusão que Renata, Royce, Rose e Emmet deveriam voltar para Londres e Invernes, afinal não podiam ficar ali indefinidamente. As meninas relutaram muito, mas se conformaram em voltar para as aulas, mas exigiram ficar mais uns dias conosco. Elas tinham esperança de que Jake acordasse a qualquer momento.

Porém isto não ocorreu, ao final de uma semana, todos retornaram a seus afazeres, menos eu e minha Sarah.

POV Embry

Eu estava desesperado com o que aconteceu, meu irmão, meu ídolo, todo quebrado em uma cama de hospital.

Não que eu o invejasse, nada disso, eu tinha sim era muito orgulho dele, muito amor. Acompanhei todo o processo de estudo e aprimoramento dele para chegar onde chegou, tudo o que ele passou para chegar até ali. Eu achava ele incrível, nunca escondeu nossas origens, tinha orgulho de ser Quileute.

Depois de vê-lo com meus próprios olhos, vê-lo vivo, mesmo naquele estado deplorável, me senti mais confiante, ele era forte, saudável, conseguiria sair desta.

Me dirigi até o autódromo, pois haviam pedido para estar algum reponsável pela equipe na hora das perícias e remoção dos dejetos. Fomos eu e Alec, tínhamos uma excelente convivência.

Chegamos lá e um reboque já retirava o que restou do carro, os mecânicos levariam para a perícia, se fosse possível fazê-la. Metal retorcido e queimado, nada de inteiro ou intacto. Neste momento dei graças por Jake ter sido jogado para fora do carro, se ele estivesse lá dentro, não teria sobrevivido.

Havia pedaços do gradil de proteção espalhados, muitos cacos de vidro, o capacete dele ainda estava la, quebrado e sem a viseira. Na visão geral, somente pedaços espalhados por todos os lados. Me lembrei do dia anterior, quando a ambulância e os paramédicos estavam atendendo ele atirado ao chão, os bombeiros tentando apagar o incêndio no carro, o tumulto, o meu medo...

Depois de acompanharmos a retirada de todos dejetos, fomos para os boxes, os organizadores estavam com as planilhas, com alguns laudos que já haviam sido feitos no mesmo dia do acidente, os representantes das peças também estava lá e com mais uma amostra das peças originais que foram testadas no carro, entregamos todos documentos para a polícia internacional, a fábrica disse que já olhara as peças, no dia anterior mesmo, que um dos engenheiros virou a noite analisando as peças, algumas imagens do acidente, várias coisas e todos foram unânimes em dizer que alguém mexeu nas peças, que alguém inverteu posições e trocou acabamentos, deixando as peças soltas. Foi por isto que o carro desestabilizou e trancou a parte elétrica. Uma das peças tinha a ver com a ignição elétrica e esta falhou gerando faíscas que levaram o motor a incendiar e explodir.

Em outras palavras o carro foi sabotado, alguém queira muito que o Jake morresse. E este alguém sabia o que fazia, pois mexeu exatamente onde daria problema.

Foi a vez do comitê internacional de corrida e dos organizadores do evento na Alemanha, mostrarem o que eles conseguiram averiguar. Eles mostraram documentos, planilhas de check in, de entrada nos boxes, de retirada de equipamentos e todos os papéis que precisamos preencher, autorizar e etc...o único a entrar nos boxes entre a montagem final, que foi feita com o Jake acompanhando de perto e o teste, feito pelo próprio Jake, foi Mike Newton. Então me dei conta que fazia dias que eu não via o Newton nem nos boxes, nem no hotel, nem em lugar nenhum, ele nem acompanhou a gente no avião quando íamos para a Alemanha. A polícia internacional, devido a todos fatos levantados, colocaram ele, Mike Newton, como principal suspeito, mas só poderiam agir efetivamente depois da perícia no carro e também depois que Jake acordasse e fosse ouvido, isto é depois que tivessem provas concretas e motivos que o levassem até ele.

Resolvi que conversaria com meu pai sobre isto, se ele estava sabendo de algo que por um acaso eu não sabia. Por hora dei por encerrada esta situação, só poderíamos agir quando tivéssemos tudo na mão, então teríamos que esperar. De qualquer forma coloquei seguranças se revezando no andar em que o Jake estava e avisei a todos do hospital, porém não dei nomes, a polícia havia pedido sigilo.

Conversei muito com o Alec, eu sabia que ele corria e fazia testes em empresas de carros, era um piloto de mão cheia. Eu iria fazer a proposta para ele, mas ele também se ofereceu ao mesmo tempo. Ele queria ficar no lugar do Jake enquanto ele não pudesse correr. Eu aceitei, é claro, além de ser um excelente piloto, fazer engenharia, estar se aperfeiçoando em automobilismo, ele tinha sangue Black nas veias. Seria inclusive um direito seu, mas ele foi muito light, não quer o lugar de ninguém, quer fazer o seu nome e ter o seu lugar. Apoiei sem nem ao menos perguntar nada a ninguém. Ele tinha meu aval e minha confiança.

Ele disse que voltaria a Inverness para falar com toda a família, contar o que decidiu, me pediu este tempo e eu com certeza o liberei para isto. Afinal eu não sabia como Rose e Emmet, mas principalmente tia Renata e tio Royce veriam isto, era uma coisa que ele teria que resolver com os seus, sem nossa interferência.

Já haviam se passado duas semanas, ou melhor dezesseis dias do acidente, Jake ainda continuava em coma. Eu queria poder ficar, mas a empresa toda dependia de mim neste momento, não queria que meu pai ficasse sobrecarregado com tudo isto e ainda por cima preocupado com Jake e deixando minha mãe Sarah sozinha na Alemanha.

Eu já havia voltado aos meus afazeres, porém ligava todos os dias. Estava ficando preocupado demais por ele não ter acordado ainda, mas meu pai disse que os médicos estão confiantes, pois o organismo dele esta se curando muito bem, ele só não acordou ainda.

POV Sarah Black

Eu já estava frustrada, Jake não acordava.

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Já haviam se passado quatorze dias, todos já haviam voltado a sua rotina, menos eu e Billy, nós permanecemos na Alemanha, Embry assumiu a empresa sozinho, não que eu não o ache capaz, porém é muita coisa, espero que nossos irmãos e amigos o ajudem nesta caminhada.

Havíamos saído para o hotel descansar, tomar banho e comer algo. Tínhamos ficado um bom tempo no hospital. Jake estava no quarto, tinha saído da UTI a dez dias, mas continuava monitorado 24 horas. Fazia 14 dias do acidente.

Era mais ou menos umas três horas da manhã, o telefone toca, imediatamente nos colocamos em alerta.

– Alô? Diz Billy com a voz de trovão devido ao sono.

– Sr. Black, aqui é Meredith, enfermeira do Jacob. Sinto lhe informar, mas ele expeliu um coágulo e teve que voltar para a UTI.

– Já estamos a caminho. Obrigado por avisar.

Ele colocou o telefone no gancho e me disse chorando o que havia acontecido. Nos arrumamos rapidamente e ao chegarmos la o Doutor Derek estava nos aguardando.

– O que significa isto Doutor???

– Em raras ocasiões, um osso quebrado gera um coágulo, no caso de Jacob, foi a perna. Este coágulo, ou tampão, cai na corrente sanguínea e circula pelas veias. Às vezes este coágulo fica preso no cérebro, no coração ou nos pulmões, que foi no caso de Jacob.

– E???? Perguntou Billy já impaciente.

– O problema é que um coágulo pode interromper o fluxo sanguíneo, o que no caso de Jacob, seria mortal. Seu cérebro esta se recuperando, precisa de todo oxigênio que puder obter, este coágulo dificulta ou interrompe o fluxo de sangue que transporta o oxigênio. Entenderam?

– Sim, claro! Isto não pode ser operado?

– No caso dele seria um risco maior que o beneficio. Preferimos colocar medicação intravenosa, uma droga poderosa que poderá dissolver este coágulo.

Nós entramos na UTI, o doutor nos concedeu isto.

Jake estava imóvel, logicamente, porém de lado, seus lábios e a área ao redor estava arroxeados, fazia um ruído ofegante para respirar.

Meu coração parou uma batida...Oh, Senhor, quando isto irá acabar??? Eu estava apavorada, ele me parecia a beira da morte.

As horas passaram se arrastando. Ele continuava ofegante, sua pele estava com uma cor estranhamente pálida, para ele que sempre foi moreno...

Então Billy se virou para mim e disse:

– Tenho medo.

– Ele vai sair desta. Muitas pessoas estão empenhadas em fazer ele voltar.

– O fato Sarah, não é ele voltar, é ele ficar sem sequelas. Há sempre a possibilidade de ele não acordar ileso.

– Você o abandonaria, Billy?

– Nunca Sarah, jamais eu faria isto.

– Se houver alguma sequela, para mim será uma parte insignificante. Será uma pequena parte dele. A inteligência, o calor humano, a personalidade, a lealdade, isto é o mais importante. O mais importante é ele viver.

– Se houver sequela como ele lidará com isto, Sarah?

– Jake é forte, inteligente, pode ser muito difícil, mas ele aprenderá e dará a volta por cima. O Grande Deus não erra, só teremos que descobrir a finalidade de tudo isto, ele passará por sua provação e nós o ajudaremos.

– Com certeza, amor nunca nos faltará, fé também não!

***

(N/A: Enquanto tudo isto acontecia a frente de nossos olhos, em outros ângulos desta mesma situação acontecia algo muito diferente...)

POV Mike Newton

Bem, sou Mike Newton, tenho 24 anos, trabalho ou trabalhava para a equipe Black. De qualquer forma, a Black’s nunca foi, na real, o meu ganha pão, eu ficava lá por conveniência.

Tudo estava muito bem, até aquele lobo sarnento do Jake me pegar ao telefone com meu verdadeiro patrão, Arus Volturi. Tudo bem que ele não sabe quem é o cara do outro lado da linha, mas já imagina que seja de uma equipe adversária.

Usei minha lábia e consegui dar um chapéu de malandro no lobinho, saltei de banda, como se diz, eu fugi... Isto foi há dois dias e hoje, na corrida, é claro que fiquei na espera, afinal tinha que dar um jeito do cretino não abrir a boca e a melhor forma foi sabotar o carro dele, quem sabe ele morrendo não fica de boca fechada, né? Kkkkkkkkkkkk

Esta certo que eu conheci quase o mundo todo por causa das corridas, peguei a gostosa da Jéssica Stanley, que agora é minha namorada e ainda por cima me ajuda a conseguir pegar mais projetos, já que ela é secretária daquele bastardinho do Embry, tudo para agradar assim meu velho pai. Mas o que o meu velho não sabe é que eu ganho meu dinheiro mesmo é roubando desenhos, croquis, projetos dos Black’s, principalmente do Jake (o cara é muito bom no que faz, tenho que admitir!) e passando para o chefão da equipe Volturi, a antiga equipe Lambo. É, cara, Lambo de Lamborgini!!!! Carros profissionais e o melhor, italianos!!!!!

Não estou nem aí se eles são mafiosos, sanguinários, cruéis e metidos, coisa que eles são de fato, o que me importa mesmo é o dinheirinho caído na minha conta e olha, já estou muito bem, mas também vivo bem e a Jéssica merece uma vida boa, para continuar boa em me fazer feliz! Huahuahuahua!

Aprendi muito sobre carros nestes anos com a equipe, não posso me queixar e por isto sei exatamente o que fazer para o carro, se explodir, com o Jake, lobinho, lá dentro, o que é melhor!!!

Chegou o momento, agora é esperar e ver se vai dar tudo certo!!!

*****

Opa, deu certo sim, o carro explodiu, mas o infeliz acabou por ser arremessado para fora do carro!!! Não acredito!!! Merda!!!! Isto não podia ter acontecido!!!! O que eu vou fazer???? Será que vão saber que fui eu quem mexeu no carro????

Vou até o hospital e vou tentar entrar, ver se consigo terminar com isto de uma vez!!!! Mas antes vou ter que falar com a Jess. Liguei para ela.

– Neném, olha só, o Jake me pegou fazendo os arranjos para entrega de alguns desenhos, ele se ligou que eu estava espionando a equipe. Calma, sim esta tudo bem, consegui fugir... Jess, calma está tudo certo, mas olha só você vai começar a espalhar que não estamos mais juntos, que a distância dificulta muito, que eu nunca tinha tempo para você, estas coisas. Assim ninguém desconfia de você e ainda tenho acesso liberado aos documentos. Entendeu????

– Sim, eu sei que ele sofreu um acidente, fui eu quem mexeu no carro! Não, Jess eu não estou louco, ele só não podia me entregar, mas ele conseguiu se safar, este miserável! Vou ver o que faço por aqui e se mais nada funcionar, vou ter que sumir! Mas antes vou para Seattle.

– Ok, eu me cuido! Beijo, gostosa, se cuida para mim te pegar depois, neném!

Cheguei ao hospital e para minha surpresa todo mundo estava aqui, vim inclusive dois dias depois do acidente, para ver se já tinha acalmado um pouco, mas que nada, acho até que piorou! Toda a família Black esta aqui, todinha, até os mais distantes! Diacho, não sei se vou conseguir entrar assim!!! Mas tenho que dar um jeito!!!

Consegui passar pela recepção, dei uma volta entre andares e escadarias e consegui chegar onde ele esta. É, pelo menos consegui meter ele na UTI!!!! Vou esperar para ver se tem alguém no quarto, quem sabe uma enfermeira possa me ajudar?

– Olá, minha querida, sou da equipe do Jake Black. Falei mostrando meu crachá da equipe. Será que você sabe me informar como ele está?

– Claro, acabei de sair de lá, ele está em coma e os médicos ainda não sabem bem as sequelas que ele poderá ter. Infelizmente o acidente foi muito grave, porém ele se salvou do fogo, assim não houve queimaduras. São mais traumatismos e ossos quebrados...

– Ah, que alívio! Que boa notícia, pelo menos não se explodiu com o carro, não é?! Sabe me dizer se tem alguém com ele?

– Na UTI é proibido ficar acompanhante. Mas a equipe médica sempre está de olho, temos monitores e sinalizadores que a qualquer reação dele nos avisa e podemos sair imediatamente para checar.

– Mas quem é aquele na porta, se ninguém pode ficar por aqui???

– É um segurança, parece que o carro dele foi sabotado, você não sabia disto?

– Ah, sim, sim, claro!!! Billy sempre cuidadoso! E está coberto de razão. Bem, até mais... posso saber seu nome?

– Claro! Sou Meredith! Pode ligar direto para cá e falar comigo quando quiser saber como está seu amigo! – diz Meredith passando um cartão do hospital com seu ramal.

– Com toda certeza! Muito obrigada! Não vou mais monopolizá-la e atrapalhar seu trabalho.

– Que isto, é um prazer ajuda-lo! Até logo!

– Até logo, Meredith, e ligarei sim!

****

Ocorreu que não tinha como eu entrar lá para acabar o serviço e pelo pouco que a enfermeira disse, todos já sabiam o que tinha acontecido e revisando meus passos, lembrei que tive que assinar a prancheta de vistoria da organização para pode entrar nos boxes...então, todos já sabiam que tinha sido eu, eu quem tinha feito o carro do Black explodir como fogo de artifício. Tive que fugir. O bom é que eles estão tão atordoados que nem sequer registraram nada ainda, acho que nem a polícia mesmo esta sabendo, assim ficou fácil para sair do país e voltar para os EUA.

***

Levei dois dias para chegar a Seattle. Fiquei no apartamento onde a Jess mora, assim não precisava me registrar e como não estávamos mais juntos, para os outros, claro, ninguém desconfiaria. Fui ver meu pai e ele sabia do acidente, foi amplamente divulgado, ele só não sabia e nem tinha noção da parte da sabotagem, pois acho que isto ainda estava sendo averiguado, investigado. Ele estava muito preocupado com os Black’s, pois ele era muito amigo do Billy e achava que eu era muito amigo do Jake.

– Não era melhor você ter ficado com eles por lá, meu filho?

– Pai, nós não podemos fazer nada, ele precisa se recuperar, a família dele esta lá, muita gente só iria atrapalhar tudo.

– É, você tem razão, não é bom se intrometer nestes assuntos. Você vai ficar por aqui? É uma espécie de férias?

– Não vou ficar, até por que acho que as corridas não irão parar, foi um acidente fora da grade de corridas, era um teste de peças, então, não tem por que das corridas serem interrompidas. A Blacks vai continuar afinal deve ter mais pilotos para ficar no lugar do Jake, mesmo eu não me lembrando no momento quem são...

– Então você já vai viajar novamente?

– Sim, só vim aqui lhe ver e lhe tranquilizar que está tudo bem!

– Ok e a Jess?

– Ah, pai, terminamos, afinal a distância atrapalha muito o nosso relacionamento, achamos melhor parar antes de acabarmos magoando um ao outro.

– Que pena meu filho, gosto muito dela. Mas se vocês acharam melhor assim, que assim seja então.

Já estava quase saindo quando meu pai me diz algo que me deixou com um certo receio.

– Ah, Mike, ligou um Sr. para cá e me perguntou por você, eu disse que você estava com a equipe. Se não me engano ele disse que o nome dele era Marcus.

– Ah, sim! Vou ligar para ele. – Droga, Marcus é irmão do Arus, é sempre ele quem liga pois fica difícil de associá-los, afinal ele não participa mais da equipe!!!

– Ok, se cuide, meu filho!

– Se cuide você, velho!!!

Voltei para Seattle, sem meu pai nem desconfiar que fui eu quem fez todo aquele estrago, achando também que a Jessica terminou comigo, pensando que eu estou com a equipe. Melhor assim, pois assim não meto ele nos meus rolos. Não quero que o velho morra por culpa minha.

Resolvi ligar para o Marcus.

– Oi, Marcus. É o Newton.

– Olá, Sr. Newton. Arus esta muito preocupado com o que aconteceu com Jake Black.

– Ah, pois é, então, vai ver as peças que ele ia testar não eram tão boas assim, deve ter sido algum problema com as peças.

– Você tem certeza Newton? Arus não quer nem pensar no que terá que fazer se por alguma eventualidade os holofotes pararem sobre a equipe Volturi...

– Não se preocupe, Marcus. Não tenho nada a ver com o que aconteceu e posso continuar lhe passando alguns projetos. Se ficar muito complicado eu resolvo as coisas por aqui mesmo, não se preocupe, nada chegará ate vocês.

– Acho muito bom isto, Newton. Arus lhe manda saudações. Até logo!

– Até logo, saudações a vocês também...

Argh, que gente mais fresca...vou ter que ficar de olho, achar uma forma de acabar de uma vez com isto, mesmo que demore, nada pode chegar ate estes italianos maledetos, se não estou ferrado...

POV Billy Black

Exercitávamos o braço e a perna de Jake que estavam bem, passávamos um hidratante para a pele não se ressecar, estávamos cuidando dele, Sarah foi quem ditou este ritmo e os médicos aprovaram. Notamos que ele parecia respirar melhor, não estava mais fazendo aquele ruído. Imediatamente chamamos a enfermeira.

Meredith a enfermeira entrou junto com doutor Derek e também com a doutora Izzie Stevens, a neurologista que acompanhava o caso.

Na opinião dos médicos o remédio finalmente fizera o efeito esperado, dissolvera o coágulo. Poderiam passá-lo para o quarto novamente.

Depois de dois dias percebemos que ele começara a mexer os dedos dos pés e das mãos. Os médicos ficaram otimistas, poderia ser o início do processo de despertar.

Ainda estava em coma, claro. Os movimentos são inconscientes, que chegam em ondas, alternando períodos de movimentos e de inércia, disse a Doutora Izzie.

Vez ou outra contraía o cotovelo ou o joelho do lado bom. Ao virarem ele de lado, ele gemeu. Ao repetirem o movimento, tornou a gemer. Fomos embora, precisávamos descansar um pouco.

Ao chegarmos no outro dia, “a situação está na mesma”, foi o que nos informou Lexie, a outra enfermeira, que se revezava com Meredith, durante o dia.

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Entramos no quarto, ele estava recostado, seu rosto já não estava mais inchado, os hematomas estavam sumindo. Continuava com o gesso na perna e tambem no braço, mas estava aparentemente muito bem.

Quando Sarah o abraçou e beijou, percebi ele mexer os olhos. Fiquei ali parado observando, eu poderia estar querendo ver uma coisa e era outra. Mas não, ele realmente mexeu os olhos, abriu, piscou, voltou a fechar.

Então veio a bomba:

– Onde estou? O que houve? Por que não estou enxergando nada???

Ele já estava começando a ficar agitado, apertei o botão da enfermagem e todos entraram rapidamente no quarto. Sarah entrou em choque.

Ele ficou muito nervoso, disse que estava sentindo muitas dores e que não enxergava nada, que a claridade estava incomodando.

Fizeram vários exames nele, levaram para tomografias, vendaram seus olhos para a claridade não incomodar. Ele estava inconformado com tudo o que o médico disse para ele. Chorou muito.

– Ele esta bem, os ossos estão em processo excelente de restauração, a cicatrização da cirurgia está em perfeito andamento. O único porém é o fato de ele não estar enxergando. Nada nos exames define isto, não há nada de errado nem com os globos oculares, nem com as córneas, nem com a inervação existente no local, nada errado fisicamente falando. Este processo tem tudo para ser psicológico.

– Então nada de errado clinicamente falando? Ele pode voltar a enxergar perfeitamente, pois não houveram danos permanentes, é isto?

– Sim, do ponto de vista clínico, físico, ele esta com a visão cem por cento. O problema é de fato psicológico, mental.

– Ok, não podemos desanimar, afinal ele está vivo e bem...

– Com certeza. Daqui a quinze dias mais ou menos, fecha um mês do acidente. Provavelmente o braço já estará cem por cento recuperado. Poderá fica sem gesso desde que ele tenha cuidado. A perna passará neste período, por uma cirurgia para retirada dos pinos e será novamente imobilizada. Talvez ele precise de cadeira de rodas, não por não poder andar, mas para se locomover sem mexer a perna.

– Obrigada, Doutor, por tudo, estamos imensamente gratos por tudo o que fez por nosso filho.

***

Passados quinze dias, foi retirado o gesso do braço e foi feita a cirurgia para retirada dos pinos. Ele ainda não estava enxergando.

– Jake, meu filho! Como você esta se sentindo hoje?

– Morto, pai! Não estou enxergando nada...

– Fique calmo, vou chamar o médico e sua mãe que foi comer alguma coisa.

Ficamos um mês, na Alemanha, seu corpo estava reagindo bem, os quebrados já estão consertados, se recuperaram e somente a cegueira ainda continua, os médicos dizem que é temporário, mas já faz muito tempo, o pior é que não encontram nada de errado.

Eu percebi que ele estava cansando de tudo aquilo. E foi exatamente o que eu ouvi quando entrei no quarto naquele dia.

– Mãe, por favor, me leva para casa, não aguento mais! Ele pedia a Sarah.

– Sim, meu filho, irei providenciar assim que o médico liberar. Iremos para Seattle.

– Não quero ir para Seattle. Quero ir para La Push...

– Mas, Jake, é muito isolado, muito.....

– Não! - Ele a cortou, chorando. - Quero ir para La Push, não quero que ninguém tenha pena de mim...quero descansar, ficar na minha casa, quero ficar sozinho.

Então eu o abracei e falei para ele.

– Tudo o que você quiser e precisar, meu filho, te levaremos para casa.