Lumos Solem

Capítulo XXXV


Pasca puxou Sirius pelo antebraço tão rápido que ela sentiu o braço dele deslocar e voltar ao local. Os dois abaixaram-se atrás de uma estátua, a qual a cabeça explodiu em pedaços grandes. O grito de dor de Sirius perdeu-se na explosão de pó e pedras.

— Que merda foi essa?! - Sirius exclamou e indagou, seus olhos estavam arregalados e seu corpo tremia, ele nunca estivera tão perto de ser atingido por uma maldição dessas.

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Pasca balançou a cabeça negativamente enquanto recuperava o fôlego e tentava levantar as costas do chão, para sentar-se. Com as costas encostadas contra o resto da escultura, eles escutaram Smerna.

— Achava que as coisas podiam continuar assim, Sirius? - Sua voz estava diferente no ouvido de Pasca. - Revoltando-se contra o Lorde das Trevas?

Pasca conseguia ver o reflexo de Smerna no grande espelho oval do outro lado do corredor. Ela também via Lupin e Mirta, os dois estavam escondidos atrás de uma porta entreaberta, provavelmente haviam corrido até lá após o surto. A professora aproximava-se lentamente, a varinha abaixada.

— Você foi um aluno ruim. Atraiu bons estudantes para esse caminho nojento... - Ela continuou. - Não percebem? Os trouxas são o atraso. Olhem só para este lugar… - A bruxa abriu os braços. - Construído com sangue bruxo… Mas eles se recusaram a ceder ao poder verdadeiro. - Sua voz ficou mais sombria com as últimas palavras.

Expelliarmus!— Pasca gritou enquanto esticava o braço e girava o corpo na direção de Smerna, aproveitando a distração da professora.

— Argh! Menina levada!

Smerna não teve tempo de alcançar a varinha caída no chão, Sirius já apontara sua própria varinha na direção do teto e gritara “Bombarda Maxima”, fazendo-o ceder e desabar em cima da mulher.

O rompimento não havia sido perfeito, apenas as pernas da professora estavam soterradas, mas aquilo era o suficiente para deixá-la inconsciente, e os dois também não tinham o objetivo de matar ninguém.

— Lupin? - Sirius chamou o amigo atrás da montanha de entulho que parecia alta demais para ser escalada.

— Sirius! - Lupin respondeu.

Sirius expirou, mais calmo e pensou nos feitiços que poderia usar para destruir aquele entulho, mas não ferir os dois do outro lado.

— Precisamos sair daqui o mais rápido possível! - Pasca disse.

— Mirta tem uma vassoura e acho que vocês podem encontrar outra na garagem… - Lupin considerou. - Vou enviar uma coruja para Dumbledore assim que estivermos distantes daqui e depois uma para onde quer que vocês estejam. - O tom de voz de Lupin era de adeus.

Sirius abriu a boca para contestar, eles deveriam ir juntos, mesmo que isso tomasse mais tempo. Ele sabia que o amigo estava tentando gerenciar seu tempo e segurança, mas não achava que deveriam separar-se.

Sons de passos soaram atrás dos dois.

— Vão! Vão! - Mirta sussurrou.

Pasca puxou Sirius pela mão do braço bom para o final do corredor. E os dois descem as escadas com as varinhas em mãos, apontadas para frente. Há um estrondo e as luzes apagam segundos depois, eles param nos degraus, olhando ao redor para o escuto. A mão sem varinha de Pasca está estendida, procurando por Sirius. Ele segura sua mão com firmeza e os dois continuam a descer as escadas preferindo o escuro a entregar sua localização com um feitiço de iluminação.

Chegam ao primeiro andar ao mesmo tempo que os Comensais alcançam a entrada da casa. Sirius puxa a mão de Pasca, liderando a corrida e a levando por um caminho desconhecido para ela. Eles passam correndo por alguns salões com aparência de administrativos até abrirem porta duplas que dão entrada para uma larga cozinha, por onde saem pelas portas dos fundos.

As costas de Pasca estão encharcadas de suor, mas é frio e ela sente-o adentrando sua pele gelada. “Essas roupas de frio serão o suficiente?”, ela pensa correndo na direção de um galpão.

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Pasca agradece sua mente que logo esvazia-se. Ela só pensava em correr, colocar uma perna na frente da outra o mais rápido possível e jogar o corpo em direção ao galpão. Sua respiração era inconstante e ela tentava não pensar nessa parte, pois parecia pior quando prestava atenção nisso. Seus pulmões pareciam prestes a desistir. E a neve não facilitava.

O galpão foi se aproximando mais e mais, até que os dois passaram pelas portas largas. Eles recuperaram o fôlego apoiando-se nos joelhos e nas paredes. Pasca desistiu de tentar continuar de pé e sentou-se no chão. Correr na neve era muito mais difícil do que parecia.

— Vamos, Pasca, vamos. Estamos quase salvos. - Sirius disse baixo dirigindo-se a parte de trás do galpão.

Havia alguns carros na parte da frente e na parede traseira havia fileiras e mais fileiras de vassouras; as mais novas do mercado estavam lá.

— Você sabe voar? - Sirius perguntou quando ela assumiu o lugar ao seu lado.

Pasca balançou a cabeça, ela tinha medo de altura fazia tempos.

— Vamos juntos então, será até mais fácil, pensando bem. - Sirius disse com um sorriso de lábios cerrados, parecia tentar convencê-la.

Eles pegaram sobretudos que estavam enganchados na parede e vestiram-os por cima dos próprios casacos. Rapidamente saíram do galpão com uma mochila com toda a comida que conseguiram achar nos armários e carros, que era bem escassa.

— Segure firme. - Sirius disse antes de empurrar o chão contra suas botas, adquirindo impulso e saindo do chão.

Eles saíram da Vila sem problemas e sem serem vistos, as nuvens os esconderam. Inicialmente, Pasca quase sentia calor, a adrenalina ainda emanava dela e o suor ainda não secara, mas depois de quase uma hora, ela começara a tremer.

— Pasca, segure firme. - Sirius repreendeu seu abraço que começara a ficar frouxo, e voando tão alto e tão rápido poderia ser muito perigoso.

Ela voltou a abraçá-lo fortemente, mesmo que seus braços doessem.

Agora, na monotonia, as perguntas vieram para atormentá-la. Por que Professora Smerna teria feito isso? Seria um plano longínquo? Seria sequer um plano? Por que matar Sirius e não Lupin? As perguntas continuavam a soar, mas a mente dela parecia só querer perguntar e não responder nada.

Sirius começou a diminuir a altitude dos dois e desacelerar até eles pousarem em um pequeno hotel.

— Por que paramos? - Pasca perguntou e logo emendou uma explicação. - Não que eu esteja reclamando. - Disse limpando o gelo do casaco pesado.

Sirius deu um pequeno sorriso de lábios cerrados.

— Precisamos parar para receber a coruja de Lupin e Mirta, além de enviar uma a Dumbledore.

Pasca levantou as sobrancelhas, impressionada com a sensatez. Antes de entrarem no hotel e alugarem um quarto, os dois esconderam a vassoura em um armazém menor ainda do que o hotel. Seria estranho os dois entrarem em um hotel de trouxas carregando uma vassoura em meio a neve, além da única mochila com aparência vazia.

A parte de dentro do hotel parecia decorada por uma senhorinha fascinada por cor-de-rosa, mas o dono era um senhor alto de cabelos negros e curtos e uma carranca.

— Quarto para dois? - Ele perguntou quando os dois aproximaram-se.

— Sim, por favor. - Pasca disse.

Sirius a deixou cuidando da papelada enquanto caminhava lentamente pelo salão principal do pequeno hotel. As luzes estavam todas acesas, o breu lá fora parecia não ter chance com a cor predominante da casa e suas rendinhas embaixo de quase todos os móveis e objetos. Ele não fazia ideia de que horas eram, só sabia que estava exausto.

Quando Sirius retornou, Pasca tentava lidar com o trouxa da melhor forma possível. Ela fazia perguntas vagas sobre as questões que o formulário requeria serem respondidas e ela não sabia sequer o tipo de resposta.

— Número de telefone… Sabe, na Inglaterra nós temos mais do que… cinco. - Ela disse de forma bem vaga, sem saber quantos números são reconhecidos como aceitáveis, esperando que o senhor desse uma resposta que entregasse.

— Sim… Dezessete. - O senhor disse de forma petulante. - Já fui ao seu país. - Ele provavelmente achava que eles pensavam que ele era um camponês idiota.

— Sim, claro… Dezessete… - Ela murmurou escrevendo um amontoado de números.

— O quarto de vocês é o número 4. - O senhor disse no mesmo tom de sempre, entregando-lhes uma chave.

O casal sorriu e dirigiu-se ao degraus o mais rápido que podiam sem causar tumulto. Infelizmente, foram interrompidos por uma pigarro do senhor.

— Como os dois chegaram aqui? Não escutei som de carro. - Os olhos dele pareciam inquiridores.

— Nós… descemos mais cedo do táxi. - Sirius disse pensando em uma mentira enquanto falava.

Os três olharam para o lado de fora do hotel, a neve chegava quase às panturrilhas.

— Hum, boa noite. - Pasca disse com um sorriso exagerado e empurrou Sirius escada acima.