Capítulo 31 - Coroação

O cocheiro puxou a habena, parando os cavalos. O coche, de cor vinho e fechado, simples, prendia a atenção do povo como se fora feito de ouro puro. Incrivelmente, apesar de toda tensão e expectativa, e do aglomerado de gente no local, não havia tumulto, e o som mais alto era de um suspiro mais pesado.

A porta se abriu sem qualquer som, deixando entrever os ocupantes do carro. Primeiro, desceu o bardo: ninguém sabia sua origem, apenas que ele agora ocupava o lugar dos mais altos conselheiros – todos obviamente depostos após a execução do falso rei, como foi chamado o incidente semanas atrás.

Ele postou-se de lado, curvando-se levemente e dando passagem a ela que, diferente da tradição, usava as roupas escuras – o que lhe valeria seu epíteto futuramente – apenas a capa rubra seguindo o protocolo. Todos a seguiram com o olhar quando subiu ao palanque, e ouviram extasiados à cerimônia – tanto ao seu próprio discurso, como ao do bardo e de outras figuras importantes – cardeais novos, que assumiram o controle das igrejas. E todos, sem exceção, se curvaram quando a coroa foi enfim pousada sobre sua cabeça.

— Saúdem a nova rainha!

Ela levantou-se, olhando seu povo, e sorriu.