Cinco meses se haviam passado desde que adentrei na família Cullen. Eu não poderia estar mais feliz. Minha mãe, Alice, era uma mistura de elegância e entusiasmo; enquanto meu pai, Jasper, era muito querido e calmo. Logo que os conheci percebi o quanto suas personalidades se equilibravam e que haviam sido feitos nitidamente um para o outro.

Todas as noites, antes de ir dormir, meu pai contava para mim o que sentira quando me encontrara no orfanato, e como o sonho de Alice sobre sermos uma família unida havia contagiado a ele também. E então, eu falava pra eles como eu me sentira, e algo engraçado acontecia. Era como se estivéssemos na mesma sintonia de sentimentos.

Essa noite era o aniversário de Jacob, e ele iria comemorar em La Push. Meus pais me deram permissão para acompanhar meus amigos-primos. Esta seria a minha primeira vez a colocar os pés na tribo Quileute; e eu estava ansiosa. Fomos de carro e Jacob dirigia com cuidado pela estrada. Nessie ia ao seu lado, parecendo encantada só por estar ao lado do amigo. Eu e os outros dois membros da família Cullen ficamos atrás, conversando bobagens, dizendo apelidos estranhos para o professor de química de Natalye e Nessie.

Ao chegarmos, Jacob estacionou em um local afastado. Por um momento nada de mais aconteceu, exceto nossa saída do veículo. Mas logo, um uivo proveniente de um lobo ecoou pelo local e senti medo, percebendo momentos depois que não fui a única. Nessie, ao contrário de nós, simplesmente abraçou Jacob até que ele a pegou no colo e sussurrou algo no ouvido dela que a fez rir.

Jacob começou a se dirigir para a praia e o seguimos. A caminhada foi longa, mas gratificante. Havia um luau na praia, repleto de pessoas com quem Jacob crescera junto. Ele se dirigiu para o grupo que estava ao redor de uma fogueira e logo sentamos entre os desconhecidos. Eles cumprimentaram Jacob e Nessie, mas olharam desconfiados para nós.

– Pessoal, estes são os novos membros da família Cullen. Eles foram adotados há cinco meses.

Cumprimentamos-nos, e soube que seriamos uma segunda família. Os amigos de Jacob eram muito unidos as suas namoradas, e os observei por um momento para descobrir que havia muito amor por ali, assim como em nossa família. Nessie chamou uma garota para sentar ao nosso lado, ela aparentava ser a mais nova do grupo.

–Olá. Meu nome é Claire Young. - Ela anunciou, e nem por um segundo soltou a mão da de seu amigo Quil.

Logo percebi que Claire e Quil se pareciam um pouco com Nessie e Jacob. Melhores amigos que no futuro poderiam, ou melhor, pareciam destinados a se tornarem algo a mais. Conversamos um pouco, mas um uivo me distraiu novamente. Nessie e Claire se olharam como quem compartilha um segredo, e então Quil falou algo em tom muito baixo, mas Claire pareceu concordar com seja lá o que ele houvesse mencionado.

Minutos se passaram sem que eu percebesse. Era muito fácil se sentir confortável perto daquelas pessoas, principalmente porque eu não precisasse falar mais do que o necessário e que suas conversas pareciam preencher o ambiente. Em um momento, me virei em direção ao mar, e fiquei observando o céu estrelado. Era uma paisagem deslumbrante.

No orfanato, eu costumava me sentar perto da janela e observar o céu, mas as luzes da cidade não ajudavam a ver o céu em todo o seu esplendor como esse local. Lembrei-me do dia em que tentei fugir para encontrar meus pais, mas não acabei nem de sair do quintal, e soltei uma risada pela lembrança.

A elevação das vozes me chamou a atenção, e quando voltei para o círculo que formávamos ao redor da fogueira notei duas novas pessoas. Nessie me explicou que se tratavam dos irmãos Clearwater. A mulher parecia ser durona, mas suas feições eram belas. Seu irmão veio nos cumprimentar e percebi que seu olhar paralisou assim que me viu. Ele era muito bonito, e senti minhas bochechas esquentarem, tanto por ele me encarar quanto por sua aparência. Percebendo talvez que estava sendo inconveniente, ele sorriu e se desculpou; sentando-se ao meu lado e começou a conversar comigo como se aquela não fosse a primeira vez que nos encontrávamos.

– Não posso dizer que a entendo. Meu pai morreu há pouco tempo e sua falta é enorme, mas eu nunca tive duvidas sobre seu amor por nós. - Ele falou se referindo a irmã e a mãe. - Agora, como seu caso e de seus “primos”, serem abandonados, criados por desconhecidos... Deve ter siso muito difícil.

– É verdade. Sempre penso que eles devem ter algum motivo para não desejarem compartilhar suas vidas conosco. Mas talvez eu nunca saiba. - Fiz uma pausa para clarear a mente. - Seth, não pense que eu estou triste por isto. Certo, foi difícil crescer sem pais, mas por outro lado, eu nunca teria conhecido os Cullens, e principalmente Alice e Jasper. Mesmo que não sejam meus pais biológicos, eu sinto que eu pertenço a eles, e isso me faz completa.

– É um pensamento muito bonito. - Ele sorriu para mim, e quando fez isso seus olhos pareceram brilhar. - Agora, mudando de assunto... Há algo da qual você foi privada no orfanato, e está louca para fazer? - Ele perguntou divertido.

Não precisei pensar muito.

– Comer marshmallow em um luau.

Com um movimento rápido, ele pegou um e espetou em um graveto.

– Agora, não me diga que nunca comeu smore.

Quando o olhei confusa, ele simplesmente revirou os olhos, pegou duas bolachas, colocou chocolate no meio e um marshmallow aquecido pela fogueira.

– Agora, Bárbara, feche os olhos e de uma mordida.

O sabor era muito bom, e senti o chocolate derreter em minha boca.

– Isso é maravilhoso.

– Viu? Eu sabia que você iria amar smores.

Depois daqueles momentos, soube que Seth seria uma pessoa muito importante em minha vida.

Nos dias seguintes, estivemos em contato pessoalmente e por telefone, ele com seu jeito fácil de conversar que parecia neutralizar qualquer sinal de timidez que houvesse em mim. Mesmo que nossas vidas fossem diferentes em vários sentidos, parecia que ele me compreendia de uma forma como outras pessoas não conseguiam.

Um dia, quando estávamos na sala assistindo a um filme em conjunto com Jacob e Nessie, Edward apareceu e nos encarou por um momento e então pareceu querer esconder uma risada quando minha mãe apareceu com uma expressão frustrada no seu belo rosto enquanto descia as escadas. Ao ver Edward e sua patética tentativa de esconder sua risada, ela quase o arrastou pela cozinha.

– O que deu em minha mãe?

– Prima, você precisa saber que sua mãe é um pouco... Controladora. Eu sempre me divirto com as histórias que a minha mãe conta sobre quando eu ainda não era nascida, e minha tia era o pesadelo da minha mãe no sentido da moda. - Nessie exclamou e Jacob sorriu de uma forma muito fofa para Nessie, e novamente assisti enquanto as bochechas dela adquiriam um tom rosado.

Claramente, Jacob ignorou aquilo. É sério, às vezes eu tinha a impressão que os dois não tinham a menor noção de que seus sentimentos eram correspondidos. Mas eu não posso julgá-los, já que eu nunca passei por uma situação parecida.

Mais tarde, quando Seth e Jacob saiam e eu subia as escadas para tomar banho e colocar um pijama, percebi que minha mãe aparecera rapidamente na porta e trocara algumas palavras com Seth. Eu estava muito distante para ouvir suas palavras ou distinguir suas expressões, o que só fez que eu me sentisse confusa.

Quando deitei em minha cama, meus olhos se fecharam rapidamente. Eu não percebera que eu estava cansada. Passar o tempo com Seth normalmente parecia sempre pouco e rápido, mas o cansaço depois de sua partida logo tomou conta de mim.