Cara, eu estava feliz por Harriet finalmente ver o pai depois de muuuitos anos. Eu também fiquei feliz em saber que minha mãe também estaria aqui. Não sei se ela iria falar comigo, mas pelo menos ia me ver. Talvez sorrir, ou talvez me olhar com desdém e me ignorar.

Por que os pais descontam seus desentendimentos nos filhos? Isso acaba deprimindo- os, acho que as maiorias das pessoas que usam drogas começaram a entrar nesse mundo por causa de seus pais, talvez para atrair a atenção deles, ou para esquecer o que acontece em casa. Eu tive atenção o bastante para ter consciência de que drogas são piores que parecem. Eu não precisava disso.

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Mas por fim, foi emocionante o abraço entre Harriet, Hazel, Haley e Harry. Eu gosto desse código com o H. Na minha família, antigamente era meio misturado. Daisy, Joshua, Armin, Alexy e Katie. Fomos adotados, porque mamãe não podia ter filhos. Primeiro foram os gêmeos, e depois, ambos quiseram uma irmã. Eu não me lembro de como era o orfanato e de como eu era tratada, mas eu tenho a impressão de que não foi uma época nada boa.

Minha mãe disse um dia que quando me acolheram eu estava cheia de marcas roxas e era um pouco traumatizada, não deixava ninguém chegar perto, principalmente Alexy, ele me assustava.

Uns tempos depois fiquei mais sociável, mais amiga, mas uns anos depois meus pais se separaram e eu nunca mais vi Alexy e Armin.

Mas hoje eu ia conhecer os pais de todos. Admito que tinha curiosidade sobre os pais de Rachel e de Christie. Elas nunca diziam nada sobre suas famílias, falavam que era melhor ficar sem saber, então eu decidi conhecer por mim mesma, eles já deviam ter chegado, a não ser se a família de Christie fosse tão pontual quanto ela. Chegariam quando acabasse.

Eu saí puxando meu pai de novo, dando espaço para Harriet. Procurei pela escola toda, até ver Rachel no refeitório. Ela estava entre três pessoas. Parecia envergonhada ao estar perto deles. Quando me viu me lançou um olhar de “socorro”, foi o bastante para saber que aquela era a família dela. A mulher era ruiva, com cara de ousada, com um decote enoooorme no vestido vermelho que parecia vir direto dos tapetas vermelhos de Hollywood. O homem era mais tranquilo na expressão, tinha cabelos loiros, idênticos ao de Rachel, estava usando uma camisa branca com uma calça mega formal. O outro cara, que devia ser o irmão de Rachel era realmente muito bonito, parecia com a mãe, ruivo, olhos verdes e uma aparência impecável.

– Se eu soubesse que era para se vestir formalmente... – Ia dizendo meu pai, com sua camisa polo branca e bermuda descontraída.

– Hm, na verdade não era – Justifiquei – Aqueles devem ser os pais e o irmão de Rachel.

– Eles são meio... Deixa pra lá.

– Eu vou cumprimenta-los, já volto pai.

Eu andei meio nervosa até lá, eles me davam medo, eram ricos e com cara de mau. Se você visse acreditaria.

– Uh, olá, Rachel.

– AHHH, OLHA GENTE, ESSA É A MINHA AMIGA KATIE. – Ela disse exageradamente, tentando mudar de assunto. – Valeu – Ela sussurrou – Então, olá Katie, essa é a minha família.

– Olá, Srta. Katie – o pai disse, estendendo a mão num gesto de cumprimento – É um... Prazer conhecer uma das amigas de nossa filha – A voz dele me dava arrepios.

– O prazer é todo meu – Eu disse forçando um sorriso. Logo, a mulher e o cara estenderam a mão também.

– Pois é, e muito bom ver vocês – Rachel disse forçada de novo. – Olha lá! O Sr. Grigori – ela apontou pro meu pai e foi até ele me puxando – Oi, Sr. Grigori, como vai?

– Oi Rachel – Ele sorriu – Bom te ver...

Ela forçou o papo até contar sorrateiramente a verdade sobre estar fugindo da família, mas acabou que o Stephen, seu irmão, a puxou de volta, ela foi, mas estava relutante.

Eu fui sair, quando percebi que meu pai conversava com os pais de alguém. Eu não sei de quem. A mulher tinha cabelos curtos e grandes óculos redondos, usava um vestido floral e seu rosto era pequeno, proporcional ao corpo, cabelos castanhos e olhos verdes, me lembrava alguém... Enfim, o homem era grande, muito grande, tinha cabelos louros e olhos também verdes, era musculoso e tinha uma tatuagem no braço. Parecia ter saído do exército, talvez me assustasse um pouco, mas pareciam se divertir conversando sobre coisas erradas que seus filhos fazem.

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Eu saí para procurar Christie.

Ela era a pessoa mais obvia que eu conheci tirando Alexy – ele contava tudo que sentia, era um livro aberto e fácil de decifrar, então não valia.

Ela provavelmente estaria em uma das salas, junto com sua família.

Eu fui diretamente à sala de aula B, e como eu disse, estaria lá... Sem sua família...? Ela estava apenas com um garoto alto e provavelmente maior de idade, tinha cabelos negros e olhos verdes-esmeralda, sua pele era incrivelmente pálida, e ele era lindo. Era seu irmão? Não poderia ser seu pai, ele não teria idade pra isso. Ela me avistou e correu em minha direção.

– Oi, Katie. Já apresentei meu irmão?

– Hum, não... Olá? – Eu estendi minha mão, mas ele acabou me puxando para um... Abraço?

– Você é Katie, certo? – Ele disse me soltando do abraço apertado – Christie falou muito de você. Sou Cameron, pode me chamar de Cam.

– Prazer, Cam – Caaara, eu provavelmente devia estar corada.

– Você fica fofa quando está corada – Ele disse, dando um SORRISO LINDO e saindo da classe, disse que ia falar com a diretora. Provavelmente era o responsável de Christie.

–... Meu Deus – Eu murmurei meio hipnotizada.

– Ele é legal – Ela riu da minha cara – E sim, ele costuma fazer isso, tipo ficar intimo das pessoas rápido...

– Seus pais não vieram? – Eu perguntei, logo percebendo que era jogar sal em uma ferida. – Olha, desculpa, não precisa responder...

– Não, não é isso, agora eu percebi que eles não vieram... Realmente, Cam faz mais falta... Bem, acho que minha madrasta fez a cabeça do meu pai de novo. Igual ela sempre faz. Por isso estou aqui hoje. Cam não mora com eles por causa dela. Mas ele já é maior de idade, não importa...

– Então moravam você, seu pai e sua madrasta?

– Não, tem os gêmeos.

– Hm, gêmeos?

– Sim, os filhos da minha madrasta com meu pai. Eu não gosto dela, mas amo Willian e Claire. Eles têm seis anos.

Eu me senti um pouco triste por ela. Eu também já fiquei sem ver meus irmãos por um longo tempo. Quando voltei a vê-los eu não os soltei por dez minutos.

– Eu entendo... Tipo, literalmente...

Ela assentiu e me puxou para fora.

– Vem, vamos sair desse clima, vamos procurar DiDi – Ela sugeriu.
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Encontramos ela nas escadas, estava com seus pais e uma garotinha que devia ser sua irmã. Antes de nos ver, ela estava subindo com muita cautela, devia ter algo a ver com o “caso da Brianna má” que ela citou uma vez.

Eu cheguei perto e cumprimentei seu pai, Chris e sua mãe, Marie, eu já os conhecia, mas era sempre bom conversar. Eu apresentei Christie a todos enquanto Brianna me lançava um olhar mega assassino, talvez não fosse exagero de Dianne sobre ela ser uma pequena aprendiza de Ambre.

– Oi, Brianna – Christie se abaixou, simpaticamente.

–... Oi.

Pela resposta gelada, Christie percebeu que era melhor parar de tentar puxar assunto. Ela não conhecia essa história, mas provavelmente tinha sacado que era melhor ficar longe, apesar de ser uma garota fofa.

Pelo olhar da mãe de Dianne nos afastamos. Às vezes ela é meio chata, talvez um pouco escandalosa, mas era uma boa pessoa. Queria ficar sozinha com a família. Eu recebi isso como um dedo no olho.

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Continuamos andando sem rumo, procurando Cam, Alexy, Armin ou meu pai. Não sei porquê, mas talvez fosse legal.

Eu finalmente encontrei Rachel e sua mãe, Tamra, conversando com Armin. Eu fiquei curiosa, me aproximei cuidadosamente para ouvir um pouco da discussão.

– Rachel, seja sincera. Você gosta dele? – Ela perguntava como se ele não estivesse ali, o deixando corado.

– Claro que não! Ele é meu amigo.

– Rachel, Apenas me diga se é ele quem você gosta.

– Eu já disse que não.

– Rachel...

– QUER SABER? – Ela puxou Armin numa braçada só e o agarrou, encostando seus lábios nos dele. Apenas um selinho demorado, mas foi o bastante para sua mãe ficar vermelha de raiva e eu roxa de surpresa. Ela era ousada.

– VOCÊ REALMENTE SE ATREVE? –Tamra ergueu a mão e ameaçando Rachel.

– Vai me bater? Sério? – Ela desafiou. Dava pra perceber que a relação delas não era boa.

Tamra acabou cedendo e abaixando o braço. Cinco segundos depois, acertou sua mão direta na bochecha da loira, surpreendendo todos, Rachel, Armin, eu e Christie. O impacto fora tão forte que ela caiu no chão. Aquilo eram lágrimas?