Capítulo 02 – Quero te encontrar

O tempo foi passando e justamente por nunca ter sido porra louca, eu comecei a estranhar aquela vida vazia que estava levando, de boca em boca de pessoas que eu nem conhecia e mal sabia o nome. Eu decidi dar um tempo para mim mesma e focar no meu aprimoramento pessoal e enquanto tudo isso acontecia a Giulia ainda estava ali, conversando comigo e se fazendo presente. Desde o dia em que começamos a conversar e a querer mais e mais conversar eu fui sentindo algo diferente, mas eu negava sempre, não queria sentir isso mais ainda mais por alguém, novamente, de outra cidade e que estava estudando para prestar vestibular e ir estudar em outro estado. Tudo parecia que iria se repetir, eu iria me apaixonar e ela iria pra longe e me abandonaria, eu iria sofrer de novo, isso era certo que não conseguia deixar o sentimento aflorar.

A única diferença é que a Giulia nunca demonstrou ser uma grande filha da puta que queria brincar comigo, então a nossa amizade foi ficando cada vez mais forte. Houve um dia em que não conversamos e esse dia foi no mínimo estranho.

“Eu não vou chamar ela pra ver se ela me chama e sente minha saudade” – Pensei comigo mesma, e foi o que eu fiz.

Eu passava o dia todo querendo chamar ela e ficava vendo toda hora se ela me chamava e isso não acontecia, então eu fui ficando meio triste, mas não conseguia entender tudo de uma forma clara. Quando o sol se pôs eu não aguentei e chamei ela, que logo me respondeu e voltamos a conversar, foi um alívio.

“Não chamei para ver se você me chamava” – Ela disse e nesse momento eu entendi que a gente tava sentindo a mesma coisa, só estávamos em negação.

Parecia ser mágico, a gente conversava sobre tudo e sobre nada.

“Estou ansiosa para ir ao show das patroas” – Disse a ela em uma conversa descontraída.

“Eu não acredito que você gosta de sertanejo” – Ela disse e logo teve sua primeira decepção.

Acontece que ela nunca gostou de sertanejo (mas adora um funk, vai entender) e aí começamos a discutir de uma maneira que só a gente faz, não é nada agressivo e era bem engraçado.

As nossas rotinas foram ficando apertadas, ela fazia cursinho a noite e eu trabalhava o dia inteiro e fazia cursinho a noite também, mas nunca deixávamos de trocar mensagens, até que foi ficando cada vez mais sério o sentimento, nos víamos por câmera e eu mal podia esperar para ver essa menina pessoalmente.

“Du, eu te amo” – Ela disse um dia do nada e eu assustei de uma forma que eu fiquei perdida em meus pensamentos (a própria imagem da Nazaré Tesdesco).

Como que podia ela me amar sem nunca ter me visto? Aliás, como alguém podia me amar da forma que ela estava fazendo? Com tanto carinho e atenção que nunca havia recebido? Devo confessar que eu fiquei em choque, não sabia o que digitar, o que falar e o que pensar... Mas logo eu perguntei se amava mesmo e ela disse que sim, como amiga. Aí que eu fiquei sem entender nada mesmo, mas disse que amava também, parte porque eu sabia que estava apaixonada e a outra era porque eu não sabia reagir aquilo naquela hora.

“Giu, acho que preciso de te falar algo...”.

“Pode falar.”

“Acho que eu tô gostando de você...”.

“Du... Eu não tenho certeza do que eu sinto por você.”

Quando ela falou essas palavras para mim eu juro que eu quis sumir, era isso, eu tinha assumido os meus sentimentos para ela e ela não tinha certeza do que sentia, o sentimento na hora era de vergonha. Mas eu não tiro a razão dela de não ter certeza do que sentia, estava acontecendo tudo muito rápido e ela sequer havia me visto (mas porra ela disse que me amava! O que estava acontecendo?). Talvez fosse pelo o meu jeito galinha na época de pegar qualquer um e viver em rolo que fez ela não ter certeza, ou o fato dela nem saber se eu era uma assassina em série ou quem eu era realmente, ou a junção de tudo isso.

“Então temos que nos ver. O que acha de eu ir pra sua cidade?” – Eu disse para ela.

Então acabamos combinando de ser ver, depois de três meses conversando sem parar e depois de muita complicação para combinar de se encontrar, finalmente iria acontecer, eu iria ver essa menina pessoalmente.