Love & Sin

Capítulo 16 - Katniss


Depois de voltar da padaria, deixei a bicicleta nos fundos da casa e entrei para trocar de roupa. Não tinha nenhuma roupa de praia, mas não usaria um desses nem que tivesse. Por mais que fosse natural para uma garota caminhar em frente a estranhos com peças equivalentes a uma calcinha e sutiã, não me sentia nada confortável vestindo algo assim na frente de Peeta em um passeio com seus filhos. Ou, francamente, mesmo que as crianças não estivessem presentes.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu tenho que admitir que Peeta me intriga. Não pelas coisas que ele havia feito por mim, por mais que aquilo fosse esquisito. Tinha mais haver com a maneira triste que ele sorria às vezes, a expressão em seu rosto quando falava da esposa falecida, da maneira de que ele tratava seus filhos. Havia uma solidão em Peeta que ele não conseguia disfarçar, e eu sabia que, de certa forma, era muito parecida com a solidão que eu também sentia.

Sabia que Peeta estava interessado em mim. E, honestamente, tenho muito talento quando se trata de saber que algum homem está de olho em mim.

Mas aquela era minha outra vida, lembrei-me. Abri uma gaveta, tirando de dentro um short e umas sandálias nada agradáveis. Havia feito coisas normais essa semana, mas essas mesmas coisas me faziam de uma maneira, me sentir diferente.

Assim que terminei de me vestir, vi o jipe de Peeta vindo pela estrada de cascalhos e respirei fundo quando ele estacionou em frente de minha casa. “Agora ou nunca”, pensei comigo mesma indo na direção dele.

– Você precisa colocar o sinto de segurança, senhorita Katniss – disse-me Kristen – Papai só vai sair se você colocá-lo.

Peeta olhou pra trás com os olhos arregalados, como se quisesse dizer: “Kristen, cale a boca!”. Olhei para ele e dei meu melhor sorriso falso.

– Bem, vamos lá.

[...]

Por volta de uma hora de viagem, chegamos a Long Beach, com suas casas de madeira e uma vista maravilhosa para o mar.

– Eu vou lá dar uma olhada na água – gritou Alex.

– Eu também – acrescentou Kristen, saindo atrás de seu irmão.

– Hey gente – gritou Peeta – vamos com calma, hein?

Alex bufou e sua impaciência era aparente enquanto apoiava o peso do corpo, ora um pé, ora outro.

– Você quer ajuda? – pergunto enquanto Peeta tira as coisas de dentro do porta-malas.

Ele balançou a cabeça – Eu consigo me virar com essas coisas. Mesmo assim, se você puder passar o protetor nas crianças e puder ficar de olho nelas por um tempo, vai ser muita ajuda. Eles ficam animados demais aqui.

Peeta passou os minutos seguintes tirando as coisas de dentro do carro e armando uma pequena tenda perto das mesas de piqueniques. Embora houvesse algumas outras pessoas, a praia estava bem vazia. As crianças já estavam brincando na parte rasa da água, e eu estava lá perto, sentada com uma cara de animação mínima. Peeta me encarou um pouco antes de vir até a mim.

– É difícil acreditar que ainda ontem tivemos uma tempestade tão forte.

– Eu havia me esquecido de como era o oceano.

– Faz muito tempo que não vem à praia?

– Tempo demais – digo, ouvindo o som da onda quebrando contra a praia – Imagino que seja difícil educar eles – observo, enquanto as crianças brincam.

Peeta hesitou antes e responder, e quando falou, sua voz assumiu um tom diferente – Na maior parte do tempo não é tão ruim. A gente se da bem. É quando fazemos coisas como essas, quando saímos do ritmo normal, que as coisas ficam mais difíceis.

Ele deu um leve chute na areia antes de continuar – quando eu e minha esposa falamos sobre ter um terceiro filho, ela sempre fugia do assunto dizendo que isso iria mudar nossa vida. Ela costuma dizer que não tinha certeza se eu aguentaria a barra. Mesmo assim, aqui estou, fazendo uma marcação por zona, todos os dias... – ele deixou a frase no ar, balançando a cabeça – me desculpe. Não devia ter dito isso.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Não devia ter dito o quê?

– Parece que sempre que falo com você acabo falando sobre isso.

Virei-me para encará-lo – E por que você não deveria falar sobre ela?

– Por que não quero que você pense que não sei falar sobre outra coisa. Ou que tudo que faço é viver do passado.

– Você a amava muito, não é?

– Sim – respondeu ele, com a cabeça baixa.

– E ela era uma parte muito importante da sua vida, certo?

– Certo.

– Então não há problemas de falar sobre ela – digo – ela é parte da pessoa que você é.

Peeta sorriu para mim, ainda com a cabeça baixa, mas não falou nada e provavelmente nem falaria. – Quando vocês se conheceram? – pergunto.

– Em um bar. Eu havia saído com alguns amigos para ir a uma festa. O lugar estava quente e cheio de gente, havia poucas luzes, a música estava alta e ela... Bem, ela se destacou no meio daquilo tudo.

– Aposto que ela era muito bonita.

– Nem preciso falar o quanto – disse ele – eu fui até ela e comecei a usar todo o charme que tinha a disposição.

Quando terminou a frase, ele percebeu o sorriso que formava em meus lábios e sorriu para mim outra vez.

– E então? – perguntei.

– Mesmo assim demorei uma hora para conseguir que ela me desse o seu número.

Dou uma risada – Ah, deixe-me adivinhar. Você ligou no dia seguinte, não é? E a chamou para sair?

– Como você sabe?

– Você parece ser o tipo de homem que faria exatamente isso.

Peeta deu de ombros – E o que aconteceu depois?

– Você quer realmente saber?

– Não sei – digo – mas não deve ser tão ruim assim.

– Tudo bem. Como você já sabe, a chamei para almoçar e nós passamos o resto da tarde conversando. No final de semana seguinte, eu disse a ela que nos casaríamos algum dia.

– Você está brincando.

– Sei que parece loucura, ela também achou que eu era pervertido e tal. Mesmo assim.... eu simplesmente sabia que aquilo iria acontecer. Nós tínhamos muitas coisas em comum. Ela ria muito e também me fazia rir. Honestamente, entre mim e ela acho que fui eu quem tirou a sorte grande.

– Ela também devia achar que tivera sorte.

– Isso aconteceu porque eu consegui enganá-la – disse Peeta, irônico.

– Duvido que foi assim.

– Isso é porque estou conseguindo enganar você também.

– Não acho que seja verdade – digo rindo.

– Você está dizendo isso porque somos amigos.

– Você acha que somos amigos?

– Sim – disse ele, com os olhos fixos nos meus – você não acha?

Pela cara que fiz, Peeta deve ter conseguido perceber que a pergunta me pegou de surpresa. Mas, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Kristen veio correndo em nossa direção.

– Senhorita Katniss! – gritou ela – achei umas conchinhas muito bonitas!

– Pode me mostrar?

Kristen estendeu as mãos, soltando as conchas em minhas mãos antes de se virar para Peeta – Papai, podemos começar a fazer a comida? Estou morrendo de fome!

– É claro querida. Ei, Alex! – gritou ele – Vamos comer.

– Agora? – perguntou Alex.

– Sim.

Alex fez uma cara feia e deu de ombros, voltando a fazer o que estava fazendo antes. Peeta suspirou alto.

– Eu fico aqui se você quiser – digo.

– Tem certeza?

– Vou ficar aqui vendo as conchas que a Kristen trouxe.

– Obrigada – disse Peeta, dando um beijo em minha bochecha – estarei lá se precisar, Okay?

– Okay – digo, sorrindo.