Capítulo 21 - Anjinho

Ela era forte, sempre foi e não ia continuar chorando por alguém que não merecia nenhuma lágrima. Se levantou secou os olhos, respirou fundo, sorriu e disse pra si mesma frente ao espelho

—Se valoriza. Nunca trate com prioridade, quem te trata como opção, lembra?

Ano passado, ela e Dallas fizeram esse juramento e ela não estava nem um pouquinho disposta a quebrá-lo. Ela sabia que estava errada por mentir não só pra sua família, mas para a família do Sterling também. Ela só queria ajudar um amigo, agora olha a situação em que se meteu. Gritou a irmã que ainda tomava seu café, ela precisava contar a verdade não aguentava mais mentir pra quem ela mais confiava nesse mundo

—Antes de qualquer coisa eu queria te pedir desculpas, eu só não contei a verdade porque eu estava chateada por você não me dar mais atenção e só ficar conversando com seu namorado — Demi disparou e Dallas ficou imóvel com os olhos arregalados, ela não tinha o que falar

—Eu não to namorando com o Sterling. — ela disse abaixando a cabeça, querendo não ver a cara de decepção da irmã

—Como assim? Vocês terminaram? —Dallas não havia entendido

—A gente nunca namorou Dallas, era tudo fachada. Ele queria apresentar uma namorada pra mãe dele e eu aceitei, por isso aquele dia aqui em casa quando você pediu pra gente se beijar, eu fiquei...

—Sem saber o que fazer. — Dallas completou — Eu vi. Foi ele quem te beijou.

—Isso. Desculpa. — Demi pediu mais uma vez

—Relaxa, comigo você não tem problema, mas com a mamãe sim. Aposto que ela vai ficar zangada quando ficar sabendo dessa brincadeira sem graça.

—Ela não vai ficar sabendo, nem ela nem ninguém. Só eu e você, entendeu?

—Como você quiser. — Dallas se levantou e caminhou até a porta do quarto — Só sei que eu vou adorar ver a cara do Wilmer quando você apresentar seu “namorado” mil vezes mais bonito que ele.

Elas riram. A situação era divertida, apesar da cabeça de Demi estar pensando em Sterling

—Pode apostar que é isso que faz essa situação toda ser divertida. — Demi ria enquanto seu celular tocava ainda caído no chão.

—Não vai atender? — Dallas falou pegando o celular e olhando o número — É o seu bebê.

Demi não sabia se atendia ou não, de um lado estava seu orgulho, do outro estava a amizade, que ela nem sabia se existia ainda.

—Alo — atendeu

—Fala anjinho, o que você queria? — Sterling e Selena caminhavam prontos pra atravessar a rua e chegar até uma doçaria

Demi resolveu esquecer que gostava dele, pra falar a verdade ela não queria nem comentar mais isso, nem consigo mesma. Ele a via como amiga e ela queria o ver como tal.

—Aconteceu uma coisa meio grave, tipo, inesperada e eu estou com medo — Demi tagarelou

—Quer compartilhar? Eu posso ir até sua casa. Estou por perto, não fui pra casa ontem — ele falou pra provocá-la e é lógico que conseguiu, mas ao contrário do que imaginou, Demi se mostrou fria.

—Então estou te esperando. — e desligou engolindo seco a vontade de gritar.

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—Você tem certeza, Sel? —Sterling perguntou segurando uma caixa enorme de bombons

—Claro que tenho. Não existe mulher no mundo que não goste de ganhar chocolate, isso eu posso te garantir — Selena estava com um sorriso enorme

—Eu to parecendo um bobo. —Ele resmungou pegando um ursinho de pelúcia que Selena estendia para ele

—Não está não. Está parecendo apaixonado, na verdade você está apaixonado e não sei pra que ficar provocando ciúmes nela falando que não dormiu em casa. — Selena agora estava com as mãos na cintura o encarando

—Ela fica tão linda. — ele respirou fundo

—Não é certo Sterling. Você mentiu pra ela.

—Tente entender Sel, eu estava na cafeteria esperando a Vitória chegar pra eu poder dizer que não queria mais ficar com ela. Aí quando a Vitória entrou na cafeteria a Demi ligou, aí eu disse que não poderia falar naquele momento, e dei bom dia pra Vitória que se sentou à mesa, falei pra Demi que depois ligaria, mas ela falou que não precisava mais. Então, eu presumi que ela estivesse pensando que eu passei a noite com a Vitória.

—E só pra fazer ciúme, resolveu confirmar a suspeita que ela teve. — Selena o desaprovava com o olhar — Não sei quem é o mais burro nessa história. Você por ser tão infantil, ou ela por gostar de você.

—Não precisa ofender também — Sterling colocou as coisas no caixa — ela quer que eu vá na casa dela e o lance parece ser sério. Posso deixar as coisas na sua casa? —Sterling pediu

—Só se você me prometer que não vai fazer uma palhaçada dessas de novo.

—Eu prometo. — ele disse dando um beijo no rosto da amiga

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Depois dela explicar tudo o que iria acontecer, Sterling se sentiu inseguro sabendo da presença do ex namorado. Ela parecia ainda gostar dele

—Você ainda gosta dele? — Ster perguntou enquanto Demi admirava um bando de pássaros cruzar o céu.

Eles estavam sentados na grama do fundo da casa de Demi na sombra de uma árvore. Ela se sentiu constrangida com a pergunta e não conseguiu responder. Sterling abaixou a cabeça se sentindo vencido

—Eu sabia. Sabia que você gostava dele. — ele pegou uma pequena pedra e jogou a alguns metros de distância

—Não gosto dele. O problema é que ainda dói. Nunca vou esquecer o quanto eu chorei. — ela disse abraçando seus joelhos e encostando sua cabeça no seu ombro depois que ele a abraçou

Demi repentinamente se lembrou do fato ocorrido mais cedo e se pôs de pé num pulo, embora estivesse gostando de estar envolvida pelos braços dele, não pôde deixar de imaginar a Vitória na mesma situação.

—Algum problema? — Sterling perguntou se levantando também

—Não. Só acho injusto você passara noite inteira com a Vitória e depois vir com a maior cara de pau me abraçar — ela estava fazendo tudo de novo e não podia acreditar nisso

—O que? Não. Eu não passei a noite ...

—Não minta Sterling. — Demi pareceu implorar

—Não estou mentindo — ele ia explicar quando outra pergunta surgiu em sua mente — Espera aí. Você está com ciúme?

—Não. — ela respondeu seca

—Então me dá um abraço — ele abriu os braços esperando ela se aproximar

—Eu não, pede pra outra lá te dar. — ela cruzou os braços emburrada

Ele gargalhou e a abraçou mesmo assim. Com o impacto do abraço, Sterling percebeu que eles iriam cair e com a força de um só braço conseguiu evitar que caísse em cima dela fazendo com que ela caísse por cima dele, pelo menos assim ela não se machucaria. E ali com seu corpo em cima dele Demi viu que nunca desejou beijar tanto alguém como queria beijar ele agora. Fechou os olhos e sentiu um braço dele envolver sua cintura enquanto o outro deslizou pelas suas costas e foi até seus cabelos a puxando para um beijo. Quando seus lábios se tocaram, ambos sentiram uma eletricidade passar pelo corpo e aquele momento foi único e nunca haviam sentindo isso com ninguém.

Sterling estava arrepiado com a adrenalina e a sensação magnífica de estar apaixonado, já Demi não pensava em nada a não ser na loucura que estava fazendo e no turbilhão de sentimentos que faziam seu coração acelerar.