Love Can Wait

Capítulo Cinco


– O frango está muito bom, sra. Evans.

Olhei para James e até o admirei por sua tentativa de melhorar as coisas. Não havia quem não percebesse o clima tenso que se instalara sobre a mesa de jantar.

– Obrigada. – Minha mãe o olhou com um sorriso que não chegou aos olhos.

Me mexi, inquieta. Petúnia havia ido jantar na casa do namorado e meu pai olhava fixamente para o prato, sem o ter tocado propriamente.

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– Vocês se conhecem há muito tempo? – Ela tentou, me fazendo olhar furtivamente para o garoto. O gel que havia passado no cabelo já havia abandonado-o.

– Desde o primeiro ano, creio eu. – Ele sorriu educadamente. – Não conversávamos muito, mas sua filha é muito bonita, então uma hora ela parou de passar despercebida.

Arregalei os olhos e corei. Queria me enfiar debaixo da mesa até que toda aquela situação embaraçosa passasse de vez. Queria que meu trabalho para o jornal aparecesse feito como por um milagre em cima da mesa do redator e que enfim eu estivesse formada.

Meu pai colocou os talheres lentamente sobre a mesa e juntou as mãos em frente ao seu rosto.

– Por que veio aqui hoje?

Potter se mexeu inquieto na cadeira.

– Nós não queremos que isso tudo seja feito pelas suas costas... – Comecei, antes que James abrisse a boca. – Então, por dois motivos, essa conversa é muito importante.

Esperei por alguma reação, mas meus pais apenas sustentaram o silêncio, a espera de uma continuação.

– A primeira é que queremos ter sua confiança e que vocês tenham a nossa, agora, desde o começo. – Falava com segurança, mas minhas mãos tremiam incontrolavelmente por baixo da mesa. – Além disso, gostaria muito que vocês me deixassem ir para aquele passeio com a escola, já que logo me formo e isso me dará um ótimo trabalho no grupo de jornalismo e eu preciso muito desse trabalho e ele é muito, muito importante...

– Lily, calma. – Minha mãe me interrompeu e só então percebi que estava falando sem respirar. – Você está bem? Não é assim...

James inclinou-se um pouco em minha direção e sorriu.

– Ela só está ansiosa, vem falando disso desde que saiu a notícia da hotelaria.

Olhei para ele em um agradecimento mudo.

– E o que o rapaz tem a ver com isso? – Meu pai perguntou.

– Bom... – Pigarreei, tomando cuidado para não ficar afobada novamente. – Não queria que o senhor pensasse que eu acabaria ficando à deriva... Entende? Não quero que me julgue mal.

Meu pai franziu o cenho, mas logo suavizou.

– Certo... E vocês dois vão pra esse passeio?

Assentimos.

Fiquei observando enquanto ele se entreolhava com minha mãe. Os dois suspiraram.

– Você pode ir, mas tenha responsabilidade. E você – Virou-se para Jay – nada de gracinhas com minha filha, ou te arranco os braços.

Potter sorriu, nervoso, e eu ri.

Terminamos de comer em silêncio. Por dentro, estava satisfeita. Tudo parecia bem. Até o Sr. Evans abrir a boca novamente:

– Sabe, você me lembra muito um vizinho nosso... Não tinha percebido até agora.

– George... – Minha mãe o repreendeu. Não surtiu efeito.

– Talvez por isso Lily tenha gostado de você.

James me olhou sem entender.

– Pai, chega né? – Pedi.

– Você tem quantos anos mesmo?

– George, por favor.

– Dezessete... – Potter olhava sem entender para todos na mesa, e eu estava começando a entrar em pânico novamente. Meu pai estava fazendo aquilo de propósito, não era possível.

– A mesma idade que ele tinha quando...

Já chega. – Levantei da mesa, e o barulho da cadeira se arrastando no chão o fez parar e olhar para mim, surpreso. – Por favor, não quero mais ouvir uma palavra sobre Daniel durante os próximos anos que morar aqui, não aguento mais!

Meus olhos ardiam e meus punhos estavam cerrados sobre a mesa.

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– Lily... – Ouvi a voz de minha mãe, mas não atendi, estava mais preocupada em não começar a chorar.

– Desculpe, o jantar acabou para mim. Posso te levar até a porta James? – Pedi ainda com os olhos fechados. Senti quando ele pegou em minha mão e se despediu dos meus pais.

Andamos até a porta em silêncio. Minha garganta estava trancada e sentia as lágrimas querendo descer.

Saímos da casa e sentei em um banco que deixávamos na varanda.

A noite estava bonita, o céu limpo, a lua cheia brilhante. Havia chovido naquela manhã, então o ar não estava quente, o que me reconfortou.

– Você está bem? – Ele perguntou com cuidado, sentando ao meu lado.

Neguei com a cabeça, tentando impedir novamente a intensa vontade de me acabar em lágrimas.

– Quer desabafar?

Olhei para ele sem entender.

– Para você contar à escola toda? – Minha voz falhou no final.

Ele franziu o cenho e ficou sério.

– O que aconteceu hoje, só precisa ser de conhecimento nosso. Não vou contar a Black, Lupin ou qualquer pessoa. Eles não têm nada a ver com isso.

Não queria acreditar no que ele estava falando. Ele era James Potter, um dos marotos.

– Lily, tudo bem se não quiser me contar, mas você não precisa guardar tudo isso para si pela eternidade.

Respirei fundo e senti uma lágrima descer por minha bochecha. Ele não a limpou, tampouco chegou perto de mim. Sentia que o espaço entre nós era gigante. Eu estava erguendo um muro enorme. Mas por que não o faria? Por que confiar nele?

– Bom... – Ele começou, após um tempo em silêncio. – Vou te deixar em paz. Mas não hesite, não sou um monstro tão ruim quanto você pensa.

Sorri brevemente, sentindo meus lábios tremerem e minha visão ficar turva.

Sem dizer nada, senti seus braços me enlaçarem e deixei meu rosto afundar em seu ombro.

Não sei por quanto tempo chorei. Meu corpo todo sacudia, meu rosto todo se encontrava molhado e lembro vagamente de ter deixado uma marca preta em sua camiseta graças ao lápis de olho.

Quando finalmente me senti mais calma, tomei coragem para encará-lo. Ele estava rindo, os cabelos novamente arrepiados.

– Boa noite, Lírio.