Luke

– Muito bem, Bianca. Você vai fazer o seguinte.

Bem, se você se lembra do dia anterior, se lembra muito bem do que eu estou falando. Estávamos, eu e ela, atrás de uma coluna, perto da porta da sala do Sr. D. Que horas eram? Era antes da primeira aula, logo na entrada. Mas não havia ninguém nesse corredor.

Tirei um vidro de dentro da bolsa e coloquei na mão dela.

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– Pra que isso? – ela questionou na hora.

Sorri. Ela olhou pra mim com uma curiosidade clara. Devia estar imaginando o que eu tenho na cabeça, qualquer coisa que não fosse um cérebro normal. Falei pra ela o que ela teria que fazer.

– Ah, sem chance – ela me devolveu o vidro.

Ia sair andando quando eu a segurei pelo braço.

– Ei, ninguém vai te ver. – eu disse – Eu mesmo vou ficar aqui do lado de fora pra vigiar. Ah, qual é Bianca? Vai amarelar? Eu sabia!

– Argh, Castellan! – ela me olhou irritada. Ela me pede um desafio, eu o dou e depois ela fica brava? Que tipo de garota ela é? –Tudo bem, tudo bem, eu vou. – ela me tomou o vidro – Vê se vigia.

– Relaxe.

Foi quando eu escutei um barulho. Parecia um espirro. Olhei em volta, e não vi absolutamente nada. Talvez eu estivesse imaginando coisas.

– O que foi? – Bianca me perguntou.

– Ah, nada. O diretor não está na sala. Você pode ir.

– Tá...

E ela foi. Voltou alguns minutos depois, só que com um sorriso no rosto.

– Viu, medrosa, não foi tão ruim assim! – abusei.

– Cale a boca, Castellan. – ela disse, ainda rindo, me entregando o potinho e saindo andando.

***

Na sala de aula, já na segunda aula, estávamos em plena aula de biologia. A professora, Helena (não, não é a do carrossel, Okay?), explicava alguma coisa sobre... Ahn... Eu realmente não sei bem. Não estava prestando atenção.

Quando olhei pro lado, vi Léo se levantar e ir até onde eu estava, e ficar entre mim, a Thalia, o Nico, a Annabeth, a Bianca e o Percy. Ele se agachou no chão, para que a professora não nos visse.

– Gente, vocês viram? – perguntou.

– Viram o que? – perguntou Annabeth.

– O Sr. D.

– O que tem ele? – perguntou Thalia.

– Ele está usando uma calça super tosca. Tem até um coraçãozinho bem nas... Bem, nas nádegas! – disse Léo, sorrindo.

– O QUE? – Thalia gritou, fazendo com que a professora olhasse pra nós. Léo se jogou no chão, sem fazer barulho. Carinha esperto esse em?

– O que há de errado, Srta. Grace? – perguntou a professora.

– É... – começou Thalia – Nada de mais, tia! É que...

– Eu disse a Thalia que Link Park foi uma das maiores porcarias que o ser humano já inventou – disse Nico – E você sabe como ela é esquentada e acabou gritando.

– É, foi exatamente isso – concordei.

– Hum – professora deu de ombros – Por favor, Sr. Di Ângelo, não provoque a Srta. Grace. Você sabe como ela é.

– Vou tentar, professora – Nico sorriu.

A professora virou-se pra frente e continuou a passar as atividades no quadro, como se nada tivesse acontecido. Quando a sala esta totalmente calma novamente, ou quase isso, Léo levantou-se.

– Ufa! – ele disse – Essa foi por pouco.

– Valeu – Thalia virou-se pra trás e disse Nico, já que o mesmo sentava atrás dela. Nico apenas assentiu sorrindo.

– Bem, Thalia, o que eu estava tentando dizer, ou sussurrar, tanto faz, é que o nosso querido diretor resolveu adotar um novo visual pra si. Vejam – Léo tirou o celular do bolso e nos mostrou uma foto.

Tá, era impossível não rir. A foto de Léo era as costas do Sr. D. bem nítida. Bem no traseiro da calça, havia um lindo e bugado coração vermelho.

– Quem fez isso com ele? – questionou Annabeth, em meio ao riso.

– Ah... – começou Bianca, com um sorriso malicioso.

– Você? – questionou Thalia, impressionada.

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– Bem... – Bianca olhou pra mim. Parecia que estava perguntando se deveria dizer que eu também tive alguma coisa a ver com isso. Sorri relaxado, demonstrando que ela poderia levar todo o credito sozinha. – Foi.

– Caramba! – Thalia fez sinal de “joinha/beleza” com a mão – Bom trabalho, di Ângelo.

– Ah, eu sei – disse Nico, sorrindo travessamente.

– Você não, animal, a sua irmã – explicou Thalia – Você não teria a capacidade de pensar nisso!

Nico deu língua pra ela.

– Obrigada! – disse Bianca, tímida.

Léo, em meio ao riso, guardou o celular e voltou engatinhando para o seu lugar. Logo após, Rachel, do outro lado da sala, ergueu-se.

– Professora, posso ir beber agua? – ela disse.

– Sim, Srta. Dare, pode ir – liberou a professora.

A ruiva olhou em volta, sorrindo com o seu típico ar superior e se retirou da sala. Imaginei o porque de ela estar tão... Sumida, durante esses dias. Rachel não aprontava com ninguém desde o incidente Piper/Jason/Reyna.

Quando ela voltou, sorrindo como se a agua tivesse chamado de Miss Universo, a aula seguiu normalmente normal.

Pelo menos até o Sr. D aparecer.

Ele entrou com a sua típica carranca, mas não me deixei abalar. Ele nunca saberia o que eu e Bianca havíamos feito. Era, praticamente e possivelmente, impossível. Não havia ninguém por lá que nos denunciasse. Disso eu tinha a total e absoluta certeza.

– Com licença, professora. – ele disse – Quero falar com a Srta. Aliança.

– Anh... Não seria Bianca, diretor? – disse a professora.

– Ah, claro, desculpe. Venha.

Comecei a ficar preocupado. Ele tinha descoberto. Tinha. Mas então porque só chamou a Bianca? Por quê? Levantei-me involuntariamente.

– Ah, porque ela tem que ir... Diretor? – questionei.

– Ah, Sr. Castelo...

– Castellan.

– Eu só vim levá-la pra conversar sobre uma nova olimpíada de matemática que estamos participando. Apenas os melhores alunos podem participar.

– Então porque não leva a Annabeth? – questionou também a Bianca – Ela é melhor em matemática do que eu.

– Mas a Srta. Lace não tem uma ficha muito limpa em termos de advertência. Já você tem uma praticamente impecável.

Annabeth não pareceu se importar. Eu relaxei quanto a isso. Ele não tinha descoberto. Mas então porque Bianca estava tão tensa? Ela levantou-se e o Sr. D a dirigiu pra fora. Quando se virou, mostrou o seu traseiro com o coraçãozinho. A turma caiu na gargalhada. O Sr. D virou-se na hora.

– Do que estão rindo?

– Ah, nada, diretor – disse a professora em meio ao riso. – Pode ir tranquilo.

O Sr. D saiu da sala, levando Bianca consigo. Esperei pacientemente alguns minutos para vê-la voltar. Só que ela não voltou. Nem nessa aula, nem na próxima, e nem na próxima. No intervalo após a terceira aula, sai a sua procura.

E procurei em tudo quanto é lugar, até durante a aula. Sim, eu a cabulei. Fiquei realmente preocupado com o fato de seu sumiço. Não me pergunte porque, mas foi isso. Já passando pelo corredor sozinho, escuto um “psiu” ao meu lado.

– Procurando alguém, Castellan?

Rachel estava escondida no espaço entre dois armários de braços cruzados. Ao dizer isso, ela saiu de lá.

– É da sua conta? – repliquei.

Rachel deu uma risada abusada e maléfica.

– Que ignorância. Sabia que isso não vai te fazer achar aquela mosca morta?

– Está falando de quem, coisa ruiva?

– Da Bianca, é claro. Francamente, Castellan, eu achei que você conhecia o apelido da sua namoradinha.

– Bianca não é a minha namorada, Dare, ela é minha amiga. E, por favor, não a ofenda. Já que ela não está aqui pra se defender.

– Nem se tivesse.

– Ah, Rachel, me de licença, Okay? – disse entediado – Estou sim a procurando. E se você não tem nenhuma informação útil pra me dar, por favor, se retire daqui.

– Desde quando você acha que pode mandar em mim? E, sim Luke, eu tenho informações sobre aquela... Coisinha.

– Onde ela está? – disse ignorando a ofensa que ela disse a Bianca. Estava mais preocupado em encontra-la.

– Sua querida amiga, está sendo castigada pelo Sr. D por fazer uma gracinha com ele. O que me impressiona, já que eu cheia que aquela criatura não tinha coragem pra nada, a não ser levar o caderno pra mostrar pra professora.

– Então ele descobriu... – murmurei pra mim mesmo – Como ele descobriu? – perguntei a Rachel.

– Eu contei pra ele – disse ela na maior cara de pau –E, claro, ele acreditou.

– O QUE? – gritei – Como você...

– Eu vi, Castellan. Vi tudinho.

– Não, não vi não. Eu também estava lá. Eu também ajudei ela a fazer isso.

– Eu sei. – ela sorriu malévola – Mas eu não quis te denunciar. Por enquanto, que só a mosquinha morte pague pelo o que vocês fizeram a mim.

– Nós não teríamos feito nada a você se não tivesse feito nada a nós! – exclamei, irritado.

– Tanto faz, vocês fizeram. E eu só disse a você, pra você contar pros outros que eu ainda não esqueci deles. Já tenho minhas ideias. Só estou esperando o tempo certo.

Eu não entendia essa garota. Será que ela nasceu psicopata? Ela ainda tinha muitas pessoas de quem se vingar.

– Onde ela está? – perguntei, calmamente.

– E porque eu tenho que te dizer?

– ONDE ELA ESTÁ, RACHEL?

– Ah, me da licença, Castellan. – Rachel saiu andando sem que eu pudesse impedi-la.

Nem me preocupei. Tinha outra pessoa pra procurar. Uma ideia me ocorreu.

***

Chegando a biblioteca, entrei silenciosamente. Não havia quase ruídos nenhum e a bibliotecária não estava lá, o que não é novidade. Aproximei-me das estantes, e vi uma mão puxar um livro.

– Bianca?

– Luke! – ela me respondeu, largando o livro e correndo até mim. Ergui os braços e abracei.

– Desculpe – murmurei, acariciando o seu cabelo.

– Por quê? – ela perguntou, contra meu peito.

– Sujei sua ficha e você está sendo castigada por uma coisa eu não fez sozinha.

– Ah – ela riu – Não foi sua culpa nenhum dos dois ocorridos. Primeiro: eu quis o desafio. Segundo: sei que foi a Rachel que me dedurou. Ela tinha foto e tudo.

– Não, nem vem. Você não queria fazer aquilo. Eu que insisti. Mas... Como a Rachel tinha foto?

– Tendo. E ainda veio me ameaçar dizendo que não seria a ultima vez. Como se eu não soubesse.

– Ela também me ameaçou. Ficou com medo?

– Claro que não. Sei muito bem que a Rachel só faz isso por se sentir rejeitada. E se você demonstrar que não tem medo do que ela faz, ela vai ver que não vale a pena.

– Ok. Mas se ela te ameaçar de novo, me avise.

– Por quê?

– Porque eu quero dar uma bronca nela. Bem, outra. Se ela fazer alguma coisa, qualquer coisa mesmo com você, me avise.

– Sei me cuidar sozinha, obrigada.

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– Então eu acho que vou ter que começar a te seguir.

Ela afastou o rosto de meu peito e me olhou nos olhos.

– Porque isso agora?

Me fiz a mesma pergunta.

– Não sei. – dei de ombros – E vai fazer diferença?

– Não – ela enrubesceu.

– Acho que consegui te deixar nervosa.

– Não, não conseguiu. E, já que a culpa também é sua, você vai me ajudar a limpar a biblioteca.

– Sou obrigado?

– Praticamente.

Pov’s Annabeth

Eu realmente não queria escutar, mas a curiosidade me venceu.

Eu estava no jardim de casa, à tarde, depois da aula, sentada em uma espreguiçadeira da varanda dos fundos, lendo um livro. E não consegui me segurar quando escutei os vizinhos da casa ao lado gritando.

Sally, quer parar de me culpar por tudo o que acontece com ele? – disse uma voz masculina.

Não, Poseidon, não vou! Porque você sabe que é somente culpa sua! – disse uma voz feminina, a quem adivinhei ser Sally.

Vocês dois querem parar de brigar? Parecem que simplesmente só sabem fazer isso!–­outra voz masculina disse, e eu conhecia essa voz.

Percy, vá para o seu quarto! – gritou a primeira voz masculina, a quem imaginei ser Poseidon.

– Mas...

– AGORA!

Como eu estava apenas escutando, não soube se ele subiu para o seu quarto na hora. Eu sabia que os pais de Percy brigavam, porque ele próprio havia me contado tempos atrás, mas eu nunca tinha escutado. Hoje fiquei chocada.

Subi rapidamente para o meu quarto e abri as cortinas, que de uns dias pra cá (lê-se ontem) eu deixava permanentemente fechada. Dei uma olhada na janela ao lado e vi Percy passando as mãos pelos cabelos e socando o ar. Pude sentir que ele estava se segurando pra não chorar. Mas ele chorou. Sentou-se na cama, com as mãos no rosto, e chorou como uma criança. E isso me despedaçou.

Eu sei que eu disse a ele que o odeio e sei que ficamos de implicância um com o outro esses dias, mas o que posso fazer se eu acabei de fato me apaixonando por ele? E mesmo que ele seja quem seja, mesmo dizendo o contrario, eu entendo muito bem o que é um problema com os pais. É horrível, é traumatizante, triste. Não desejo isso ninguém e nem a ele.

E eu estou disposta a ajuda-lo.

Não somente por pensar isso sobre o fato, mas também que eu prometi que o ajudaria em tudo o que tivesse a ver com esses... Problemas familiares.

Enfim, deixei o meu livro em cima da cama e sai do quarto. Na porta da frente, meu pai me avista.

– Aonde vai, Annabeth? – ele me pergunta.

– Ah... – eu não poderia dar-lhe uma mal resposta, porque eu estava tentando melhorar o meu comportamento, como Percy havia me sugerido – Eu vou... Sair, pai. Prometo que não vou demorar.

– E aonde vai?

Eu também estava tentando não mentir, mas me lembrei de que meu pai não gostou do Percy desde que ele apareceu misteriosamente no meu quarto, dias atrás. Eu não entendi, já que o Percy fez de tudo pra sair aquele dia, e a ignorante fui eu. Mas, enfim, vai entender o meu pai. Bem, acho que eu teria que usar a mentira agora.

– Vou à casa da Thalia, pai. – disse – Ela me chamou.

– Fazer o que lá?

– Me distrair um pouco. Ando ficando muito tempo em casa.

– Verdade. – ele sorriu – Então... – ele olhou em volta – Que tal você ir antes que sua madrasta veja você?

Não aguentei de tão contente que eu fiquei. Corri até o meu pai e lhe dei um grande abraço em agradecimento.

– Obrigada, papai.

– Que isso, filha. Vai logo.

Me senti um pouco culpada por mentir nessa hora. Sorri e me dirigi à porta. Sai, atravessei o portão e toquei a campainha da porta da casa ao lado.

Uma linda mulher de meia idade, com cabelos escuros e olhos claros abriu a porta e disse com um sorriso simpático.

– Olá, senhorita. Posso ajuda-la?

– Ah, sim. Eu estou procurando o Percy. Ele... Está em casa? – perguntei gentilmente, já sabendo a resposta.

– Sim, sim. Quem é?

– Sou... Annabeth Chase, colega de classe dele. A senhora é mãe dele?

– Sim – ela me estendeu a mão e eu aceitei – Sally Jackson, muito prazer.

– Digo o mesmo – aceitei a mão – É... Posso falar com ele?

– Claro.

Ela me instruiu a entrar, e pude ver o quão grande era à casa de Percy. Entrando já dava direto na sala, onde havia um grande sofá, duas cadeiras brancas e a típica cadeira o papai. Do outro lado, após uma bancada, ia pra cozinha, mas antes havia a sala de jantar. No, quase centro, havia uma escada, que levava ao segundo andar.

– Pode subir, querida, eu deixei a panela no fogo. – disse Sally – É a segunda porta a esquerda, está bem? Ele está lá.

– Ah, obrigada.

Me perguntei como um senhora como Sally era uma das protagonistas de uma briga como essa que acabei de ouvir. Era meio inacreditável.

Subi as escadas e me deparei com um homem no corredor. Era bronzeado, alto, tinha os cabelos escuros e os mesmos incríveis e intensos olhos verde mar de Percy.

– Ah, quem é você? – perguntou ele.

– Ah... Sou Annabeth. Chase. – respondi nervosa – Eu... Vim fazer uma visita ao Percy.

– Ah, sim. Ele está aqui – ele indicou uma porta – A propósito, sou o pai dele, Poseidon. – ele me estendeu a mão como Sally – Fico contente que veio, Annabeth. Sinta-se a vontade.

– Obrigada, senhor. – aceitei sua mão.

– Me chame de Poseidon, apenas. Agora pode entrar.

Ele se dirigiu a escada, me deixando sozinha na frente da porta do quarto de Percy. Poseidon também não parecia ser um cara mal. Do mesmo jeito que Percy também não parecia ser...

Me peguei hesitando na hora de abrir a porta. E se ele tivesse falado serio na hora de dizer que me odiava? Provavelmente não iria me querer se metendo na sua casa.

Mas eu abria a porta, porque sou uma terrível teimosa e insistente. Mas abri devagar. E pude vê-lo ainda sentado na cama, absorto em pensamentos. Entrei, fechei a porta silenciosamente, e me dirigi em sua direção.

O quarto do Percy, como eu não tinha conseguido reparar da minha janela, era azul. Havia uma cama de casal no centro e as bugigangas de quarto masculino ao redor: pôster de bandas, fotos com amigos (que eu, de fato, não conhecia), coisas do tipo.

Percebi que Percy estava, não que eu me importe muito, sem camisa e de calça jeans. Preparei-me psicologicamente pra ser retirada dali a chutes antes de dizer.

– Você... Está bem?

Ele virou-se tão de repente que eu me assustei. Levantou-se devagar, me olhando com uma incredulidade imensa.

– Annabeth?

Não consegui dizer nada. Então apenas sorri.

– O que você está fazendo aqui? – ele sorria e me olhava incrédulo o mesmo tempo – Porque...

– Eu vim te ajudar, Percy. – disse eu, séria – Eu prometi que te ajudaria com seus pais. Acabei escutando uma briga deles e te vi...

– Estava me espionando? – ele disse desafiador.

Ah, cara, eu estou começando a me arrepender!

– Não, mas, eu sinto muito, seu pai e sua mãe gritaram de mais hoje. – soltei.

Ele perdeu o sorriso do rosto. Andou melancolicamente até lado da cama e se sentou.

– Hoje eles estavam atacados. – murmurou.

– É engraçado – andei até o seu lado e me sentei – Eles não parecem o tipo de pessoa que brigam.

– As aparências enganam – ele deu de ombros.

– Eu não entendo, Percy. Se você disse que eles brigam por causa do seu comportamento, porque que ele estão brigando agora? Pelo o que eu reparei, você está, digamos, um anjo na escola.

Ele riu sarcástico.

– Digamos que agora eles brigam por qualquer coisa. Até por causa do clima, da programação da tv, tudo. Mas sabe o que realmente me surpreende? Você ter vindo aqui.

– Já disse: estou cumprindo a minha promessa. Então por favor, não faça agente brigar. Hoje não. Vamos tirar essa tarde de trégua, está bem?

– Está bem. – ele se jogou pra trás na cama, deitando-se com as pernas pra fora.

– Mas e você? – disse virada pra frente – Como você está?

Senti sua mão me puxar pela minha, fazendo-me deitar ao seu lado. Senti-me nervosa. Se ele fizesse alguma coisa comigo, eu não conseguiria resistir. Mas ele apenas ergueu sua cabeça, apoiada no cotovelo, e disse:

– Como você acha?

– Bem, eu te vi chorando. E pelo visto você esta arrasado.

– Exatamente.

Ele começou a me encarar fixamente, e eu não pude evitar retribuir. Alguns segundos se passaram e nós ainda estávamos assim.

– É... – ergui-me – Eu acho que... Quando isso acontecer... Você deveria sair de perto. Vir pro seu quarto, sair de casa. Qualquer coisa, menos ouvir. Ou se meter.

– Eu já tentei. – ele disse, eu ainda olhando pra frente – Mas que filho gosta de ver os pais brigando e não tenta ajudar? Esse não sou eu.

– Sim, Percy, mas você viu que não adianta? Viu que simplesmente quem acaba mal é você?

O escutei suspirar. Procurei sua mão com a minha. Quando a encontrei, o puxei, fazendo-o se sentar.

– Olha pra mim, Percy – ele me obedeceu – Porque você não os faz lembrar porque que se casaram? Porque que... Bem, porque se amam? Sei lá. Eles não vão se lembrar disso se continuarem brigando. Você podia... Sei lá, fazer um passeio com eles, um jantar, essas coisas.

Ele me olhou sem expressão. Até que disse:

– Está dizendo que quer que eu banque o cupido com os meus próprios pais?

– Ah... Bem, isso soa até legal. – sorri timidamente.

Percy me olhou curiosamente. Então, sem eu poder fazer nada pra evitar, o mesmo me abraçou. Era inexplicável a sensação. E, pra ajudar, acabamos tombando de lado na cama, e ficamos embaraçosamente abraçados/deitados na cama.

– Obrigado – ele murmurou contra meu ouvido.

– Você também me ajudou, Cabeça de Alga. Eu e meu pai estamos cada vez melhores.

– Serio?

– Aham.

Ergui minha cabeça, e acabamos ficando nariz contra nariz.

– Se eu te beijasse agora, acabaria trégua? – ele perguntou.

– Provavelmente. Mas porque você gostaria de me beijar, afinal? Você não me odeia?

Ele sorriu sarcasticamente, e colocou um mexa atrás da minha orelha.

– Mais uma vez tirando conclusões por si própria? – queixou-se.

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– Não. Estou apenas repetindo o que você disse.

Ele riu, obviamente, de si próprio.

– Não odeio você. Sinceramente, eu tentei. Tipo, ontem. Estava me esforçando ao máximo pra não vacilar e você ganhar a briga.

– Mas eu ganhei a briga.

– Foi o momento que eu não aguentei.

– Ah, sei...

– Não comece com suas teimosias – ele ria – Mas o fato é que: eu não te odeio. E sei que você também não me odeia. Caso contrário você não estaria aqui.

Como conseguir ponderar contra isso?

– Eu... Só estou cumprindo a minha promessa, Percy. Nada de mais. Não crie ilusões. Vai ter que achar um fato mais convincente.

– Um fato mais convincente? Okay. Se você realmente me odiasse, não estaria em cima de mim.

Isso me fez levantar. E ele me seguiu.

– Viu? – ele sorria – Você não me odeia.

– Ah...

Alguém bate na porta.

– Percy, sou eu – era a mãe de Percy – Posso entrar?

– Pode. – ele respondeu.

Sally, com sua seu vestido cor de creme, avental e seu rosto simpático entrou no quarto, animadamente.

– Queria saber se a Annabeth gostaria de alguma coisa pra beber, comer? Fiz um lanchinho ali em baixo e um suco de laranja natural, fresquinho.

– Ah... – Percy olhou pra mim – Vai querer?

– Bem... – imaginei que se recusasse, estaria fazendo desfeita – Eu aceito.

– Okay. Vou pôr na mesa – disse Sally, já fechando a porta – Desçam logo, em!

– Okay, mãe. – disse Percy. E Sally saiu.

– Você fez isso só pra não deixa-la magoada, não é? – ele me perguntou.

– Não. Foi porque eu quis e estou com muita fome. – respondi, só pra não começarmos com aquele clima estranho novamente.

– Há! Vai aproveitar pra filar a boia? – ele questionou, irônico.

– O mundo é dos espertos.

– E dos esfomeados.

– Cale a boca, Jackson. – peguei um travesseiro e taquei nele.

Percy se jogou na cama, fingindo estar inconsciente com o impacto do travesseiro assassino. Depois, começou a rir.

– Sabe – ele disse – é bom estar em trégua com você.

– Hum.

– Não vai dizer a mesma coisa?

– Não. Não antes de provar o lanchinho da sua mãe.

Levantei-me.Percy me seguiu e ficou ao meu lado, colocando o braço em volta do meu pescoço.

– O que está fazendo?

– Aproveitando a tarde de trégua. Não é todo dia que se consegue uma!

Sorri. O que eu poderia fazer? O estrago geral que era eu ter me apaixonado já estava feito. O que custava fingir por um dia que Percy era o cara mais legal do mundo e aproveita-lo? Bem... Nada.

– Ok. Vamos.

Thalia

Eu realmente odeio aquela vaca da Hera.

Quando aquela peste animal disse que eu ficaria de castigo durante toda a semana, ela não havia mencionado que eu deveria ficar totalmente presa dentro meu quarto sem uma santa companhia. E pior, sem TV, sem computador, sem tudo.

Juro que tentei. Ontem eu bati na porta do quarto até não aguentar mais. Mais hoje eu estou calma. Fiquei o tempo todo calma. Mas eu precisava urgentemente sair daqui, caso contrário eu ficaria totalmente louca! (Produção: Então, querida, pode ficar aí que o estrago já está feito!) (Thalia: Você é tão hilária, Produção) (Produção: Ah, eu sei, querida) (Thalia: *vomitando* Blé!).

Mas quem me tiraria daqui? Não havia como eu sair. A porta estava totalmente trancada! A não ser... Não. Não vou chama-lo. Sou orgulhosa de mais pra isso. Mas se eu não sair daqui, vou ficar completamente louca! Está bem, mais louca que o habitual.

Ok. Eu o chamo. Mas vou mandar uma mensagem, só pra não ser obrigada a ouvir o seu sorriso altamente debochado. Mas... como eu vou chama-lo? Ah! Hera não levou o meu celular!

Mando a mensagem e espero. Tá, eu sei que ele não vai vim. Porque viria? Ele sempre tenta ser um doce comigo, e eu sempre consigo passa-lo pro lado. Mas o que eu posso fazer se essa sou eu? Não consigo trata-lo do mesmo jeito que ele me trata. E, talvez, ele agora queira me dar um castigo e realmente não aparecer.

Ah, o que me importa? Eu não preciso dele. Não preciso. Não preciso...

Jogo-me na cama. Ah, eu preciso dele sim. Pelo menos, nesse momento, pra me tirar daqui. E me levar pra qualquer lugar...

Quarenta minutos se passaram e eu ainda lá. Uma hora. Nada. Desisti totalmente. Estava me direcionando a porta pra começar a grita novamente quando escuto pisadas dentro do meu quarto.

Minha emoção foi tão grande que eu acabei correndo a seu encontro e o abraçando. Ele não me abraçou de volta. Bem, só por um tempo. Me separei, já meu embaraçada e ele ria, claro.

– Isso tudo é emoção? – questionou Nico.

– Você não faz ideia do que é ficar aqui trancada o tempo todo. – soltei, ponto as mãos na cintura – Mas eu estou feliz que você veio.

– Eu sei – ele me olhava de um jeito esquisito.

– Ah, vamos? Não quero ficar aqui mais um minuto.

– Beleza.