Lorien Remains

Capítulo Extra I - Seis Anos Antes.


Deito na margem da lagoa, exausto, com os braços e as pernas abertas. Toda minha roupa está suja de cinzas.

Ainda não entendo como a garde vai aguentar isso. Fugir e lutar todos os dias. Sempre que mato um deles eu me sinto mal, mesmo que eu saiba que eles me matariam na primeira oportunidade.

Olho pra lua cheia acima de mim. O céu estava perfeito. Sem nuvens e estrelado. Eu amava quando o céu ficava assim. Amava olhar pras estrelas, tentando achar Lorien. Era meu passatempo quando tudo estava calmo. Quando eu não tinha que brigar com nenhum alienígena maluco ou ursos. Sim. Eu já briguei com ursos. E ganhei. Mas não recomendo muito isso.

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Meus dois casacos rasgados estão um sobre o outro, me protegendo do frio.

–Escorpião – digo, traçando a constelação com o dedo. – Ursa maior e... Andrômeda? É! Andrômeda.

Rio baixinho comigo mesmo. Falar sozinho não era tão ruim assim.

Escuto um ruído a direita e vejo um coelho branco pular de um arbusto e vir em minha direção.

–Rabby! – chamo. É, eu tinha um coelhinho de estimação. Que foi? Inveja? – Vem cá, garotão.

Ele chega perto de mim e eu afago seu pelo. Levanto-o no ar e o jogo pra cima, pegando-o de volta em meus braços quando ele volta. Coloco-o no chão e ele corre pra dentro da mata.

Observo a lua na lagoa. A luz da lua refletida na água era simplesmente linda. A água calma refletia perfeitamente a lua cheia.

Do outro lado da lagoa, animais tomavam água: Cervos, castores e o Rabby.

Deito na grama e olho pro céu outra vez. Agarro meu pingente lórico enquanto traço as constelações com os dedos.

Rabby volta e deita do lado da minha cabeça.

–Oi Rabby! Olha, aquela é a ursa maior. – Digo, apontando pro punhado de estrelas, em que eu não via de jeito nenhum um urso. – E aquele é o Scorp...

–TE ACHEI GAROTO! – uma voz sai da mata.

Levanto-me e corro pro meio das árvores, sendo seguido pelo Mog que eu não tinha matado.

Eu devia ter matado ele.

E eu vou matá-lo.

Paro e corro em sua direção, empunhando a minha espada, que tinha quase o meu tamanho. Ele pega sua espada e corre mais rápido em minha direção.

Ele me desarma facilmente com sua espada, e desfere um soco na parte direita do meu rosto. Ele ri, zombando de mim.

Mal sabe ele no que acabou de se meter.

Eu não mato com espadas.

Eu mato com as minhas próprias mãos.

De santo, eu só tenho o rostinho bonito.

Ele tenta outro golpe de espada, mas eu pulo pra frente e soco sua barriga.

Ser baixinho é uma vantagem, afinal de contas.

Ele tenta outro corte com a espada. A lâmina passa por um dos meus casacos, cortando-o levemente. Movo-me pra trás do Mog e chuto a parte de trás do seu joelho direito. Ele cai com o joelho direito nas folhas secas, e fica mais ou menos do meu tamanho. Pego sua cabeça por trás e a giro, quebrando seu pescoço. Ele vira cinzas imediatamente.

Não posso deixar de me sentir mal, mesmo que parte de mim goste do sentimento que matar traz. Mas eu sei que vou me acostumar, cedo ou tarde.

Provavelmente cedo.

Provavelmente eu já me acostumei.

Provavelmente eu gosto de matar.

Não. Eu sei que sim. Sei que comecei á gostar do gosto de matar. Sei que isso é horrível, mas eu não me importo. Não mais. Não depois de tanto sangue. Não depois de tantas cinzas. Não depois de tantas noites de choro. Não depois de tanta matança.