Livro 1 - Alvorecer de uma nova era

Capítulo 9 - Antes da tempestade...


Era o dia mais esperado pelos furões de fogo. Finalmente! O dia do campeonato. Depois de uma sessão de treinos de formação, Mako e Bolin gastavam o excesso de energia fazendo leves exercícios de dobra e treinos de agilidade.

Korra gostaria de estar tão animada quanto seus amigos, mas outra noite repleta de pesadelos a fez perder boa parte do descanso que precisava para se sentir em forma naquela tarde. Bocejou preguiçosamente ao mesmo tempo que esticou a coluna o máximo que conseguia, levantando ambos os braços acima da cabeça.

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Naga, que encarava sua dona, não conteve o bocejo reflexivo.

“Cadê a animação, KORRA?!” Bolin correu em sua direção. Abraçou-a pela cintura, como um urso, e girou no lugar. Aquilo fez com que sua amiga risse apesar do cansaço. “Hoje é o nosso grande dia!” Ele disse ao colocar Korra no chão.

“Eu sei, eu sei! Estou animada!”

Mako, que até então estava focado em acertar três fotos do Tahno com jatos de fogo ao mesmo tempo em que segurava halteres de 5 kg em cada mão, se virou com um sorriso debochado e brincou “Se isso é animação não quero nem ver você desanimada, vai me dar depressão!”

Colocou os pesos em seus devidos lugares e se aproximou de sua amiga.

“Ha ha” Korra rolou os olhos, apesar do pequeno sorriso em seu rosto. Mako não poderia ter ideia do quão próximo ele chegou de uma realidade abandonada, onde o desalento de Korra era tal, que seus amigos absorviam dela a negatividade que piorava seus próprios processos de luto. Por sorte, pôde voltar a um mundo em que não precisavam dela inteira. Pois, apesar de suas perdas reparadas lhe darem novo ânimo para agir como se fosse a Korra de que se lembravam, carregava o eterno peso da preocupação junto das marcas em sua alma.

“Eu não consegui dormir bem. Toda essa crise em cidade república está me preocupando.” Agora não era um momento em que tinha forças para fingir. Suspirou ao final de sua frase, deixando transparecer completamente o quão cansada se sentia. Sentou-se no banco perto de onde Naga estava.

“Ah, não fique assim, Korra!” Bolin disse, sentando-se ao lado dela. “Tenho certeza de que não vai demorar muito até que os igualitários desistam de seguir o Amon. Você está trabalhando duro mesmo, as pessoas estão reconhecendo isso.”

Korra ainda não estava convencida de que era o suficiente. Na maioria das vezes, temia muito mais as decisões de Tarlok do que as de Amon. Até porque lutar contra Amon era fácil. Um vacilo que ele desse, Korra poderia capturá-lo e expor sua verdadeira face. Os igualitários não defendiam um homem, lutavam por uma causa. Tarlok, no entanto, tem influência legítima. Era um conselheiro respeitado por muitos na sociedade (apesar de todas suas decisões contraditórias), e é reconhecido por outros governos fora de cidade república.

Ele é um dos representantes oficiais deste Estado e, de acordo com a lei, independente da injustiça de suas ações, ele tem o direito de criar estes projetos contra não dominadores.

Bater de frente com Tarlok era o verdadeiro problema. Caso impedissem a revolução igualitária antes de retirá-lo de cena, Korra temia a possibilidade de ele pegar a glória para si e manter cidade república na situação em que está, ou pior: Com ele como líder supremo.

Mais do que nunca, precisaria reunir a Lótus Vermelha.

Korra gostaria de poder falar com Zaheer, mas seu parceiro de viagem no tempo ainda não tinha a dobra de ar, logo não conseguiria entrar no mundo espiritual através da meditação.

Poderia ir atrás de uma vida passada, atrás de outro guia. Mas como não era ela quem escolhia qual dos avatares viria ao seu auxílio, nem Raava sabia qual dos espíritos apareceriam para guiá-la, preferiu não visitar o mundo espiritual ainda. Imaginou que Aang, com sua conduta pacifista, a criticaria por suas escolhas caso aparecesse. Não queria encontrá-lo, pois sabia que ouviria dele tudo o que não gostaria.

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Mesmo sentindo que estava fazendo o correto, odiava desapontá-lo.

Mako notou a preocupação de Korra, e gostaria de poder aliviar sua mente. “É.” disse ele, concordando com o que Bolin havia dito anteriormente, tirando Korra de seus pensamentos. Sabia que a maioria dos medos de sua amiga eram causados por um pessimismo infundado.

As preocupações de Korra continham muito mais paranóias e ‘e se’s do que as próprias projeções de pior cenário possível do Mako. A maioria das suposições dela colocava-os em situações mais decadentes do que realmente poderia acontecer. Nunca imaginou que Korra, tão descontraída e infantil, teria pensamentos mórbidos como os que a atormentavam. “Bolin está certo, Korra. Lembra da Maia?” Sentou-se em frente a Avatar, de pernas cruzadas no chão.

Ah! A jornalista! Korra sorriu ao lembrar-se da jovem garota que, com apenas uma pergunta, a ajudou tremendamente.

Korra recebeu a abertura de expor de maneira clara o que pretendia fazer para ajudar cidade república. E ainda mais, a jornalista fez o melhor trabalho que podia para expor Amon e Tarlok pelos mentirosos aproveitadores que são.

“Ela escreve diariamente sobre você. Acompanha seus programas de rádio e resume com boas notas coisas importantes que você diz. Até mesmo quem não se conecta para ouvir você acaba lendo de qualquer maneira.” Mako concluiu “Você não está sozinha, Korra. Além de nós, tenho certeza de que há centenas de outras pessoas dispostas a te ajudar.”

Korra sorriu em direção ao seu amigo “Obrigada.” Apoiou uma de suas mãos no ombro do Mako, a outra no ombro de Bolin, sorriu abertamente e trouxe ambos para um abraço “O apoio de vocês significa muito pra mim.”

“Aaawwn, vocês são tão fofos!”

“Asami!” Mako e Korra disseram ao mesmo tempo, ambos desfazendo o abraço rapidamente para olhar na direção da voz.

Korra acabou utilizando o ombro do Mako para se impulsionar, fazendo o dominador de fogo perder o equilíbrio e cair de bunda no chão.

“Opa” Disse, surpresa. “Foi mal, Mako!” Estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar.

A risada da Asami fez o Mako perder a careta de frustração que tinha no rosto. Quando ela vai superar essa crush? Pensou e respondeu em seguida: “Sem problemas” aceitando a ajuda.

Logo que se pôs de pé, correu até Asami e a beijou.

Como sempre, Asami soltou um som de satisfação durante o beijo e sorriu com aqueles lindos dentes assim que se afastaram. “Oi, amor.”

Asami parecia tão feliz. Realizada. A pontada de ciúmes que fazia Korra querer ser o Mako naquela situação era ofuscada pela felicidade de ver aquele sorriso aberto, aqueles olhos verdes cheios de vida e brilhantes. A sua mera presença preenchia o coração da Korra, de maneira que se tornava irrelevante tê-la em seus braços ou não.

Asami estava viva.

Viva, feliz, e presente em sua vida.

Hipocrisia seria dizer que não queria beijá-la, mas Korra tinha a liberdade de sua imaginação pra fazê-lo. Em sua mente, ainda tinha os braços de Asami ao redor de seu pescoço enquanto a abraçava pela cintura.

Uma vez que acabaram com a demonstração de afeto, Mako virou-se para a sua equipe com um sorriso satisfeito e disse “Asami e eu vamos a um encontro, vemos vocês mais tarde.”

Foi um Dejavu, e não dos bons.

Pra o consolo de Korra, a Engenheira veio se despedir com um abraço, daqueles que faziam a Avatar se sentir completamente aconchegada. Ao se afastar, aquele olhar inquisitivo prendeu-se aos seus.

“Você parece cansada, está tudo bem?”

“Está sim. Não se preocupe.”

"Certo...” Segurou os ombros de Korra, deu um leve aperto e a trouxe para outro abraço. “Vê se relaxa um pouco, quero ver vocês vitoriosos!”

“Seremos!” Respondeu Korra, com sua voz abafada devido à proximidade de sua boca com o casaco protegendo pescoço da garota mais alta. Depositou um leve beijo no local, inocente o suficiente para que pudesse passar como amigável, mas completamente egoísta em sua essência.

Korra despejou seus sentimentos em um gesto. Foi um alívio para a pressão que apertava seu peito, como a força de um rio empurrando a parede de uma barragem, implorando para que as palavras ‘eu te amo’ saíssem de sua boca.

Asami sorriu divertidamente ao se afastar “É essa confiança que eu amo ver em vocês.” Notou que o dobrador de terra estava assistindo aos cumprimentos e aparentava querer um abraço também. Foi se despedir de seu cunhado da mesma maneira. Não conteve as gargalhadas quando foi levantada do chão.

“Até mais!” Disse Asami, com aquele mesmo sorriso radiante, antes de se permitir ser guiada até a saída com o braço de Mako ao redor de seus ombros.

Em pensar que até poucos dias atrás essa mulher não estava mais entre eles.

Felicidade não descrevia de maneira completa o que Korra sentia ao vê-la.

“Até...” Korra tinha um sorriso abobalhado e manteve-se acenando até que a engenheira estivesse fora de vista. “Ai, ai...” Suspirou e então virou o rosto para encarar Bolin, que já a avaliava como se estivesse notando algo estranho em sua atitude.

“Que foi?”

Bolin tomou um leve susto por ter sido pego encarando. “Nada, nada.”

Korra não estava nem um pouco convencida de que não era ‘nada’. Arqueou uma sobrancelha e esperou que ele se explicasse.

Bolin limpou a garganta e decidiu tentar a sorte mais uma vez. Ele não era tolo, sabia que Korra o enxergava apenas como um bom amigo. Mas nós nos damos tão bem! Será que um dia ela vai notar que a gente seria um casal incrível?!

Korra nunca o tratou como se ele fosse burro, e sempre dizia coisas legais. Isso significava muito vindo de alguém que ele admirava, Bolin sentia-se respeitado.

Sem contar que nunca viu uma pessoa tão linda quanto ela. A mais linda. A gente teria filhos incríveis!

“Korra... Tá afim de dar uma volta também? É a primeira vez desde que nos conhecemos que a gente fica realmente sozinhos com tempo livre. Eu gostaria de te mostrar uns lugares legais… sei lá, estreitar nossos laços.”

Entrelaçou seus dedos juntando ambas as mãos, numa mímica que replicava ‘união’. Ao ver a expressão de Korra mudar de curiosidade pra terror em menos de cinco segundos, Bolin imaginou que seria rejeitado.

Contudo, antes que realmente sua amiga pudesse fazê-lo, decidiu dar pra trás. Não queria tornar estranho aquele bom relacionamento que tinham. Sabia que poderia contar com Korra para o que precisasse. Aquilo era muito mais importante do que seu orgulho ferido. Sentia-se rejeitado, mas valorizava Korra demais para querer afastá-la.

“N-n-não como um en-encontro.” Esperava que um dia ela o reconhecesse como um bom partido, mas não estragaria o que já tinha por forçar a barra. “Digo... é que... Mako e Asami estão sempre... Tipo... fazendo coisas de casal e... Sei lá, eu me sinto meio por fora... achei que seria legal passar um tempo contigo sem me sentir uma vela... sabe?”

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Korra riu. Tanto de nervoso, quanto por achar seu amigo uma graça. Triste realidade... “Você está certo, Bolin. Mako e Asami esquecem que nós existimos as vezes.”

Contudo, era impossível culpar o casal. Estavam vivendo sua fase de lua de mel, Korra entendia o grude. Se ela fosse Mako, não faria nem um pouco diferente.

Sem contar que... lembra de ter feito muito pior na época em que namorava o Mako. Só de lembrar, sentia um pouco de vergonha alheia por ter feito seus amigos presenciarem tudo aquilo.

Asami é até bem recatada, sempre parando o Mako quando o mesmo tentava estender as demonstrações públicas de afeto.

Parte de Korra tinha esperanças de que isto era porque Asami sentia algo por ela. Mas era apenas uma pequena parte mesmo, bem pequenininha.

Era realista o suficiente para não se iludir com tais mudanças no comportamento da engenheira.

“Então... Vamos?” Bolin fez um gesto com as mãos, apontando para a saída da academia, fazendo Korra rir de sua atitude.

“Ok. Vamos.” Korra considerou aquela uma oportunidade de ser honesta com ele. Não preciso dizer que Asami é a pessoa por quem estou apaixonada, mas ele pode saber o porquê da rejeição. “Mas primeiro, quero bater um rango no Narook’s!”

“UHUL!” Ele ergueu os braços, comemorando a pequena vitória. “Vambora!”

Korra odiava pensar que estava plantando falsas esperanças no coração de seu amigo, mas não conseguiu evitar o sorriso no seu rosto quando viu Bolin fazendo uma dancinha boba, girando no próprio lugar. “Naga!” Ao ser chamada, sua cadela-urso polar se pôs de pé, e a encarou com antecipação. Sua grande língua balançava como num sorriso canino. “Vamos pro Narook’s!”

“AU!” virou-se para que Korra pudesse subir em suas costas, partindo a toda velocidade assim que sentiu o peso da segunda pessoa se ajeitando na sela.

“Woah!” Exclamou Bolin, se segurando firme para não cair. Mesmo que passe a maior parte do tempo ajudando Korra com os seus deveres de Avatar, ainda não se adaptou ao tranco que levava nas primeiras passadas daquela cadela gigante.

Em seu escritório, Hiroshi avaliava os diagramas dos novos projetos da Asami. Mais uma vez, ele sentia seu peito inflar de orgulho ao vê-la tomando as rédeas em relação ao desenvolvimento da empresa, como uma verdadeira administradora. Ela prova dia após dia que está pronta pra assumir os negócios. Isso o deixa mais tranquilo quanto ao próximo passo do seu plano para o avanço do projeto igualitário.

Após Cidade República ser liberada da dominação, e reestruturada para a nova forma de governo do Amon, vai ser o momento de avançarem para outras nações. Com Asami preparada para assumir o comando de sua empresa em cidade República, ele poderá ir tranquilamente abrir uma filial em Ba Sing Se. Sua nova empreitada disfarçará seu projeto de levantar o movimento igualitário gradualmente, da mesma forma como foi em Cidade República, até Amon ter apoio o suficiente para marchar em direção ao reino da terra com reforços internos.

Os igualitários estão quase prontos para o ataque final. É só uma questão de tempo até eles botarem em prática o ataque ao conselho.

A única preocupação que Hiroshi tem no momento é: Se ele falir, a empresa não terá fundos para financiar os equipamentos do exército, muito menos para abrir a tal filial em Ba Sing Se.

Não queriam uma guerra civil pelo controle de Cidade República. Contudo, caso ocorra, é necessário estarem preparados.

Korra, idealista e ingênua, acreditava em suas próprias ilusões de um mundo melhor com dominação. Tanta fé e confiança são como um clarão que cega as pessoas para o que estava bem à frente delas: Injustiça diária.

Na história do mundo, toda injustiça foi cometida por um dominador.

O ciclo avatar foi um erro. A dominação foi um erro. Olha todas as guerras causadas por pessoas prepotentes. Mais uma vez ele encara a oferta feita por um bilionário do reino do fogo por sua propriedade em Omashu. O valor era aceitável. O suficiente para cobrir os gastos dos próximos seis meses e financiar o resto das máquinas necessárias para revolução.

Mas foi lá que ele passou a lua de mel com sua falecida esposa. Foi lá que ele levou Asami para suas primeiras férias. É lá que ele tem as melhores lembranças de sua vida.

Suspirou...

Memórias são memórias. Ele encarou a foto de sua esposa em cima de sua mesa. Eu sempre vou carregá-las dentro de mim. Enquanto eu viver, vou me lembrar. Mas para que finalmente as futuras gerações não tenham que sofrer com o que nós sofremos, para que eu possa te vingar, meu amor...

Pegou a caneta, pronto para assinar o contrato. Amon vai corrigir o erro da dominação. Sua mão tremeu ao assinar a primeira letra do seu nome. Lágrimas encheram seus olhos. É só uma casa... Tentava se convencer, enquanto lentamente assinava aquele maldito papel. Pela revolução!

Ele furiosamente assinou o contrato o mais rápido que conseguia. Puxou o ar pelo nariz, segurando a respiração por alguns segundos, e liberou pela boca. Conteve as lágrimas na base da raiva. Malditos dominadores... hoje eu perco mais um pedaço de mim, mas vocês vão pagar em dobro!

O som do telefone reverberou em sua sala, fez a sua mesa tremer, e seu foco retornar para o presente. “Alô?”

“Hiroshi, tenho boas e más notícias para você.”

“Fausten! Está tudo indo de acordo com o planejado?”

“Sim, em partes... Consegui convencer Tarlok de que sou aliado da força tarefa.” Claro... Pensou Hiroshi, que tipo de ex-dominador apoiaria seu algoz?

Fausten era exatamente o tipo de pessoa por quem Hiroshi tinha profundo respeito. Foi o primeiro dominador a querer se livrar de sua impureza pra se juntar ao movimento igualitário.

Por ter sido um detetive da polícia antes de ‘perder’ a dominação, está acima de qualquer suspeita. Ninguém imagina que Fausten apenas abandonou seu serviço por ter se desiludido com os valores da instituição.

Queria combater o crime das gangues, culpadas por deixá-lo órfão tão novo. Culpadas também por extorquir o casal não-dominador, donos de uma linda boutique de antiquários levada a falência, que o adotou. O que encontrou quando finalmente se juntou a equipe de investigação foi algo completamente diferente do que esperava.

Cansou de ver pessoas corruptas carregando o símbolo da justiça. Todos comprados pelos chefes das tríades para permitir suas atividades ilícitas. Cansou de ver seus superiores acobertando toda essa podridão. Cansou das ameaças de morte, e ameaças contra sua família sempre que esbarrava em lugares que ‘não deveria’.

Abandonou o uniforme e foi trabalhar por conta própria, ajudando quem precisava. Aqueles que tinha suas investigações abandonadas sem razão, por acobertamento descarado. Aqueles que eram injustiçados e não conheciam a proteção da lei.

E, quando era pra conseguir dinheiro, o fazia conseguindo material de chantagem para ricaços que queriam ter um Ás na manga contra seus inimigos políticos.

Tal qual fizera a favor de Tarlok recentemente.

“Eu alimentei a obsessão dele pela jornalista pro-avatar. Desviei a atenção, tirei o foco dele de alguns de nossos ralis. Ganhei um tempinho para recrutarmos mais gente. O problema é que... ainda assim, pra manter a confiança dele e conseguir um pouco de dinheiro pra causa, eu tive que ajudá-lo a projetar um plano para a captura dessa garota.”

“Você entregou uma inocente pro Tarlok?”

“É, mas veja bem... Não acha que, se ela for injustiçada como vários de nossos irmãos, ela possa se tornar uma aliada?”

Hiroshi não tinha certeza. Lembrou de sua filha que também é apoiadora da Avatar. Duvida que qualquer injustiça, se não for praticada pela própria Korra, tire sua fé na dominadora e seus ideais distorcidos. “Não sei não, Fausten. Esses apoiadores da Avatar são cegos para a verdade.”

“De qualquer forma, o que foi feito, foi feito. Podemos libertar ela quando formos para o ataque final, você tem mais com o que se preocupar agora.”

“O que quer dizer com isso?” Hiroshi perguntou, seus olhos desviando para o papel que acabara de assinar.

“Tarlok está desconfiando de você. Me pediu para investigá-lo”

Hiroshi fechou os olhos, e se sentou em sua cadeira. Um suspiro escapou antes que pudesse evitar. Fausten deve ter ouvido sua forte respiração do outro lado da linha. Como se eu já não tivesse problemas o bastante... “Ele disse o porquê?”

“Não. Apenas me pediu para te investigar. E eu não sou bobo para perguntar os motivos dele. Preciso manter a aparência de quem cumpre ordens sem pestanejar.”

“...O que faço agora, Fausten? Qualquer investigação mais a fundo sobre minhas transações financeiras consegue me conectar com o movimento. Eu não declarei o dinheiro que gastei com os mecatanques. Se isso for investigado...”

“Não será. Tenho um plano, e isso pode te ajudar também a se livrar da concorrência dos Gan-Lan...”

Malditos lambe-botas... Cachorrinhos de colo do conselho...

“Diga...”

“Eu vou criar uma falsa trilha em direção às indústrias Repolho. Eles também escondem lucro a todo momento para evitar mais contribuições pro governo. Posso usar isso como cortina de fumaça. Tarlok tem tanto preconceito em relação aos não dominadores que, se eu der qualquer indício de que os Gan-Lan são envolvidos com o movimento igualitário, ele vai acreditar. A pergunta é... O quão bem você consegue fingir ser aliado da força tarefa?”

Hiroshi pensou rápido.

Se o Fausten tiver sucesso, as indústrias repolho estariam envolvidas em um escândalo. Os furões de fogo têm a avatar no time, o nome das Indústrias Futuro ganharia mais visibilidade. Sua maior concorrente de vendas e licitações perderia clientes, enquanto ele seria capaz de se promover em cima disso.

Rasgou o contrato de compra e venda de sua preciosa casa com um sorriso satisfeito.

“Minha filha está namorando um dominador e ninguém notou que eu estive prestes a torná-lo estéril este tempo todo. Acho que sei fingir muito bem.”

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“Ótimo, então presta atenção, preciso que você faça exatamente o que eu te disser...”

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.