Little Soldier

Capítulo 22


Quando entramos no salão, passou-se um segundo até toda a falação parar. Deuses e semideuses nos encaravam, mas tenho certeza que Zeus nos olhava como se pesasse quão perigosos podíamos ser. Senti um laço maníaco meu querendo sumonar um tufão junto de Percy novamente só para ver a cara patética que ele faria. Arrisquei uma olhada para os dois ao meu lado, e podia dizer que a linha de pensamentos dele não era muito diferente.

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–Bem. - Meu pai tomou um passo a frente, e muito me surpreendei quando ele não mudou de forma; permaneceu grego. De certa forma, eu devia ter esperado por isso, mas fez tudo parecer mais definitivo; imutável. Claro que eu ainda amava meu antigo acampamento. Cresci e fiz meu nome lá. Tive uma família lá. Mas a escolha parecia já ter sido feita. - Acredito que todos saibam porque estão aqui.- ele continuou me encarando diretamente nos olhos. Encarei de volta, levantando um pouco mais meu nariz. Escutei Percy abafando uma risada.

–Temos um palpite. - Annabeth meneou a cabeça, mas a frase deixava claro que ela queria que os deuses dissessem. Percy sorriu e nos puxou para frente, se juntando á formação. Nico olhou para trás, parecendo procurar alguém.

–Bem, vocês salvaram o mundo. De novo. – Sr. D disse, parecendo irritado e feliz ao mesmo tempo, mas talvez isso fosse pela taça de vinho na sua mão.-É bem óbvio que temos que recompensar vocês.- ele abanou a mão em descaso, mas ele parecia feliz mesmo assim.

–Recompensar é uma palavra muito vaga. - Cantarolei, provocando. EU sabia que os deuses nos dariam qualquer coisa. Mas isso não tirava minha irritação com nenhum deles. Sem perceber, meu aperto no braço de Nico ficou mais intenso e ele o tirou de lá para entrelaçar nossas mãos. Por um momento esqueci que eu devia parecer presunçoso e encarei Nico, chocado. Seu rosto estava um pouco vermelho, mas sua expressão não entregava mais nada. Ele me deu um aperto confortante na mão e deu um sorrisinho mínimo.

Senti minha cabeça leve e voltei a encarar os deuses, mas meu pai me encarava como se eu fosse muito maluco, ou muito corajoso.

–Então, quem vem primeiro?-Minerva chamou e eu me confundi ao vê-la na forma romana, sendo que meu pai continuava sendo grego. De relance pude vê-la mirando entre eu e Percy, mas fizemos ainda pior. Empurramos Leo na frente.

–Hã... Oi. - ele balbuciou para o pai e os dois se encararam sem jeito por alguns segundos. Depois, muito lentamente, Vulcano ergueu a mão e colocou-a no ombro do filho.

–Estou muito orgulhoso de você. - murmurou, mas parecia que ele realmente estava. Leo sorriu como criança e o cabelo dos dois explodiu em fogo. Mordi a boca para não rir, mas eles riam de si mesmos e pareciam contentados. Então eles engataram numa conversa sobre maquinas e óleo pingando de um martelo esquisito e logo foram deixando de ser o centro das atenções.

–Bem. - Minerva limpou a garganta, parecendo ligeiramente agradada e se voltou para nós, esperando o próximo. Ninguém precisou pensar antes de empurrarmos Piper para frente. Literalmente, porque ela parecia querer poder sumir com tantos olhares sobre ela.

–Ah, querida!- Venus pulou de seu trono enfeitado e correu a filha e a puxou entrelaçando os braços, e a levando para longe, os cabelos negros voando atrás dela. -Temos tanto a conversar!- ela disse animada, como se Piper fosse algum tipo de programa interessante. Rolei os olhos, mas sorri mesmo assim. Os deuses se voltaram para nós, e notei de canto de olho que alguns deuses menores estavam presentes na sala também, mas parecia que algo faltava. Tentei me lembrar do que podia ser, mas não consegui achar nada.

Frank deu um passo confiante á frente, coisa que me surpreendeu muito. Achei que teríamos que o rebocar até o pai. Ares, entretanto, deu um sorriso maníaco e socou o ar.

–Voce foi incrível!- ele esganiçou, parecendo mais alguma criança que acabara de ver uma mágica do que um deus todo poderoso- Simplesmente eliminou todos eles! Esmagou-os bem como mereciam! Ah, esse é meu filho, Olimpo! Tão bom quanto à irmã. - por um momento me perguntei que irmã ele tinha que o fizera tão feliz, mas não me importei com isso quando vi que ele sorria confiante para o pai.

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Antes que eu pudesse empurrar Thalia para frente, duas coisas aconteceram.

Reyna deu um passo à frente.

Nico soltou minha mão.

Entrei em desespero, achando que eu havia feito algo, mas quando o vi marchando até a lareira, sorri, sentindo o sentimento de estar faltando alguma coisa indo embora. Hades e outros dois deuses estavam sentados ao redor dela, ignorando os tronos próximos a eles. Nico se juntou a eles sem hesitar e para minha surpresa, Hades o recebeu com um abraço seguido de maldições em grego e –pasmem- uma risada. Percebi com espanto que a risada do deus, assim como a de Nico, apesar de rara, era bonita.

Agora, próximos um do outro, eu conseguia ver as semelhanças entre eles. Os mesmos traços fortes, poderosos. Os mesmos cabelos negros e olhos que seguravam segredos e mistérios que poderiam acabar com o mundo. As mesmas mãos pálidas de dedos compridos e o mesmo jeito de sorrir; como se quisesse muito fazê-lo, mas a muito tivesse esquecido.

–Gostaria de falar com ele também. - Hazel comentou, me puxando de volta- Mas se ele fizer isso, teria que me levar de volta. Faz algum sentido?- ela riu, mas não parecia magoada.

Dei um meio sorriso e olhei em volta. Agora somente Percy, Annabeth, Hazel e eu ainda estávamos na ‘formação’. Hazel deu um passo à frente, fez uma reverencia respeitosa e seguiu para trás, onde Hécate estava.

Depois, eu fiquei em dúvida. Eu devia ir? Sinceramente não me importava. Mas Annabeth não era filha de Atena por nada e deu um passo a frente. A mãe dela, que a esse ponto já devia ter notado o que estávamos fazendo, sorriu e encheu o peito com uma expressão orgulhosa.

–E você minha filha? Há algo mais que possamos dar a você a esse ponto?-ela perguntou, divertida. Annabeth pareceu compartilhar de uma piada particular e então acenou com a cabeça.

–Na verdade... Tem uma coisa. - ela disse sorrindo. A deusa a acompanhou.

–Então me diga.

–Eu quero que todos os semideuses tenham o déficit de atenção e a dislexia diminuídos. Aqueles que querem devem conseguir estudar. - O pedido dela, tão inesperado me fez rir, mas não realmente me surpreendeu. Era apenas a cara dela. -E ah... Uma reforma nos dois acampamentos não seria nada mal.- ela disse aquilo e eu seria um porquinho da índia se aquilo na voz dela não era presunção. Claro que era seria a líder dessas reformas.

–Então assim será feito. -Minerva replicou, ainda sorrindo, e estendeu uma mão para ela. Ela aceitou e as duas se afastaram. Sobrando apenas eu e Percy, ele aumentou o aperto em minha mão esquerda, e eu pude entender o que ele pensava. Os deuses não nos fariam brigar por algo tão bobo. Ambos demos um passo a frente ao mesmo tempo e desafiamos alguém a nos dizer o contrário.

Poseidon foi o primeiro a tentar quebrar a tensão, vindo até nos. O que muito de surpreendeu, pois ele definitivamente não era nada do que eu esperava.

Ele usava chinelos de dedos, uma bermuda clara, uma camisa havaiana colorida e um chapéu de pesca. Não era o tipo de cara que você tá uma segunda olhada. Mas os olhos dele- verdes elétricos e aconchegantes- tão parecidos com os de Percy te passavam tranquilidade e conforto, mas a linha de seus ombros dizia o quão destrutivo ele poderia ser. Exatamente como mar. Então pareceu fazer sentido o porquê antes de toda a bagunça de algumas semanas atrás, a presença de Percy sempre me acalmou. Thalia e eu costumávamos ir à praia perto de casa o tempo todo para escapar da mamãe.

–Hey Percy. Jason. - ele cumprimentou o filho com um abraço entusiasmado e me deu um aperto de mãos, como se quisesse me dizer alguma coisa. Ele nem mesmo parecia ser um deus agora. Apenas um pai preocupado. Sorri, consternado. Eles eram realmente parecidos.

–Jason. -Soltei um suspiro forte e me virei para encarar meu pai. Ele ainda vestia um terno azul-marinho, e tinha uma barba emaranhada grande demais. Mas seus olhos pareciam pequenas bolinhas de gude; preocupadas, ressentidas. Quase me senti tentado a o abraçar. Enfiei as mãos nos bolsos da calça e isso aplacou a vontade.

–Zeus. -fiz questão que frisar o nome dele, e não chamá-lo de pai em voz alta. Isso pareceu o magoar um pouco, mas não liguei. Ele nunca esteve lá. Ele nunca sequer mandou sinais que ele estava olhando. Nunca mandou ajuda. Nunca se importou.

Nos encaramos por alguns segundos, e então notei que ele não dizer nada que fosse resolver nossa situação.

–Desculpe te desapontar, se você esperava abraços também. Mas não é como se... -ponderei não dizer, mas uma olhadela para todos os meus amigos, conversando com os pais, que em algum momento, haviam os ajudado me fez irritado novamente.-Não é como se você agisse como meu pai, não é?-resmunguei, e fiquei surpreso por ele não responder. Suspirei e olhei para os outros deuses, procurando uma em especial.

Quando a encontrei, nem mesmo me importei em dizer adeus para Zeus. Andei até ela, e somente para irritar inda mais meu pai, para ela fiz uma mesura contida.

–Olá, jovem semideus. - Makaris, deusa da boa morte e dos finais felizes, me cumprimentou com um sorriso leve. Desde que Artemis nos chamou aqui, eu já sabia o que eu iria pedir. Antes mesmo de toda a história de ‘ganhar recompensa’ começar eu já sabia o que eu iria pedir. - O que posso fazer por você?- ela perguntou numa voz leve que me acalmou um pouco.

Olhei para trás, onde Nico estava conversando com o pai. Eles estavam sentados lado a lado, como iguais, e pareciam argumentar sobre alguma coisa, mas riam. Os dois deuses próximos a eles sorriam protetores, mas não se envolviam na coversa. Por um instante, ambos olharam para mim. Hades me deu um sorriso moderado, e acenou com a cabeça sem que o filho notasse. Nico me jogou um sorriso aberto e convidativo; quente, aconchegante, feliz. Um verdadeiro que faziam seus olhos sempre tão frios parecerem chamas.

E o que eu não daria para ter aquela expressão para sempre gravada no rosto dele.

Me voltei para a deusa, mesmo ela parecendo já saber o que eu ia dizer.

E eu sabia, que eu nunca iria me arrepender dessa decisão.