Little Princess Ii

Os Sons do Silêncio


Capítulo 17 – Os Sons do Silêncio

Pov's Bella:

Quando finalmente saí da cama, o sol estava prestes a nascer – não sei, eu simplesmente sentia isso. Era o meu Sol. Respirei fundo, tirei as últimas duas lágrimas que escorriam por minhas bochechas e levantei. Fiz tudo em "velocidade retarda".

Demorei quase uma hora no banho e sequei meu cabelo com o secador – ao invés de simplesmente usar meus poderes do Sol e fazer uma espécie de secagem instantânea. Não sabia que dia era hoje, mas, se tinha escola, ignorei totalmente. Não tinha nenhuma vontade de sair para um lugar humano.

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Não estava sol, mas também não estava frio para os seres normais. Então, coloquei um vestido xadrez preto e branco, um tênis all-star preto (sim, era para o caso de eu ver Lucy e ela surtar), além de óculos pretos prendendo a minha franja para trás – ela começava a cair no meu olho novamente.

Meu rosto não estava tão ruim, considerando que eu tinha chorado por horas a fio. Coloquei pouca maquiagem, deixando para lá – minha aparência hoje não era a coisa mais importante. Não quando você é "terceira geração de uma pessoa", e não é no sentido filhos.

Desci as escadas e encontrei a casa vazia. Atravessei a cozinha, encontrando um prato com bacon e ovos na bancada, com um bilhete do lado – havia a letra de Ben: Bella, antes que você fique perdida, hoje é sexta-feira, você dormiu três dias. Ninguém teve coragem de te acordar. Edward – aliás, quero saber o que ele faz no seu quarto – teve de ir para aula (obrigado por Alice e Esme), mesmo querendo ficar com você. Descanse, voltamos mais tarde. Mantenha-se longe de perigos.

Bilhete? Estava mais para uma carta, mas, tudo bem. Espantei-me brevemente na parte "dormir até sexta feira", todavia, eu parecia estar fazendo muito isso. No Sol eu não dormia tanto, meu sono era normal – e sem desmaios, que já está um saco.

Bom, ia ser um pouco chato sem ninguém aqui, por esse motivo, decidi ir à casa dos Cullen, quem sabe Esme não estivesse lá? Porém, depois de cinco minutos de corrida, encontrei a casa vazia, somente um bilhete com a letra de Alice (quantos bilhetes!):

Bella, eu previ que você acordaria – felizmente seu futuro está cada vez mais claro e menos borrado, mas, dessa vez, foi mais intuição –, por esse motivo, Ben escreveu um bilhete. E vi breves borrões de cabelos claros aqui em casa, e, imaginando ser você, fiz o meu recado também. Esme foi caçar, todos nós estamos na escola, Sam e Paul estão fazendo ronda, o resto dos lobos está na escola da reserva e Carlisle está no trabalho.

Beijos, Alice.

Ergui as sobrancelhas. O povo não sabia o significado da palavra "bilhete"? Olhei atentamente o post scriptum na carta de Alice:

P.S: Ele fica em uma prateleira no armário mais discreto da cozinha. É somente para emergências, o que é o caso. Não é humano, mas servirá para esta vez. Esquente, não é bom frio.

Durante alguns segundos, franzi a testa, completamente confusa sobre as maluquices de Alice. Até minha garganta arder e o p.s fazer sentido. No armário mais discreto? Eu caminhei até a cozinha e olhei em volta. O armário era praticamente invisível, somente quem soubesse que ali estava, perceberia.

Abri a porta do armário e os vi: pelo menos cinco bolsas de sangue vermelho e – minha boca salivou – delicioso. Engoli em seco, eu não queria ter essa reação ao ver sangue. Sentindo o cheiro, vi algo levemente diferente. Parecia sangue humano, mas era menos... Cheiroso. Sangue de animal? Provavelmente de um carnívoro. Agora, eu não tinha a mínima idéia de como os Cullen suportavam a sede e conseguiam colocar sangue em bolsas de doação.

No entanto, minha garganta queimou num aviso e eu logo peguei a bolsa. Não consigo resistir à sede num primeiro momento, então, simplesmente rasguei o plástico da bolsa com os dentes e tomei tudo como se fosse água de um oásis. Entretanto, com a sede mais, digamos, saciada, consegui ser racional e esquentar a segunda bolsa de sangue no microondas.

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Bizarro. Quero dizer, quando na sua vidavocê pensa que vai esquentar sangue em um microondas? Não gastei um copo, somente terminei o sangue e joguei os sacos de plástico vazios na lixeira.

Voltei para a sala dos Cullen e sentei no sofá. Meu estomago pensou nos ovos e no bacon que – provavelmente Ang – alguém preparara, mas não senti fome. Sentia-me empanturrada depois de todo aquele sangue.

O relógio moderno na parede marcava duas e trinta e três. Hm. Eu tinha realmente dormido muito, mas felizmente faltava pouco tempo para as aulas acabarem por hoje.

Não devia ter passado nem cinco minutos de silêncio, comigo deitada no sofá, quando, de repente, senti um cheiro diferente. Era adocicado e tinha um leve resquício de carvalho. Vampiros!, minha mente apitou.

Em um segundo estava do lado de fora da casa, com os olhos atentos às árvores. Eles eram cinco e seus olhos dourados não me fizeram relaxar.

Os dois que estavam na frente eram obviamente parceiros, devido à suas posturas íntimas e, do homem, protetoras. A mulher era jovem – talvez tivesse a idade eterna de Esme ou Chelsea – e muito bonita. Os cabelos eram negros, a pele ligeiramente escurecida pela ampliação pálida dos vampiros, seus olhos também eram dourados. Linda, linda, ela. O homem ao seu lado também era um jovem. Os cabelos escuros, alto, bonito e parecia um latino.

Um pouco mais atrás, encontravam-se três mulheres – talvez tivessem a idade de Rose ou Lucy. Todas elas eram bonitas. A do meio tinha cabelos loiros e, estranhamente, morango. Era uma mistura esquisita entre loiro e ruivo, mas parecia macio. Era adorável, ela.

A da direita tinha cabelos loiro platinados e era a mais baixa entre elas, apesar da diferença não ser muita. E a da esquerda tinha os cabelos loiros dourados e encaracolados, sendo, obviamente, a mais alta ali.

- Quem são vocês? – perguntei calmamente, tentando, sem muito sucesso, relaxar a postura de ataque que meu corpo insistia em manter. Agora eu sabia por quê. Maldito instinto vampiresco!

Vamos, fique no "modo Sol", saía do "modo Lua"!, eu berrei para minha mente, mas por instantes fiquei confusa e indaguei-me no que deu. Desde que eu conseguisse usar algum poder para minha sobrevivência, tanto fazia.

- Sou Eleazar Denali, e essa é minha parceira, Carmen – ele indicou a mulher bonita ao seu lado. Na ordem, da direita para a esquerda, Eleazar mostrou as mulheres atrás dele – Estas são Katrina, Tanya e Irina.

- Kate – a mulher de cabelos loiros platinados resmungou, e sorriu.

Minhas sobrancelhas ergueram e meu corpo relaxou instantaneamente: - Ah, os Denali? Comentaram que Carlisle havia chamado vocês. Bom, prazer. Sou Bella.

Eleazar, já na minha frente com sua parceira, apertou minha mão estendida. Vi que por milissegundos, todos os cinco hesitaram e isso me fez pensar se todos ali haviam conhecido Isabella Cullen – o que era muito possível.

- A princesa do Sol? – Kate exclamou sua pergunta, surpresa.

Corei levemente. Ah, por que nessas horas eu não era uma "vampira bizarra" e ficava sem corar?!

- Hm. Sim, eu mesma.

- Ah, querida, você é tão bonita – Carmen disse, tocando minha face com uma de suas mãos. Dei-lhe um leve sorriso.

- Obrigada, Carmen, apesar de achar que vampiros e vampiras, com sua beleza imortal, são muito mais bonitos do que eu, que só tem vinte anos.

- Vinte? – Tanya disse no mesmo tom de surpresa que Kate. Poderiam ser irmãs... Mas eram irmãs de sangue ou eram como os Cullen, somente por 'adoção'? Perguntar isso mais tarde seria uma boa. – Seu rostinho é tão jovem, Bella, achei que tivesse quatorze ou no máximo dezesseis.

Meu sorriso foi divertido: - Ah, eu estou congelada nos meus eternos quinze anos – Tanya assentiu, entendendo – Triste, não é? Quinze anos é tão jovem. Não possuo as mesmas curvas de Rosalie, nem de perto – revirei os olhos – muito menos a altura de Angela, não que eu fosse crescer muito mais que isso.

Suspirei.

- Mas, tudo bem. Depois de cinco anos assim, você se acostuma. E, de qualquer forma, você aprende a gostar de si mesma, não é? Afinal, a eternidade é um tempo muito longo para ser infeliz.

Achei que tinha falado algo errado quando vi a expressão infeliz dos vampiros à minha frente, então, tentei desviar o assunto para qualquer outra coisa. Mas não foi necessário pensar em nada, pois Esme chegou correndo.

Senti seu cheiro antes dela aparecer realmente, mas não deu nem dois segundos para aparecer em minhas vistas. Estava, como sempre, impecavelmente arrumada, mesmo tendo voltado de uma caçada.

Ela parou de correr a alguns metros de nós e, com um sorriso gentil, veio andando calmamente em nossa direção. Manteve seus olhos nos meus por segundos mais demorados.

- Sangue, Bella? – Esme perguntou em típico tom de voz caloroso.

Minha mente se perguntou do que ela falava, até eu perceber que Esme olhava para meus olhos... Que provavelmente estariam naquele tom de castanho com fogo. Ah.

- Hm... Sim, Alice deixou uma carta dizendo onde achar.

Felizmente, os cinco Denali não foram curiosos nem mal educados, deixando de perguntar sobre nosso estranho diálogo. Esme logo disse para todos entramos ao invés de permanecer de pé aqui fora – ela fingia ser humana muito bem, apesar de saber que tinha feito isso por educação e, não, para treinar ser humana.

- Mas, conte-me – Carmen falou finalmente, quando todos já estávamos acomodados nos sofás macios da sala de estar dos Cullen – como é o Sol? Carlisle comentou brevemente sobre isso, dando mais ênfase em sua história e na guerra.

Sorri com a lembrança de meu Reino: - O Sol é... O Sol é como a melhor campina para floristas e jardineiros, como a melhor droga para os drogados, a melhor comida para os cozinheiros. É simplesmente o lugar mais lindo e acolhedor do mundo, eu... Eu amo tanto, tanto, meu Sol.

- Percebe-se – Irina falou impressionada com minha paixão por meu Reino. Bom, eu de fato tinha lágrimas de saudade quase saltando de meus olhos. Passei a mão para secá-las.

- Sei que estamos em guerra, tanto na Lua e no Sol, quanto na Terra, mas não consigo pensar no Sol como um campo minado. É um lugar tão perfeito. As campinas, o mar, as florestas, as casas, as pessoas...

- O mar? Achei que não houvesse água lá – Tanya comentou curiosa.

- É um engano justo para alguém que sempre morou na Terra. Os cientistas deduziram, e viram imagens de satélites, que o Sol é uma grande bola de fogo com nitrogênio e gás hélio, não é? A verdade – expliquei – é que isso, essa bola de fogo, é somente uma camada de magia feita por seres mágicos naturais do Sol para esconder nossa civilização.

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- Uau... Deve ser realmente antiga essa camada – Eleazar falou – mas, diga-me, vocês "renovam" – ele fez aspas no ar – essa magia?

- Hm, não. Talvez de éons em éons, mas, não realmente. É magia feita pelos melhores Solares, os humanos nunca desconfiariam. Está lá desde que os Lunares foram para Terra e, acredite, eles foram pelo menos dois séculos antes de nós, Solares.

- Nós somos Solares? – Kate perguntou extasiada com toda a história – Carlisle comentou que éramos naturais Lunares!

- Ah. Bom, Vampiros são, de fato, Lunares, mas vocês podem mudar de lado. Sua espécie não determina o que você é. Eu contei isso aos Cullen, certo, Esme? – ela acenou positivamente com um sorriso – Existem Solares maus, e existem Lunares bons. Julgar um ser mágico pela raça é a mesma coisa que um humano julgar o outro por sua pele. Estúpido.

- Entendo – Kate balançou a cabeça entusiasticamente.

Tanya ia falar alguma coisa, porém, antes que pudesse fazer algo além de abrir a boca, ouvi pneus de carro passando pela estrada e, logo em seguida, cantando ao parar na garagem.

Enquanto os leves passos vampirescos dos Cullen e os passos um pouco mais pesados de meus amigos, eu congelei. Simplesmente travei no sofá. Sabia que devia sorrir – ora, estava vendo todos novamente. Mas eu somente parei tudo, de pensar e, por alguns instantes, respirar.

- Bella! – Lucy gritou, sendo a primeira a entrar na sala de estar. Minha amiga correu até mim e me abraçou.

Fiquei de pé e, na ponta dos pés, dei-lhe um beijo na bochecha.

- Oi, Lulucy – sorri, tentando disfarçar meu, hm, desconforto.

- Tudo bem, Bellinha? – ela sublinhou meu apelido, que me fez dar uma careta.

Angela entrou logo em seguida e, assim como Lucy, deu-me um abraço, sendo seguido por Ben.

- Como vai, querida? – meu padrinho perguntou sorridente – Se continuarmos desse jeito, seus pais vão me matar quando chegarmos em casa.

Casa. Casa? A palavra flutuou na minha cabeça. Lua? Sol? Por que minha mente estava tão confusa? Vampira? Não! Bruxa... Não... Sangue Real... do Sol, não é?

Despertei de meus devaneios quando senti o abraço de urso de Emmett. Ele tinha me erguido do chão e me girado, enquanto exclamava: - Abelhinha! Que bom que acordou!

Se antes estava confusa, agora era um mar de distração. Abelhinha – eu tinha plena consciência e certeza – era o apelido que Emm dera para Isabella, e, não, para mim. Mas, se eu era Isabella... Ah! Era tudo tão complicado!

Ninguém comentou sobre o apelido, até mesmo vi Esme e Rose esboçando um sorriso. A última, aliás, logo me deu um abraço – mais delicado – também.

- Faço as palavras do palhaço as minhas, Bella – eu ri brevemente com sua fala e, ignorando as reclamações de Emmett sobre sua inteligência, abracei Allie e Jazz.

Jasper ergueu uma sobrancelha para mim, provavelmente sobre meus sentimentos, mas não mexeu neles, o que me deixou feliz, pois eu não queria repentinamente ficar alegre e esquecer-me de minha confusão. Pode parecer estranho, mas, no momento, a confusão era bem-vinda – ela me lembrava do que eu era. De quem era eu de verdade.

Edward foi o último. Ele tinha o meu sorriso torto em seu rosto e estava alegre. A imagem da perfeição. Basicamente.

Como eu iria contar que era seu antigo amor?

Contar que ele era a reencarnação do meu primeiro amor? Que, em outra vida distante, nós nos amávamos como agora? Ah, ah, ah!

- Bella – ele me abraçou pela cintura, beijando o topo de minha cabeça.

- Eddie – murmurei sem muita força para dizer outras coisas. Continuei parada ali, com seus braços em volta de mim e a cabeça encostada em seu peito.

- Que bom que acordou – ele riu – Ben quase me expulsou de seu quarto.

- Aliás – o citado disse em seu tom raramente mandão – quero saber o que você, Sr. Cullen, estava fazendo no quarto da Princesa.

- Não começa – resmunguei. Odiava ser chamada de princesa e ele sabe bem disso.

Muito bem.

Edward sentou-se em uma poltrona. Eu continuei em seu colo, deitada com a cabeça em seu ombro, sentindo sua respiração. O frio de sua pele contra a minha. Pensei em branco, pensei em como eu queria silêncio. Tentei ignorar as conversar animadas a minha volta.

Tentei ignorar tudo. E pensar somente em mim e Eddie.

Em mim e Daniel.

Em mim e... Em mim.