Little Princess

Familiarmente memorável


Capítulo 36 – Familiarmente memorável

(1961, Fayette, Iowa)

(N/A: Sim, realmente existe, e tem uma população de 1300, isso em 2000... Imaginou nesse ano?)

Pov's Edward:

Há alguns dias nos mudamos novamente. Foi doloroso ver os pensamentos de Esme enquanto ela empacotava as coisas de minha irmã. "Ela irá voltar, não tem sentido jogar suas coisas fora", ela dizia. Eu somente concordava talvez isso colocasse uma espécie de gaze no meu ferimento aberto.

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Eu sei que Alice conversara com Jasper antes de vir para nossa família, contando sobre nossa história e tal, então, eu tentava ignorar seus olhares de pena.

A realidade era que todos agiam como se estivessem bem, como se tudo estivesse realmente bem. Eu os ouvia repetir em suas mentes que Bella iria voltar e eu desejava acreditar com a mesma intensidade que eles, entretanto, minha esperança esvaía-se aos poucos, até sobrar nada.

Esme continuava seus projetos de construção e decoração, e parecia ter ficado contente em ter tempo e pensamentos para gastar em uma casa nova – uma distração. Carlisle já tinha arranjado um emprego no hospital local, e logo ficara famoso, pois a cidade era uma coisa mínima com nem dois mil habitantes. Ele era o que parecia... Indiferente, mas eu via sempre em sua mente, tudo. Toda a dor, todos os... Sentimentos que ele queria guardar para passar uma aura de calma e conforto a família.

Mas ele não era empático como Jasper, que, aliás, era um ótimo irmão. Assim que ele sentiu minhas emoções em relação a olhares de pena, logo parou com isso e passou a tentar mandar uma aura alegre por sobre a dor que me assolava sempre.

Alice tornara-se a alegria da casa, sempre dando gritinhos histéricos sobre compras, moda ou Jasper – ou qualquer coisa do tipo. Com seus um e sessenta, cabelos espetados e olhos dourados, ela conseguia fazer qualquer um sorrir, por menores que fossem os segundos.

Já Rosalie tornara-se mais fechada em relação a tudo. E Emmett, sendo quem era, fazia piadinhas sem graça e gostava de lutar com Jazz, mas, bom, também sofria. Todos sofriam.

Os níveis escolares eram todos juntos num local só, o que não me surpreendi, pois a cidade era tão pequena quanto Forks. E, assim como em Forks, nossa história voou rapidamente. Carlisle Cullen, um renomado médico se mudara com sua família para uma cidade pacata em busca de tranqüilidade. Esme Cullen era sua adorável esposa, mãe adotiva de Emmett, Edward e Alice Cullen, três adolescentes "problemáticos". Jasper e Rosalie Hale – que insistira em manter o nome humano dela e não Whitlock – eram sobrinhos de Esme. De fato, Rosalie e Jazz poderiam ser gêmeos sem problema algum.

Eu desejava com tanto afinco que a história tivesse o complemento de sempre... "E Isabella Cullen, a única filha biológica do casal". Mas não tinha. Bella não estava aqui.

Era sexta-feira. Alice, por algum motivo que eu não conseguia compreender (pois sua mente cantava o hino nacional da Grã-Bretanha em russo) estava irremediavelmente feliz, dando gritinhos e saltinhos irritantes. Imaginei ser algo sobre alguma promoção ou algo do tipo, por isso, revirava os olhos a cada segundo.

Quando o sinal tocou, peguei meu material em uma velocidade humana aceitável e caminhei em direção ao estacionamento. Tive de encostar-se ao meu carro preto, um Lamborghini Miura, ao qual Rosalie fizera uma modificação há alguns dias, para minha imensa satisfação, porque agora podia alcançar duzentos por hora – claro que eu não admitiria que ela era melhor que eu nisso de mecânica. Nunca.

Vi Emmett saindo da escola com um abraço confortavelmente em volta dos ombros de Rosalie, assim como Jasper alguns metros atrás com Alice. Tentei ignorar todo o amor que emanava deles, não era fácil conviver com três casais ao mesmo tempo numa mesma casa. Morar numa caverna parecia uma opção cada vez mais convidativa – será que seria difícil achar uma caverna? -, afinal, quando Bella estava aqui, eu tinha com quem ficar, conversar, divertir-me. Agora, não.

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Entrei no carro, segundos depois meus irmãos imitaram minha ação. A volta para casa foi rápida, porém barulhenta, com discussões de Emmett e Jasper sobre o novo videogame que os humanos estavam lançando, e Alice e Rosalie sobre moda e coisas ridículas e desinteressantes a minha pessoa.

A verdade é: eu não agüento mais ouvir pensamentos! Eu estava tão... Cansado disso tudo. Jasper olhou assustado para mim, vendo tanto negativismo exalar de mim, e, logo em seguida me senti calmo e leve, como se pudesse deitar e dormir – algo absolutamente impossível.

Não consegui ficar irritado. De repente os pensamentos felizes de Alice pareciam divertidos, e eu não me sentia incomodado com o fato de que ela andara excessivamente feliz a semana inteira. Nem estava bravo por Rosalie ter me chamado uma ou duas vezes de cabeçudo.

Quando estacionei o carro na garagem, todos nós imediatamente saímos cada um para uma direção. Todos cumprimentamos Esme, sim, que nos esperava na porta com um sorriso, mas Alice logo voou para uma revista de fofoca e moda, assim como Rosalie para um espelho. Emmett para a televisão e Jasper para um tabuleiro de xadrez.

Eu simplesmente caminhei calmamente, um tanto quanto hesitante até meu piano. Em todas as casas que já tínhamos morados, minha mãe insistia em comprar um piano, eu dizia ser bobagem, já não tocava há anos – especialmente depois daquele ano. Mas... Bom, sentei relutante na banqueta de meu piano de cauda. Ignorei os pensamentos esperançosos de Esme, que limpava, desnecessariamente, vasos com flores na casa.

Meus dedos voaram pelas teclas, tocando uma melodia suave e que pareceu boa aos meus ouvidos, relaxante e...

- Sim, Edwin – Emmett zombou – todos nós sabemos que é a favorita de Esme.

Jasper riu junto ao meu irmão mais velho e eu revirei os olhos mediante a esses trouxas. Esme sorriu gentilmente para mim, obviamente ignorando o comentário dos dois outros filhos.

Parei de tocar a favorita de Esme e passei a outra. Eu não me toquei, no momento, que música era, ela simplesmente escapou em meus dedos e começou a tocar melodicamente, preenchendo a sala com o som do piano. Vi Emmett parar, assim como Jasper e Esme. Rosalie e Alice sentaram no topo da escada, olhando céticas para mim.

- Compôs uma música nova? – Esme riu alegremente, sentando-se ao meu lado no banco do piano – Faz tanto tempo, querido.

Eu dei um sorriso de canto de boca, ainda tocando.

- Não é nova... Talvez para vocês que estavam ocupados na hora que compus, mas já é realmente muito velha, compus antes mesmo de irmos ao Alasca – minha voz quebrou na última palavra, e logo senti uma calma absurda. Jazz.

- Sério? – Rosalie disse surpresa, e vi que estava contente algo raro – Como se chama? Por favor, não me diga que é algo tipo "A favorita de Emmett".

Todos nós rimos, enquanto Emm protestava, mesmo com pensamentos confusos sem ter entendido realmente a gozação.

- Bella's Lullaby – eu respondi silenciosamente, quase engasgando ao som do nome da minha irmã. A música estava no final. – Foi uma noite antes de nos mudarmos, Bella – quase gaguejei – estava sentada do meu lado.

Ignorei os pensamentos, voltando ao inicio da música e sentindo-me voltar no tempo, quando a toquei pela primeira vez.

- Ela tinha descido para ver o que eu estava tocando, e eu me lembro de ter-lhe perguntado se sabia tocar algo – sorri fracamente – Ela respondeu que muito pouco, e tocou uma versão de "Twinkle, twinkle little star", em sotaque britânico, acho que nem mesmo percebeu.

Todos absorviam a história ansiosamente, era o maior espaço de tempo que falávamos sobre nossa irmã desde que esta foi raptada. Alice sorriu alegremente, contente com a mesma coisa desses dias – uma visão que ela bloqueava para mim.

- Eu lhe disse que cantava muito bem, então ela tocou "ABC Song". Lembro-me que se sentia envergonhada ao dizer que só sabia essas duas que sua mãe lhe ensinara, então compus a canção de ninar da Bella, e ensinei-a. Ela pareceu realmente contente aquele dia – terminei ao mesmo tempo em que dava a última nota da música.

A sala ficou silenciosa, todos tentando imaginar o momento em suas mentes. Suspirei, levantando-me. Acho que entenderam que eu queria ficar sozinho, pois ninguém me seguiu quando caminhei em direção ao riacho que ficava a alguns quilômetros de nossa casa.

Bella ainda era lembrança triste e feliz ao mesmo tempo.

"Daqui a cem anos quando estivermos velhinhos, iremos rir", sua voz preencheu minha mente. E eu não estava rindo.

x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x

(Em algum lugar ao norte dos Estados Unidos).

Pov's Bella:

Bati o pé, irritada. Queria chegar logo em minha família, mas o dom de Félix não estava ajudando muito. Ele me levava a casas vazias e desabitadas, que tinham um cheiro levemente adocicado, quase imperceptível, ou sumindo.

Era familiar, o cheiro. E era óbvio que era de minha família, que provavelmente tinha morado em algumas desses montes de casas que eu, Corin e Chel passamos. Mas eu queria a casa atual.

Estávamos em alguma floresta no centro-oeste do estado de Indiana, eu não tenho certeza de qual cidade estamos mais próximos. Claro que não estávamos acampando, a idéia parecia absurda, afinal, nem dormimos. Mas eu estava sentada em cima de um grosso galho de uma árvore, esperando meus amigos voltarem de uma caçada – claro, depois de tranqüilizá-los que eu poderia ficar perfeitamente bem sozinha. Fala sério.

Eles estavam aderindo a dieta dos animais, pareciam realmente estar se esforçando para serem bons, o que me fez de certa forma orgulhosa, pois sempre soube que os "C" eram pessoas boas e caridosas, mesmo vampiras.

- Pensando em que, Bellucha? – Corin insistia em apelidos ridículos. Ele dobrou os joelhos e saltou, sentando-se elegantemente ao meu lado. Chelsea apareceu logo em seguida e repetiu seu gesto, sentando-se do meu outro lado.

- Em como é bom tê-los aqui, sendo meus amigos e... Tomando sangue de animais, sabe? – eu murmurei pensativa.

- Sei, sei – ele zoou com minha cara e eu dei um tapa de brincadeira em seu braço.

- Não ligue para Corin, querida, já te falei isso muitas vezes – Chelsea aconselhou, e eu concordei. Ela realmente me disse isso muitas vezes, principalmente no primeiro.

- Eu acho que só estou... Preocupada – sussurrei sabendo que eles ouviriam como se eu tivesse gritado – E se os Cullen não me aceitarem? Eu era uma Volturi até alguns dias!

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Meu peito se cortou ao admitir isso em voz alta. Chelsea me abraçou, mantendo-me em seu colo e acariciando meus cabelos.

- Você nunca foi uma Volturi, Bella, graças aos céus. Eu e Corin, sim pertencemos, hoje sei como fomos estúpidos... Ou talvez nem tanto – ela sorriu para o companheiro – se não nunca teria conhecido esse babaca, e você. Mas você nunca foi não é e nunca será uma Volturi. Você é uma Cullen.

- Obrigada – eu falei com a voz embargada. Senti meus olhos marejando e engoli o choro que estava próximo de vir.

- Ora, sem tristeza, criança – Corin disse alegremente para mim – parece até que somos um grupo emo ou sei lá. Vamos nos manter longe de objetos pontiagudos durante nossa busca e fica tudo certo! – e pulou da árvore, pronto para continuar o que viemos fazendo a semana inteira, desde que fugimos.

Eu revirei os olhos e vi Chelsea colocar a mão na testa, como que envergonhada pelo parceiro. Pulamos e começamos a correr. Por mais preocupada que estivesse não consegui não relaxar diante do vento batendo em meu rosto enquanto corria, a velocidade era adorável.

Suspirei alegremente enquanto corria entre as árvores, eu estava próxima, eu sabia. Cada vez mais próxima do que esperei desde o instante em que fui embora. O dom de Félix aumentou meus sentidos, meu olfato, minha visão, até mesmo minha corrida, eu sentia que eu podia correr tão rápido quanto meu irmão agora, e o melhor: eu tinha uma espécie de seta neon em tamanho GGG apontando para onde eu deveria seguir.

- Por aqui! – gritei para meus amigos, mudando o curso para oeste. Eu sabia que estávamos indo em direção ao estado de Illinois e as lembranças de Chicago me invadiram, e sorri minimamente, vendo o rosto de Edward vivamente em meus pensamentos.

Meu irmão... O que ele estaria fazendo agora? E o pior: ele iria me perdoar depois de tantos anos?

"Mas, sabe que é minha irmãzinha não sabe?", sua voz de muitos anos dizia em minha cabeça. Claro que sei, Eddie, claro que sei, e isso fará com que você também saiba e me perdoe?

"Bê, você é uma figura, sabia?", era como se ele respondesse risonho a minha preocupação, como se isso fosse bobagem. Essas frases soltas de anos atrás pareciam tão sem importância na época, agora eram coisas necessárias... Eu queria ouvir a voz dele, de todos os meus familiares.

E senti uma queimação na bochecha, e sabia que nessa memória Eddie se agachava e me dava um beijo ali.