Little Princess

Escolas, como lidar com elas


Capítulo 7 – Escolas, como lidar com elas

Pov’s Bella:

Carlisle não me questionou quanto a minha decisão de ir para a escola, nem me olhou esquisito como se eu tivesse uma cabeça ou um braço a mais. Só disse “Bom” e no dia seguinte apareceu com a noticia de que me matriculara na – única – escola de Denali.

As escolas eram dividas em três – décadas depois, ainda seria assim – Elementary, Middle e High. Não foi difícil entender a lógica.

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Elementary School era para pessoas de seis a onze anos – eu fingiria ter nove, tranquilamente, meu rosto infantil poderia disfarçar suspeitas. Middle para adolescentes de onze a quinze anos. E, por último – aquela que eu nunca poderia fingir – High School, para adolescentes de quinze a dezoito anos.

E eu sabia que o máximo que eu poderia fingir era doze ou treze anos – no máximo, do máximo.

As aulas já tinham começado há dois meses e, na segunda feira, três dias depois de minha matricula, eu já tinha caderno, mochila e lápis. Pronta para ser normal. Vestia o uniforme que a escola mandava: saia xadrez vermelha e preta e blusa branca. Uma fita na cabeça. Normal.

Carlisle foi para o trabalho, dando-me um beijo na testa e desejando “Boa sorte”. Tudo bem normal. A escola era longe de casa, devido a nossa natureza, para nos escondermos, então, tive de correr na velocidade vampiresca e, a algumas quadras da escola, fui andando como qualquer aluno normal.

Uma moça me aguardava a porta de entrada, enquanto via o resto dos alunos entrarem. Vi que por alguns instantes ela olhou minha beleza sobrenatural – teria um instinto de auto sobrevivência de correr, se eu sorrisse – e falou-me:

- Ah, você deve ser Isabella Cullen, certo? – ela perguntou – Filha do Dr. Cullen?

Dei-lhe meu sorriso mais açucarado e meigo: - Exatamente, senhora.

Enquanto ela me encaminhava para a minha sala de aula, me mostrava a escola, dizendo que corredor era para que turmas e que aulas eu teria. Entregou-me um horário – o meu horário humano – e disse:

- Espero que goste de Denali Elementary School, querida – e saiu, para onde, não sei.

Respirei fundo e bati a porta. O professor abriu e sorriu para mim, olhando para baixo. Indicou-me para entrar e, para a turma toda, explicou:

- Essa é Isabella Cullen, tratem-na bem – me apresentou – Srta. Cullen, pode se sentar ao lado de Madly Connor.

Ele indicou uma mesa na frente. Uma garota, alta, de cabelos pretos e cacheados como só, e lindos olhos azuis, sorriu para mim – os humanos não têm a noção do perigo?

Quase numa dança, andei até lá e sentei. O professor começou a aula e eu senti dentro de mim uma sensação gostosa – eu agia como humana, eu parecia uma humana, eu fazia coisas humanas.

- Sou Madly – a garota constatou o óbvio. Esticou a mão.

Por milésimos de segundos, hesitei. Minha mão era fria, como mármore no inverno, mas apertei. Se Madly notou, não demonstrou nada, talvez pensasse ser o frio de lá de fora.

- Pode me chamar de Bella – sorri com meus dentes, não pontiagudos, mas afiados, escondidos.

Ela por um momento olhou meu pescoço, vendo o colar ali: - É lindo, o colar.

- Obrigada – e era especial. A corrente era de prata de verdade, delicada e fina. O pingente que nela estava preso era uma pedra esmeralda, também de verdade, em forma de bailarina. Tinha desde que nasci.

Minha mãe dizia para mim o sonho de me ver dançando, mas sempre fui desajeitada, então, ela olhava para mim e sorria, dizendo que talvez o pingente devesse ter sido outro, antes de afagar meus cabelos e se afastar. Essa era uma das minhas poucas lembranças humanas que não estavam embaçadas – era uma das minhas favoritas.

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Em geral, meu dia foi bem normal. Nas primeiras aulas, estudei História, Inglês, Geografia e mais História. Na hora do almoço, Madly me chamou para sentar-se a mesa dela.

- Não vai comer nada? – ela perguntou.

Num olhar travesso respondi que estava numa dieta especial.

Um garoto de cabelinhos loiros e olhos azuis sentou-se ao lado dela, dizendo: - Oi, Mad, como vo... – mas parou, olhando curioso para mim – Quem é essa?

Madly deu uma risadinha e disse: - Bella, Logan. Logan, Bella. Logan é um ano mais velho, por isso não o vimos.

Duas outras garotas apareceram. Cabelos castanhos e olhos castanhos, idênticas.

- Olá – elas disseram em perfeita sincronia, parecia quase ensaiado – somos Layla e Lily Pierce. Não gostaria de sentar na nossa mesa?

Olhei para meus dois novos amigos, eles não pareciam do tipo popular. Se eu sentasse com as gêmeas, seria conhecida e amada, basicamente, popular. Mas... Isso era realmente importante?

- Estou bem aqui, obrigada de qualquer forma – e sorri docemente.

Olharam-me com ódio e se afastaram raivosas, para uma mesa cheia de gente como ela.

Eu logo descobriria quem era realmente bom.

***

Faz um ano e alguns meses que moro aqui, em Denali. É um lugar agradável. Na escola tenho amigos, Madly Connor, Karter Marsh e Josh Stuart – infelizmente, Logan fora para a Middle School.

Carlisle gostava de seu trabalho e os animais aqui eram saborosos. Todo dia eu visitava as irmãs Denali, às vezes sem papai, e conversava sobre banalidades com elas.

Kate era minha favorita – não me criticava, gostava de mim e me tratava como se eu também tivesse dezenove. Irina era amável, certamente, mas era mais um irmã mais velha cuidando da irmãzinha – “Cuidado!” “Não faça isso!” “Alimente-se, sua sede pode sair do controle!” e tal –, Tanya também era realmente boa, minha conselheira boa parte do tempo.

E eu gostava da vida que levava, nunca tivera uma família tão boa. Eu amava Denali. Até aquele dia.

Lembro de tomar banho e me vestir como sempre: saia, sapatinho, blusa e fita vermelha prendendo parte do meu cabelo para trás. Lembro-me de me ver no espelho que eu tinha no quarto e olhar meus olhos dourados, impecavelmente lindos.

- Tchauzinho, papai – desejei para ele, enquanto saía pela porta da frente. Antes de começar a correr ouvi seu “Tchau, Princesa” e alguns segundos depois estavam alguns metros da escola e saltitava até lá.

Karter, como sempre, estava na porta, ela sempre me esperava, enquanto Josh e Madly iam para a sala do último ano.

- Oi, Karter – cumprimentei natural, como todo dia sorrindo.

- Bellinha, Bellinha – ela quase cantou. Karter costuma dizer com freqüência que será uma excelente cantora famosa um dia. Eu não ria dela, humanos deveriam correr atrás de seus sonhos – alguém tinha de tê-los.

Andamos conversando até a sala e o professor Eleandro não tinha chegado. Madly e Josh olhavam curiosamente para trás, como Jimmy Drake, Lennie Boulevard, Brittany Chermont, Leon Karnier e Mitchie Lionel – todos os “menos” populares – e não era à toa. Lá trás tinha um montinho de pessoas.

Olhei para Karter, em dúvida e ela deu de ombros, antes de sentar na mesa da frente, minha e dela. Quando estava prestes a me ajeitar na cadeira, Layla e Lily – as gêmeas super, hiper, mega populares e exibidas desde que as conhecera ano passado – caminharam até mim.

Os olhares eram iguais: arrogantes, esnobes e desprovidos de bondade alguma. Elas eram, naturalmente, mais altas que eu, mas não tão altas quanto a Madly. Nem tão bonitas.

- Isabella Cullen – cuspiu Lily e eu logo soube que boa coisa não era.

Olhei para ela interrogativamente: - Sim, Lily? Há algo que eu possa fazer para você?

- Para você, por obséquio – corrigiu Layla, a voz “pingava” ternura.

Esforcei-me a não revirar os olhos. Que tal, por morte? , pensei, Posso quebrar seu pescoço num clique, como se fosse um galho, que tal?

- E sim, você poderia fazer sua existência sumir – Lily e Layla reclamaram.

A sala fez “ooooh” e Josh parecia a ponto de levantar e socá-las, junto com os tapas de Madly e Karter. Lancei um olhar aos meus amigos que dizia que eu cuidava disso,

- Sinto dizer-lhes – fingi tristeza – mas minha existência – era mesmo muito irônico elas terem escolhido essa palavra – continuará vivendo – e por muito tempo, completei na minha cabeça.

Layla me apontou o dedo: - Olhe aqui sua prostituzinha – “oooooh” – você sumirá dessa cidade, antes que decidamos fazer uma “visitasinha divertida” a sua casa.

Eu dei uma risadinha desdenhosa.

- Prostituta Layla? – indaguei retoricamente – Ora, convenhamos que, se há uma prostituta aqui, esta é você – a sala riu baixinho – afinal, nada fiz, e você, acusando-me, vem me julgar.

- Não fale assim com minha irmã, vadia! – xingou Lily.

- Não fale assim comigo, Lily – respondi tranqüila – Não sou eu que passo a aula inteira me jogando para os garotos, nem que pede para ir a “cantinhos escuros” ter encontros “inocentes”.

- Claro, nem peitos você tem – disse Layla, estufando orgulhosamente o tronco, onde seus seios também não existiam.

Então era isso que ela usava para retrucar? Há-há.

- E me sinto muito infeliz com isso – sorri cínica – Por favor, por favor, não vamos nos rebaixar, não é?

- Tem razão – concordou Lily, antes de acrescentar – Você já é tão baixa que se, se rebaixasse mais, sumiria como água evaporando.

Sorri de lado – sentimentos para dentro, coragem para fora, dizia meu pai.

- Acho que você é tão burra, queridinha, que não sabe o significado da palavra rebaixar – retruquei – ah, e já ouviu aquela história de inteligência e beleza, como alguns têm a sorte de possuir as duas coisas? – não esperei elas assentirem – Sinto dizer, mas vocês não têm nada.

E sentei na minha cadeira, orgulhosa de mim mesma. Karter piscou para mim. Ainda de costas, ouvi a voz das gêmeas, em uníssono: - Você é só uma pessoa infeliz que se esconde Isabella. Não é nada e nunca será alguém. Você é sozinha, e isso é triste.

Elas pareceram cuspir as palavras, e o professor entrou, mandando todos sentarem.

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Então, eu soube que, por mais que não mordessem e transformassem pessoas em vampiros ou algo do tipo, humanos possuíam seu próprio veneno – a ignorância, e não era algo com cura.

Seria eterna, como minha solidão.

Pov’s Carlisle:

Eu cheguei naquele dia como chegava em qualquer outro. Deixei a maleta na mesa do hall de entrada e escutei, sabendo que Bella respirava ruidosamente no andar de cima, em seu quarto.

Perguntei-me o que fazia lá, pois em geral, essa hora, estaria na casa das irmãs Denali.

- Bella? – bati delicadamente a sua porta. Ela não levantou do chão, escutei.

Chamei novamente: - Princesa, tudo bem? – e, devagarzinho, abri sua porta. Ela estava encolhida em um dos cantos de seu quarto, seu corpo pequeno contra a parede e a estante de livros.

Bella chorava num choro sem lágrimas. Em um segundo, estava a sua frente, ajoelhado.

- O que aconteceu? Tudo bem, minha querida? – eu perguntei preocupado.

Mas ela só soluçou e enterrou o rosto nos braços, que estavam apoiados contras os joelhos encolhidos. Ela parecia, mais do que nunca, uma criança, humana e frágil, chorando assim.

Olhei para ela, prestes a perguntar de novo – era óbvio que algo estava errado, mas parecia insensível perguntar o que -, entretanto, Bella se adiantou, perguntando:

- Papai – ela soluçou num choro sem lágrimas – você acha que eu sou má pessoa?

- O quê? – falei surpreso – Não, claro que não! De onde tirou isso, Princesa?

Mas ela ignorou minha pergunta, fazendo outra: - Acha que vou ser sempre uma pessoa infeliz e sozinha?

Quase suspirei, pensando na primeira conversa que tive com Kate sobre Bella e companheiros, mas, minha filha não parecia estar falando de companheiros, parecia perguntar no geral. Ser-se-ia uma pessoa sozinha, sem ninguém.

- Bella – chamei. Ela ainda soluçava – Princesa.

Ela ergue a cabeça e coçou o olho – por mais que vampiros não sentissem incômodos, nem chorassem, nem nada. Era só seu velho hábito de volta à ativa.

- Você é a menina mais maravilhosa que conheço, e quem quer que tenha dito o contrário, é um tolo– sorri-lhe – Agora, achei que não se deixasse magoar pelo que os outros dizem. Não é o que você diz sempre, Princesa?

Ela deu um sorriso mínimo.

- Sou boba, às vezes – ela deu um risinho, aquele risinho infantil – Talvez insegura, e com algumas incertezas. Só tem uma coisinha, uma coisa – ela sorriu largo, mostrando “1” no dedo, como uma menina sapeca – que eu nunca vou ficar em dúvida. E é que eu te amo, muitíssimo, muitíssimo, para sempre e sempre.

Sei que, se eu fosse humano, choraria de felicidade – Aro e suas conversas de não se poder ter família, são somente bobagens. Eu tenho uma família, pequena, sim, mas eu e Bella somos uma. A melhor.

Pov’s Bella:

- Ah, Carl – falei alguns minutos depois – eu gostaria de sair da escola, por enquanto.

Vi ele fazer cara de duvida, mas nada me questionou: - Se é assim, Princesa, o que você quiser.

- Obrigada – dei um beijinho nele – Vou ver as irmãs Denali, tchauzinho.

Eu queria fugir de meus problemas, sendo covarde como eu era.