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"Velha infância" ♪


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“Velha infância”

Por: Hana

L-I-S-A-N-N-A

(Deem play! Caso acabe e vocês não tenham terminado de ler, deem replay! ;D)

Você é assim, um sonho pra mim

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E quando eu não te vejo

Eu penso em você desde o amanhecer

Até quando eu me deito

– O que é que vai acontecer agora? – quebrei o silêncio que se instalara.

Desde que o rei caíra inconsciente naquela escadaria, eu não sabia o que iria acontecer. Nem comigo, nem com Loki, nem com Thor e nem com o reino. Talvez o loiro pudesse voltar e governar enquanto Odin não acordava. Essa seria a melhor opção. Mas quem o traria de volta? Suspirei, atraindo a atenção do moreno, que ficou calado.

Encarei-o de volta. Sua expressão estava pensativa, séria. Aqueles problemas estavam virando uma bola de neve e eu tinha medo que, a qualquer momento, eu fosse ser engolida por ela. Queria alguém para me ajudar, para me suportar, mas eu não conseguia ser tão egoísta daquele jeito. Meus amigos tinham problemas maiores e eu não ousaria pôr os meus problemas nas costas deles. Se possível, poria os problemas deles nas minhas costas.

Não desviei o olhar do moreno. Ele também não desviou os olhos dos meus. Não sei por quanto tempo ficamos ali, mas os minutos não pareciam passar. Ou se passaram rapidamente. Não sabia definir exatamente por que tudo ficava tão confuso quando eu estava com Loki. Minha mente e meu corpo ficavam estagnados em sua presença, como se não respondessem aos meus comandos e aquilo era estranho.

– Eu tomarei seu lugar – franzi o cenho com sua resposta. Aquilo definitivamente não era algo que eu estava esperando, mas ignorei a sensação estranha que brotou em meu peito e tentei focar na primeira coisa boa que veio em minha mente:

– Você poderá trazer Thor de volta! – tentei sorrir.

Era verdade. Em seu breve período como rei, Loki podia trazer Thor de volta e tudo voltaria, mais ou menos, a ser como era antes. Todos os problemas e confusões sumiriam em um passe de mágica. Sorri verdadeiramente com aquele pensamento.

Mágica. Trapaça. Minha expressão mudou para uma careta. Aquilo combinava muito com Loki. Aliás, combinava até demais com ele. Acho que a desconfiança repentina veio quando constatei sua face inexpressiva. Se eu não o conhecesse o suficiente, teria certeza de que trazer Thor de volta não estava em seus planos. Ou não. Trinquei o maxilar.

– Não é? – estreitei os olhos com a sua falta de resposta – Loki...

Suspirei ruidosamente, encarando-o com todas as minhas forças. Ele desviou o olhar. Não afirmava nada, mas, em compensação, não negava nada também.

– Quando estávamos lá na sala – seu tom não era exatamente sem emoção, mas não pude identificar o que estava por traz dele – Você falou que me amava.

Eu gosto de você

E gosto de ficar com você

Meu riso é tão feliz contigo

Meu melhor amigo é o meu amor

Franzi o cenho, lembrando da rápida conversa que tive comigo mesma, no exato segundo em que falara aquilo. Torci para que a sala fosse escura o suficiente para esconder o rubor que se apoderara de minhas bochechas. Por um motivo que eu não sabia qual.

Não sabia o que responder, muito menos o que fazer. Eu não estava mentindo, mas também não sabia exatamente o que sentia no meu coração ao ter dito aquilo. Aquela era uma ótima pergunta, aliás. O que eu realmente sentia em relação a Loki? Que tipo de amor habitava meu coração? Adicionei aquilo na lista de confusões em minha cabeça.

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E a gente canta, e a gente dança

E a gente não se cansa de ser criança

E a gente brinca

Na nossa velha infância

Arrisquei tentar olhar em seus olhos. Eles me olhavam de um jeito que eu raramente presenciava em suas orbes verdes: cheios de expectativa. Respirei fundo. Apesar de ele ter feito isso comigo, não queria deixa-lo sem resposta, mesmo eu não tendo a mesma.

– O que tem? – limpei a garganta. Tentei não demonstrar muita importância, mas minha voz acabou saindo um pouco incerta e falha. Rolei discretamente os olhos.

Eu não era que nem Loki, que conseguia não demonstrar nada em sua fala. Sempre fui uma pessoa expressiva em relação aos meus sentimentos, como se tivesse algo escrito em minha testa.

Encarei seus olhos verdes novamente, que responderam por si só a minha mais que estúpida pergunta. “Por quê?” eles clamavam veementes, astutos. Não soube, mais uma vez, o que responder. Tinha medo de que se eu respondesse impensadamente, poderia criar um clima estranho entre nós e aquilo era a última coisa que eu estava precisando no momento.

– Eu não falei mais do que a verdade, Loki – uma meia verdade, já que eu tinha certeza de que o amava como um amigo que ele sempre fora, mas preferi omitir a parte da minha incerteza.

– Que verdade? – pensei se existia tanta dúvida por trás de suas palavras quanto havia por trás das minhas.

Desviei o olhar, tentando pensar em uma resposta plausível. Ela não veio.

– Nós nos conhecemos desde crianças, Loki – sorri torto. “Muito bem, Lisanna. Esse é o melhor que você consegue?” – É impossível eu não amá-lo. Você é um amigo, um... – irmão? Hesitei. Era melhor não falar coisas impensadas antes de tudo estar bem claro em minha mente.

Seus olhos, meu clarão

Me guiam dentro da escuridão

Teus pés me abrem o caminho

Eu sigo e nunca me sinto só

Seu próximo movimento foi completamente inesperado: Antes que eu pudesse perceber, ele aproximou-se de mim e segurou meu rosto com sua mão direita. Ela estava quente e não pude deixar de pensar o quão irônico aquilo chegava a ser. Ri nasalmente.

Seu toque esquentou minha pele sob a sua e pus minha mão em cima da sua, inclinando impensadamente minha cabeça, no intuito inexplicável de... desfrutar melhor? Balancei a cabeça na tentativa inútil de espantar tais pensamentos tão inapropriados para o momento e para a situação.

– Algo mais além disso? – puxou meu rosto para que virasse em direção ao seu.

Tentei lembrar de quantas vezes senti seus olhos tão hipnotizantes. Fiquei estática, como uma demente. Eram lindos.

Ele era lindo. Essa era uma coisa em que eu frequentemente evitava pensar, aliás. Nós éramos amigos e nada mais. Certo? Não tinha motivos de eu ficar notando o quanto sua fisionomia peculiar era atraente, ou o quanto a luz reluzia em seus olhos, tornando-os duas esmeraldas tão verdes quanto a copa de uma árvore em plena primavera. Fechei os olhos com força, querendo parar de pensar naquilo.

Eu não sei – sussurrei, pressionando ainda mais a palma de sua mão contra a minha bochecha.

Você é assim, um sonho pra mim

Quero te encher de beijos

Eu penso em você desde o amanhecer

Até quando eu me deito

Não sei o que me levou a falar aquilo. Não sabia o que me levava a ficar tão inconsciente ao lado de Loki. Por que, logo depois de tantos anos, justo naquela hora eu não conseguia resistir à sua presença tão intimidante. Ou controladora. Ou nenhum dos dois. Senti minha respiração falhar.

O que estava acontecendo comigo?!

– Como não sabe? – sua voz estava rouca, baixa. Como a voz de quem acaba de acordar. Senti seu polegar acariciar levemente a minha bochecha.

Para com isso... – tentei lutar contra o leve formigamento que ficou, mesmo quando ele parou de mexer o dedo sobre minha bochecha.

Com o quê? – seu tom de voz alcançou o meu e ele aproximou demais o rosto, ficando na altura do meu. Estremeci.

Encarei seus lábios levemente rosados. Eles eram tão bem desenhados, como se tivessem sido pintados pelas mãos do mais renomado artista. E finos. Nada em seu rosto sobrava ou faltava. Tudo se encaixava tão perfeitamente. Por que eu estava reparando naquilo? Por que, de repente, seus olhos pareciam tão próximos dos meus? Respirei, deixando transparecer o meu nervosismo, que já nem lutava mais para esconder.

Eu gosto de você

E gosto de ficar com você

Meu riso é tão feliz contigo

Meu melhor amigo é o meu amor

Eu preciso saber o que você sente – pude sentir sua respiração se entrelaçar com a minha, como se respirássemos o mesmo ar – Para ter certeza do que eu estou sentindo – ele falava baixo, como que para que só eu escutasse.

Por que ele falava tanto de sentimentos?! Aquela não era a hora certa! A situação estava errada! Mas por que seus lábios se moviam tão perfeitamente quando ele falava? E por que eu estava reparando nisso? Por que arrepios estranhos e agoniantes passeavam pela minha espinha?

Eu nunca o vira daquele jeito antes, deixando-me desnecessária e estranhamente nervosa, por que significava que eu não sabia como agir diante daquilo.

Então chegamos a um problema – era difícil de formar uma frase com um mínimo de coerência com seu rosto tão próximo.

Meu coração batia freneticamente e pude senti-lo em minha nuca. Será que seu coração estava que nem o meu? Óbvio que não. Isso era atípico de Loki. Mesmo que todos os seus atos naquele tinha tenham sido daquele jeito.

Por que não resolvemos ele? – senti seus olhos voltados para a minha boca. Pensei em ficar chateada, mas não teria a mínima razão em dizer isso. Não estava em uma situação melhor.

E a gente canta, e a gente dança

E a gente não se cansa de ser criança

E a gente brinca

Na nossa velha infância

Ótima pergunta – sussurrou minha voz falha.

Eu realmente espero que você esteja sentindo o mesmo que eu – foi a última coisa que a minha mente conseguiu processae antes de eu sentir seus lábios sobre os meus.

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Um misto de sensações e pensamentos confusos e misturados passou pela minha mente e meu coração. Tudo o que eu conseguia distinguir realmente era o quanto seus lábios eram quentes e se encaixavam perfeitamente nos meus.

Meu coração, que antes já batia loucamente, agora tentava pular para fora do peito. Sua mão havia descido do meu rosto para minha cintura, puxando-me com um misto de hesitação e força para perto dele.

A princípio fiquei sem ação, mas meu consciente já havia ido para longe de mim. O mundo ao meu redor começou a girar e pus meus braços ao redor de seu pescoço, na tentativa de me fixar nele e voltar para a realidade. Não foi nada efetivo. Muito pelo contrário. Com meus braços fora do caminho, Loki conseguiu puxar-me para mais perto de si e senti sua língua querendo entrar na minha boca. Só percebi que havia aberto passagem quando me mexia em movimentos ritmados contra a sua.

Não vi se seus olhos estavam abertos, já que havia fechado os meus. Não queria encará-lo. Não queria mostrar que seu beijo havia me tirado completamente do sério. Não queria que ele visse o rubor em minhas bochechas.

Dobrei meus braços, enterrando a mão na raiz de seu cabelo, puxando-o levemente, sentindo suas mãos grandes apertarem com força a minha cintura.

Não sabia dizer exatamente quanto tempo ficamos ali. Perdi a noção de tudo. Só retornei à realidade quando senti meus pulmões queimarem, clamando desesperadamente por ar.

Como se soubesse o que eu penso, afastou-se lentamente de mim. Demorei alguns segundos para abrir os olhos. Sabia que se os abrisse, perderia a concentração novamente e, naquele momento, eu tinha que me preocupar em respirar. Principalmente em respirar.

Teus olhos, meu clarão

Me guiam dentro da escuridão

Seus pés me abrem o caminho

Eu sigo e nunca me sinto só

Um tempo depois, minha mente recobrou a consciência e tomei coragem – ou vergonha na cara – para abrir meus olhos e, finalmente, encará-lo.

Isso foi... – sua voz não estava nem um pouco alterada e sua respiração normalizada – esclarecedor.

Vi um leve sorriso brotar em seus lábios. Arregalei os olhos ao pensar que, há muito pouco tempo, eles estavam colados nos meus. Como aquilo fora acontecer? A última lembrança sã que estava em minha mente eram os batimentos fortes do meu coração contra o peito.

Minha boca formigava e eu tentava não sentir a presença da sua, mas era praticamente uma missão impossível.

Ótimo...

Eu não sabia o que pensar. Por que aquilo me parecia tão errado? Mas ao mesmo tempo parecia tão certo. Eu desejava tanto poder voltar cinco minutos no tempo e reviver o momento, mas eu tinha a sensação ruim de que não devia.

Tirei minhas mãos de sua nuca e, com uma dificuldade ridícula, me levantei. Eu tinha que sair dali. Tinha que pensar claramente. Tinha que me afastar.

– Eu tenho que ir – falei, pondo-me a andar, mas ele segurou meu braço sem força.

Contra minha própria vontade, olhei em seus olhos. Eles pediam para eu ficar, mas não podia. Não devia. Tentei sorrir, mas era incapaz de fazer algo antes de ter minha mente completamente no lugar. Metade estava comigo, a outra metade na boca de Loki.

Você é assim, um sonho pra mim

Como o diabo fugindo da cruz, saí correndo dali, esbarrando em qualquer coisa ou pessoa que estivesse no caminho. Em menos tempo do que pude imaginar, já estava em minha casa, desabando em minha cama. Fechei os olhos.

Sozinha, na calmaria do meu quarto, pude voltar até a situação inicial. Por que Loki pareceu-me tão hesitante quando falei sobre trazer Thor de volta? Minha cabeça latejava. O que ele estava planejando com tudo aquilo?

– Ele parecia tão sincero... – falei comigo mesma, apertando o rosto contra o travesseiro.

Era verdade. Ele não parecia planejar nada. Pelo menos em relação a mim. Aquilo me aliviou por um momento.

Mas quais eram os planos deles para Thor? Com o loiro longe, seria mais fácil dele se tornar rei, mas o moreno não teria coragem de deixar o próprio irmão no exílio para poder governar. Trapaça. A palavra ecoou pela minha mente, nublando-a mais ainda.

Então, como um flash, a minha mente clareou. Arregalei os olhos, no mesmo instante em que sentia o cansaço me abater. Eu não dormia desde Jotunheim. Tinha que fazê-lo, se quisesse acordar a tempo de impedir Loki de fazer uma besteira. Fechei os olhos.

Sabia que tinha que descansar, mas se desse um passo para fora da cama, cairia no mesmo segundo. Trinquei o maxilar. Com as coisas clareando em minha mente, veio junto a desconfiança. Não sabia se estava com raiva de Loki ou preocupada com Thor.

Antes de fechar os olhos e cair em um sono profundo, tive as respostas para as minhas duas perguntas anteriores:

Loki me parecia tão errado, por que era errado. A hora era errada e a situação também.

Mas por que me parecia tão certo? Por que eu o queria na mesma intensidade em que um alcóolatra deseja beber.

Você é assim...