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"Eu não tenho planos de morrer hoje"


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“Eu não tenho planos de morrer hoje”

Por: Hana

L-I-S-A-N-N-A

Depois da conversa nada usual com a Rainha Frigga, me dirigi até a sala onde sabia que Thor e Loki iriam estar. Como eu sabia? Boa pergunta. Eu queria encontra-los para saber o que aconteceu e eu sabia que o loiro iria estar com muita raiva pelo que quer que tivesse impedido o seu “dia de triunfo”, como costumava chamar.

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Empurrei levemente as grandes portas, esgueirando-me para dentro, tentando não fazer muito barulho. Olhei ao redor, no exato segundo em que Thor segurou no tampo da longa mesa e virou-a como se fosse feita de papelão, derrubando montes de comida no chão, acompanhado de um urro grotesco.

– Thor! – exclamei indignada, fazendo-o olhar para mim.

Se tinha uma coisa com que eu realmente não me dava bem era desperdício de comida. Tudo bem que Thor tinha todo o direito de estar se sentindo com raiva, mas aquilo era demais.

– Agora não, Anna – praticamente esbravejou para mim e eu me aproximei dele, pondo minha mão em seu braço.

– Ei... – chamei sua atenção. Tentei falar na minha melhor voz compreensiva – Não fique com raiva, ok?

– Me fale como eu não vou ficar com raiva – falou. Percebi que estava arquejando e levantei uma sobrancelha – Este era para ser o meu dia de triunfo.

– Mais cedo ou mais tarde ele virá – sorri e vi sua expressão amenizar um pouco – Disso pode ter certeza.

Vi-o respirar profundamente, fechar os olhos e assentir, sentando-se na pequena escadaria que dava para a varanda. Eu o acompanhei, sentando-me ao seu lado. Escutei um barulho vindo atrás de mim e Loki saiu detrás de uma larga pilastra que havia ali.

– Se serve de consolo, eu acho que você está certo – sentou-se ao meu lado, inclinando-se para olhar para o loiro. Sua voz era apática – Sobre os gigantes de gelo, sobre Laufey, sobre tudo.

– Eu sei!

– Vocês vão me contar o que aconteceu ou eu vou ter que ver na minha bola de cristal? – arqueei uma sobrancelha.

– Gigantes de Gelo conseguiram, de algum modo, penetrar no castelo e quase roubaram uma de nossas relíquias – o loiro soou raivoso novamente – Eu sugeri que nós fossemos até Jotunheim e acabássemos com Laufey, mas Odin apenas me chamou de tolo.

– Como eles conseguiram entrar aqui? – arregalei os olhos.

– Se eu soubesse, esse seria o último lugar em que eu estaria agora.

– Se eles já entraram uma vez, o que garante que não virão de novo? – Loki indagou – E dessa vez com um exército?

– Exatamente, irmão.

– Mas não há absolutamente nada que você possa fazer sem desobedecer as ordens do pai... – completou distraidamente, mas logo percebeu a besteira que havia falado, quando viu o olhar de Thor – Não...

Olhei indignada para o moreno, que estava com os olhos arregalados. Ótimo.

Virei meus olhos para Thor – que já estava em pé – e um brilho estranho tomou conta de seus olhos.

– Thor... – respirei fundo, como sempre fazia quando queria convencê-lo de que o que ele iria fazer era idiotice.

– É o único jeito de proteger as fronteiras – olhou para mim e depois para Loki

– Isso é loucura – Loki exclamou e eu me levantei

– Loucura? Que tipo de loucura? – Volstagg, que havia acabado de entrar no recinto, junto com Sif, Hogun e Fandral, perguntou.

– Meus amigos – o loiro sorriu e eu fechei os olhos com força – Nós vamos para Jotunheim.

Encarei os outros ali presentes e o primeiro a se pronunciar foi Fandral, que parecia indignado.

– Isso não é como quando você vai para Midgard, invoca alguns raios e os humanos te tratam como um deus – franziu o cenho, acho que tentando pôr algum juízo na cabeça de Thor – É Jotunheim.

– Ele está certo, Thor – suspirei e me aproximei novamente – Pense um pouco.

– Você não entende, Anna – falou, como se eu tivesse algum tipo de retardo mental. Aquilo me irritou demais – Eu não posso deixar isso assim.

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Suspirei resignada, indo em direção a Loki, enquanto Thor convencia Hogun, Fandral, Volstagg e Sif a o acompanharem.

– Por que é que você abriu a boca mesmo? – arqueei a sobrancelha, olhando para o moreno, que só fechou os olhos e acenou em negação.

L-I-S-A-N-N-A

Eu sempre ouvia as outras pessoas dizendo que se fosse para se ferrar, que fosse com mais alguém, por que se ferrar sozinho não é bom. Esse era o único pensamento mais ou menos bom que passava pela minha cabeça, enquanto cavalgávamos pela Bifrost, em direção a Heimdall.

Sim, fora um sacrifício para convencer a todos os outros que eu iria sim para Jotunheim, por que não deixaria que fossem sozinhos e acabei tendo que apelar pela desculpa que eu podia formar o escudo e que sabia me proteger... acabou que eles não tiveram como dizer não. Nunca tinham.

Não podia negar que estava nervosa. Tão nervosa a ponto de nem querer pensar naquilo. Mas não tão nervosa a ponto de desistir. Mas apesar do nervosismo, eu não hesitei em ir por um segundo sequer. Não sabia até que ponto isso era bom.

Antes que eu percebesse, já havíamos chegado. Em frente a estrutura de cor acobreada, Heimdall estava prostrado com sua costumeira expressão severa.

Não foram muitas as vezes em que eu saí de Asgard, então se eu pudesse dizer uma pessoa que eu definitivamente não conhecia bem era o guardião da Bifrost. E não foram necessárias muitas olhadas para o moreno, para que eu tivesse minha impressão dele: Heimdall me inspirava medo. Um alguém severo. É claro que eu podia estar errada sobre ele, mas continuava com a minha primeira impressão.

Desci do cavalo e caminhei devagar até ele, acompanhando o passo dos outros. Loki foi o primeiro a se pronunciar, com um sorriso levemente presunçoso.

– Bom Heimdall...

– Não se agasalharam o suficiente – interrompeu-o e eu arqueei uma sobrancelha.

– O que disse? – o moreno indagou.

– Acha que pode me enganar? – seu tom era apático, quase rude e eu dei um passo a frente. Eu não podia saber muita coisa sobre ele, mas aquele realmente não era jeito de se falar. Não só por que Loki era um príncipe, mas daquele jeito não se falava com ninguém.

– Eu acho que você deve ter se enganado... – começou, mas foi cortado por Thor.

– Basta – o loiro deu um passo a frente – Heimdall, podemos passar?

– Nenhum inimigo passou por mim até hoje – a emoção em suas palavras era algo que me comovia – Quero saber como isso aconteceu.

– Então não conte onde fomos até retornarmos – seu tom era sério – Entendeu?

Sem dizer mais uma palavra, passou por ele, sendo seguido pelos outros. Revirei os olhos. Quanta coisa desnecessária.

– É melhor você rever o jeito que fala com as pessoas – tentei não soar severa, ou rude. Como se eu desse um conselho ou algo do gênero. Olhou inexpressivo para mim – Elas podem acabar não gostando de você. Ou tendo uma impressão ruim.

– Do mesmo jeito que você não gosta? – sua voz era apática e eu dei de ombros, pouco me importando – Ou da mesma impressão que você teve?

– Exatamente – passei por ele sem dizer mais nada e vi Loki me encarar com um sorriso de canto.

Nos posicionamos e Heimdall tomou seu posto, começando a falar em seguida:

– Eu cumprirei a promessa que fiz, quando disse que protegeria Asgard de invasores – vi que ele enfiou a espada no lugar onde deveria e raios começaram a serem lançados para todos os lados da cúpula, iluminando-a por completo. Encolhi os ombros. – Se por um segundo que for a sua volta significar uma ameaça para Asgard, a Bifrost permanecerá fechada e vocês morrerão no frio de Jotunheim.

– Você não pode simplesmente deixar a Bifrost aberta? – Volstagg foi o primeiro a perguntar.

– Deixar a Bifrost aberta liberaria toda a sua energia – respondeu – E destruiria Jotunheim, com vocês lá.

– Eu não tenho planos para morrer hoje – Thor deu um sorriso.

Eu era incapaz de esboçar alguma emoção naquela hora. Estava simplesmente estática. Essa seria a minha primeira viagem em que eu iria com o propósito de lutar, seria a minha primeira saída do reino sem a autorização de algum superior e seria a primeira vez que eu lutaria pelo tudo ou nada. Se nós saíssemos com vida, ótimo. Se não...

– Ninguém tem.

A voz grossa de Heimdall foi a última coisa que eu ouvi, antes de sentir a pressão de ser puxada para o espaço. A velocidade em que éramos direcionados para Jotunheim era incrível. Tentei ver as estrelas através da corrente, mas tudo o que meus olhos captavam eram uns borrões brancos. Apertei com força o cabo da minha lança e, antes que eu pudesse sorrir com a sensação engraçada e estranha que se apossara do meu estômago, chegamos ao local destinado.

Equilibrando-me para não cair, olhei ao redor e franzi o cenho: O lugar era fantasmagórico. Não se via uma alma por entre as grandes torres de gelo e parecia que tudo ali era feito com um mesmo padrão: Morto. Virei rapidamente a minha cabeça para trás e constatei que um grande abismo se estendia por trás de nós.

O ar gelado queimava minhas narinas e minha garganta e eu não conseguia ver o que se estendia muito depois das construções geladas, que não pareciam lá muito estáveis. Um pedaço de qualquer coisa caiu não muito longe de nós. Tudo parecia que podia desabar a qualquer segundo.

– Não deveríamos estar aqui – Hogun foi o primeiro a se pronunciar, não soando muito corajoso.

– Vamos em frente – Thor ignorou-o, pondo-se a andar.

Os outros começaram a segui-lo como se soubessem para onde estavam indo e não pude fazer nada que não fosse acompanha-los. Eu também não estava exatamente bem de orientação. À medida em que andávamos, era impossível ignorar a sensação de que algo nos observava e fomos assim até chegarmos a um prédio que parecia ser a construção principal. Onde Laufey provavelmente estaria.

– Onde eles estão – Sif indagou.

– Escondidos – o loiro respondeu com desdém. Ele definitivamente tinha que parar com isso – como os covardes sempre fazem.

Finalmente pararam e eu encarei o ser que estava na minha frente: ele era alto, feio e azul. Seus olhos eram vermelhos e linhas pretas modelavam o seu rosto e sua pele enrugada, dando ao mesmo uma expressão horrenda. Estremeci quando senti seus olhos pesados sobre mim.

– Vieram de muito longe para morrer, asgardianos – sua voz era grave e exageradamente rouca.

– Eu sou Thor Odinson – seu tom não era nem um pouco amigável.

– Nós sabemos quem você é – respondeu friamente.

– Como entraram em Asgard – suas palavras eram laminosas.

Se eu pudesse fazer telepatia, diria mentalmente para Thor que não era assim que se resolvia assuntos problemáticos. Mas se eu falasse isso, iria receber um olhar desdenhoso.

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– A casa de Ondin está cheia de traidores – depois de um longo tempo, Laufey respondeu.

– Não desonre o nome do meu pai com suas mentiras – impôs o martelo ameaçadoramente.

– Seu pai é um assassino e um ladrão – levantou-se de seu posto e falou, o que foi estranho, pois Laufey estava calmo demais até agora.

De pé ele era muito, mas muito mais alto do que aparentava quando estava sentado e seu tom me fez estremecer.

– E por que veio aqui? Para fazer as pazes? – seu tom era demasiado irônico e eu bufei inconscientemente – Está ávido por luta. Clama por ela. Não passa de um garoto tentando provar que é um homem.

Senti uma movimentação nas sombras e agarrei o cabo da lança, abaixando-me levemente e olhando ao redor. Seres grandes saíram das sombras, extremamente parecidos com seu rei. Eles olhavam para nós com um traço de raiva em seus olhos escarlate.

Lutei contra a vontade de mantê-los afastados com minha arma, mas esperei pelo sinal de Thor.

– Esse “garoto” está cheio da sua zombaria – o loiro sibilou e os seres se aproximaram mais, cercando-nos.

Em sons irritantes aos meus ouvidos, pedaços pontiagudos de gelo formaram-se em suas mãos. Quando vi Loki caminhando na direção de Thor, o acompanhei e toquei no braço do loiro. Se o moreno tentaria pôr alguma coisa na cabeça do loiro, eu me senti no dever de fazer o mesmo.

– Thor, olhe ao redor. Somos minoria – ele falou baixo e eu apertei sua mão, mostrando que concordava com Loki.

– Vão para seus lugares – sibilou e eu apertei mais, enfiando levemente minhas unhas em sua pele.

– Tente pensar uma vez na vida, Thor – estreitei os olhos e falei o mais baixo possível – Por mais que você queira, não podemos contra eles.

– Escute sua namorada, Odinson – Laufey falou e eu franzi o cenho – Você não faz ideia do que suas ações podem desencadear. Vá agora, enquanto eu permito.

Suspirei tentando não parecer aliviada demais. Puxei a mão do loiro levemente, mostrando que deveríamos ir, mas ele simplesmente puxou sua mão de volta, sem soltar a minha.

– Nós aceitamos sua generosa oferta – a voz de Loki ecoou e eu assenti, mesmo sabendo que nenhum dos dois me via.

Não pude segurar o suspiro de alívio quando constatei que o loiro, finalmente, escutara Loki e já se virava para ir embora. Pensei em algo para mostrar para Thor que estava tudo bem, mas antes que eu pudesse fazer algo, outra voz ecoou pelo local.

– Corra de volta para casa, princesinha.

Fechei os olhos com força.

– Droga – eu e Loki falamos em um uníssono e escutei o som abafado do Mjölnir sendo deslizado pelas mãos do loiro.