Limoeiro

Acordando.


Parei uns segundos espantado com o que tinha acabado de ouvir.

Voltei a me sentar naquela mesa suja da cozinha enquanto ele me olhava coçando a cabeça por de baixo daquela bombeta que estava mais encardida do que eu quando era muleque.

—--- Espera um segundo? Vocês estão falando de um cara meio japa? ---- me exalto, já tinha ligado os pontos. Não era uma tarefa difícil. ---- O uniforme deles é por a roupa o contrario porá caso?

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Os dois se entreolham curiosos de como eu sabia de tal coisa, mas a minha vontade era de ir matar o desgraçado do avesso que estava enganando os meus amigos.

—--- Calma ai! ---- novamente aquela mão pesada cai no meu obro me pondo sentado na cadeira que nem vi ter levantado. ---- Por que tanta fúria. Sabe quem é este líder? Ele é mesmo invencível?

—--- Mais ou menos... não sei. Talvez. ---- queria confirma que eu poderia vencer e matar qualquer um mas com os poderes do maluco eu não tinha como ter certeza. Só sabia que queria a cabeça do cara em uma bandeja de prata.

Respirei fundo; eu tinha que planejar o que fazer, mas a esta altura já havia desacostumado a depender dos planos do careca. Invadir, brigar e arregaçar idiotas tinha virado praxe pra mim então só juntamos nossas coisas e saímos. Afinal tinhamos vindo a este lugar infernal com uma missão.

Já tinha invadido aquele lugar uma vez e invadir a segunda não seria difícil.

A galera era chapada mas sabia o que estava fazendo; e se aquele maluco era tão perigoso assim... Não iriamos arriscar mas também não iriamos fugir.

Como imaginei (e temi) Bombeta para o carro em frente à base dele. Do Contra.

O lugar enorme de paredes grosas estava no chão, parecia que tinha ocorrido uma guerra ali e mais uma vez me martirizei por ter perdido uma semana inteira desacordado por conta de uma poça d'água idiota.

—--- Vamos. ---- ele afirma serio aproveitando a bagunça de pessoas reconstruindo o local.

Estávamos com nossas roupas do avesso caso isso pudesse ajudar a nos infiltrar e alguém nos perceber, e realmente tinha tanta gente ali que era possível que todos não se conhecessem.

—--- Chef! ---- um grito forte atrás de mim me faz gelar. Todos ali podiam me ver menos “ele”, ele me reconheceria no ato. ---- O estoque esta intocado, a ala interna esta perfeita e as avarias nos equipamentos foram mínimas. ---- o homem grande e forrado de cicatrizes de cortes e tiros para em frente a ele e se curva falando seu relatório como se estivesse perante a um rei. E ele apenas faz um sinal com a cabeça que sim e o manda sair com outro gesto de mão; parecia evitar usar as palavras.

—--- Chef! ---- logo uma voz esganiçada o cobra a atenção, desta vez era uma garotinha que parecia ter a idade de Dudu. ---- Canhão te enviou um pacote.

Nesta hora seu rosto fica serio e ele segue a pequena que saltitante o olhava com olhos de admiração e devo afirmar com todo êxito que um pouco além disso. Mas o que ele fazia já me incomodava o suficiente.

Nossa ideia era simples: implantar bombas e mandar o desgraçado para o espaço junto com toda a sua equipe. O grupo era bom nisso e não tinha media de erros ou como ele perceber tal coisa com tamanha movimentação.

Mas eu me sentia nu sem meu guarda-chuva de estimação.

Claro que ele não era o mesmo da infância mas fazia parte do meu novo eu, um pedaço do que eu era antes reformulado da melhor forma. A mais perfeita analogia de mim.

=~^~ ºº~^~=

Gritei a plenos pulmões e minha vista embaçou com as lagrimas que escorriam.

Eu não tinha como me defender daquele homem enorme que estava a rasgar as minhas roupas e eu sabia muito bem o que ele ia fazer em seguida.

Sempre fui bom e esportes principalmente o que envolvia as habilidades com as pernas, enchendo ele de pontapés, mas ele era muito forte e estava louco para concluir seu ato.

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Minutos depois estava enrolado em um cobertor imundo no apartamento ao lado enquanto os caras vasculhavam a minha casa em busca de algo para chamar meus pais ou avisar alguém.

Eu só tinha 9 anos.

—--- Seus pais tão onde pivete? Sabe se defender não muleque troxa. Sabe o que o mane ia fazer com você? ---- ele entra no próprio apartamento escuro já brigando comigo e eu me encolho mais ainda no sofá de estofado rasgado. ---- Pivete burro. Parece que gosta de pika.

—--- Para com isso Bombeta. O muleque já ta em pânico. ---- o outro o da um belo tapa na nuca e vem ate mim. ---- Ses num tem telefone? Como chamamos seus pais? Eles tão onde? Que horas chegam?

Mas eu não consegui responder.

Assim que abri a boca desabei a chorar.

Meus pais chegaram horas depois, achando a porta arrombada e eu na casa dos drogados jogando videogame e comendo pizza e surtaram não dando chance para os cara se explicarem. Fiquei furioso com isso e comecei a fugir de casa sempre que podia e ficava com eles, minha nova família, uma que podia cuidar de mim.

—--- Esse porco não esta crescendo de mais? ---- tomo um susto ao sair do colégio e ver o Bombeta parado já me esperando com Chovinista a seu lado e corro ate eles.

—--- A onde vamos hoje? ---- sorrio ignorando os olhares dos demais pais e alunos para nós, fazendo carinho no meu pequeno porquinho de estimação que realmente estava crescendo um pouco mais do que deveria.

Estudava longe de casa. Tinha que pegar um ônibus e caminhar um pouco, meus pais não me queriam nas escolas do bairro depois que viram o numero de influencia em drogas e como eles me batiam. Mas um deles sempre vinha me buscar escondido e eu passava à tarde com eles ate que meus pais chegassem e eu tivesse que voltar.

E foi numa destas que me meti em encrencas de um jeito fenomenal.

Eu já tinha certa idade e noção de que não podia ter contato com água alguma e como sempre andava com um guarda-chuva a tira colo e justo neste dia começou a chover pesado e tive de me esconder em qualquer canto.

—--- Atende atende. ---- reclamei ao ligar para a casa deles já que sabia que a minha estaria vazia.

Sim já tínhamos conseguido um telefone fixo a esta altura, mas de que adiantava?

Estava a poucos quarteirões era cedo ainda umas quatro da tarde e eu podia ir andando mas era incapaz de sair de onde estava por conta da chuva forte e eu me preocupada em chegar cedo já tinha muito dever de casa.

Era um galpão velho que estava com a placa de aluga-se a meses e eu invadi sem pensar duas vezes.

Mas logo um choro chama a minha atenção.

Segui o som abafado como instinto e meu coração já acelerou de agonia.

Quando finalmente cheguei ao lugar minhas mãos tremeram e meu sangue parou nas veias. Era uma criança, um pobre garotinho de não mais que 9 anos assim como eu tinha quando aquele mesmo homem... mas desta vez ele estava conseguindo o que queria.

Eu não pesei só agi.

—--- Stinky!!!---- ouvi o grito de Bombeta mas não parei. E logo senti ele me puxar, olhei para baixo e vi meu guarda-chuva completamente destruído pela briga e um pedaço de seu cabo enfiado no olho do homem. E eu não me importei nem um pouco de ele estar morto ou não. ---- Onde você mora garoto? ---- ele o cobriu assim como tinha feito comigo e logo entramos em sua vã e fomos devolver a criança.

Fiquei no carro.

Estava coberto de sangue.

O sangue daquele imundo...

Só vi ele bater na porta e um mulher abrir e logo agarrar o filho e começar a chorar. Ele ficou lá mais um tempo falando coisas e depois voltou para o carro.

---- O que disse?

—--- A verdade. O menino... bem. Não deveria ir pra escola sozinho e que o culpado já ta morto por que um amigo meu descontrolado foi quem viu tudo. ---- ele confirma ligando o carro. ---- Ela agradeceu a deus por você ser descontrolado. Disse que foi bem feito, que vai contratar uma vã escolar e não vai falar do caso com ninguém para não nos investigarem pelo crime.

Abaixo minha cabeça.

Olho o guarda-chuva ou melhor o que tinha sobrado dele.

—--- Isso é uma arma na sua mão sabia?

—--- Desculpa.

—--- Sabe de uma coisa... ---- ele puxa os pedaços da minha mão jogando no banco de traz. ---- Você precisa de um mais resistente e forte. ---- sorri maquiavélico passando a mão na minha cabeça como uma mãe carinhosa.

~~ºº~~

Despertei desta lembrança torpe e voltei a meu foco.

—--- Stinky. ---- ele me chama apontando para uma área muito suspeita e eu resolvo o mostrar o que havia me horrorizado da primeira vez que entrei naquele lugar do inferno.

A base era lisa do lado de fora.

Parecia só um grade prédio cinza sem janelas ou portas a não ser a grande entrada e eu não encontrava em lugar algum uma saida de emergência, coisa básica de uma base sebe; em suma era uma coisa muito sem graça. Mas do lado de dentro a coisa era cheia de espetos nas paredes entre outras coisas que me deixava bem confuso, ao invés do forte proteger os internos de ataques... Bem ele era o do contra né?

O lugar parecia mais um campo de treino.

Tinham pessoas armadas treinando tiros outras se enfrentando em um ringue a arrancar sangue umas das outras, pareciam gostar de colecionar cicatrizes e eu tinha certeza do porque todos ali pareciam ter uma.

Em um canto quase escondido se não fosse pelo arejamento seriam expostos varias armas de fogo entre calibres leves a fortes aponto de varar o corpo de alguém e ate derrubar paredes, assim como granadas e munições. Já em outro muito mais exposto se podia ver homens amarrados a correntes e pregados em placas de metal, bastante feridos não parecia terem cortes isso se você não notasse áreas claramente queimadas demonstrando uma cauterização ali e as poças se sangue em seus pés. Pareciam abandonados ali pra morrerem. Expostos como carnes em um frigorifico.

Um ambiente horrível.

Uma visão infernal.

—--- Stinky ---- ele não parava de ficar me chamando a todo momento. Parecia uma mãe preocupada com o filho em um play graund novo.

Paramos próximos de mais do desgraçado que seguia a garota saltitante que logo aponta para uma porta ficando a esperar do lado de fora.

Ele só faz um cafune na cabeça da menina passando a mão no rosto do lado que estava queimado e não possuía cabelos entrando no lugar.

Quis entrar para ver mas a piveta não saia de lá.

—--- O que o chef ta fazendo? ---- Bombeta se arrisca em se mostrar pra garota, e eu estremeço com medo de perde-lo ali naquele lugar infernal.

—--- Novato! Ponha-se no seu lugar, você não me pergunta nada! ---- ela pontua autoritária com aquela voz esganiçada ao ajeitar uma arma na cintura como se fosse completamente normal uma criança usar aquilo. ---- Se livre dos trastes imundos e jogue os mortos no lixo! Não queremos a base fedendo. Não se esqueça de picotar os corpos seu inútil! ---- ela briga ao apontar para uma sala escura de onde emanavam gritos horríveis.

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—--- O que tem ali? ---- ele questiona espantado não escondendo o medo de entrar.

—--- Traidores e invasores. ----- ela sorri um riso sádico saindo da porta vendo que o “líder” deixava o lugar desta vez acompanhado. ---- Chef! Eu estou pronta quando vai fazer comigo? ---- não vou negar pensei muita merda com esta frase da garota. E você? Ata... jura que não? ---- Não sou criança! Já disse que quero e estou pronta!

Mas ele não responde.

Só olha para a menor e sorri voltando a afagar seus cabelos e se abaixa sussurrando algo em seu ouvido e ela sai correndo toda alegre. E meu nível de pensar merda explode. Que bosta foi aquela que eu vi?

Mas o Bombeta idiota estava ali frente a frente com ele e ele o encara de cima a baixo estranhando o meu amiguinho loiro.

—--- Velho. (Novo?)

—--- S-sim... sou novo senhor. ---- não sei nem como ele fico de pé com o quanto suas pernas tremiam. ---- A pequena me mandou me livrar dos mortos. Eu.. ---- ele estava tão nervoso que não conseguia falar. Não era por menos. O cara o olhava como um predador prontinho pra matar.

Mas logo vira as costas e sai andando apontando para a mesma sala que a menor tinha a apontado e indo na direção que a pequena tinha ido e isso me trouxe uma grande anciã de vomito.

O segui temeroso e curioso.

Não podia ser possível o que estava imaginado.

Mas a cada passo meus temores pioravam; ele entra em uma sala a única que não parecia ter nada perigoso ou que iria ferir alguém. Selada pelo lado de fora e dentro uma cama macia e nada mais. Meu nível de pensar besteira já estava contagiante quando vi a garotinha sentada ali toda animada e satisfeita.

Seus olhos chegam a brilhar quando ele entra e fecha a porta atrás de si e eu não posso ver mais nada.

Queria ter um tercinho para poder rezar pela minha sanidade.

Mas um segundo depois ele sai trancando a porta com a garota la dentro.

—--- Ninguém é tão rápido. ---- pensei comigo mesmo rindo por dentro pelas piadinhas que já formava em minha mente, mas aliviado por ter errado e curioso com o que realmente teria acontecido ali dento. ---- O que ouve? Ele só pois e tiro?

—--- Ridículo (surpreendente) ---- a voz dele soa na minha nuca e posso sentir seu hálito quente no meu pescoço dando aquele pulo que você pode imaginar.

—--- Seu demente! Viro viado? Com não imaginei? Do contra deve gosta de “coisas o contrario” também. ---- exclamo realmente apontando minha arma e ele revira os olhos debochando de mim. ---- O que tem na cabeça animal de teta!?

—--- Não sabe como sair? Esta péssimo entretanto saiu. Não vai poder ir em bora. ---- ele fala tranquilo mas eu não entendo bulhufas e ele logo faz uma cara de raiva.

—--- Você é muito bom em se infiltrar. Fico feliz que esteja bem, mas porque invadiu? Podia ter entrado pela porta da frente. ---- uma voz doce e meiga soa a seu lado e logo percebo uma garota parada ali. ---- Sou a tradutora. ---- ela sorri percebendo minha confusão.

—--- Aaata! ---- exclamo. ---- Nem vem se fazendo de bonzinho. Olha aquilo ali! ---- aponto para os caras amarrados claramente torturados e a sala com pessoas mortas e ele simplesmente da de ombros. ---- Eu sei toda a verdade seu desgraçado. O que vai fazer me matar? ---- grito mas novamente ele não parece dar a mínima. Ele já tinha me visto estava no meio de sua base não tinha nada que eu pudesse fazer agora. ---- Eu sei do seu acordo com CF sei de tudo o que andou fazendo estes anos seu maníaco. ---- mas o sádico apenas sorri e passa a mão sobre os cabelos. ---- Vamos admita você se vendeu a este lugar. É um deles.

—--- Errado. (certo.) ---- esta ate eu entendi. ---- E eu não. (você também ) ---- ele vem falando em vindo m aninha direção. Mas logo olha para a moça e faz uns sinais chatos com a mão que eu não entendo.

—--- Você não pode negar que é como eu e o resto desta maldita cidade. ---- ela fala olhando para ele realmente traduzindo os sinais de libra que ele usava para se comunicar. ---- Se sente podre sujo e incapaz de voltar ao que era antes ou ter a mesma vida normal. Que de algum modo vai contaminar todos que tocar e não estou falando dos poderes. ---- admito que ter uma intérprete era genial nas condições dele. De cabelos ruivos marcantes ela possuía uma doce vos meio fanha, mas seus olhos foi o que mais me chamou a atenção. Eram muito afastados como se tivesse... ---- Você me acusa de ser como esta cidade mesmo sabendo que esta no mesmo barco. Sabe que tanto quanto Do Contra quanto Cascao estão mortos, eles querem acreditar que não mas estão... Nós não vamos voltar a ser como éramos; vimos e passamos por muita coisa não da pra fazer de conta que acabou. Não da pra passar uma borracha então não venha julgar meus métodos de sobreviver neste lixo de mundo. Faço o que posso com o que tenho. ---- isso só podia ser ela.

—--- Tati? ---- questionei a olhando de cima a baixo ignorando o que o outro falava. ---- Nossa cresceu fico gata!

Ela ri um riso tímido e sem graça.

—--- Eu sou a interprete. Me ignore! ---- brica sem graça voltando a traduzir o cara. ---- Você perdeu muita coisa no tempo que ficou desacordado Cassio. Um mal esta solto e já fez uma vitima. Jeremias esta morto e Xaveco se culpa pelo ocorrido e nem Denise consegue o trazer de volta. Lucas, Timot, Humberto, Negi e Nimbos foram atrás dele e temo pelo pior. Depois te conto tudo oque quiser mas agora temos que ter um foco.

A verdade é que ele podia fazer o melhor discuso do mundo que não iria me convencer.

Quem não concorda com "certas coisas" não comente as mesmas.

Eu ainda iria explodir aquele lugar com ele dentro, só tinha que saber a onde estavam os meus amigos e como ele me descobriu ali.

Só que...

—--- Chef! ---- o suado e enorme cara volta a se aproximar, desta vez suando frio e tremendo de medo de continuar a falar. ---- Seu irmão chef. Ele foi atras de NIco Demo. E eles o encontraram, estão com ele agora neste segundo.
O maluco sai correndo e me deixa lá falando com as paredes.

Quem afinal é Nico Demo?

Ass: Cássio Marques de Araújo >_O”