Liliam não sabia como havia voltado para a diretoria, mas se lembrava de alguém puxa-la. Dessa vez ela não estava do lado de fora, mais dentro da sala com a diretora sentada a sua frente. A sala era grande, com uma estante sofisticada atrás da mesa da diretora, janelas grandes arredores e um belo lustre.

–Senhorita Stark? – Chamou a diretora fazendo Liliam parar de encarar suas pernas. Ela tinha olhos arregalados, mãos sujas de sangue e remores por todo o corpo.

–Se você vai me mandar pra cadeia eu sei que tenho um direito a um advogado. – A diretora deu uma risada que parecia sinos, Liliam gostou do modo que ela ri.

–Eu não quero que você fique encrencada Liliam, pelo ao contrario, eu quero ajuda-la. – Sua voz era serena, como se tentasse acalmar a garota que tremia na sua frente.

–Por quê? Você nem me conhece! – Questionou Liliam não entendendo sua diretora.

–Não. – Sorriu sem mostrar os dentes. – Eu não conheço, porém sei como deve estar se sentindo. O que aconteceu hoje não é algo fácil de superar, principalmente para uma criança. Pode parecer confuso o que eu te direi, mas você será grandiosa Liliam. – Ela olhava orgulhosa para a garota que estava a sua frente.

–Eu não estou te entendendo, diretora. – As palavras da mulher saíram embaralhada para a garota.

–Você tem sete anos, mas quando eu a vejo não me parece que tenha apenas isso. O que você fez hoje foi errado, Liliam, não pela parte da discussão com a professora Field, ela realmente tem que parar de criar ideias tão antiquadas para as crianças. Agora machucar aquela menina? Não pode mais fazer isso.

–Mais eu não a machuquei. – A morena repensou em suas palavras. Ela não pegou a pedra e bateu na cabeça de Lydia, mas em algum momento ela desejou que aquilo acontecesse. Talvez fosse isso que sua diretora tenha referido como machucar. – Eu não queria!

–Eu entendo que não queria que a garota fizesse aquilo, mas não pode dizer que não foi sua intenção. Claro que não deve saber o que você é, porém a partir de hoje se lembre de que tudo que fizer ou pensar terá consequências. Gente como você não pode se deixar descuidar nem por um minuto. Futuramente essas palavras terão mais importância do que agora, pode apostar.

–Eu já entendo, diretora. – Liliam abaixou a cabeça e uma lagrima escorreu por seu rosto. – Eu sou uma bruxa, daquelas que lemos nos contos de fadas e que destroem a vida das princesas. Eu desejei que Lydia morresse hoje, mas eu juro que só oi por um minuto! Isso me faz uma pessoa ruim?

A diretora não encontrou palavras para consolar a garota. Ela entendia o que Liliam era, já havia pesquisado sobre isso quando seu irmão se mostrou com habilidades diferentes. Porém era estranho ver uma situação como aquela na sua frente: Cara Maxsell, diretora de Liliam, tinha um irmão mutante e por muito tempo o odiou por ser tão diferente da sociedade. Por ser uma aberração. Ela o rejeitou e fingiu que ele nunca tinha feito parte da vida dela, mas não se podia fazer o mesmo com Liliam. Ela era apenas uma garota de cinco anos, que maldade ela poderia ter? Mesmo que tenha feito a Lydia se apedrejar isso não a torna no monstro que Cara idealizava da raça mutante.

–Liliam... – Quando Cara abriu a boca para consolar a garota, um casal atravessou sua porta como um furacão.

Howard Stark odiava ser interrompido quando estava com sua esposa, principalmente depois de um ótimo momento de amor que os dois tiveram depois de anos. Tony já havia sido despachando para o internato, e para aliviá-la seus pensamentos Maria decidiu que deveria passar mais tempo com o marido. Uma ligação desesperada foi feita para a casa dos Stark’s após o incidente de Liliam e Lydia. A professora Field, a mesma que Liliam irritou nessa manha, gritava no telefone sobre a filha deles ser uma aberração, um demônio que deveria ser queimado! Claro que como pais aquilo os desesperou, e não pensaram duas vezes antes de se dirigirem até a escola.

–Eu não quero saber quem foi quem ligou pra minha casa, mas a próxima vez que chamarem minha filha de aberração eu ire... – Acusou Howard apontando para a diretora.

–Você não acha que seria melhor conversamos enquanto sua filha não esta presente para ouvir seus gritos. – Interrompeu a diretora olhando para a cadeira que estava a filha dele se debulhando em lagrimas.

–Querida, por que não espera com Brian no carro? – Maria se agachou para falar com a filha e seu coração se despedaçou ao ver sua filha tão desesperada daquela maneira e com suas mãos cheias de sangue. Liliam não levantou nenhum minuto a cabeça ao passar pelo seu pai e se dirigir ao carro.

–Como é que a escola permite que uma idiota ligue para minha casa e fale tanta besteira sobre minha filha! – Howard estava descontrolado de uma maneira que nunca pensou estar. Nem o próprio homem sabia de uma determinação em proteger sua filha.

–Vamos deixar que ela explique a situação, Howard. – Aconselhou Maria se sentando na cadeira que a filha estava. Cara percebeu que os olhos calmos e inteligentes foi herdado da mãe, mesmo que a cor seja idêntica ao do pai. Olhando para o casal, Cara percebeu que a personalidade era muito parecida com a mãe, até o mesmo modo de sentar e depositar as mãos em cima do joelho. Mas a cor do cabelo, pele e olhos, tudo foi herdado do gene Stark.

–Espero que saiba explicar muito bem, se não o processo explicara minha reposta. – Comentou Howard resmungando e se sentando na cadeira ao lado da esposa.

–Bem, - Disse a diretora se endireitando na cadeira e respirando fundo se preparando para a reação deles. – Aconteceu o incidente hoje na sala de aula em que Liliam rejeitou a instrução da sua professora e acabou resultando em um debate no qual sua professora se descontrolou e a mandou para diretoria.

–Por favor, não me diga que estou aqui porque minha filha tem uma boca grande. – Howard revirou os olhos.

–Por favor, Howard. – Pediu a esposa para que continuasse a ouvir a historia. Pela expressão da diretora não era apenas aquilo.

–Continuando, Liliam então foi para seu intervalo e nesse período uma das suas colegas de classe, Lydia Bossato, começou a provoca-la e fez com que Liliam se descontrolasse. Sei que não era intenção de Liliam, mas por acaso vocês sabiam das condições de Liliam?

–Que condições? – Perguntou Maria se inclinando na cadeira.

–O fato de que Liliam tem... – Cara olhou para Howard sabendo que aquilo traria a tona a fúria do homem. – Sobre as condições sobre humanas dela.

–Sobre-humana? Sobre o que esta falando? – O desespero ficou claro na voz de Maria. Seu olhar se encontrou com o de seu marido e percebeu que ele não estava tão desesperado quanto ela. Howard não sabia dos poderes de Liliam, mas tentava entender o que a diretora se referia como sobre-humana.

–Esta querendo dizer que minha filha tem algum tipo de... poderes? – Questionou Howard mantendo uma voz seria. Aquilo surpreendeu Maria, pela primeira vez ele não estava mostrando sarcasmo ou escárnio em sua voz.

–Como assim poderes? – Maria ainda não tirou os olhos de seu marido.

–Bem, veja a situação, Sra. Stark. Sua filha ao se descontrolar mandou que Lydia pegasse a pedra que a mesma lhe deu, e que batesse em sua cabeça até morrer. Segundos depois Lydia começou a fazer o que Liliam havia lhe mandado e parecia não ter controle nem consciência de que deveria parar. Então sua filha mandou que parasse, e assim a garota o fez. Não acredito em uma hipótese de brincadeira já que Lydia está na ala hospitalar com um corte profundo na testa e aparentemente sua filha tem sangue nas mãos quando tentou impedi-la. – Explicou Cara com seus olhos direcionados em Howard. O homem não estava abalado, porém estava pensativo quando elevou sua mão em seu queixo.

–Você sabia sobre isso? – Perguntou Maria com raiva.

–Acha que se eu soubesse que nossa filha é algum tipo de aberração eu teria cogitado a ideia de manda-la para uma escola? – O tom de Howard se agravou e fez com que sua esposa arregalasse os olhos.

–Eu não diria que Liliam é uma aberração, mas sim uma mutante. – Intrometeu-se a diretora.

–O que significa ser uma mutante? – As sobrancelhas de Maria se ajuntaram e Cara viu a mesma reação em sua filha ao dizer que não queria que Liliam se encrencasse.

–Um humano que nasceu com modificações fisiológicas que acabam fazendo que possuam algum tipo de poder ou habilidade sobre-humana . Já vi casos como o dela na você sabe o que... – Howard ergueu a sobrancelhas e olhou para Maria mandando o olhar que apenas ela entenderia. Maria entendeu que Howard já lidava com esses assuntos no trabalho secreto dele, onde coisas estranhas costumavam a acontecer.

–Eu reconheci o que Liliam era pelo fato de ter semelhança ao meu irmão, bem, não que os poderes deles sejam semelhantes. Mas o fato de conseguiram fazer algo que não tem como explicarem, algo sobrenatural! Foi por isso que pedi a professora para que chamassem vocês, mas não que ela gritasse sobre suas opiniões aos pais. – Comentou nervosa com a falta de profissionalismo da Sra. Field.

–Meu Deus, o que faremos agora? – As mãos de Maria começaram a tremer involuntariamente e ela tentou se acalmar agarrando seus cabelos.

–Calma Maria, não queremos que você tenha um ataque agora... – Começou Howard se levantando e abraçando a esposa.

–Não quer que eu tenha um ataque?! Howard nossa filha machucou alguém! – A mulher se descontrolou e se levantou revoltada. – O que estávamos fazendo que não prestamos na nossa filha! Como foi que ela se tornou isso? Como acha que o mundo ira trata-la?

–Maria, pare! – Ralhou Howard segurando a esposa pelos braços para acalmar seu desespero.

–Eu posso indicar uma solução se aceitarem. – Cara se levantou e olhou o casal desesperado pelo bem da filha. Era triste ver pais tão amorosos e dedicados como eles não saberem como reagir. Cara começou a pensar na forma que tratou o irmão na época, e um pesar nasceu em seu corpo. Howard e Maria a olharam com esperança. – Acho que se pagamos uma boa quantia em dinheiro os pais de Lydia, nem os das outras crianças irão espalhar sobre o que aconteceu aqui. Isso será bom para que Liliam não seja usada por pessoas erradas.

–Não importa a quantia que eles cobrem, eu só quero a segurança da minha filha. – Comentou Howard agora não tendo que segurar a mulher, e sim apenas abraça-la.

–Bem, e a solução que eu estou planejando para Liliam é simples; ela não poderá sair pra nenhum lugar. Liliam não representa só um perigo para os humanos, mais também para si própria. Vocês devem ter visto como a humanidade trata gente como ela. Eles irão caça-la, fazer experimentos, e isso não presumido que façam coisas piores.

Howard e Maria se entreolharam, eles não tinham certeza sobre aquilo. Liliam sofreria absurdamente se fosse privada de tudo que sempre quis conhecer. Mas não seria bom para ela não conhecer aquele mundo? Principalmente sendo o que é?

Bem, Howard Stark respondeu todas essas perguntas com um sim.

–Me mande o valor do cheque depois.

As mudanças da vida de Liliam foram drásticas depois disso. Seus pais decretaram regras extremas como: Não sair se não estiver acompanhada, não sair da mansão, não fazer nada que não a mandassem, e NUNCA repetir o episodio com a Lydia. Para uma criança de sete anos aquilo era desesperador, mais nada foi tão desesperador como descobrir que seu irmão foi embora.

No momento que Howard explicou sobre a partida de Tony ela correu para o quarto do irmãos aos prantos. Ele era o único que poderia entende-la, ama-la, e brincar com ela. Era seu único irmão. E no momento que percebeu que não voltaria ela entendeu o que havia se tornado. Ela havia se tornado uma princesa dos contos de fadas; solitárias, presas e a espera de que alguém a salvasse.

[...]

Três anos depois - Liliam Stark, 10 anos

Na época de natal Maria Stark sempre os faz voltar para sua casa no campo. Uma manobra de fazer com que sua família fique próxima o suficiente e uma maneira de afastar seu marido do trabalho. A mulher como sempre estava tão animada para o natal que acabou esquecendo o essencial, o peru natalino. Deixou então que seu marido cuidasse de sua filha em algumas horas para poder voltar pra casa e pegar o peru.

–Eu não posso ir com você? – Perguntou Howard fazendo uma careta de cachorrinho pra mulher. A verdade era que pela primeira vez ele ficaria com a filha e isso o assustava, mas não tanto quanto saber que seu filho mais velho também viria para o natal nesse ano.

–Não! Você acha que eu não sei que se você voltar comigo vai ir correndo até Nick Fury e ira ficar conversando com ele sobre mais modos de salvar o mundo? – Maria alisou o rosto do marido e lhe deu um beijo. Ela era apaixonada por Howard Stark, porém sabia que o maior defeito dele sempre seria colocar o trabalho a cima da família. – Até Peggy me disse para fazer com que se distanciasse do seu trabalho no feriado.

–Peggy é uma intrometida! Ela não pediu a minha opinião quando me mandou varrer o mar a procura do capitão America, então ela não deveria opinar no meu trabalho! – Reclamou Howard revirando os olhos.

–Sua capacidade de não querer passar nenhum tempo com a sua família é incrível! – A mulher encarou Howard seria e impaciente. Os dois tinham constantes brigas sobre o modo como Howard rejeitava estar com os filhos, então como um modo de defesa ele já sabia como contornar sua situação.

–Quer saber? Pode ir lá sozinha. Tudo que eu mais quero nesse natal é estar aqui com você. – Selou seus lábios rapidamente. – Meus filhos, e esse cheiro de arvore.

–Ainda bem que você sabe como ajeitar sua situação! – Maria abriu a porta do carro e antes de entrar puxou o marido para um beijo de verdade. Howard se separou sem fôlego e sorriu para sua mulher. – Se você for bonzinho hoje, eu vou preparar uma surpresa especial pra você.

–Que tipo de surpresa? – Perguntou com a voz cheia de malicia.

–Posso dizer que tem haver com fantasias de mamãe Noel... chocolates... e você! – Ela piscou sapecamente para o homem e entrou no seu carro. Howard suspirou pesadamente e se virou para a filha.

–Espero que você seja boazinha, pequeno Lírio, porque tudo que eu quero é ganhar esse presente! - Ele a pegou no colo, e levou para dentro da casa. Howard como sempre, deixou Lily observando a janela enquanto trabalhava.

–Papai, olha só, esta nevando! – Gritou Lily para o pai. Howard estava concentrado demais em sua papelada e olhou por cima de seu ombro e assentiu para a filha.

–Vamos brincar? – A garotinha se aproximou do pai com os olhos cheios de esperança. Liliam era a representação da doçura aos seus dez anos. Ela era gentil e tímida, as únicas pessoas que eram próximas a ela não lhe davam atenção. Uma criança solitária.

–Eu não posso, Lily, o papai tem muito trabalho. E é perigoso você ficar lá fora sozinha.

A garota abaixou a cabeça e voltou para a janela. Passou-se um tempo dês de que seu pai, vencido pelo cansaço, acabou adormecendo em cima de seu trabalho. Liliam então pegou a chave da porta, e olhou para seu pai adormecido na mesa e sorriu, ela agora iria sair sem que ninguém a mandasse.

A neve congelou seu rosto quando colocou para a fora, mas mesmo assim ela não desistiu de sair. Suas botas eram bonitas, porém não resistentes para andar no gelo, só que para uma criança de dez anos que não sabia sobre nada do mundo não percebeu o quão perigoso era. Ela parou no meio do quintal coberto de neve e se perguntou:

–Do que eu vou brincar?

Liliam sabia que se deitasse na neve para fazer anjinho de neve sua mãe iria brigar. Então se lembrou do lago congelado que havia na casa de campo deles. Liliam correu até o lago, que já estava solido o suficiente parta patinar como as patinadoras que a menina tinha assistido na TV. A garota começou a brincar solitariamente como tudo que fazia na vida. Em sua mente, ela estava voando, para bem longe dos muros da mansão Stark. Seu equilíbrio era excelente, depois de todas as aulas de dança que a mãe a obrigou fazer, finalmente ela viu um exercício vantajoso. Lily não percebeu quanto tempo ficou ali, mas ela nunca havia se divertido tanto.

–Liliam! – Gritou Tony na beirada do lago. O choque fez com parasse de rodopiar e acenasse para o irmão. Seus olhos se encheram d’agua ao ver o irmão depois de tanto tempo. Mas ao contrario dela, o irmão não mostrava felicidade ao vê-la, na verdade ela não entendeu sua expressão.

–Venha brincar comigo, Tony! – Chamou com sua mão.

–Liliam sai daí! – Gritou de volta com desespero.

–Por que não quer brincar? – Questionou Liliam voltando para o irmão. Assim que pisou em uma parte amolecida do gelo ela caiu instantaneamente.

Liliam se debatia desesperadamente, porém tudo que as terríveis águas geladas fizeram foi a jogarem para baixo. No momento do medo ela acabou fechando os olhos e não percebeu as mãos de Tony a puxando para cima. Ele a arrastou de volta a terra firme e a olhou com medo de ter a salvado tarde demais. Liliam se levantou em um pulo e abraçou o irmão desesperadamente. Não sabia identificar se estava aliviada por não estar mais se afogando, ou emocionada por ter o irmão perto dela. Quando abriram a boca para falar, os dois disseram juntos:

–Senti sua falta.

E por alguns minutos enquanto estava nos braços de Tony, ela sentiu que nada poderia acontecer com ela. Que ele era o príncipe que ela estava esperando, porém não poderia salva-la.

[..]

Quatro anos depois - Liliam Stark,14 anos.

Liliam via mais um por do sol na sua masmorra. Antigamente ela achava que era difícil entender porque aquelas princesas precisavam de um príncipe para salva-las, e porque ficavam tão gratas quando isso acontecia. Mas agora ela conseguia entender.

Era desesperador viver presa, viver não seria a palavra certa. Sobreviver era a palavra. Conhecer a tristeza de não fazer nada de emocionante, não ter ninguém com quem compartilhar suas lagrimas e pensar que ninguém no mundo quer estar com ela. O fato de viver completamente sozinha enlouquece as pessoas, mas o fato de ser rejeitada pelos seus pais é pior.

Até Liliam Stark sonhava com um príncipe. Mesmo sendo tão feminista e não querendo admitir sua fraqueza, ela já não via a solução de seus problemas. Sua mão tocou sua bochecha e percebeu que uma lagrima havia escapado.

Foi então que Liliam decidiu que estava cansada de chorar. Liliam tirou seu celular e colocou na musica I Was Here- Beyonce.

Ela ainda estava ali.

Quero deixar minhas pegadas nas areias do tempo

Saber que havia algo lá

E algo que deixei para trá s

Quando eu deixar este mundo, não deixarei arrependimentos

Deixarei algo para ser lembrado, e eles não se esquecerão

Eu estive aqui

Eu vivi, eu amei

Eu estive aqui

Eu estive aqui

Eu fiz, eu tenho feito

Tudo que sempre quis

E foi mais do que eu esperava que fosse

Deixarei minha marca para que todos saibam que

Eu estive aqui

Uma das aulas que Liliam foi obrigada a fazer foi o balé. Conforme os anos Lily começou a gostar de fazer balé, e agora que já tinha quatorze anos havia se tornado uma bailarina muito boa. Ela sentia a musica entrar em sua memória, e todos seus momentos tristes começaram a serem esfregados em sua mente.

Liliam rodopiou graciosamente no refrão. As lagrimas caiam no chão, e a dança saia emocionalmente triste. Ela queria gritar a todos que ela ainda estava ali, que ela ainda estava viva. Era difícil para uma garota se sentir tão sozinha, porém ela não iria mais ser fraca. Afinal de contas ela era uma Stark, seu irmão estava sendo orgulho da família enquanto ela estava fazendo o que? Chorando? Lamentando? Brigando com si mesma e relembrando do maldito dia que estragou as chances de sair de sua prisão domiciliar?

Não. Ela não era apenas uma Stark, mesmo que sua características fossem herdadas de seu pai. No momento em que parou sua dança e percebeu que estava virada para o sol, ela se prometeu que faria algo de bom com a sua vida. Que ela mostraria aos seus pais, ao seu irmão, a todos que esqueceram que ela ainda estava li, que ela era muito alem de ser uma garota com poderes, ou filha do Howard Stark. O pequeno lírio estava morto.

Ela era Liliam Anne Stark, e o mundo saberia quem ela é.

[...]

–Igor Nikolavitch! – Exclamou Howard erguendo os braços para o homem. Liliam torceu o nariz ao encarar o homem corpulento e feio a sua frente. O homem cujo seu pai parecia amigo, retribuiu o abraço com fervor, depois beijou sua face.

–Stark! – Sua voz grossa como o trovão, fez com que Liliam se retraísse mais ainda, porém seu sotaque era engraçado e a garganta dela coçou para rir. – Vejo que está ficando velho!

–E você abusado! – Howard bateu no ombro do companheiro. – Igor, quero que conheça minha filha: Liliam Stark. – Indicou o pai para que Liliam se aproximasse do homem.

O homem admirou a garota parada atrás de Howard. Com apenas quatorze anos, Liliam já demonstrava uma beleza pura, e isso chamou a atenção de Igor.

–Ah, sua princesinha! – Igor caminhou até Liliam e a beijou no rosto. A garota arregalou os olhos e abriu a boca em choque.

–Ele é bem carismático, não é pequena lírio? – Perguntou Howard interpretando a careta da filha.

–A mais pura flor do jardim cujo nome é Lírio. Nome forte, não é Stark! – Elogiou o homem sem retirar os olhos de Liliam.

–Falando em princesas, Igor, cadê a sua? – A pergunta de Howard foi rapidamente respondida quando um furacão ruivo invadiu a sala gritando com o pai.

–Você nem me esperou! Eu irei dizer a minha mãe que você me tratou como um cachorro que precisa segui-lo! – A garota parou de falar quando viu Liliam parada atrás de seu pai. O rosto da ruiva se iluminou e ela correu para abraçar a Liliam.

–Que bom que vou conhecer outra garota da minha idade! Você será minha nova amiga! – Liliam reparou enquanto estava sendo esmagada que o sotaque dela também era engraçado. – Meu nome é Grace!