Like a Vampire 3: Lost Memories

Capítulo 29- Damas de ferro


Narração Sarah

—Então deixa eu ver se entendi.- Sofie interrompeu meus pensamentos bruscamente.- Eve é um projeto do KarlHeinz que se baseia num filho entre uma humana e um vampiro puro que estão num relacionamento de amor. Tal vampiro escolhido pela Eve teria um poder gigante que poderia matar o próprio KarlHeinz e quando o filho nascesse, o poder iria pra ele. E só pra melhorar, ele marcaria o começo de uma nova raça?

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As Hudison concordaram com a cabeça.

Eu respirei fundo.

—Eu…acho que eu vou zarpar e tals.- Lua tentou se levantar do sofá, mas Marie a barrou com o braço:

—Você vai ficar quietinha aí.

—As Creedley não voltaram ainda?- Nikki parecia meio… sem graça.

—Não sei qual a necessidade delas chamarem a penca toda pra bolar um plano de fuga ainda.- Victoria suspirou.

—Não sei, mas confio mais na capacidade mental e no senso comum delas do que no nosso.- Eu disse, de forma mais rude do que o esperado.

—Vamos ter que usar as informações que temos ao nosso favor.- Brunna opinou- KarlHeinz quer um neto. Ele já tem um. Mas sabemos que pode ser perigoso demais tentar atrair o rei pra ele. Precisamos de uma cobaia.

Sofie afundou no sofá ao meu lado:

—Você está pedindo que uma de nós FINJA estar grávida?!

—KarlHeinz não vai ousar machucar a mulher que pode carregar seu netinho especial.- Priya bufou- Sabemos que parece meio estúpido, mas pode ser nossa melhor chance.

—…Eu não acho que eu ou Sofie sejamos boas escolhas.- Nikki sugeriu.- Tipo… Eu sou uma fugitiva procurada e ela… meio que também, de outra maneira. Talvez seja mais arriscado fingirmos do que não.

Eu, Lua e Marie nos entreolhamos.

—Eu posso sair fora dessa?- Lua questionou- Eu tenho dezessete anos, só acho que vai ser bem estranho eu engravidar agora e pah…. Eu sei que tem menina que engravida mais nova que eu mas…

—Pode deixar.- Marie suspirou.- Eu faço isso.

Me defendi:

—Mah. Eu não vejo problema nenhum em fazer isso...

—Por favor, vocês cinco nem maturidade tem direito.- Marie revirou os olhos- Eu tenho 21 anos. O que é uma idade razoável pra engravidar, eu acho. E eu sou tecnicamente a mais fraca de nós seis, o que significa que eu teria menor segurança de qualquer jeito. Eu só preciso….

—Falar com o Laito.- Daayene concordou com a cabeça, mas parecia meio engasgada com algo.- É claro, vá em frente.

—…Eu podia ter feito isso.- Victoria resmungou.

—Com o seu quase divórcio com o Reijii? Eu duvido muito.- Priya suspirou- Além disso, alguém suspeitaria que o filho pudesse ser do Yuma. E já sabemos que ele não é um candidato a Adam.

—E atrair todos pra Heisuke pode ser perigoso. Pros pais de vocês, principalmente.- Anna continuou.

Estremeci. Fazia tempo demais que eu não falava com meu pai.

Ele nem imaginava as merdas que eu tinha feito nesse ano.

—…Por que os meninos não estão aqui?- Nikki questionou.- Tipo… assim que todos chegarem, vamos bolar um plano. Não precisaríamos deles aqui?

—Você acha mesmo que conseguiremos conduzir uma reunião com…- Brunna fez alguns cálculos.- Seis…Dez…Dezesseis…Vinte…Vinte e…Oito? Isso. Vinte e oito pessoas?

—Mao e Jackson vão participar, então?- Lua perguntou.

—Não exatamente.- Daayene respondeu.- Só que são dois namorados bobos que não aguentam ir num lugar sem a namorada deles.

A porta fez um barulho quatro vezes. Bem na hora que Marie chegou.

—Ele reagiu bem?- Perguntei.

—Ahn? Ah sim. Meio que sim. Ele começou fazendo piada sobre fazermos um filho de verdade, depois quase desmaiou mas depois de um tempo ele raciocinou e achou que era um bom plano.

—Se um dos trigêmeos acha que é um plano bom, estamos ferradas.- Sofie bufou.

A porta se abriu.

De lá, saíram as Irmãs Creedley. Obviamente, as três em toda sua elegância apesar de encharcadas. Também saíram Jackson, Mao, Sol, Yui e Akira.

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—…Tá chovendo?- Nikki questionou, observando a floresta pela janela. Mais seca impossível.

—No mundo lobisomem, sim.- Yui respondeu, o tom doce como sempre.

—Ah, isso explica o cheiro de cachorro molhado.- Lua forçou uma careta.

A única resposta de nosso irmão foi um gesto obsceno com a mão.

—Ok, rapazes, bem daora.- Sol suspirou- Agora vazem, é papo de mulher pra mulher agora.

—Mas…- Jackson começou.

—A gente acabou de chegar!- Mao brigou- Mozi, fala pra elas que a gente acabou de chegar.

—…Não me meta nessa história.- Haruka desviou o olhar.

Mao praticamente se lançou aos pés de sua namorada:

—Você prometeu que ficariamos juntos pra sempre!

—Que drama. É só umas três horas no máximo.- Haruka deu um tapinha na cabeça dele.- Agora vai com seus amigos.

—O Jackson é chato!- Mao continuou com seu drama.

—Ah, bacana.- Jackson cruzou os braços.- Bom saber, amigão.

—Vocês são tão dramáticos.- Cousie revirou os olhos.

Yui deu um abraço em Jackson, como se quisesse consolá-lo.

—Eu juro que te conto tudo depois.- Haruka voltou a mexer no cabelo do namorado, que foi rápido em se levantar e fazer posição de sentido:

—Sim senhora capitã! Vamos Jackson, temos dez caras ansiosos para serem irritados!

Mao saiu pulando, e Jackson só suspirou antes de dar um beijo na testa de Yui e seguir o amigo.

—…Vocês tem certeza que ele é vampiro e não… um cachorro?- Priya olhou pra direção que Mao havia saído.

—Nos perguntamos isso todo dia.- Eliza respondeu- Tem chá?

Demos de ombros.

De repente, uma águia surgiu e pousou no ombro de Haruka.

—Mas que merd…- Marie murmurou.

—Ah. Esse é o Zeus.- Cousie apontou pra esbelta águia, que observava o cômodo de forma bizarra.- Ele é da família. E gosta de uma entrada triunfal.

—Isso me lembra...- Lua subiu correndo.

—Por favor, me diz que ela não vai pegar o maldito papagaio.- Priya murmurou.

De repente Lua voltou. Ela tinha em mãos uma gaiola. E lá dentro, nada menos que Papapanicolau Herbert.

—…Que bicho feio.- Akira opinou.

—Lua gosta de falar que ele tem uma… beleza incompreendida.- Daayene riu.

—Todos os pássaros são belos.- Eliza sorriu.

—Especialmente o Papanicolau.- Lua parecia feliz.

—….Não vou questionar esse nome.- Haruka retrucou.

—Podemos começar isso aqui logo?- Sol se sentou, sua namorada logo ao seu lado.- Akira é nova nesse tipo de reunião, temos que contar tudo pra ela.

—Deixa comigo.- Daayene pigarreou- Bem vinda, Akira, á Patrulha das Mulheres. Aqui é um lugar razoavelmente seguro para planejarmos assassinatos. Principalmente o de homens.

—Parece justo- Akira sorriu.

—E então, o que temos de novo?- Haruka questionou.

Contamos pras outras meninas tudo. Sobre o plano Eve original, sobre a falsa gravidez de Marie…

—Espera aí.- Cousie nos parou- Fingir uma gravidez? Já pensaram no quanto isso pode ser perigoso? Eu ouvi murmurios na cidade. Falando sobre o Hei-sei-lá-das-contas.

—Talvez a minha falsa gravidez distraia todos sobre o Heisuke.- Marie opinou.

—Ou talvez só piore.- Yui opinou.- Você nem casada está, talvez as pessoas mais te condenem do que glorifiquem pela gravidez.

Sol pareceu surpresa:

—Olha só, Yuyuizinha entrando pro jogo!

Yui corou com o comentário.

—Além disso. Não esqueçam o que realmente viemos fazer.- Eliza respondeu- Nós treze vamos fugir.

—Espera aí. Só a gente?- Sofie se assustou- E os meninos?

—Se os meninos forem, o risco de serem seguidas é maior.- Akira opinou.- Eles ficam aqui por uma mera questão de controle. E eu, Sol, Yui, Jackson e Mao vamos ser informantes. Ficar de olho na situação.

—Os meninos já estão sem Lilith e Mun.- Victoria retrucou- Acham mesmo sensato tirar a única coisa que os mantém de cometer qualquer crime?

—Acho que mesmo com a gente eles são capazes de cometer um crime.- Nikki pensou alto.

—E eles devem entender que estamos indo pela nossa segurança.- Brunna respondeu.- Temos literalmente profetas, dinastias e a maldita Rebelião querendo nos matar por um motivo ou outro.

—KarlHeinz não teria coragem de matar vocês.- Yui falou.- É perigoso pra ele.

—Não tem coragem de matar elas, você quer dizer.- Anna respondeu.- E isso porque ele não sabe da profecia sobre a Eve ter que ser virgem. Se não, só sobrariam quatro na lista de "talvez eu não mate."

—Mas isso não retira o fato que todos me acham uma traidora.- Sofie opinou.- Se eu me expor pro povo, certeza que ao menos um tenta me matar. Nikki também, já que é considerada uma criminosa.

—Eu SOU uma criminosa.- Nikki corrigiu.

—Ok. Precisamos fugir. Todos ouvimos o aviso. Se não sairmos de perto, acontece aqui a mesma coisa que rolou na Mansão Sakamaki.- Eu lembrei as meninas.- E corremos o risco de derramar mais sangue inocente. De pessoas como Alice.

Um sentimento meio mórbido tomou conta da sala.

—Existe um lugar.- Eliza comentou- Que não nos achariam. E mesmo se achassem, demoraria meses. Tem uma magia muito forte lá, e é longe.

—Qual?- Daayene questionou.

— O mundo dos Demônios.- Haruka respondeu, após pensar um tempo.- Nossa casa.

—Achava que era perto daqui.- Brunna estranhou.

—A cidade é.- Cousie explicou.- Mas onde moramos é bem mais longe. E lá é bem… mórbido.

—…Por acaso aqueles homens moram lá?- Lua perguntou- Os do picnic.

—Sim. Mas não se preocupem.- Eliza respondeu.- Até onde eu sei, eles estão do nosso lado. Somos obrigadas a servir eles. Mas eles nos pagam com uma vida boa e devoção. Só teremos que nos esforçar mais na nossa... Missão. Isso se quisermos de verdade a ajuda deles.

—Então está decidido.- Sofie respondeu.- Destino. Qual é o jeito mais seguro de ir de cá até lá?

—Bem, nós geralmente nos teletransportamos.- Haruka explicou- Mas como são muitas e a distância é longa, seria exaustivo pros nossos corpos. Então eu diria por mar. Mais ou menos duas semanas de viagem num barco rápido.

—Consigo arrumar um bom barco pra vocês.- Akira respondeu.- O dono do porto é amigo da minha mãe.

—Eu e Yui podemos tentar arrumar comida pra três semanas.- Sol respondeu.- Eu conheço boas vendas.

—Eu topo. Vou falar com Mao e Jackson pra nos ajudarem.- Yui pareceu animada.

—E a gente?- Vic perguntou.

—Vocês treinem e se preparem. É uma aventura suicida.- Cousie nos ameaçou.

—Parece divertido.- Lua riu.

Passamos mais meia hora planejando horários e lugares. Depois disso, nossas visitas resolveram ir embora. (Com bônus de Sol berrando pra tentar chamar Mao e Jackson.) E pouco a pouco, as meninas foram subindo pra voltar a dormir ou falar com os meninos.

—Sofie.- Chamei, antes que minha gêmea pudesse subir.- Podemos conversar?

Ela olhou pra mim de um jeito estranho, antes de concordar com a cabeça e voltar a se sentar do meu lado.

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Olhei bem pra ela. Minha irmãzinha, só três horas mais nova que eu.

Não era novidade pra ninguém que eu costumava achar que ela parecia ser bem mais velha do que eu. E agora não era diferente.

Os cabelos estavam mais longos e cheios. Ela estava certamente mais magra e mais pálida, como se não tomasse sol a dias. E o vestido que usava, num tom de verde-claro, já estava meio rasgado e sujo. Ela não usava nenhuma maquiagem e nenhum acessório, com exceção de um colar prateado com pingente de borboleta.

—Você... Queria falar comigo, né?- Sofie tirou-me dos meus devaneios. Eu devia ter encarado ela por tempo demais.

—Ah. Sim. Sim.- Me atrapalhei- Escuta. Tivemos um época bem... Ruim. Esse ano. E apesar de já ter passado e todo esse rolê… Eu não consigo olhar na sua cara sem te pedir perdão.

—Nós duas saímos da linha, Sah.- Sofie segurou minha mão.

—Talvez. Mas eu perdi o controle da situação. Passei semanas tratando vocês como lixo por nenhum motivo. Só porque eu não me sentia bem comigo mesma.- Suspirei.- Sinto que nem devia estar aqui.

Sofie me olhou confusa:

—Você é uma de nós, Sarah. Eu nunca te deixaria pra trás.

—Deveria.- Respondi.- Eu estava frustada. Desde ano passado. Todo mundo trata vocês cinco como as grande heroínas da família. Eu sempre fiquei de escanteio. E comecei a berrar pra que me notassem. E olha meu estado.

Apontei pras minhas roupas pretas e meu cabelo curto.

—Por incrível que pareça, acho que você combina mais com esse look.- Sofie sorriu.- E eu sinto muito se você se eu te fiz sentir excluída e rebaixada. Você é muito especial.


Abri a boca nervosa:

—Eu não te acho uma fingida. Nem uma imbecil cretina.

—Você estava certa. Eu me escondo das pessoas. Eu finjo os meus sentimentos. Nunca quis que as pessoas vissem quem eu realmente sou. Porque é feio. E estranho.

—…A sua verdadeira face é linda. E aposto que Ayato acho isso também.- Eu sorri quando vi ela ficar um pouco vermelha.- Ele te olha de um jeito surreal. Acho que nem ele sabe disso direito, mas gosta mesmo de você.

—Acho que Kanato pensa o mesmo de você.- Sofie opinou.- Foi fofinho o jeito que você beijou ele depois do plano.

—Ah, não me lembra disso.- Eu grunhi.- Todo mundo teve um primeiro beijo discreto e privado. A lindona aqui tinha que ter beijado o cara na frente de geral.

—Acho que ele curtiu.- Sofie riu.

Fiquei olhando pra ela, nervosa.

Eu tinha que contar.

—Sofie.- Comecei.- Você lembra do… fatídico dia… onde você ficou presa…

—No banheiro da escola no meio de um incêndio?- Sofie completou- Como esquecer?

—Verdade. Foi uma pergunta idiota.- Me corrigi- Então...

—Sofie.- Kanato apareceu.- Ayato está te chamando.

—Por que?- Sofie questionou, claramente confusa.

—Ele disse que precisa se alimentar.- Kanato revirou os olhos- Realmente, ele te quer do lado dele agora que as meninas contaram o plano de fuga. Está preocupado.

—Ah.- Sofie pareceu envergonhada.- Parece justo. Sah...

—Pode ir.- Eu respondi, tremendo.- A gente vai ter outras oportunidades de conversar.

Sofie se levantou, parecendo aliviada:
—Ah. Era importante?

—Não.- Menti.

Sofie suspirou. E deu boa noite pra nós dois antes de subir pro quarto.

Kanato se sentou do meu lado. Eu me afundei no colo dele, sentindo seus dedos finos mexendo no meu cabelo.

—Você está bem?- Kanato falou bem perto do meu ouvido.- Está tremendo e pálida.

—Não é nada… é só….- Me virei pra olhar ele nos olhos- Ansiedade.

—Quer que eu cante pra te acalmar?- Kanato questionou. Eu concordei com a cabeça.

Kanato se aproximou mais ainda de mim. Suavemente, começou a cantar uma canção de ninar suave e delicada.

Fiquei tensa.

Todas as pessoas que eu gostava… Tudo que eu amava… Estava em risco por causa de um maldito dia. Um segredo que eu guardei por oito anos.

Fechei os olhos. Tentando focar na voz de meu namorado e em seu carinho. Mas só uma imagem vinha na minha cabeça.

A daquele maldito dia.

Onde eu havia quase assassinado minha irmã.

Com Neyo.