Like a Vampire 2: Bloody Marriage

Capítulo 18- Fugitivas,Procuradas


Narração Daayene

Em meus sonhos, eu estava num lugar escuro. Uma espécie de corredor com quase nenhum feixe de luz passando para iluminar o caminho por qual meus pés caminhavam automaticamente, quase como se eu não pudesse controlá-los.

Foi só quando eu ouvi um grito que eu consegui fazer com que eu mesma parasse de andar. Um grito fino, cheio de dor e agoniante que fez cada músculo do meu corpo tremer.

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Logo em minha frente, tinha uma porta velha de madeira. Minha mão se estendeu e empurrou a porta levemente, novamente me lembrando da falta de controle sob meu corpo.

Lá, estava um grupos de pessoas em um círculo. Apesar de eu não conseguir ver o rosto de nenhuma delas, eu conseguia sentir uma aura de maldade saindo delas.

Logo em meio ao círculo, havia uma pequena criança. Os olhos azuis e o cabelo preto me davam uma sensação de deja vú bizarra. Parecia que eu conhecia aquele tom de azul de algum lugar, mas ao mesmo tempo não conhecia aquele olhar amedrontado.

—Vamos ver se assim você aprende sua lição- Uma das pessoas falou, tirando uma espécie de espeto de uma fogueira. Antes que eu pudesse reagir, ele encostou o ferro nas costas nuas da criança, que soltou mais um berro doloroso.

E então eu senti flashes virem até mim, quase como se eu estivesse me teletransportando. Primeiro eu estava num banheiro, onde uma criança loira pressionava um de seus olhos, com as mãos sangrando. Demorei um tempo pra entender que na realidade, ele estava sem o olho.

Depois eu estava na rua, onde uma criança encapuzada era chutada por outras três. Eu não conseguia ver seu rosto, apenas alguns fios esverdeados que saíam de seu capuz.

Depois, havia um vilarejo pegando fogo. Uma voz longe gritava o nome "Edgar" de forma chorosa sem parar.

E logo depois, o fogo brilhou nas cores laranja, lilás e azul. E se apagou.

E então eu ouvi um guincho de um animal que eu não conhecia.

Praticamente pulei da cama, sentindo suor escorrendo pela minha testa e minha respiração mais pesada que o normal. Demorei alguns segundos para conseguir ter noção dos meus arredores, e lembrar que eu estava bem agora.

Deus, que raio de pesadelo foi esse?

Olhei meu reflexo no espelho, e observei por alguns segundos meu peito descer e subir rapidamente.

Ok, de uma coisa eu tinha certeza: Literalmente ou não, os dois primeiros representavam Ruki e Kou. Os dois crianças, obviamente. Não tinha como confundir.

E o terceiro provavelmente era Azusa, pelo cabelo verde. Isso significaria que o fogo colorido simbolizaria... Yuma?

Como era o único que eu não tinha visto o rosto, agora ficava difícil palpitar.

E por que eu estava sonhando sobre eles? Eu já sonhei sobre os Sakamaki, e agora sobre os Mukami... Será que isso tem a ver com o passado deles também?

E como eu estou sonhando com o passado deles, sendo que eu nunca soube de nada disso? Será que é tudo uma criação da minha cabeça?

—Ah, você acordou!- Ouvi a voz de Lua estridente do meu lado, ao mesmo tempo que ela me jogou um par de roupas- Se arrume, logo teremos que sair!

—Sair? Sair pra onde?- Perguntei, olhando a calça legging e a blusa rosa-queimado que haviam sido jogadas em mim.

—Pra reunião que o reizinho chamou a gente lá- Lua se olhou rapidamente no espelho, ajeitando brevemente o rabo de cavalo e então se voltando pra mim- Como uma carruagem que vai buscar a gente aqui na frente e a gente tá saindo sem os meninos saberem, temos que ser rápidas!

E com isso ela saiu pulando do quarto, anormalmente feliz.

Dei uma risada baixa pra mim mesma. Ela podia ser estranha e meio doida, mas isso por algum motivo só me fazia simpatizar mais com a Herbert mais nova.

É claro, desde ontem a noite eu e minhas irmãs começamos a pensar que talvez as Herbert podiam não ser tão confiáveis quanto a gente imaginava. É isso nem era uma questão da Victoria ter beijado minha irmã sem ter falado pra gente que era casada(Coisa que sim, era importante. Mas eu não me sentia no direito de julgar sem saber da história completa e de todos os pontos de vida). Mais uma questão de...

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E se elas estiverem nos guiando pra esses vampiros, esse coisa de exército e Eve só pra eu e minhas irmãs nos ferrarmos no final.

O pensamento podia ser idiota, mas eu não sabia em quem confiar naquele mundo completamente novo e estranho. Era como se todo mundo fosse nosso amigo e nosso inimigo ao mesmo tempo.

E de todas as pessoas, me partia o coração ter que duvidar logo das Herbert. Elas, que foram tão empáticas e carinhosas com a gente logo de cara...

Me despertei dos pensamentos quando ouvi uma batida na porta.

—Entra- Eu respondi, finalmente tirando a camisola do meu corpo e colocando a calça legging.

Bastou eu olhar pro lado pra eu ver Brunna fechando a porta e se sentando na cama, enquanto só me esperava terminar de trocar de roupa em silêncio.

—Então- Eu a chamei, colocando a camiseta- O que traz uma desconhecida tão bela quanto você a essa acomodação?

Brunna riu da minha provocação, enquanto eu me sentava do lado dela na cama.

—Lembra de ontem, onde as Herbert contaram aqueles trecos sobre os drakons?- Brunna perguntou, e eu apenas assenti com a cabeça como resposta- Eu receio que não seja mentira essa história.

Arqueei a sobrancelha na direção da loira, que apenas fez um sinal de silêncio em minha boca e continuou falando:

—Sofie me mostrou o tal ovo de drakon ontem.-Brunna começou- E me explicou tudo que ela sabia.

—E o que ela sabia?- Perguntei, levemente receosa do que seria a resposta dada pela minha irmã.

—Que um drakon parece uma mistura entre um dragão é uma fênix gigante- Brunna me explicou, olhando pra um canto do quarto como se tentasse se lembrar- Eles cospem fogo, que é quase duas mil vezes mais forte do que o fogo normal.

Fiquei chocada e até um pouco amedrontada. Se um foguinho simples já era suficiente pra fazer tantas pessoas terem queimaduras graves, imagina o que um drakon daqueles podia fazer com alguém.

—É um animal dos demônios- Brunna continuou, e eu arregalei os olhos- Sim. Também existem demônios e feiticeiros nesse mundo mágico. Mas voltando, os drakons foram ficando cada vez menores e mais fracos com o passar dos séculos. E fazem anos e anos que uma pessoa não consegue chocar um desses ovos petrificados.

—E pra você chocar um ovo, é mais fácil colocá-lo no fogo- Completei, mordendo o lábio suavemente- Você acha que existe alguma chance desses drakons voltarem?

—Com as Herbert?- Brunna perguntou, quase que retoricamente- Fisicamente seria impossível, mas algo em mim diz que não é TÃO impossível assim.

Ficamos um tempo olhando uma pra outra.

Apesar de aterrorizante, a ideia de um drakon numa guerra era realmente apelativa.

Eu acho que estou finalmente conseguindo ver algum tipo de beleza nessas coisas mágicas.

—EI! VOCÊS VEM OU NÃO?- Ouvi a voz de Priya nos gritando do lado de fora, e mais alguns murmuros de "Cala a boca" e "Você quer acordar os meninos?"

—Você já contou pra Priya e pra Anna?- Perguntei, me levantando e desamassando a blusa.

—Enviei um textão por mensagem ontem de madrugada- Brunna se levantou também, já caminhando em direção da porta- Agora vamos, temos coisas ainda mais importantes para resolver com o rei.

Quando saímos do quarto, fomos recebidas pelas outras garotas. Enquanto Anna, Sofie e Victoria bocejavam e reclamavam sobre ainda estar com sono, Nikki, Marie e Priya apressavam as garotas sob as risadas de Sarah e Lua.

Rapidamente chegamos até a fachada da casa, onde estava parada uma enorme carruagem que só esperava por nós.

Eu fechei a porta atrás de nós, e então nos acomodamos no grande veículo.

Então fomos adiante, sem olhar pra trás.

No começo estávamos todas em nossos devidos lugares, em pleno silêncio. Mas bastou menos de dez minutos para que nós já estivéssemos rindo e conversando alto, praticamente grudadas umas nas outras.

Nesse exato momento, eu estava com a cabeça nas pernas de Anna, que massageava suavemente meu cabelo. Mesmo na posição, eu ainda conseguia ver Sofie, Nikki e Lua na parte de trás conversando sobre algo aleatório enquanto riam alto. Do meu lado, Sarah mostrava algum vídeo engraçado de gato no celular pra Brunna(e eu juro que acho que as duas estavam tirando selfies em pleno passeio também). Na minha frente, Marie estava espremida entre Victoria e Priya. E era claro que as três estavam comentando algo sobre o marido de Victoria, já que a garota esbanjava o anel na cara de sua irmã e ria enquanto falava de algum rapaz.

Sorri pra mim mesma. Aquele estava sendo o paraíso naquele momento.

—Então, Victoria Herbert- Nikki a chamou em tom sério, fazendo todas as garotas se virarem pra ela- Você ainda não nos deu os detalhes "Daquela noite".

Algumas das meninas riram, principalmente quando Victoria revirou discretamente os olhos:

—Eu não sei sobre o que você está falando.

—Fala de uma vez!- Sarah brincou, rindo e tentando chutar Lua(que estava tentando fazer cócegas nos pés da garota, que tinha tirado as sandálias naquela altura do campeonato).

Victoria se apoiou no banco, virada pra trás, e eu peguei sua mão para ver seu anel.

—É realmente um anel muito bonito, pelo menos- Comentei, mexendo nele- Mas se fosse MEU anel de casamento, seria mais fabuloso.

—Se por fabuloso você quer dizer que seria cheio de glitter e de pedras rosas, com certeza seria assim- Priya se apoiou junto com Victoria, rindo ironicamente pra mim, que só ignorei.

O que elas tinham contra glitter e rosa? Sério, era o cúmulo da fabulosidade.

Senti Victoria apertar minha mão por um segundo, e minha mente divagou.

Vi que estava tendo um sonho repetido, aquele que eu havia tido depois de ver os Sakamaki. A mulher e o homem... Naquela situação super confortável de se ver.

Porém, dessa vez, o quarto estava mais iluminado. E eu podia ver claramente quem eram as pessoas envolvidas na cena:

Victoria e Reijii.

Logo depois eu estava vendo o rosto de Victoria sangrando, e ela deitada numa cama de lençóis vermelhos e vendo sua mão, também cheia de sangue.

Como se não fosse o suficiente, eu vi outra vez o rosto de Victoria. Porém, essa eu vi ela com os cabelos mais curtos e o colo todo nu, além de estar toda suja de uma espécie de... Poeira?

Eu só voltei aos meus sentidos quando caí no chão da carruagem, me sentindo muito zonza e estranha.

—Daayene! Você tá bem?- Brunna se levantou rapidamente e me ajudou a levantar. A tarefa não foi tão fácil, já que eu sentia minhas pernas virando pura geleia.

—O que... Aconteceu?- Eu perguntei, me sentindo afobada enquanto Sarah me ajudava a me sentar do lado dela.

—Você ficou meio estranha por uns segundos- Anna respondeu, nem parecendo se preocupar com a vergonha de tanto que ela parecia preocupada- E a gente ficou te chamando, mas você não respondia e então parece que seu corpo só tombou de repente e você caiu.

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Grunhi quando percebi que tinha um pequeno machucado na minha testa. Eu só estava orando pra que não sangrasse, já que estávamos indo numa parte povoada do mundo vampiro.

—Você tá bem?- Sofie ficou de pé, se sentando no braço da cadeira que Sarah estava sentada.- Sua cara está horrível, sem ofensas.

—Não estou ofendida- Respondi brevemente, olhando pra todas as garotas que pareciam honestamente preocupadas- Lembram de quando eu sonhei com o passado dos Sakamaki.

Todas as garotas concordaram com a cabeça, então eu só continuei:

—Naquela mesma noite, eu sonhei com um casal fazendo...eh...amor- Todas as garotas me olharam com uma cara estranha- NÃO PELO MOTIVO QUE VOCÊS ESTÃO PENSANDO!

—Tá, ok, vamos fingir que esse pensamento nunca aconteceu nas nossas cabeças- Marie comentou, se acomodando- Prossiga, Daay.

—Eu não conseguia ver o rosto deles na hora- Continuei, mordendo o lábio e olhando pra Victoria- Eu só conseguia entender poucos detalhes. Hoje, eu tive um sonho que provavelmente foi sobre o passado dos Mukami. E agora, eu meio que "sonhei" só com coisas relacionadas á Victoria.

Todas as garotas olharam pra Victoria, que pareceu entender onde tudo se encaixava.

—Eu acho que estou entendendo como tudo isso vai se juntar- Sofie suspirou- E eu não sei se estou feliz com essa resolução.

—Eu revi a cena do casal, mas dessa vez eu consegui ver os rostos dos casais e era... A Vic e o marido dela- Eu respondi, e senti as garotas se tensionarem- Depois eu vi a Vic deitada numa cama, com a cabeça e a mão cheias de sangue. E depois ela aparentemente nua e suja de uma espécie de poeira.

—Ou seja, você me viu: Transando, Sangrando e Nua?- Victoria comentou- Daay, acho que nossa amizade escalou muito de nível agora.

—Victoria, nos poupe de seus comentários desnecessários- Marie respondeu, empurrando de leve a irmã- De qualquer forma, Daay, temos que ver como são esses seus sonhos direito. Pode ser uma parte da transformação "Eve", também.

Percebi que, ao dizer isso, o olhar de Marie se encontrou de forma nervosa ao de Sofie. Mesmo assim, todas as meninas concordaram com a cabeça.

De repente, a carruagem parou.

—Vocês chegaram ao seu destino final.- O homem que estava a frente da carruagem disse, com uma voz robótica- Por favor, desçam da carruagem.

—Eu hein, mandaram um robô ou um homem pra levar a gente até o KarlHeinz?- Lua perguntou, e nós concordamos com a cabeça em resposta.

Brunna, que estava na frente, abriu a porta da carruagem e deu passagem para todas nós sairmos.

Olhei para os lados de forma admirada. A capital vampira podia ser nada moderna, mas o ar histórico e chique que exalava dela era de ser admirado. As ruas pareciam ser de uma espécie de pedra polida, e estavam desertas. Parecia também ser a parte mais rica da cidade, já que várias casas chiques e fabulosas estavam distribuídas de forma organizada pelos lados.

E mais a frente, havia um belíssimo castelo. Gigante, todo branco e com apenas os tetos das torres sendo azuis. Cheio de janelas que emanavam uma espécie de luz amarelada.

—Uau- Ouvi Sarah suspirar, olhando admirada para todos os cantos. Assim como todas nós- Esse lugar é surpreendente lindo.

—A mansão Sakamaki pode até ser bonita, mas não é nada comparada a isso- Brunna opinou, e eu percebi que os olhos dela estavam brilhando com intensidade- Já devia ser esperado, considerando que reis são tipo... Absurdamente ricos.

—Olhando por aqui até parece um lugar normal- Nikki respondeu baixo. Ela também parecia surpresa pela mudança de atmosfera- Até daria pra gente viver aqui.

Todas concordamos, e fomos em direção do castelo.

Por algum motivo, as ruas estavam praticamente vazias. Quase nenhuma alma vampira era vista por nós,o que era ótimo. Dessa forma, não correriamos risco de algo acontecer conosco no meio tempo.

Assim que chegamos na porta do castelo, os guardas não tentaram nos parar(apesar de ficarem nos encarando de uma forma desconfortável), e nos aproximamos mais do portão azul.

Um homem então pegou rapidamente a mão de Victoria, e deu uma analisada demorada no anel da garota:

—Podem entrar.

Então eles abriram o portão, o que nos fez dar de cara com um grande jardim.

Havia um caminho de pedras e várias árvores ao nosso redor. Apenas havíamos passado pelo muro que separava a fachada da entrada do castelo, mas eu ficava cada vez mais admirada com o bom gosto do rei.

—Tenho que admitir- Priya sussurrou para nós- Se for pra viver num castelo desses, até eu quero ser rainha.

Demos uma breve risada com o comentário, e continuamos andando para o que parecia ser a entrada real do castelo. Por lá, ainda conseguíamos ver uma fonte de água cristalina e gelada branca, sendo cercada por arbustos de rosas brancas e vermelhas. Percebi que Lua segurou o colar de rosa branca com força quando viu as plantas.

Quando chegamos a uma porta branca, dois guardas abriram-a para nós, que apenas agradecemos em tom baixo e entramos.

O primeiro cômodo era uma grande sala, o chão era todo preto e as paredes eram brancas e cobertas por panos vermelhos com símbolos que pareciam espadas.

—Gostam do que vêem?- Ouvimos uma voz do nosso lado, uma voz masculina.

Claro, não tardamos de olhar pra quem era. Um homem alto, levemente musculoso, tinha os cabelos longos platinados e olhos vermelhos. Apesar do olhar ser irônico e quase sádico, eu sentia uma aura galanteadora emanar do homem.

—Rei KarlHeinz- Victoria foi até a frente e se curvou, ajeitando o vestido azul curto que usava- É uma honra vê-lo novamente.

Todas nós fomos rápidas em imita-lá.

Então esse era o tal Rei KarlHeinz... Eu tinha que admitir, ele era bem parecido com o Subaru.

—Sem necessidade pra formalidades, minhas queridas- KarlHeinz respondeu, e parte minha se contorceu com o "queridas"- E é um prazer finalmente conhecer as Hudison.

Foi a minha hora de trocar um olhar com as minhas irmãs. Sentia vergonha por ele já conhecer a gente.

—Sim...senhor- Priya respondeu, hesitantemente- Eu sou Priya, essa é Brunna, esta é a Daayene e essa é a Anna.

—É claro, eu reconheceria vocês a qualquer distância- KarlHeinz sorriu de uma forma que eu sentia um deja vú- Fico sinceramente agradecido por terem vindo. E também fico feliz por estarem tão amigas.

Mordi o lábio, olhando pras Herbert meio insegura:

—É, a gente resolveu confiar umas nas outras.

Sofie sorriu sem mostrar os dentes em minha direção, e eu percebi que ela parecia feliz em ter conseguido nos conquistar.

Até eu admito que tinha sido vencida por elas.

—Isso é bom de se ouvir-KarlHeinz respondeu-me- Me sigam, vou levá-las até a sala de reuniões.

E então ele começou a subir um par de escadas. Trocamos um olhar de poucos segundos, antes de seguirmos logo atrás dele.

Eu e minhas irmãs éramos as últimas da multidão, o que nos dava o direito de ficarmos nos olhando e conversando apenas mexendo a boca(basicamente, falando coisas como "pra onde estamos indo mesmo?", "Esse cara parece doido", "Quero dormir" e "Tô com fome")

—Na verdade esse castelo era no Mundo dos Demônios- KarlHeinx puxou assunto, calmamente como se não quisesse nada- Mas eu imaginei que seria mais prático trazer tudo o que eu tinha lá pro Mundo dos Vampiros, já que é aqui onde tudo está acontecendo.

—Por que você tinha um castelo no Mundo dos Demônios?- Marie perguntou, mexendo nas pontas do cabelo loiro.

—Pesquisas pessoais, nada demais- KarlHeinz olhou para Marie com um olhar sorridente- Se eu não fosse rei, gostaria de ser cientista. As pesquisas envolvendo as raças me fascinam.

—Imagino- Brunna disse rispidamente- Digo... Deve ser incrível estudar todas as raças mágicas e suas diferenças entre si.

—Gosto de estudar as semelhanças entre as raças e o resultado do trabalho em grupo delas, senhorita Hudison- KarlHeinz a respondeu, logo depois saudando um guarda e abrindo uma porta- Chegamos. Por favor, se acomodem para começarmos a reunião.

O quarto que entramos era cheio de livros e todo em tons de marrom. No centro, havia uma extensa mesa cheia de cadeiras. A da ponta, porém, se destacava por ser vermelha com detalhes dourados.

Todas nós nos sentamos nas cadeiras. KarlHeinz após alguns segundos se sentou na vermelha.

—Então...-Nikki foi a primeira a falar- Você disse que queria falar sobre plantações e direitos das mulheres...?

—Exato.- KarlHeinz respondeu- Garotas, como devem saber, estamos entrando num período de quase guerra.

Olhei confusa pra Sarah, que só me respondeu com um olhar de "Relaxa".- O que significa que a economia do reino está em decadência.

—Primeiramente, contra o que o Reino Vampiro está lutando?- Victoria perguntou, parecendo realmente focada em mostrar a melhor versão de si para KarlHeinz.

—Todos são nossos inimigos, Victoria- Eu tremi pelo jeito que KarlHeinz falou o nome da garota- Lobisomens, Demônios, Feiticeiros. Estamos entrando num período de rivalidade onde somos os únicos a quem podemos nos aliar.

—Se o seu projeto é atacar todas as raças, esqueça- Marie respondeu grosseiramente- Temos um irmão lobisomem. Eu me recuso a atacar aquele lugar.

—Não me entenda mal, Senhorita Herbert. Eu não estou querendo atacar nenhum lugar por enquanto- KarlHeinz não pareceu chateado com a grosseria de Marie. Pelo contrário, seu olhar só se intensificou- Eu preciso manter meu povo sadio para enfrentar qualquer coisa. E como eu disse, a economia pré-guerra fica horrível em qualquer civilização.

—Já pensou em criar um plano de economia para as partes com menos infraestrutura?- Sofie perguntou, mascando alguma coisa na boca.

—Sofie está certa.- Brunna concordou, sorrindo para a morena- Podemos ter visitado poucos lugares no Mundo Vampiro, mas pelos meus estudos em história eu sei que as partes mais pobres de qualquer civilização são as mais afetadas pela guerra. Principalmente de forma econômica.

—Isso é uma ótima ideia- KarlHeinz concordou, sorrindo para as garotas- Vocês todas tem cérebros admiráveis, devo admitir. Mas como esse plano funcionaria?

Anna levantou timidamente a mão:

—E-e-eu...- Segurei a outra mão dela por baixo da mesa, querendo passar segurança pra garota. E-eu acho que poderia diminuir temporariamente os impostos e tirar certa parte dos ganhos da corte para investir nas plantações e na pecuária. Isso significaria mais e-estoques de comida e vestimenta.

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—E poderíamos ainda vender por um preço mais baixo que o normal para ainda termos certo lucro com esse planejamento.- Victoria completou, olhando suavemente para Anna. A mais nova só concordou com a cabeça, sorrindo docemente.

—Isso causaria prejuízo pra corte, com certeza- Sarah comentou, fazendo Sofie olhar pra ela com uma cara de "Isso aí, mana"- Mas se você realmente não quiser investir em guerra e sim na saúde e conforto de seus cidadãos, é um plano que daria certo.

—É claro que eu não quero investir em guerra.- KarlHeinz respondeu, parecendo quase indignado com a ideia- Que tipo de rei eu seria se prezasse mais pelo poder da raça Vampira sob as outras raças do que meu povo?

—Então... O nosso plano está bom?- Lua perguntou de forma receosa.

—Está ótimo- KarlHeinz sorriu para a de óculos- Eu passarei todo o plano pro meu conselho. Eu deveria realmente considerar pedir mais conselhos econômicos e políticos pra vocês, com essa genialidade e força. Conseguiriam ser ótimas rainhas.

Todos os olhares se destinaram brevemente pra Victoria, que se afundou mais na cadeira.

—E o que você queria falar sobre direitos das mulheres?- Eu perguntei, ansiedade me invadindo.

—Quando eu disse direitos femininos, eu quis dizer mais num sentido de direitos de minorias- KarlHeinz explicou, ajeitando suas vestes luxuosas- É trágico a vida de mulheres aqui, e acho que vocês todas sabem disso.

Nós nos entreolhamos e acenamos com a cabeça. Ele continuou:

—Vocês desde quando chegaram foram tratadas mal, menosprezadas, violentadas. Até mesmo foram entregues a casamentos que não queriam. Tudo isso por serem mulheres. Isso não soa justo, soa?

Todas nós soltamos um "Não" juntas.

Era exatamente isso que queríamos. Justiça para nós.

—Imaginem quantas mulheres passaram pela mesma coisa que vocês. Imaginem quantas morreram tentando ter justiça- Ele grunhiu, me fazendo sentir uma raiva dentro de mim- Por isso, meu primeiro passo será dar poder para vocês.

—É o que?- Sarah parecia chocada- Você quer dar poder pra nós dez? Tipo... Poder político?

—Exatamente-KarlHeinz se levantou, pegou uma garrafa de vinho e serviu numa taça para si mesmo- Eu já disse que acredito no potencial de vocês. Até mesmo meus filhos estão começando a assumir fraquezas na frente de vocês, pelo que eu saiba. Aceitam vinho?

Marie, Victoria, Priya e Sarah serviram taças de vinho pra si. Elas beberam alguns goles e voltaram a olhar pro homem.

Vi Priya oferecer vinho pra Sofie, mas ela só fez que não com a cabeça e moveu com os lábios a frase "Obrigada, mas eu não posso".

—O que você quer dizer com fraquezas?- Perguntei, coçando meu cabelo genuinamente curiosa.

—Já conheceram os Mukami, certo?- Ele voltou a se sentar, tomando um grande gole do vinho- Eles, diferente dos meus próprios filhos, sentem uma admiração gigante por mim. Quase como se eles me devessem algo.

E o que eles devem agora? Informações sobre como estávamos na casa deles?

Apesar da raiva, me peguei olhando pela janela e pensando que eu sentia falta dos Mukami. Talvez porque eles foram a primeira família vampira com quem ficamos, eu tinha sentido muito mais conexão com eles do que com os Sakamaki.

—E por que eles te deveriam algo?- Priya perguntou, terminando sua taça de vinho.

—Porque eu salvei a vida daqueles garotos- KarlHeinz assumiu, e sorriu suavemente- Eles estavam passando por dificuldades horríveis juntos. Coisas que os mais horríveis humanos foram capazes de fazer. E eu os uni, os salvei e os transformei na família que eles são hoje.

Os Mukami são tipo...adotados?

E eram... Humanos?

Então por que diabos eles maltratavam tanto a gente sabendo que poderíamos sofrer? Não tinha superado ainda o episódio do quartinho.

—E o que isso tem a ver com nosso poder?- Nikki perguntou, se levantando e apoiando os braços na mesa.- Que tipo de poder e quanto poder você quer dar pra gente?

KarlHeinz se levantou, caminhando lentamente na direção de Nikki:

—Um passarinho me contou que as senhoritas querem treinar para serem guerreiras. O primeiro exército com uma fronte de batalha toda feminina.

Ele parou do lado da de cabelos azuis, que o olhava com certa raiva.

—Eu posso deixar vocês serem um exército- Ele pegou o queixo de Nikki, a obrigando a olhar pra ele- Mas apenas... Se vocês fizerem o que eu mandar.

Nikki se sentou na hora, e KarlHeinz se movimentou para mexer nos cabelos de Victoria:

—Vocês serão meu exército. Atacarão as regiões que eu mandar, executarão meus traidores...

Troquei um olhar com minhas irmãs, que apenas pareciam enojadas com o homem.

— E se eu mandar- Ele pegou a mão de Victoria, mexendo em seu anel- Vocês obedecerão todos meus comandos. Até se for matar um dos meus filhos.

Victoria afastou a sua mão da dele na hora, se levantando assustada:

—Você quer que a gente mate seus filhos?!

—Foi só um exemplo, minha querida- KarlHeinz continuava pleno e sorrindo, e parte minha queria matar ele. A outra estava confiando 100% no que ele dizia- Vocês podem ser um exército extra do reino. As primeiras guerreiras mulheres serão dos Vampiros. Terão que treinar muito pra isso. Vocês vão ter que parar de serem ovelhas, e serem drakons.

Olhamos umas pras outras.

Medo. Ansiedade. Nervosismo. Insegurança.

Eram muitos os sentimentos que nos preenchiam com a proposta.

Então bateram na porta.

—Senhor, você tem compromissos por agora- Um guarda falou, saudando o rei e logo depois saindo.

—Temo que terei que sair agora, garotas- KarlHeinz suspirou- Pensem na minha proposta de exército pra vocês. Eu não consigo aceitar mais nenhuma guerreira. Não há mulheres tão fortes, justas e espertas como as senhoritas. Meus filhos realmente são sortudos, assim como os Mukami.

E então ele fez uma breve reverência, nos deixando sozinhas no cômodo.

—Eu não sei o que pensar dessa reunião- Brunna confessou, respirando fundo- Ele parecia estar sendo bem sincero.

—Eu também senti isso- Marie se levantou, pegando no braço de Victoria- Acho que teremos que pensar bem nessa oportunidade.

—Pode ser uma chance única de conseguir o que nós estávamos querendo- Priya comentou, enquanto nós saímos pelo corredor- E é uma chance de ser reconhecida pelo reino inteiro. Teremos poder e respeito que tanto queremos.

—Eu não sei... Por que ele queria um exército extra sendo que ele não quer investir em guerra?- Sofie questionou, e todas concordaram com a cabeça.

—E mesmo se ele quisesse investir, por que diabos ele colocaria um exército com uma frente de batalha formada por 10 mulheres humanas no meio de uma guerra?- Sarah questionou, e nós concordamos de novo- Alguma coisa ele vai querer em troca.

—Eu tô mais preocupada com aquele papo de obedecer cegamente a ele- Victoria suspirou- Sei que ele prometeu que nós espalharíamos justiça... Mas obediência cega não me parece tão apelativo.

—Realmente- Concordei, enquanto já estávamos no final do jardim- E se ele pedir pra nós executarmos um inocente. Ouvimos nossa honra ou o homem pra quem juramos lealdade e obediência eterna?

—E o que os meninos vão pensar se a gente começar a trabalhar pra ele?- Lua perguntou, dando de ombros- Tipo, é claro que os Mukami adoram e idolatram o KarlHeinz. Mas é mais óbvio ainda que os Sakamaki não são lá a coisa mais amigável em relação aos pais deles...

Para não sermos notadas, saímos de fininho e sem olhar pro lado, praticamente coladas na fachada do castelo.

Já estávamos perto de uma esquina quando ouvimos gritos.

—ISSO É UM ABSURDO!- Olhamos pra trás. Uma mulher de cabelos e olhos negros, roupas azuis e corpo sujo berrava pra um dos guardas, e um grande grupo de pessoas berrava atrás dela.- NOSSO REINO ESTÁ PASSANDO POR MISÉRIA, POR FOME. E MESMO ASSIM O REI RECUSA OUVIR A VOZ DO POVO?

—Queremos justiça!- Um homem ruivo, com barba cheia gritou, se posicionando na frente junto da mulher- Como podemos sobreviver desse jeito com uma guerra se aproximando?

Curiosas, nós trocamos um olhar e nos aproximamos do grupo que estava na frente do castelo.

Quando percebi, existiam algumas pessoas tentando ir mais pra frente, porém os guardas os barravam com pura violência.

—A minha família já está morta por conta disso!- A mesma mulher gritou de novo, dessa vez frente a frente com o guarda. Todos gritaram novamente- Já estamos recebendo notícias de exércitos se preparando! Qualquer desculpa vai ser usada pra um ataque! E os exércitos vampiros estão fortes! Armaduras fortes e glamurosas, espadas fortes e caras... Está claro para mim que a corte está apenas deixando de lado as nossas necessidades para ter um exército mais "caro" e mais forte!

Eu e as meninas apenas olhávamos pra mulher em choque.

Os exércitos já estavam se preparando pro ataque? KarlHeinz estava gastando realmente em guerra?

Ele tinha nos enganado com aquele papo de "que tipo de rei eu seria se prezasse mais pela guerra?"

Qual era a daquele cara, sério?

A mulher tentou correr para o castelo, mas um dos guardas a prendeu pelo pulso com força, e torceu a mão da mesma. Ela se contorceu de dor e a galera gritou de raiva.

Me assustei quando Marie se virou até nós, sussurrando um "fiquem aqui". Então ela e suas irmãs deram um passo a frente.

—Soltem essa mulher. Agora.- Victoria foi até o homem grunhindo, recebendo um olhar esperançoso da senhora.

—Nós só recebemos ordens da família real- O guarda respondeu, se virando pra Victoria e apertando o pulso dela- Agora saia da nossa frente.

O olhar de Victoria se tornou raivoso de repente, e ela empurrou fortemente o guarda:

—EU SOU VICTORIA HERBERT SAKAMAKI, ESPOSA DO SEGUNDO HERDEIRO REIJII SAKAMAKI! Você tem ideia de com quem está mexendo?

Nikki tentou puxar Victoria para fazê-la parar, mas Sofie a impediu.

—Se você não consegue respeitar nem mesmo sua princesa, não me surpreende um comportamento tão medíocre com uma do povo!- Victoria berrou, muito para o susto do guarda. Ela parecia incerta do que estava fazendo, mas acho que ela não tinha ideia do quão incrível ela estava sendo em meus olhos- O povo passo fome! O povo está na miséria! O mínimo que a realeza poderia fazer era ajudá-lo!

Me assustei quando o povo torceu ao nosso lado. Isso aparentemente encorajou Victoria a continuar seu discurso, dessa vez virada pra todos:

—Só porque nós somos de uma raça, um gênero ou uma classe social "inferior" do que os que vivem nesse castelo, significa que nossos sofrimentos são menores?

—O mundo está sendo injusto com todos desde quando ele é chamado de mundo- Marie deu um piso á frente, em sinal de apoio para a Victoria- Isso não está certo! Nunca esteve! Nós temos que lutar injustiça com justiça!

O povo torceu de novo, e eu só conseguia olhar pras duas em admiração.

Uau...

Olhei para as minhas irmãs.

Priya torcia ao nosso lado, Brunna sorria de forma sincera e Anna olhava pras garotas com os olhos brilhando.

—A guerra não é a solução!- Nikki berrou, batendo duas vezes no peito- Isso só vai piorar a situação econômica e política do país, mesmo que nossos "superiores" não queiram enxergar isso!

—Precisamos de nos unir- Sarah disse, em tom mais baixo que as outras, mas ainda assim foi ouvida por todos- Se as quatro raças não ouvem o uivo de um lobo solitário, terão que ouvir o de uma matilha inteira.

Mais gritos do povo. Nessa altura do campeonato, eu e minhas irmãs já estávamos animando todos, batendo palmas e assobiando para as garotas.

—Podemos ser mulheres e podemos ser humanas, mas ainda somos seres vivos e ainda temos um poder gigantesco dentro de nós- Sofie começou, seu olhar queimando- O poder de conseguir causar uma revolução.

—E só existem cinco palavras que nós seguimos como criadoras de revoluções- Lua esbarrou nas irmãs, começando de uma forma desajeitada porém ganhando força ao trocar um olhar comigo- Honra, Dever, Liberdade, Família e Amor.

E todos comemoraram, assobiando e levantando as mãos para as Herbert.

Marie nos puxou pro lado dela, dessa forma nós estávamos todas juntas e lado a lado na frente de todos. Desafiando praticamente tudo que nos ensinaram desde quando chegamos aqui.

Nos unindo como irmãs pela primeira vez.

Eu fiquei sinceramente feliz com todos estendendo as mãos para nós, comemorando como se nós fossemos algum tipo de... salvação.

Eu realmente não me consideraria uma salvação nesse exato momento. Mas aquele povo precisava de ajuda, e eu não conseguia arranjar forças pra desanima-los quando tudo que eles queriam era justiça e igualdade.

Eram direitos deles, como isso poderia ser negado?

Mas minha felicidade desapareceu quando eu olhei pra distância e vi seis figuras absurdamente conhecidas por mim nos observando.

Os Sakamaki, é claro.

Puxei a manga de Marie, mirando com os olhos discretamente para os garotos. Ela pareceu entender o recado, já que fez o mesmo com as outras garotas.

Enquanto nós estávamos descendo os pequenos degraus que separavam a rua da fachada, Sarah e Sofie se aproximaram da mulher desconhecida.

—Você é muito corajosa por tentar desafiar os guardas assim- Sarah comentou, mexendo nos cabelos pretos da mulher- E nós sentimos muito pela sua família.

—Se você ou algum rebelde quiser entrar em contato com a gente, é só procurar onde fica a mansão dos príncipes Sakamaki- A gêmea mais nova olhou nos olhos da mulher, fazendo ela olhar pras garotas de modo esperançoso- A gente vai tentar dar um jeito, prometemos.

E com isso elas se afastaram da mulher, e nós passamos no meio da multidão que ainda berrava nossos nomes.

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Eu só parei quando ouvi um berro que se destacava:

—SÃO MULHERES ASSIM QUE QUEREMOS COMO RAINHAS!

Apesar do choque que o comentário deixava em mim, meu coração batia cheio de orgulho.

Tínhamos acabado de fazer nosso primeiro ato como um exército: Ajudar os rebeldes.

Por algum motivo, eu sentia que nós não nascemos pra ser um exército de um reino. Não nascemos pra aceitar ordens de um rei ou de uma rainha.

Nós éramos rebeldes, assim como o povo. Nós chegamos aqui como submissas, e desafiamos nosso papel nos rebelando e pesquisando como ninguém nunca fez.

Nós éramos uma patrulha do povo, dos oprimidos, dos injustiçados.

Nós éramos uma patrulha das mulheres. A Patrulha Das Mulheres.

Quer nome mais forte e chamativo que isso?

—E então, curtiram nosso discurso?- Lua chegou pulando até os meninos, assim que nos aproximamos deles.

—Vocês estão loucas? Desafiando um rei na frente do castelo dele?!- Subaru repreendeu a garota de óculos, parecendo abismado- Vocês querem morrer?!

—Ele nunca teria coragem de machucar a gente- Victoria afirmou, colocando as mãos na cintura- Pelo menos não na minha presença. Não se esqueçam que dividimos um nome, garotos.

—Eu não sei se parabenizo você pela coragem ou te repreendo pela coragem- Reijii suspirou, ajeitando os óculos- Mas foi um discurso convincente. Parabéns, agora o povo vampiro te ama apesar de vocês serem mulheres e humanas.

—O povo vampiro rebelde, você quer dizer- Kanato o corrigiu, se aproximando de Sarah( e consequentemente empurrando a pobre Anna pra longe de um jeito que ela teria caído no chão se não tivesse sido segurada por Priya)- O povo rico ainda está longe de sentir as consequências da fome ou da miséria que a quase-guerra traz.

—Como eles sempre estarão- Shu revirou os olhos em meio a um bocejo- E então, como foi a reunião com nosso pai?

—A gente descobriu que seu pai é um babaca mentiroso e manipulador- Priya respondeu, jogando o cabelo pro lado.

—Ah~Isso não é novidade pra gente- Laito cantarolou, e eu me surpreendi ao entender que eles estavam de... bom humor.

Mesmo com a gente saindo escondido.

Mesmo com a gente ter ido ver o pai deles, coisa que eles eram contra.

Mesmo com a gente ter protestado na frente do castelo.

Eles não estavam com raiva.

—Podem assumir, vocês morreram de orgulho da gente lá soltando frases dignas de filme- Brunna brincou, fazendo todas nós rirmos.

Percebi que, pela primeira vez em muito tempo, ela e Sofie não estavam coladas uma na outra.

E, aparentemente, Ayato percebeu isso também.

—Oy, Chichinasis- O ruivo olhou pra gente com sua típica aura arrogante- Nós nunca ficaríamos com orgulho de uma coisinha tão fácil assim... Mas... como foi a reunião?

Todas nós rimos.

—O carro tá aqui?- Marie perguntou, recebendo um sim dos garotos- Ótimo! Vamos entrando! A gente pode contar tudo pra vocês lá dentro!

Entrando na limusine, eu só conseguia pensar numa coisa:

Por algum motivo, as coisas pareciam melhores.

Pode ser que amanhã eu já pensasse o contrário, mas só por hoje eu fui pra casa mais leve. Mais feliz, e cheia de orgulho de mim mesma.

A Patrulha das Mulheres finalmente estava nascida.