O sol me acordou naquela manhã, incidindo uma pequena faixa de luz e calor em meu braço, que começou a incomodar depois de algum tempo de esforço para tirá-lo dali, mas o sol parecia estar em todos os lugares. Abri meus olhos com dificuldade, obrigando-os a se acostumarem com a claridade e passei a mão pelo cabelo. Que dia era hoje?

Levantei-me lentamente, cheia de preguiça e moleza matinal, sentindo alguma coisa dentro de mim implorar que eu me deitasse novamente e dormisse pelo resto do dia. Mas isso desregularia meu horário de sono e isso nunca era bom.

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Uma leve batida na porta anunciou o serviço de quarto trazendo meu café da manhã, sempre pontual. Levantei-me rapidamente, vesti um robe e fui atender a porta, juntando meu cabelo bagunçado num coque baixo e frouxo, sem muita paciência para me esforçar mais que isso.

- Bom dia, Srta. Alexandrine. – Disse o conciérge, um senhor de idade que mantinha um sorriso simpático no rosto sempre que o via.

- Bom dia, Sr. Wolf. – Sorri de volta, abrindo a porta o suficiente para que o carrinho entrasse no quarto. – Qual é o sabor de hoje?

- Infusão de pêssego, já que o café expresso de ontem não lhe agradou o paladar. – Riu ele, tirando a xícara do carrinho e a depositando na pequena mesa de café. O conciérge e eu inventamos uma rotina matinal: experimentar novos sabores de bebidas aceitáveis em café da manhã. No dia anterior, ele havia me convencido de que café expresso era o que todo nova-iorquino gostava de tomar pela manhã, mas eu acabei engasgando com a bebida amarga e forte. – Alguns brioches, pão e frutas.

- Obrigada. – Eu sorri, incapaz de fazer diferente, e ele se retirou do quarto sem mais demoras.

Eu podia muito bem me adaptar à vida solitária de um quarto de hotel, mas a solidão estava começando a se fazer frequente em meus dias. Eu rezava silenciosamente para que tia Judith resolvesse logo o problema com o apartamento e eu voltasse a viver com eles.

Meus olhos estavam na janela do quarto, analisando o movimento na rua lá embaixo quando, sem querer, eles pousaram em cima do relógio na mesinha de cabeceira da cama. Levantei-me num pulo, assustada. Eu só tinha cinco minutos para estar pronta para a escola.

Tirei um vestido florido azul escuro da mala e peguei o par de sapatilhas vermelhas que estavam debaixo da cama. Vesti-me rapidamente e corri para o banheiro para escovar os dentes; com tanta pressa que acabei machucando minha gengiva. Voltei para o quarto e tirei um batom nude da bolsa, passando-o rapidamente pelos lábios na frente do espelho. Arrumei meu cabelo com a mão, tentando abaixar o ninho amarelo que havia se formado e borrifei perfume duas vezes no pescoço. Olhei para o relógio novamente, esperando ter feito tudo em tempo, mas vi que havia levado pelo menos dez minutos para fazer isso. Meu celular começou a vibrar na cama.

- Já estou descendo! – Falei rapidamente ao atender, sem parar para ver quem era porque eu já sabia quem era. Dei um giro de 360º no quarto para ver se não estava esquecendo nada, mas, por debaixo daquela bagunça, eu não poderia deduzir nada. Peguei minha bolsa da escola e saí do quarto, guardando o cartão-chave dentro da bolsa enquanto esperava o elevador chegar.

Jolie estava de volta à escola desde o dia que a achei na banheira, na terça-feira. E, eventualmente, passou a ser minha carona de novo para a escola. Eu estava feliz, muito, muito feliz. Era como se tudo voltasse a seus eixos novamente, como tudo tinha que ser. Bom, exceto pela parte menos feliz que eu casualmente chamo de “Olho Roxo”. O olho machucado de Justin já estava começando a melhorar, o roxo dando espaço àquele amarelo pálido que me dava sensação de náusea. E, de um jeito ou de outro, como era de se esperar, na escola, Justin não falava direito comigo.

E aquilo me matava por dentro.