Voltamos à casa na manhã seguinte.

Eu, Edward e Alice.

Sei que pareço uma irresponsável levando minha irmã conosco. Mas ela poderia ser útil em alguma coisa.

Fui até os fundos da casa, procurando a janela por onde tinha entrado da última vez.

Ela agora estava com grades, assim como todas as janelas da casa.

Com exceção de uma janelinha muito estreita e pequena. Ela ficava na altura da minha cabeça. Tentei espiar para ver o que tinha lá, mas o vidro provavelmente era espelhado.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Alice, você vai ter que passar por aí. – avisei-a.

- O que? Eu... não consigo! Você está louca?

- Claro que consegue! Você é pequena, cabe muito bem aí!

- Mas, Rose!

- Alice! É pela nossa mãe. Você tem que fazer isso. – eu disse, num tom calmo.

Ela ficou me encarando durante um tempo. Respirou fundo, e fez um sinal para que eu a levantasse.

Peguei seus pés, e a levantei até onde eu conseguia.

- Está fechada Rose! – ela me olhou.

- Então quebra!

- Com o que?

Procurei em volta alguma coisa, e a entreguei um pedaço de madeira.

Por ela ter apenas sete anos, pensei que não saberia como quebrar um vidro e tirar os estilhaços para não se machucar. Me enganei.

Quando seus pés estavam totalmente dentro do cômodo, Edward e eu fomos correndo para a porta da frente.

Alice demorou uns três minutos para abri-la. Pensei que tivesse acontecido alguma coisa com ela, mas acho que estava um pouco nervosa.

- Rose, você precisa vir aqui! – mal entramos, e Edward me puxou pelo braço.

- Calma! – protestei. – É muito importante?

- Sim! Vem!

Ele me arrastou até o quarto de “Mark”. Abriu uma caixa grande, e apontou pra um monte de cobertores.

- O que tem? – perguntei.

Ele tirou os cobertores de lá de dentro.

E eu vi a pior cena da minha vida.

Tinham corpos empilhados. Não os das fotos. Mas alguns que eu diria que eram “mais recentes”. Pois não percebi nenhum cheiro estranho dali.

Fiquei observando aquilo durante minutos. Eu não sabia o que fazer.

Senti meus olhos começando a lacrimejar. Lágrimas descendo involuntariamente por meu rosto.

Vi crianças. Umas cinco crianças naquele amontoado.

Todas com cinco á onze anos. Todas mortas.

Mas algo me chamou mais atenção do que aquilo.

Existia um armário do lado daquela caixa. Pelas frestas dele, pude ver que não tinha apenas cobertores ou roupas.

Abri-o e me deparei com algo muito pior do que acabara de ver.

Era a filha de Mark. Não amontoada como os outros. Mas numa espécie de “caixão”. Um caixão com um vidro, apenas deixando aparecer seu rosto. Seu angelical rostinho de criança.

Algo me tirou do transe. Eu não sabia o que. Não estava escutando nada. Mas Edward me sacudiu, e me vi novamente com o coração acelerado demais por causa de um grito. Um grito desesperado. Um grito de Alice.

Eu havia me esquecido que ela tinha ficado lá em baixo. Eu havia me esquecido de que era uma irresponsável.

Edward e eu descemos correndo as escadas, e seguimos os gritos dela.

- Rose! Rose! – ela gritava. Era agonizante ouvir aquilo. Era horrível.

Percebi que seus gritos vinham do porão, e desci até lá.

Ela estava tentando fugir de Mark, que não deixava ela dar um passo sequer. Não pude deixar de perceber que ele estava com uma faca na mão.

Aquilo me fez deixar de pensar nas conseqüências das minhas atitudes. E pelo jeito, Edward também.

Fomos até eles, e enquanto eu tentava tirar Alice dos braços dele, Ed tentava tirar a faca das mãos de Mark.

Fomos surpreendidos por dois homens, que colocaram panos em nossas bocas, supostamente com sonífero. Ou algo do tipo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Percebi que Edward logo estava sendo arrastado por um homem alto, e forte. Provavelmente já estava inconsciente.

Consegui tirar o pano da minha boca por alguns segundos.

- Alice! Foge! Agora!

Logo após de dizer essas três palavras, minha vista foi escurecendo. E percebi que o pano havia sido colocado novamente entre minha boca e meu nariz.

Fui levada, ainda um pouco consciente, até um carro. Preto, pelo que percebi.

Um homem, baixo e gordinho, me colocou no porta-malas. Antes de fechá-lo, consegui o ouvir reclamando de que “Eu era muito pesada.

Fui ficando inconsciente. Até que apaguei totalmente, não depois de muito tempo.

Fui acordada por Edward, que estava me sacudindo.

- Rose? Rose?

- Edward? Ed! – tentei abraçá-lo, mas percebi que minhas mãos e pés estavam amarrados, assim como os dele. – Onde a gente está? – perguntei, olhando em volta.

Um lugar bem escuro.

- Não sei. Mas garanto que não é naquele porta-malas.

- Seria em outro?

- Não. Acho que não. É um pouco mais espaçoso pra um porta-malas normal. Poderia ser...

- Shh! Fique quieto!

Eu estava começando a ouvir vozes. Cada vez mais perto.

Não era nosso idioma. Eu conseguia entender algumas palavras, mas não traduzir tudo o que falavam. Mas pelo jeito de falar, poderia dizer que era espanhol.

- Cállate! Estamos en una misión!

Abriram o porta-malas, e nos mandaram sair. Fiz um sinal apontando para nossos pés, que estavam amarrados.

- Ah,sí! Los piés! Juan!

- No hable com ellos. Vamos, ayude me!

Desamarraram nossos pés, e saímos do carro.

- No quieran fugir! – um deles disse, bravo.

- Ellos no compreenden español, Carlito! – Juan deu um tapa em “Carlito”. – Bom, não tentem fugir! Se tentarem, vai ser pior. – ele disse com um sotaque inglês meio puxado.

Colocaram panos novamente em nossas bocas, e ficamos inconscientes de novo.

Acordei ao lado de Edward. Numa cama. Em um lugar não muito confortável.

Meus olhos automaticamente rodearam o cômodo. Era uma espécie de quartinho, bem pequeno. Tinha apenas a cama, um pouco velha, e uma cômoda ao lado dela.

A única iluminação era a da luz do sol, que lutava para entrar por duas janelinhas do tamanho da minha mão.

- Edward! Edward! – eu o sacudia. Sem resposta. – Edward! – gritei.

- O que? – ele disse, um pouco sonolento.

- Acorda! – eu o sacudi mais ainda.

- Estou acordado! Espera... Onde a gente está? – ele perguntou, se assustando um pouco pela falta de beleza e iluminação do quarto.

- Eu também queria saber...

- O que aconteceu com a... com a Alice? – ele perguntou, com um olhar meio triste.

- Eu... – parei de falar. – Eu deixei ela...

Estava lembrando de tudo.

Eu havia deixado Alice.

Tudo o que havia acontecido estava vindo à minha mente como disparos.

O sequestro da minha mãe. Os amigos de Edward. A mãe dele. Minha irmã, que não sei onde possa estar.

De repente tudo pareceu ser culpa minha.

Desde o começo. Desde a morte de meu pai. A morte da minha família. Até agora.

Era tudo minha culpa. Eu havia causado aquilo. Eu deveria estar morta. Eu não mereço viver.

Lágrimas desciam pelo meu rosto, enquanto o único a se preocupar em contê-las era Edward. Era como uma enxurrada, uma enxurrada de acusações que vinham da minha mente.

Edward falava comigo, provavelmente palavras de consolo, mas eu não ouvia. Eu queria, mas não conseguia ouvir. As palavras da minha cabeça eram mais altas do que as de Edward. Quando percebeu que suas frases de ajuda eram em vão, ele simplesmente me abraçou, mexendo em meus cabelos, me dando beijos calmos no pescoço e na nuca, percebendo que esse era o único modo de consolo que funcionava comigo.