Leyna

Capítulo 2


Reyna ria com as tentativas de Leo no Just Dance enquanto mordiscava uma das quesadillas que ele tinha oferecido. Ela estava começando a achar que ele era o único que a tinha feito rir desde... Desde que Jason a tinha deixado. Ela apertou os lábios. "Não vou pensar em Jason. Eu sou melhor do que isso. Ele está feliz com ela. Ia ser egoísta atrapalhar.". A pretora percebeu que Leo a observava.

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- O que foi? Festus pegou queso estragado?

Ela desfez a cara feia.

- Não, não é isso.

- Pode falar, Rainha Reyna. Amigos são pra isso.

Ela arqueou uma das sobrancelhas.

- Rainha Reyna? E quem disse que somos amigos?

Leo olhou pra baixo, com as pontas das orelhas vermelhas, e resistiu ao impulso de pegar o pano de flanela e ir limpar Festus. Começou a arrumar os papéis, para ter que evitar olhá-la. Ás vezes, ele entendia o porque de o pai preferir as máquinas. Nenhuma ia te surpreender daquele jeito.

Reyna percebeu o que tinha feito, e começou a consertar.

- Leo, não foi isso que eu...

- Eu já estou acostumado. Ninguém se importa comigo. Eu sou só o garoto dos reparos. Ajusto o termostato, e faço piadinhas de vez em quando. Nada indispensável. Eu sou a sétima roda aqui do Argo II. Ninguém pensou em colocar uma oitava pessoa na profecia, porque eu não sou importante o suficiente pra precisar de amigos, né? Mas, como eu já disse, já estou acostumado. Então desce pro seu jantar. Se divirta lá, com os seus amigos. Eu vou, como sempre, limpar e consertar tudo pra hora que eles voltarem. E os deuses que me ajudem se eu esquecer de algo. Tudo que acontecer de ruim vai ser minha culpa, que não fiz tudo certo enquanto os outros namoram e se divertem.

Reyna conhecia o sentimento de Leo. Ficar sozinha, tendo que tomar conta de tudo, sem ninguém pra dividir o peso. Quando Jason virou pretor, ela finalmente sentiu que isso poderia mudar. Ela achava que Octavian pararia de encher o saco. Mas aí ele sumiu. Os meses sem ele foram um caos. Octavian estripava ursinhos mais do que nunca, dizendo que os deuses queriam torná-lo pretor. Ela tentava ajeitar tudo sem a ajuda de ninguém para uma possível guerra, e, como Leo, toda a culpa de a missão possivelmente falhar cairia nela. Ela segurou a mão dele, tentando ignorar a temperatura.

- Leo. Eu sei como você se sente.

Ele apertou os olhos.

- Não, você não sabe! Eu sou um inútil nessa porcaria de missão! Eu tive que fazer tudo pra isso funcionar, passar dias inteirinhos no bunker construindo esse navio, enquanto eles brincavam e jogavam captura a bandeira! E você acha que alguém se importava em ir conversar comigo, ver como eu estava?

Ela apertou a mão dele. Ele a puxou.

- Leo, ser pretora é isso mas muito pior. A única pessoa que fala comigo é Octavian, e só pra reclamar!
Ele a interrompeu, com as mãos brancas.

- Pelo menos alguém fala com você!

- Sabe do que você precisa?

Ele revirou os olhos.

- De um psicólogo? É, já me disseram isso. Quando tinham pessoas que se importavam comigo, no orfanato.

Ela bateu o pé no chão.

- Quer parar de me interromper?

- Desculpe.

- Você precisa de um abraço.

Sem esperar resposta, ela o abraçou. Seu pescoço se encaixava perfeitamente no ombro dele, pelo fato de ele ser mais alto. Ele passou os braços em torno dela, tomando cuidado para não queimá-la. Ela brincou com alguns cachinhos rebeldes do cabelo dele, o que o deu um arrepio. Ele não estava acostumado a falar com garotas bonitas, e muito menos a abraçá-las. Ele se controlou. Queimá-la não era uma boa opção. Ele se esticou um pouco para alcançar uma das quesadillas atrás dela.

- Valdez, o que você pensa que está fazendo?

Ele deu um sorriso, o mesmo que enervava qualquer adulto com a cabeça no lugar.

- Eu estou com fome.

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- Então pode comer, acho que é minha vez de arrasar sua pontuação.

Reyna era realmente muito boa, e não parecia fazer nenhum esforço. Quando ela terminou, tinha ido claramente muito melhor do que Leo.

- Sorte de principiante, mi reina.

O clima amigável foi interrompido por alguém que arfava e praguejava.

- Reyna, onde diabos você se meteu? E é por isso... Que não deviam... Ter te nomeado pretora.

Alguém entrou no Argo II, ofegante.

- Octavian. O que você pensa que está fazendo aqui?

O garoto entrou na cabine.

- Eu é que te pergunto.

Ela estreitou os olhos.

- O que parece que eu estou fazendo, seu demente? Eu estou inspecionando o navio pra evitar que essa sua bunda estúpida não seja destruída durante a noite.

Leo assentiu com a cabeça, e olhou para Reyna.

- Você sabe que não seria uma má ideia, não é?

- Valdez, não me dê ideias.

Octavian a encarou, e franziu o nariz como uma fuinha.

- E o que quesadillas e Just Dance tem a ver com inspecionar?

Leo pensou rápido.

- Sabe, Octavian, isso pode te surpreender mas eu preciso de comida e diversão tanto quanto todos vocês. Panis et circenses.

O menino loiro pareceu frustrado.

- Estou de olho. E é melhor essa ser a verdade. Se qualquer coisinha que possa perturbar a paz de Nova Roma sair desse navio...

Reyna completou a frase, sem conseguir evitar um sorriso.

- Aí eu vou torcer para que essa coisa te atinja na cabeça. Agora você pode por favor sumir daqui?

Eles ouviram o garoto descer a escada de volta ao acampamento, ainda praguejando e ofegando.

Reyna olhou para Leo

- Bom, acho que é melhor eu descer.

Leo a acompanhou até a escada, e ela estendeu a mão para se despedir, mas, no último segundo, optou por fazer outra coisa. Antes que Leo entendesse o que tinha acontecido, ela o beijou. Foi um beijo curto, mas mesmo algumas horas depois Leo ainda sentia os lábios formigarem. A pretora começou a descer a escada.

- Se você puder, tente acertar o alojamento do Octavian com uma das balistas, sim?

Colocando dois dedos na testa, em um sinal de 'Sim, capitão' e com um sorriso travesso no rosto, ele a respondeu:

- Farei o meu possível, mi reina.