Let Me Love You

Capítulo Oito: Invasão de Privacidade


Ana’s POV.

— Não posso acreditar que vocês foram na nossa faculdade buscar um maldito casaco — disse Carol enquanto os meninos ainda estavam entrando no apartamento.

— Ainda por cima na aula da Chevalier! — falei complementando Carol.

— Sim! Ainda por cima na aula da Chevalier! Estamos fudidas, aquela bruxa vai arrancar nossas cabeças! — Carol sentou-se no sofá com as mãos na cabeça. Estávamos realmente ferradas a respeito da Chevalier.

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— Mas ela parecia uma ótima pessoa... — murmurou Zayn.

— E uma bela mulher... — comentou Harry.

— Bela mulher? A Chevalier é bonita, mas velho, tem 30 anos! — indaguei. Chevalier era uma bruxa de 30 anos! Bela mulher? Harry deveria ter fumado.

— Harry tem uma certa queda por mulheres mais velhas... — disse Niall.

— Sério? Então mais tarde lhe apresento a minha avó, ela tem 80 anos — respondi sarcasticamente. Sério, queda por mulheres mais velhas?!

— Não precisa ser tão dura com os meninos, Ana — disse Louis, o defensor da pátria — Além do mais a ideia foi minha…

— De quem mais seria?! — grunhiu Carol, ainda sentada no sofá.

— Bem… — ele hesitou — De quem mais seria, afinal eu sou o gênio do grupo. Tenho ótimas ideias, hn? — hipocrisia da parte dele? Sim ou claro?

— Ótimas ideias?! — gritou Carol, levantando-se imediatamente do sofá — Louis William Tomlinson, pelo amor de deus! Foi a pior ideia de toda a sua vida, nós estudamos naquela faculdade todo o dia, e vamos continuar assim por mais meio ano, sei lá! Como seremos apelidadas? As garotas que deram para a boyband do momento? Golpistas? Putas! E as fãs que vocês têm na faculdade? Aquela paty e seu bando jogaram...

— Jogaram a merda do almoço na Carolina, cara, isso é só o começo do que elas podem fazer! — interrompi Carol. Tá, eu sei que falo muito e deveria ficar calada, mas é difícil.

— Obrigada Ana. Aquela vadia terá o que merece, vingança... Mas, isso não é o mais importante. Vocês foram completamente irresponsáveis! Porra, isso agora virou uma perseguição?

— Eu disse para o Louis que não era uma boa ideia… Era óbvio que vocês iriam devolver o casaco mais cedo ou mais tarde — disse Harry sorrindo, tentando acalmar Carolina.

— Cala a boca Harry, você estava com medo de que a Ana vendesse seu casaco no eBay — disse Niall que instantaneamente levou um tapa de Louis. Vender o casaco dele no eBay? O que viria a seguir, Amazon?! Obrigada Niall, mais um ponto contra eles.

— Bem, eu não venderia seu casaco no eBay, Amazon, mercado negro ou ao caralho elevado ao quadrado. Não aproveitaria de sua fama, para mim ela pouco me importa. Aliás, nada seu me importa, de nenhum de vocês. Vamos pegar seu casaco para poderem ir embora de uma vez por todas — talvez tivesse sido rude, os surpreendido, afinal onde estaria a “Ana simpática que havia adorado todo o mundo e não queria perder contato?”.

Carol nada disse e o resto do grupo permaneceu em silêncio e de cabeça baixa. Virei-me para subir as escadas e acabar com aquela festa, foi quando escutei um dos meninos me chamar em um tom baixo. Liam, o mais merecedor de minha raiva.

— Ana… — disse Liam inquieto, estaria se coçando?

— O que foi? — perguntei curiosa, realmente o garoto parecia estranho.

— Posso… Onde… Onde fica o banheiro? — então aquela dancinha estranha era para ir no banheiro. Minha, até então, cara de furiosa se desfez, soltei um pequeno riso e fui interrompida por Carol, que estava séria.

— Fica no mesmo lugar de sempre, lá em cima do lado direito. Se não me engano é a única porta fechada, é só encostar nela que ela abre…

— Obrigada! — Liam foi em direção da “salvação”, o banheiro.


Liam’s POV.

Subi as escadas desesperado, mais um pouco e iria explodir. Haviam dois quartos do lado direito do corredor, um deles fechado, como Carol havia dito. Encostei na porta e sorri. Era o banheiro.

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~

Lavei as mãos e fechei a porta do banheiro, como estava. Foi quando me lembrei que antigamente o quarto do lado do banheiro era o de Carol, o outro quarto, do lado esquerdo do corredor, era vazio na época. Ana ainda não morava com Carolina.

Não era legal entrar no quarto dos outros e vasculhar suas coisas, mas eu já havia vasculhado seu armário na faculdade, entrar em seu quarto não seria muito mais grave. Admito que hesitei um pouco antes de entrar por completo, mas assim que vi um ursinho de pelúcia solitário em sua cama tive que me aproximar para me certificar de algo.

Sua decoração havia mudado, paredes pintadas, um estilo vintage. Antigamente seu quarto era mais vivo, alegre. O assoalho continuava o mesmo, ainda rangia quando pisávamos com força. Era engraçado lembrar-me daquele barulho. Lembro-me que na nossa “primeira vez” juntos decidimos mudar de local pois o barulho do chão era insuportável...

Quando peguei o pequeno urso de pelúcia branco, com um coração em mãos, confirmei minhas suspeitas. Aquele pequeno bichinho era o mesmo que eu havia dado a Carol antes de ir em turnê, no nosso – quase – aniversário de namoro... Por quê ela ainda o guardava? Abracei aquele objeto de lembranças e me deixei cair na cama. Ela ainda guardava aquele urso depois de tanto tempo? Por que? Eram perguntas que eu fazia no momento. O que significava tudo aquilo?

O álbum de fotos nossas em seu armário de faculdade, o urso em seu quarto... Ela não havia descartado aquelas memórias, mas, ainda assim, recusava a minha presença.

“Eu realmente não posso e não quero nada que tenha seu cheiro.”

Eu estava confuso, perplexo... Foi quando escutei alguém subir as escadas. Torci para que fosse um dos meninos, então saí do quarto de Carolina ainda com o urso em mãos, para ver quem era.

— Liam… Estranhei tanta demora só para ir ao banheiro, agora deu pra invadir meu quarto? — era Carolina, rapidamente escondi o urso atrás de mim, ela ficaria furiosa ao me ver com aquilo.

— Eu… Eu acabei sentindo curiosidade em ver como estava seu quarto depois de tanto tempo e…

— O que você tem atrás das costas Liam? — disse Carol me interrompendo, impaciente.

— Eu?

— Quem mais seria, estamos só eu e você aqui. O que você tem atrás das costas Liam? — ela batia o pé cada vez mais furiosa.

— Atrás de mim? Na-nada... — infelizmente eu não sabia mentir.

Carol me virou e por mais que eu tentasse, viu o pequeno urso que eu tanto escondia em minhas mãos. Ao ver aquilo ela ficou surpresa, pegou subitamente o ursinho de pelúcia de minhas mãos e o apertou em seus braços. Olhou para os lados confusa e entrou dentro de seu quarto, para colocar o bicho em cima da cama novamente.

Foi em direção do corredor e lá permaneceu quieta, fitando o chão em silêncio.

— Carol… Por quê você ainda guarda esse ursinho? — perguntei em um tom baixo, me aproximando de si.

— O quê?! Me desculpa Liam, mas quem deveria fazer perguntas deveria ser eu. Por quê você invadiu meu quarto? — argumentou ela com a tentativa de se defender.

— Eu invadi seu quarto para ver o urso mais de perto. Agora que eu respondi me fala, por quê você ainda guarda esse ursinho Carol?

— Não é da tua conta, Liam — grunhiu ela.

— Eu te dei esse urso, é da minha conta sim! — protestei colocando uma de minhas mãos contra a parede, a encurralando.

E ela não respondeu, continuou olhando para o chão.

— Vamos Carol, por quê você ainda guarda este urso?

— Porque… Porque é um ursinho muito bonitinho… Uhum… É um ursinho bonito! — Carol sabia mentir muito bem, mas não sob pressão.

— E o álbum de fotos em seu armário na faculdade? Vai me dizer que acha ele “bonitinho”?! — Carol ficou novamente boquiaberta, desta vez indignada.

— Liam! Que invasão de privacidade é essa? Sabia que isso é crime?! — enrolada, um dos adjetivos perfeitos para Carolina. — Eu não fico por aí no seu quarto, vasculhando-o ou sequer mexo em suas coisas!

— Carolina, pelo amor de Deus. Por quê você ainda guarda essas coisas?

— Eu guardo porque eu quero! — o quê? Que desculpa mais esfarrapada.

— Fala a verdade Carolina Stark… — falei em um tom um pouco mais elevado — Se você não queria nada que lembrasse você de mim, nem mesmo cheiro, por que você guarda o urso e as fotos?

— Por quê? Você quer mesmo saber o porquê, Liam? — disse Carol com a voz estremecida, e eu assenti com a cabeça. — Porque eu tentei, eu tentei te apagar por completo da minha vida depois que terminamos. Tentei achar a resposta para você simplesmente me abandonar e não atender minhas ligações desesperadas, o motivo para me isolar, me isolar até mesmo dos garotos... Eu... Eu passei noites em claro, Liam! Noites chorando, dizendo que você tinha motivos, outras te xingando, dizendo que você só tinha me usado. A “namoradinha antes da fama”... Fiquei três meses em claro, sem rumo, sem motivo para nada! — ela estava começando a cair em prantos, e eu segurava as minhas lágrimas. — Só Deus e minha mãe sabem o quanto eu sofri. Passei três meses nos EUA sem sair de casa! Três meses, Liam! Eu tentei... Eu tentei tanto... Mas...

— Mas? — perguntei, incentivando-a a continuar.

— Eu não consegui! Eu simplesmente não consegui Liam... Voltei para Londres para continuar a faculdade, e Ana veio morar comigo, então eu resolvi-me isolar, te deixar em memórias muito, muito fundas. Ela nunca soube de nada, até ontem… — estava explicado o porquê do súbito odio de Ana. — As fotos eram para terem sido queimadas, e o ursinho para a caridade, sabe, aqueles brinquedos que doamos para crianças órfãs no natal... Mas eu não fui forte o suficiente para me desfazer disso. Simplesmente escondi tudo, consegui parar de chorar de noite, e tentei mudar tudo que me lembrava de você... Eu quase consegui, mas você teve que estragar tudo. Teve que aparecer de novo, depois de tudo. Se aproximar subitamente com as ideias loucas do Louis.

— Carol… Eu não sabia que você havia sofrido tanto por minha culpa — eu estava em choque, Carol em prantos e eu não sabia o que dizer, como me desculpar… A história era muito enrolada…

— Eu não sofri por sua culpa… — fiquei surpreso com sua resposta. — Não, eu realmente não sofri por sua culpa. Sofri por ser idiota, por não conseguir te esquecer, por te amar. E talvez por eu ter deixado com que você roubasse minha vida própria… — ela enxugava as lágrimas.

— Carol... Me desculpa... — pus a mão em seu ombro, mas esta o retirou em um ato involuntário.

— Não é simples assim, você não entende... — disse ela, olhando para o chão. Desde que nos reencontramos ela não havia olhado em meus olhos.

— Carol eu te... — mas antes que pudesse falar algo, ela me interrompeu indignada.

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— Você o quê, Liam?!

— Carol? — olhei para o lado, mais precisamente para as escadas e lá estavam os meninos juntamente com Ana, que havia interrompido a conversa. Obrigada, Ana.

— Á quanto tempo vocês estão aí? — perguntei.

— Tempo suficiente para saber de muita coisa que ninguém sabia — disse Louis.

— Carol? — perguntou Niall, mas esta não respondeu, ela estava apoiada na parede olhando para seus pés, em total silêncio.

— Carol? — mais uma vez, Ana chamava pela amiga, sem obter resposta alguma.

Os meninos trocaram olhares e começaram a chamar por Carol, um de cada vez, mas sem sucesso algum. Tentaram se aproximar dela, mas quando Harry tocou em seu ombro ela se afastou e estremeceu. Repetiu alguns “não” em forma de murmúrios.


Ana’s POV.

Enquanto Carol se debatia contra os meninos ou qualquer tipo de contato fui á procura da merda pela qual tudo estava acontecendo. Isso mesmo, o casaco de Harry, que mais precisamente era um sobretudo cinza.
Entrei em meu quarto, a última vez que mexi no maldito casaco o deixei sobre minha cama, antes de ir para a faculdade.

“Droga! O casaco não está aqui!”, exclamei.

Revirei meu, não muito grande e nem muito pequeno quarto, à procura do casaco. Armário? Não, não estava lá. Gavetas? Também não. Cadeiras e cômoda? Muito menos. Puta que pariu! Ele definitivamente não estava em meu quarto. Saí rapidamente e entrei no quarto de Carolina, como o The Flash, afinal um quarto era na frente do outro.

E no quarto de Carol não havia nada! Não sei porque lá entrei, eu havia arrumado o quarto de manhã. Droga, droga, droga!

Fui falar com Carolina, no corredor mais lotado do mundo. Cinco garotos confusos, uma garota isolada querendo distância e outra sem saber o que fazer. Poxa, eles não podiam ter essa conversa na sala? Estava ficando apertado para nosso pequeno e estreito corredor.

— Não precisa falar nada Carol, só abana a cabeça, ok? — disse.

— … — Carol assentiu.

— Você deu o casaco?

— …— Carol negou abanando a cabeça.

— Guardou em algum local?

— … — Negou novamente.

— Sabe onde está? Quem pegou? — perguntou Harry, me interrompendo.

— … — negou pela terceira vez.

— Você ao menos viu esse casaco hoje ou ontem, Carolina? — perguntei. E ela abanou a cabeça.

— Ótimo, perdi meu casaco predileto — lamentou-se Harry. Sinceramente, que garoto fútil. Carolina morrendo de chorar e ele fala do “seu casaco predileto”?! Quer saber? Foda-se você e teu casaco, Harry.

— Harry, me desculpa, eu...

— Você não tem culpa — disse ele, colocando a mão em meu ombro. Só não pedi para que mantesse distância, pois Carol já estava nessa situação.

— Bem, eu não faço a mínima ideia de onde está seu casa…

— Abigail... — murmurou Carol, me interrompendo em um tom quase inaudível. Era isso! A dona Abigail!

— O quê? — questionou Louis.

— Acho que ela disse que a Abi caiu — respondeu Niall.

— Não, tenho certeza que ela disse um nome — retrucou Zayn.

— Abi caiu — repetiu Niall — Meu deus, temos que ajudar! Ela caiu! — sério Niall, sério cara?!

— Por que diabos ela diria que a Abi caiu? Quem é Abi?! — protestou Louis.

— Não sei... Mas se ela caiu temos que a ajudar! E se ela se machucou?

— Gente... — soltei uma pequena risada. — Ela disse Abigail, a dona Abigail, sindica do prédio!

— Mas o que ela tem a ver com meu casaco? — questionou Harry calando o resto dos garotos e se preocupando novamente com aquele maldito casaco.

— É que ela vem toda a segunda de manhã, mais precisamente hoje e pega a roupa suja para lavar. Ela deve ter pego seu casaco com cheiro de balada, perfume masculino e feminino e colocou para lavar. Foi isso!

— Tá... Mas, quando o meu casaco volta? — eles ainda estavam confusos... Famosos não se preocupam com roupa lavada, segundo eles, as roupas eram mágias e surgiam passadas e com cheiro de lavanda no guarda-roupa.

— Em três dias… — respondi.

— Tá, em três dias voltamos aqui, resolvido… — disse Zayn

— Não! Digo… Acho melhor nos encontrarmos em um café… — não queria motivos para nos encontrarmos de novo, isso abalaria Carol mais ainda.

— Então... Qual café? — questionou Zayn. Ótima pergunta, eu só não sabia qual café.

— Que tal no Nando’s!? — disse Niall.

— Mas o Nando’s não é um café! É um restaurante! — disse Louis.

— Mas lá tem café! — protestou Niall, ele parecia muito gostar dessa rede de Restaurantes.

— Serve... Eu ligo para vocês — disse me preparando para lhes acompanhar até a saída.

— Não temos seu número Ana — disse Liam que estava quieto desde a conversa com Carol.

— Eu tenho o do Harry, e ele tem o meu — respondi.

— Nossa, Hazza, rápido no gatilho, pegou o número dela sem ao menos nos apercebermos disso! Hm… — Louis era, talvez, mais inoportuno do que eu.

— Cala a boca Louis — Harry sorriu timidamente pra mim e deu um empurrão em Louis.

— Então o teu casaco estará de volta em três dias — falei, eles tinham que ir embora logo. Não sabia quanto tempo mais Carol iria aguentar.

Eles desceram, então, as escadas em silêncio. O clima era dos piores. Antes de saírem gritei lá de cima. Eles viraram-se com brilho nos olhos. Talvez eles acharam que eu fizesse que nem nos filmes... Gritasse “Meninos, eu amo vocês, não se vão!” e pulasse no colo de cada um deles. É, não me parece que seria uma alternativa...

— Não se esqueçam de fechar a porta quando saírem — se não estivesse profundamente magoada com eles ficaria com pena, haviam cinco meninos com cara de cachorro abandonado na porta de minha casa.

Liam foi o ultimo a sair, ele estava abalado, deveras abalado. Fechou a porta. Virei-me para Carol que permanecia no mesmo canto de antes.

— Eles já se foram... — falei. Instantaneamente escutei um suspiro profundo. Carol deslizou pela parede até cair no chão, de joelhos.

Muitas lágrimas virão por aí, acho que hoje não vamos andar de skate, pela segunda vez. Esses garotos estão destruindo nossa rotina... E como estão.