Capítulo catorze

–E você é meio que pai agora? – House perguntou para Wilson em mais uma hora se escondendo na sala do oncologista.

–Não, a menina é filha da Cuddy, não minha. – ele respondeu.

–Mas você é o namorado da Cuddy. Relacionamentos não tem aquela coisa de dividir tudo? – House disse provocando o amigo.

–Nós teríamos um filho se a inseminação tivesse dado certo. Não deu então a Rachel é filha só dela. – ele disse com uma careta.

–Você queria mesmo que desse certo, não é? – House perguntou vendo que isso estava estampado na cara do amigo. – Acho que você ficou mais decepcionado do que a Cuddy.

–Talvez. Eu fui casado por sete anos, House e não tivemos filhos porque ela não queria atrapalhar a carreira. E bem, a Cuddy me deu uma luz no fim do túnel. – Wilson desabafou.

–E a luz ainda está lá. Ela tem uma criança chata e chorona a sua disposição. É só você ir lá e interagir com ela. – ele disse como se fosse óbvio.

–Eu não vejo a Lisa direito há uma semana. Desde que a Rachel foi pra casa dela, ela só tem tempo pra isso. – ele disse fazendo House rir.

–Você está com ciúmes de uma criança? Oh, não. Você está com ciúmes da Cuddy ter uma criança e você não. Jimmy, por favor. – House disse irônico.

–Mas que droga House, quem me ajuda nesses assuntos é a Cameron, não você. Chega. – ele disse chateado e se sentou em sua poltrona.

–Falando nela... Hoje faz um ano. – ele disse se lembrando da primeira noite no apartamento dela.

–E você vai fazer alguma coisa? Comprou algo pra ela? – Wilson quis saber contente por terem mudado de assunto.

–Comprei. Mas não sei bem se ela vai gostar. Cameron não é o tipo de mulher que se importa com joias. – ele disse com uma careta.

–Comprou uma joia pra ela? – Wilson exclamou.

–É.

–House! Que milagre! Não importa pelo simples fato de você ter comprado algo ela já vai adorar. Vindo de você isso já é muito. – o oncologista disse e House concordou.

–Nem eu me reconheço nos últimos tempos. – ele admitiu.

–Pois é amigo. Isso tem nome e acho que você já sabe qual é. – ele sorriu.

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–Ela é adorável! E parece estar te aceitando bem. Acho que vai dar tudo certo, Cuddy. Não se preocupe. – Cameron disse enquanto se despedia da amiga na varanda da sua casa.

–Espero que sim! Eu já comecei a montar o quarto dela com mais detalhes agora. – Cuddy sorriu.

–E a assistente vem quando?

–Dia sim dia não. Ela entrevistou a babá e parece estar bem satisfeita.

–Ótimo! Na próxima visita eu trago um presente pra ela, ta? – Cameron disse se desculpando, pois fora convidada para conhecer a pequena quando saía do Hospital.

–Sem problemas. Quando der tudo certo eu apresento ela pra todo mundo. Você foi a primeira!

–Nem o Wilson veio vê-la ainda? – Cameron estranhou.

–Ele não pareceu interessado nisso. Acho que o interesse dele por mim acabou quando a inseminação não deu certo. – Cuddy desabafou.

–Não, não é isso. Logo ele virá! – Cameron disse sabendo do que se tratava a distancia do amigo. –Mas agora eu vou indo antes que a pizza do House esfrie!

–Certo. Boa noite, até amanhã! – disse se despedindo.

Chegando à casa de House, Cameron já sentiu o cheiro da pizza que a esperava.

–Se você demorasse mais cinco minutos eu comia tudo sozinho! – ela escutou a reclamação assim que abriu a porta.

–Se você comesse tudo sozinho eu comprava outra e ia comer no meu apartamento, sozinha. – ela disse se jogando no sofá ao lado dele.

–Onde você foi? – ele quis saber.

–Na Cuddy, ela me levou pra conhecer a Rachel.

–Hum, ela vai mesmo ficar com a menina?

–Espero que sim, ela está bem animada! E chateada com o Wilson. – Cameron disse.

–Por quê? O que o Jimmy fez agora? – House disse pegando um pedaço da pizza.

–Não foi conhecer a menina. Cuddy está achando que ele não a quer mais. Eu já falei por Wilson que ele vai participar ativamente da vida da Rachel se estiver com a Cuddy. Mas ele não acredita muito nisso. – ela disse.

–Eu percebi. Ele parece estar com ciúme pela Cuddy ter um filho e ele não. – House disse observando a expressão de Cameron, ela lidava com tudo muito bem, era como se nunca tivesse perdido um filho e House admirava isso nela.

–Ele não entendeu ainda que a Cuddy quer ele por perto. A filha é dela, mas se eles são um casal ele tem que participar da vida da menina também. E já que ele quer tanto ter um filho, é só juntar o útil ao agradável. – ela disse.

–Eu falei isso pra ele hoje, mas ele se recusou a me ouvir, disse que nessa parte dos conselhos ele só escuta você! – House disse fazendo-a rir.

–Vou falar com ele amanhã. – ela disse sorrindo.

–Você está roubando meu amigo. Acho que vou me trancar no quarto e chorar. – House disse a fazendo gargalhar.

–Errado. Ele já era meu amigo antes de você ser meu amigo. – ela disse se lembrando da proposta que ele fizera há um ano.

–Mas eu sou um amigo com benefícios. – ele disse lhe dando um beijo.

–Até que é uma amizade duradoura. – ela disse rindo e House se esticou para pegar alguma coisa.

–Falando nisso, hoje faz um ano dessa coisa louca que a gente tem. – ele disse rindo com ela. – E eu resolvi te dar uma coisa pra você ver que eu me importo mesmo com isso.

–Sério? Tem presente? Eu não sabia que teria presente. Não trouxe nada pra você! – ela disse triste enquanto abria a caixinha.

–Ah, Allie, você trouxe mais do que eu merecia em um ano. Eu não sou sentimental nem nada e é muito estranho falar essas coisas que eu penso em voz alta, mas você fez uma diferença enorme na minha vida. – ele sussurrou vendo os olhos dela já marejados. – Ah céus, se você chorar eu não falo mais nada! – ele completou a fazendo rir.

–Tudo bem, pode falar. – ela disse pegando o que havia na caixa. Era uma corrente com pingente azul. –É lindo! – ela disse lhe dando um beijo e pedindo que ele prendesse para ela.

–Que bom que gostou. – ele disse e ela percebeu que o tom do pingente era o mesmo dos olhos dele.

Nesse momento ela teve uma vontade imensa de falar o que realmente sentia, mas teve medo de parecer uma tola, de assustá-lo de fazer House se afastar.

–O que foi? – ele perguntou percebendo a mudança.

–Eu... Ah, Greg. – ela olhou nos olhos dele e teve uma segurança repentina. – Eu amo você.

E para a maior surpresa da noite ele sorriu e respondeu.

–Eu amo você. – dessa vez uma lágrima escorreu dos olhos dela e a felicidade do momento era incrível.

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–Bom dia! – Foreman disse para a colega que chegava alguns minutos atrasada.

–Bom dia. – ela respondeu vestindo seu jaleco às pressas.

–A Cuddy deixou os convites para o baile. – ele disse indicando alguns cartões em cima da mesa.

–Nossa, o baile beneficente, já? Me perdi nas datas! – ela exclamou.

–A Cuddy antecipou o desse ano. – Foreman respondeu.

–Ah, certo. Você vem? – ela perguntou guardando o seu convite na bolsa e colocando o do chefe em cima da mesa dele.

–Sim. É a única coisa legal que esse Hospital faz pros funcionários! – ele disse rindo.

–Tenho três semanas pra achar um vestido. Droga. – ela resmungou.

–Você vem com o House? – Chase questionou ao entrar na sala.

–Não sei se é uma boa ideia. Ele só vem pelo pôquer. – ela disse fazendo uma careta. –Vou acabar sozinha a noite toda se eu vier com ele.

–Não se preocupe, eu lhe farei companhia. Afinal eu venho sozinho mesmo! – Foreman disse.

–Ainda faltam alguns dias, Foreman. Você pode achar companhia. – Cameron disse vendo Chase concordar. – E você Chase?

–Eu venho sozinho pra sair acompanhado! – ele disse fazendo os colegas rirem.

–Muita coisa pode acontecer em três semanas! Vamos nos combinar mais perto, ok? – Cameron disse dando o assunto por encerrado.