** Grissom**

Depois que cheguei de São Francisco, pensei que seria fácil tirar Sara da minha cabeça. Não me levem a mal. Eu sei que tenho um sentimento por aquela adorável garota de lindos olhos castanhos e sorriso cativante, contudo quando retornei a razão tomou conta de minha mente. O que um homem maduro com mais de trinta anos – essa era a idade que eu tinha na época - poderia oferecer a uma atraente jovem de vinte e poucos anos? Não era justo pensar que eu pudesse ter algum relacionamento com ela. Seria egoísmo de minha parte. E sua juventude onde ficava? Ela tinha todo um futuro pela frente, deveria encontrar alguém com idade próxima a dela para juntos construírem sua vida.

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Tentei de todas as maneiras esquecê-la, porém todas as tentativas foram inúteis. Quanto mais tentava esquecer aquela menina mais eu pensava nela. Comecei a preocupar-me com meu estado emocional quando as constantes distrações decorrentes de minhas doces lembranças da memorável semana em São Francisco começaram a afetar meu trabalho. Eu já não conseguia prestar atenção nas tarefas as quais eu estava encarregado. Meu chefe e amigo, o capitão Jim Brass, chegou a indagar-me sobre meus constantes devaneios.

— Onde está seu pensamento, Grissom? Tenho certeza de que não é aqui no trabalho. Há algo que queira me contar? – ele me sondou após uma vez mais esquecer-me completamente de minha obrigação e quase por o caso a perder.

— Não é nada Jim. Apenas alguns problemas que logo serão resolvidos – eu respondi fingindo segurança. Pelo menos assim esperava.

— Assim eu espero. Não queremos que nada atrapalhe seu desempenho no trabalho, não é? – Jim insistiu.

— Não, não queremos – eu garanti.

Tratei então de me esforçar a prestar mais atenção ao meu trabalho. Como foi difícil! Constantemente a imagem da linda garota retornava à minha mente. Devo confessar que estar apaixonado é uma coisa louca que alguém lhe causa e você mal dorme. Se perto desse alguém a eternidade é pouca, distante cada instante é um tempo enorme. Estar apaixonado é mesmo uma doença que alguém lhe passa e você mal come, tão só nessa pessoa você pensa, enquanto a outra – no caso eu – a fome o consome. Meu mal tinha nome e sobrenome: Sara Sidle.

Durante os meses que se seguiram pude ver que minha “doença” não tinha cura. Constantemente eu estava tremendo, com febre – febre de desejo – com frio, a estremecer de amor por causa dela. Corria em minha espinha um arrepio e eu nem pensava em mim, somente nela. Estar apaixonado é parecer um ser ridículo e não estar, com isso, nem aí. Você se sente solto e livre mesmo num cubículo – estranhamente eu me sentia assim – tal como eu me sentia ali. Eu ria e chorava um rio, mas nunca uma dor foi tão bela, por dias, noites e horas a fio, eu não pensava em mim, somente nela.

Aquilo tinha que mudar, por isso tomei uma decisão. Mergulhei de cabeça no trabalho, tudo para evitar pensamentos indesejáveis, incontroláveis. Tudo ia bem em minha tentativa de não pensar no agente causador de minha doença. Já havia se passado três anos desde aquela época. Eu apenas não contava com uma pequena intervenção do destino.

No turno noturno entrou uma CSI novata chamada Holly Gribbs. Era de praxe que um perito experiente pajeasse um principiante. Por alguma razão que desconheço, Jim escolheu Warrick Brown, um excelente profissional, diga-se de passagem. Entretanto Warrick pareceu não gostar muito da profissão. Não o julgo por isso. Quase ninguém gosta de ficar preso, atado a um aprendiz. Ainda que a contra gosto, o rapaz, o qual eu tenho como a um filho, executou sua tarefa. Pelo menos todos nós julgamos que o tinha feito.

Eu e toda a equipe do laboratório levamos um grande susto ao saber que a principiante Holly Gribbs fora baleada na cena de crime em que ela estava e que corria risco de morte. Aquele era um problema dos grandes. Um de nossos membros fora ferido durante a execução do trabalho. Foi um prato cheio para a mídia. Todos queriam saber como aquilo havia acontecido inclusive nós.

Sinceramente eu não queria a Corregedoria enchendo o saco, metendo o nariz onde não era chamado, metendo o dedo em nossa ferida. Eu precisava de alguém em quem pudesse confiar algo tão sério e tão íntimo quanto uma investigação interna. Enquanto minha mente esquadrinhava possíveis nomes para assumir aquela difícil função, um nome me surgiu como num passe de mágica: Sara Sidle.

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Por que não? Pensei nela e decidi nunca mais esquecê-la. Até porque eu a veria constantemente em Vegas. Eu a convidaria para participar da investigação. Procurei na lista telefônica o seu número. Não foi tão difícil encontrar. Por sorte não existiam muitas Saras Sidles em São Francisco, sendo assim, depois de umas três ligações em números por enganos, encontrei a Sara que procurava. Eu poderia ter falado mil coisas para ela, contudo disse apenas:

— Sara, eu preciso de você!

Agora, na iminência da chegada de Sara Sidle, minha linda Sara a Las Vegas, devo confessar que quando penso na dona daquele sorriso com dentinhos separados é quando eu não me sinto só, entre meus livros e canções instrumentais, com o perfume das manhãs, com a chuva dos verões, com o desenho das maçãs. Com ela, pensando nela, eu me sinto bem. Estou pensando nela novamente, pensando em nunca mais esquecê-la.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.