Leis da Noite - Mente sobre Materia

O Colecionador - Parte 2


...

Michael estava às portas da propriedade de Coudray. Primeiro havia chegado a um portão de ferro, este guarnecido por diversos guardas armados, alguns deles portando até mesmo armas como submetralhadoras, fato que fez o visitante lembrar antigos filmes de máfia, ao estilo de “O Poderoso Chefão”. Um dos guardas inquiriu Michael e confirmou, falando com alguém por um interfone, que ele era uma visita esperada. Em seguida, o mesmo empregado discou um número em seu telefone celular, enquanto seus companheiros abriam uma portinhola, que era usada para que os pedestres pudessem passar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Toren, ouvindo pedaços da conversa, percebeu que ele pedia para o chofer ir até o portão e, seguindo a indicação do segurança-chefe, entrou no terreno do Colecionador, para esperar a condução.

Enquanto aguardava o carro, ficou a observar o caminho que se seguia entre o jardim, e constatou que o terreno era ainda maior do que imaginava outrora. Não conseguia ver sequer a mansão onde Claudius deveria estar. Apenas centenas de metros com grama bem cortada, árvores e cercas-vivas.

Já dentro do carro, Michael perguntou ao motorista qual a distância que os separava da mansão em si. Três quilômetros até a casa e mais quatro até o fim da propriedade foi o que lhe disseram. A resposta o deixou constrangido, é nesse tipo de situação que as pessoas percebem o quanto são pobres. O chofer dirigia uma limusine, e enquanto era levado, o pintor, ficou a observar a paisagem do maravilhoso jardim à sua frente, coisa de filmes de cinema, com direito a, até mesmo, esculturas em pequenos arvoredos. Após poucos minutos chegou à mansão, mencionada anteriormente como humilde lar no convite que recebera.

Saiu do carro com certa dignidade, querendo demonstrar-se superior a tudo aquilo, e de fato se achava mais elevado, mas até essa sua característica fraquejava diante de toda aquela riqueza. Foi em direção à porta dupla que servia de entrada e logo um serviçal abriu-a. O pintor adentrou, embora com certa hesitação.

O convidado adentrara na enorme casa e no mesmo instante sentiu uma lufada de ar frio bater-lhe à face. Estava um gelo ali dentro! A noite estava agradável naquele dia, mas o ambiente de dentro da mansão estava realmente gelado, ele esfregou seus braços um no outro e sentiu a súbita friagem passar.

Deu um sorriso ao pensar que Coudray gastara tanto com a propriedade que podia não ter sobrado dinheiro para um aquecedor. Após se esquentar deu alguns passos à frente e ouviu a porta bater atrás de si com um baque abafado. Sentiu um arrepio percorrer a espinha ao se lembrar dos filmes de terror, era sempre assim, em uma mansão, indo falar com alguém rico e misterioso.

No entanto não fora espírito maligno e tampouco magia negra, o mordomo fechara a porta e agora estava a frente de Michael, pedindo para que este o acompanhasse.

Os dois se encontravam em uma saleta pequena, algo como uma recepção. Esta antecâmara possuía apenas um cabideiro, para casacos, chapéus e afins. Tirando o objeto, apenas um vaso com uma samambaia estava presente no lugar.

Não se demoraram ali. Logo seguiram para um salão enorme, com luxo comparado somente ás antigas cortes medievais. O pintor se sentiu oprimido diante da grandeza e imponência que possuía aquela sala de recepção, onde deveriam ter sido sediados muitos bailes do socialite local.

Por Deus, Michael sabia que toda a sua casa caberia em tal recinto inimaginável e com muita folga!

- Senhor, por aqui, por favor – Disse o mordomo ao perceber que o convidado parara para observar o esplendor daquela sala, mas, não era naquele local que ele se encontraria com o seu anfitrião.

Ele se demorou mais um segundo antes de seguir o mordomo, e, mesmo enquanto andava, continuou à admirar as belezas artísticas e a maravilhosa decoração, se surpreendendo ao, uma ou duas vezes, pensar em quanto valeria alguma peça caso vendida no mercado negro.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Pondo um fim momentâneo à agonia de Michael, os dois andantes atravessaram o saguão e entraram num discreto corredor, que quase não era percebido, devido à proximidade de uma enorme estante recheada de porcelanas raras. O serviçal abriu a única porta ao fim do caminho e deu espaço para Toren passar. Mas ele não entrou de imediato, pensou em como aquilo tudo era perfeito, algo que todos gostariam de possuir, um céu aparente, mas, refletiu ele, todo paraíso tem sua mentira e seu pecado. Quanto demoraria para que o deste se revelasse?

Afastando tais juízos de sua cabeça entrou na sala. O mordomo não o acompanhou, ficou do lado de fora, ao lado do portal, como que de guarda, e fechou a porta.

Michael iria encarar sozinho o que estivesse a sua espera.

...