Leah e Bella

Capítulo XXXV


CAPÍTULO XXXV

A noite estava extremamente fria quando Leah levou Bella de volta para sua casa. Uma névoa gélida lambia o chão, fazendo Leah se memorar dos mais diferenciados filmes de terror. O céu negro tinha um exuberante contraste com as estrelas, que cintilavam. A mistura de cenários era horripilante e fez Leah franzir o cenho, virar-se para os lados e espreitar, suspeitando de qualquer inimigo que pudesse estar escondido numa moita ou na escuridão da floresta. Pronunciando de forma indistinta, Bella disse:

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― Você está muito paranoica ― Leah esfregou os braços, tentando afastar a descrença de si. Era irônico que Bella falasse aquilo, afinal, sempre que se distraía um sanguessuga enlouquecido aparecia. Quase em todas as vezes que foram atacados, tanto Leah quanto os outros, fora porque se entretiveram demais em assuntos supérfluos. ― Você tem esse direito ― admitiu Bella, chutando uma pedrinha no canto da calçada. ― Mas, aparentemente, vocês eliminaram grande parte daquelas crianças e inclusive o suposto cúmplice de Victoria.

― Não duvido de mais nada que venha daquela ruiva ― Leah murmurou, tentando manter a reclamação só pra ela. ― … ela tem crianças saindo pelas orelhas… ― uma parte de Leah sabia que não apareceriam mais crianças. Victoria era uma louca, maníaca e narcisista, que só pensava na própria vingança, mas não podia ser insana ao ponto de continuar matando criancinhas. Haviam sido muitas; mais do que Leah poderia ter contado nos dedos e mais do que uma folha poderia enumerar.

― Você é extraordinária, Leah. ― comentou Bella, arrastando Leah do devaneio. Ela fixou os olhos em Bella, encarando-a com uma surpresa disfarçada. A mancha arroxeada no rosto já estava diminuindo e perdendo a cor, transformando-se num hematoma verde. A cura acelerada de Leah parecia indisposta naquele dia. ― E não precisa ficar se culpando por alguma coisa. Com sinceridade, não sei o que você está pensando, porém… Conheço a minha namorada e tenho certeza de que alguma coisa está incomodando você.

E, com toda franqueza, nem mesmo Leah sabia o que a incomodava no momento. O correto seria Leah estar contente por ter vencido a luta e derrotado todos aqueles sugadores de sangue. Ela, infelizmente, não conseguia se mantiver totalmente contente. A todo instante estava distraída e sentindo algo pesar em seu peito; como se o coração virasse concreto. Era semelhante a fazer algo errado e manter o segredo, sem poder dividi-lo… e era tão semelhante à má intuição que Leah teve arrepios apavorantes por todo o corpo. Por que não mantinha contente? O vampiro e as “crias” eram página virada e o único inimigo era Victoria… E Edward, que continuaria com as investidas chatas e insistentes.

― Não precisa se preocupar. ― respondeu a loba, esboçando um sorriso forçado. ― Eu estou bem melhor e… ― Leah desviou o olhar, escondendo seus sentimentos e sendo tomada por outros milhares ao mentir para Bella. ― Deveria se preocupar com o Seth.

Bella revirou os olhos.

― Ele está bem. ― Bella anuiu lentamente com a cabeça, lembrando-se do brusco tropicão que o carro dera ao passar por cima das patas traseiras de Seth. O pobrezinho, que corria em direção a casa de Sia, estivera tão concentrado em sua missão, em encontrar a sua amada, que nem tinha olhado para os lados antes de atravessar, esquecendo-se assim da regra mais básica que qualquer pedestre deveria saber. E Bella, que catava um objeto que tinha caído, distraiu-se. Episódico, mas útil. Seth acabou pegando uma carona com Bella e guiando-a para o caminho certo. Para Seth, não tinha sido nada demais. Para Sianoah, foi o mesmo que lhe dar um tapa na cara.

― Não acredito, sua estúpida! ― urrara Sianoah, sendo segurada por Quil e Seth. Bella, que havia revelado juntamente de Seth o acontecido, deu um passo para trás, sendo preferível ficar próxima da picape. ― Você é cega ou o quê? Olha o tamanho do Seth quando transformado! O que faltava pra você enxergá-lo? Um luminoso pendurado na testa, com letras garrafais? ― e assim seguira-se o discurso inflamado de Sianoah. Resultara, depois de três ofensas muito fortes, em Leah ameaçando de bater em Sia e Sia se oferecendo para quebrar o nariz de Bella. Seth interveio quando Leah avançou, já arremangando-se e preparando o punho para acertar no mesmo do rosto de Sia. De repente, era Seth que ameaçava Leah e Leah que xingava Seth. “Fica quieto, fedelho!”, Leah dera um cascudo atrás da orelha do menino lobo.

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― Vai pra casa agora? ― Isabella indagou com curiosidade.

― Preciso de um banho; água e muito sabão. ― Leah agarrou com as pontas dos dedos a camisolinha branca que Sia havia lhe emprestado. Era impressionante que Leah não tremesse de frio, contando com a peça curta. Bem… Talvez não fosse tão impressionante; aquilo só era a natureza de Leah. ― Meu cheiro está horrível… ― lamentou Leah, que cheirava a suor e lama e que almejava um momento mais extenso ao lado de sua amada Swan. ― Jared vai estar aqui fora, vigiando a casa. Acho que o Black também… Estará segura.

― Então… ― Bella semicerrou os grandes olhos castanhos. ― Jacob e você são da mesma matilha?

― Creio que não. ― discordou Leah. ― Porém, ele demonstrou solidariedade pela causa.

― E isso é bom?

― Depende do caminhar dele no trajeto, mas… Espero que sim. ― desejou Leah. Bella concordou silenciosamente e olhou para trás, vendo a luz da sala sendo acesa. A luminosidade vazou pelas janelas e um feixe atingiu-a quando Charlie abriu a cortininha. Só que dessa vez, Charlie não se inclinou e xeretou o que estava havendo do lado de fora. Charlie se sentou na velha poltrona e, pelos movimentos de seus ombros e o sorriso comprido, Bella identificou que o pai ria. Leah, coincidentemente, também teve sua atenção atraída para a cena. O coração da garota subiu pela garganta, batendo acelerado, quando ela identificou uma risada feminina acompanhando a felicidade de Charlie Swan. Uma risada doce e baixinha que fazia Leah encolher os ombros e fechar os olhos, se deliciando com o som delicado. Era a risada de Sue; a mãe de Leah. ― Minha mãe está com o seu pai?

― O que? ― Bella voltou-se para Leah: os olhos arregalados e a boca escancarada de incredulidade. ― Sue?

― Acabei de escutar a risada dela… ― Leah esticou o pescoço, ansiosa para conseguir enxergar os cabelos negros da mãe ou simplesmente a sombra dela na parede. Nada encontrou, mas os ruídos alegres continuaram. ― O que ela está fazendo aqui? ― o coração de Leah apertou-se com a perspectiva da mãe estar desenvolvendo a vida amorosa. Não, não… Devia ser loucura da Leah! Sue só estava rindo com Charlie; nada demais ou imoral.

― Agora entendi porque Charlie não se preocupou com o meu sumiço repentino… ― recordou Bella, após juntar as peças e notar que Charlie não tinha feito uma ligação exasperada ou constatado a Polícia local. ― Ele havia se entretido com Sue. ― Bella falou muitíssimo mais relaxada e menos apreensiva que Leah estava.

― Não acredito nisso! ― Leah exclamou, sentindo-se traída e apunhalada nas costas pela própria mãe. Ainda sim, uma parte de Leah negou a informação e entendeu aquilo como uma amizade. Só isso… Ah, mas meu Deus! O coraçãozinho de Leah se debatia no peito, acertando as costelas e quase subindo pela goela… Cada vez mais desesperado e assimilando menos uma amizade. Uma gargalhada prendeu-se na garganta de Bella e ela passou o braço pelo ombro de Leah. Beijou amorosamente a bochecha de Leah. A loba respirou profundamente e sentiu todo aquele carinho pelo corpo, possuindo cada átomo. Bella era uma espécie de calmamente natural para a garota Clearwater.

― Não quer passar a noite aqui? ― Bella convidou. Leah virou-se pouquinho e fitou Bella; o infinito negro dos olhos de Leah era cativante e único, pois, mesmo que estivesse escuro, aquele olhar era brilhante, radiante. ― Posso te emprestar uma blusa e um short… Tenho algumas roupas que Renée comprou pra mim, mas ficam largas demais. ― os olhos de Leah se abriram um pouco mais, exaltando a animação e paixão presentes nela. A forma que Bella falava era persuasiva e desejosa; fazia uma amnésia tomar conta do cérebro de Leah Clearwater e fazê-la desejar só o amor da garota. Era bom. ― Charlie está muito distraído com a Sue… ― Leah engoliu a seco. ― E eu tenho toalhas extras, sabão e xampu. Pode tomar um banho. E bem… ― Bella olhou para o chão, ruborizando enquanto finalizava a frase: ― Minha cama é espaçosa.

***

A noite trouxe sentimentos obscuros à Victoria.

Durante horas, ela se manteve parada dentro do ginásio caindo aos pedaços ― petrificada; sem respirar ou piscar ― e esperando por Riley. Delirara por horas, imaginando Riley glorioso, e ao mesmo tempo tolo, mas trazendo consigo a cabeça ou o coração do lobo. A vitória seria radiante e Victoria estaria com meio caminho andado; tudo que precisava era acabar com a tediosa humana. Isabella. Porém… O tempo foi passando e Riley não chegou. O sol baixou e os humanos se recolheram; nada de Riley ou sinal dele. Tais fatores levaram Victoria a se erguer e voltar a floresta.

A mente dele estava explodindo de tantos pensamentos enquanto se encaminhava até a floresta. Havia Riley encontrado mais desafios? Ou será que o garoto tinha trocado de time? Talvez descoberto toda a falsidade no “amor” de Victoria e tivesse decidido contar tudo para os cães. O medo da traição de Riley possuiu Victoria. Não, não… Ele não podia ter feito aquilo! E se tivesse feito… Como ousara? Victoria estava enfurecida e marchava pela floresta, grunhindo palavras feias quando seus pés atolavam numa poça de lama.

A noite estava densa e deviam ser quase 21h. Os galhos das árvores, compridos e entrelaçados uns nos outros, estavam carregados de pequenos animais. Esquilos. Pássaros. Corujas. Animas que pareciam encarar Victoria, pondo mais pressão onde não era necessário. Mas, nesse momento e muito sorrateiramente, Victoria deslizava pela floresta. Seus pensamentos e movimentos estavam concentrados em descobrirem a verdade, então, perdeu a atenção nos bichos.

A umidade presente no solo misturou-se ao cheiro de vampiro e lobo. O cheiro agridoce da natureza vampira era agradável; o cheiro de cachorro dos lobisomens era insuportável e desagradável. Victoria seguiu o cheiro ruim. Se Riley a tivesse traído, estaria com os lobos. Ela acompanhou a brisa noturna e farejou de onde vinha o odor. Cerca de 1 km depois e Victoria se deparava com uma colina curta e íngreme. Havia erosão na parte sul da colina que ainda devia ser subida por Victoria. Ela notou, que por trás de muitas folha, a erosão estava preenchida por coisas. Ela afastou as folhas com as mãos e deu um passo para trás, surpresa demais com o conteúdo: partes. Braços. Pernas. Cabeças. Partes… dos seus recém-criados.

***

Charlie bateu na porta do banheiro bem no momento em que Leah estava enxaguando os cabelos. Ela não se surpreendeu, mas tomou muito cuidado com os seus movimentos. Bella, que estava cuspindo a espuma da pasta de dentes, apoiou as mãos na pia de mármore.

― Sim? ― perguntou. Leah engoliu a risada: a sensação de dividir o banheiro com Bella era tão cômica quanto íntima.

― Eu vou sair um pouquinho pra levar a Sue em casa. Está escuro e sempre é perigoso sair sozinha à noite. ― avisou o pai. Leah suspirou e puxou um sabonete lilás, com aroma doce e selvagem de alfazema, esfregou-o nas mãos até produzir uma camada de espuma roxa. ― Tudo bem ficar em casa… Sozinha?

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― Tudo bem… ― assegurou Bella.

― Ok… ― ela escutou Charlie se distanciar um pouco da porta. Quando voltou a falar, já iria começar a descer as escadas: ― Daqui a pouco estou de volta! ― relembrou com a voz distante. Bella berrou uma resposta e Leah desligou o chuveiro e se enrolou numa toalha branca no instante em que Charlie terminou a descida. Voltava a conversar com Sue e, educadamente, abria a porta pra ela. Leah abriu a cortina azul de plástico do boxe com tanta agilidade que deu um pequeno susto na namorada. Bella, que já tinha devidamente higienizado os dentes, largou a escova e sorriu pra Leah. Todas as paredes de birra de Leah se desmoronaram ao ver aquele sorriso e ela se atirou nos braços de Bella.

― Humm… ― Bella gemeu em prazer quando sua pele entrou em contato com a de Leah. Ela respirou fundo e aspirou o novo perfume de Leah: de morangos e sabonete caro. Simplesmente delicioso. ― Você está tão cheirosa… ― Bella desceu os lábios pelo pescoço de Leah, espalhando beijos na pele macia da índia Quileute. Leah se derreteu com os toques e quase fundiu seu corpo no de Bella, entregando-se totalmente a menina. O toque de Bella, naquele minuto, era tão excitante quanto sereno. Com muito cuidado e dedicação, ela corria os lábios por Leah. Provando e recordando-se com paixão do sabor, da textura. Beijou-lhe a clavícula e apertou os quadris de Leah contra a sua barriga; a diferença de altura era mais do que evidente. Leah agarrou os cabelos de Bella, enrolando os fios entre seus dedos. Tudo que sentia, além de um prazer iniciante, era amor. Muito amor e tinha lotado todos os espaços no peito de Lee. Ao lado de Bella, seu verdadeiro amor, tudo estava perfeito e em harmonia. Leah, enfim, estava completa.

Água pingava dos cabelos de Leah e escorria pelas costas. Ela puxou o rosto de Bella, unindo-as num beijo. Os lábios de Leah se pressionaram contra os de Bella, tenros e umedecidos. Um espanto prazenteiro assumiu Leah Clearwater após Bella Swan lhe prensar contra a parede e invadir o espaço da toalha, resvalando a mão entre as coxas de Leah. Ela engasgou com o gemido e Bella avermelhou ― em parte constrangida, mas em parte debochada― tirando a boca da de Leah e voltando o alvo dos beijos para o pescoço. Leah firmou-se com as mãos no suporte para toalhas, dando mais segurança para que Bella desse continuidade o suave estímulo. E Bella o fez, abrindo mais espaço entre as pernas da Clearwater e movendo os dedos para dar o máximo de prazer para a namorada. A toalha caiu no chão e Bella riu, elevando os beijos. Beijou o queixo de Leah e foi até a orelha, mordiscando o lóbulo. Leah gemeu e exigiu mais.

― Depois você reclama… ― Bella murmurou roucamente e cheia de um escárnio desconhecido por Leah, porém, que Leah gostou imediatamente. Ela passou as mãos pelo corpo de Leah, apertando e aproveitando do calor da loba. Ajoelhou-se e continuou sua sessão de prazer.

Parecia que, a noite recém havia começado.

***

Victoria puxou enojada as partes.

Com uma rapidez inumana, puxou parte por parte e ia atirando-as atrás de si, formando um novo monte de pedaços-cadáveres. Muito prática e nojento a prática desses lobos; pensou Victoria com desgosto. Não haviam se prestado nem para queimar os corpos: tinham os escondido num buraco no relevo. E se um humano tivesse encontrado aquilo? Maravilhoso!; ela xingou mentalmente e rugiu oralmente. Lobos idiotas... E continuou a corrente de pensamentos ofensivos em relação aos Quileutes. Seus pensamentos foram interrompidos pelo próprio berro de assombro quando puxou uma cabeça com cabelos num tom caramelo escuro. Victoria atirou o troço longe e pôs a mão no coração morto que carregava há séculos.

É Riley! ― berrou acusadoramente a mente da vampira. O rosto de Victoria se contorceu e ela andou lentamente até a raiz de uma árvore, que tinha acolhido a cabeça de Riley. Andou e andou. Quando finalmente chegou aos pés do imenso pinheiro, cobriu a boca com a mão. Era Riley e ele estava… Morto. Decapitado e inútil; como todas as crianças que ela havia transformado.

Tinha fracassado e sido morto… Assassinado pelo lobo que deveria estar morto. Victoria tremeu de raiva. Não porque amasse Riley ou porque tivesse criado qualquer respeitoso afeto por ele; porque tinha perdido um soldado. Riley pudera ser qualquer iludido caído de amores por ela, mas obedecia e conseguia desempenhar quase tudo que Victoria ordenava. Um ódio mortal predominou o corpo de Victoria e ela socou o pinheiro diversas vezes. Tantas que a árvore rachou e caiu no chão. Victoria despencou e chorou sem lágrimas. Gritou de revolta e teve certeza absoluta de que se vingaria. Os lobos protegiam os humanos e inclusive Isabella. Nada mais justo do que o pivô da história pagasse os juros.

E Isabella Swan que começasse a contar seu tempo, pois ele seria curto.