La Revenge
Há mais sujeira entre a terra e a terra...
"Há mais sujeira entre a terra e a terra do que sonha nossa vã filosofia."
Evelyn Cordeiro
– Deixa eu ver... marcador vermelho permanente, esponja de textura, lápis de desenho e grafite... acho que peguei tudo.
Marina pagou a compra e saiu da loja de materiais para pintura pensando no seu próximo trabalho. Estava na hora de superar seu medo de cachorros e uma boa forma de começar era desenhando Bidu junto com o 42. Isso, claro, se ela conseguisse fazer com que ficassem quietos. Quando foi atravessar a rua, um estrondo se fez ouvir logo a sua frente abrindo um buraco no asfalto e fazendo-a cair para trás deixando cair todo seu material.
Ao olhar para cima, ela deparou-se com um homem careca de aparência grotesca usando uma capa suja e rasgada. Era o Capitão Feio.
– Hahahaha! Eu terei a minha vingança e ninguém pode me deter!
– Seu louco, o que você quer de mim?
Um raio de sujeira foi atirado em resposta e Marina saiu correndo com ele ao seu encalço até que não conseguiu correr mais e foi atingida, sendo coberta pela gosma mais nojenta, suja, fedida e pegajosa que ela tinha visto em sua vida.
– Isso é por ser amiga da Mônica! Todos os amigos dela sofrerão com a minha ira! – ele falou saindo dali logo em seguida.
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Carmem exibia sua roupa nova para Denise, que embora elogiasse, morria de inveja internamente.
– Essa saia custou muito caro, é de uma grife super exclusiva! E olhe esses sapatos! É edição limitada, só foram produzidos cinqüenta pares no país inteiro!
– Que luxo! E essa blusinha?
– Foi feita especialmente pra mim por um estilista famoso. Ai, eu tenho as roupas mais lindas do bairro inteiro, não tenho?
Antes de Denise abrisse a boca para responder, as duas sentiram algo sujo e pegajoso cobrindo seus corpos da cabeça aos pés. Carmem iniciou um ataque de gritos histéricos ao ver sua roupa totalmente arruinada. Uma voz grossa e desagradável falou para elas.
– Todos os amigos da Mônica sofrerão com a minha ira!
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Magali estava nervosa, olhando de longe o fiscal da vigilância sanitária que inspecionava a padaria. Seu Quinzão mostrava o lugar impecavelmente limpo e arrumado.
– Calma, Magá. Nossa padaria sempre foi muito limpa, eles nunca encontraram nada.
– Eu sei, fofucho. Mas esses fiscais são tão chatos!
Após inspecionar a parte aberta aos clientes, o fiscal quis ver a cozinha. Os dois entraram pela porta e segundos depois seu Quinzão deu um grito, atraindo Quim e Magali.
– Pai, o que foi... credo!
– Ai minha nossa senhora da bicicletinha! – Magali falou levando as mãos ao rosto, chocada pela cena mais cruel que tinha visto em sua vida: uma gosma de cor escura cobrindo toda a comida, utensílios e demais ingredientes.
O som de risadas vindo do lado de fora atraiu a atenção dos dois. Quando saíram pela porta dos fundos da padaria, Quim e Magali viram o Capitão feio flutuando a alguns metros do chão infestando o lugar, inclusive o casal, com sua gosma horrenda.
– Todos os amigos da Mônica pagarão muito caro!
– Seu monstro desgraçado! Como você pode fazer isso com a comida? Justo com a comida? – Magali esbravejou enquanto o Feio voava para longe.
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– Ai, Cascãozinho! Você está tão limpinho e cheiroso! Do jeito que eu gosto! – Cascuda falou abraçando o namorado e cheirando seu pescoço. Cascão ficou todo derretido. Tinha valido a pena se sacrificar encarando a terrível combinação de água e sabonete.
Os dois estavam aproveitando um momento fofo e romântico quando algo viscoso e malcheiroso cobriu seus corpos. Eles olharam para cima e viram o Capitão Feio rindo como um lunático.
– Seu toscão! Olha só o que você fez! Agora eu vou ter que tomar banho de novo!
– Hahaha! Agradeçam a Mônica! Todos os amigos dela sofrerão com minha sujeira!
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– Emporcalhar os amigos da Mônica faz parte do seu plano? – Agnes perguntou sentindo um grande enjôo com toda aquela sujeira. Por instantes, ela teve até a impressão de que os germes daquela coisa estavam atacando seu corpo.
– Oui, e está funcionando marravilhosamente! C'est magnifique (é magnífico)!
– Por que tudo isso?
– É a segunda etapa de mon plan.
– Deixar todo mundo doente com essa sujeira?
– Non, clarro que non! Se bem que isso serria fantastic também. Minha idéia fazer todo mundo acreditar que ser amigo da dentuça traz coisas ruins.
– Dessa forma, todos se afastarão dela. Bravo, Penha!
– Merci, merci! Eu sou mesmo um gênio!
– Por que não matá-los de uma vez? Isso faria com que Mônica sofresse muito mais.
– Non tenho dúvidas. Mas se aquele idiota for pego, eu posso ter problemas.
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Mônica e Cebola tampavam os narizes diante de toda a turma coberta por aquela gosma nojenta. O que tinha dado no Capitão feio para atacar daquele jeito? Do lado Cebola estava Irene que mal acreditava em tanta sujeira na sua frente.
– A padoca do seu Quinzão foi interditada pela vigilância sanitária! Toda aquela comida deliciosa foi perdida pra sempre, ai que dor!
– Ele estragou minha linda roupa!
– Eu tinha acabado de tomar banho!
– Perdi todos os meus apetrechos de mágica!
– Minha cadeira de rodas tá suja até os parafusos!
– A louca! Eu vou ficar fedendo por uma semana inteira!
(Titi) - Eu tava quase conquistando uma gatinha linda e ela saiu correndo quando essa coisa me pegou!
Se não estivesse tão distraída com a sujeira, Aninha teria dado um tapa naquele desavergonhado.
– Fui demitida do meu emprego por causa disso!
(Isa) - Perdi todos os meus brigadeiros!
(Jeremias) - Toda a quadra foi interditada! Agora ninguém pode jogar!
(DC) - Até que tô curtindo a gosma. – ele se encolheu todo diante dos olhares furiosos.
Os dois procuraram fazer silêncio para tentar entender o que tava acontecendo ali.
– Gente, peraí! Temos que entender por que o Feio cismou de atacar desse jeito! – Mônica falou.
– Isso não é óbvio? Ele nos atacou por sua causa! – Carmem falou furiosa com a amiga.
– Minha causa? Tá doida? Faz um tempão que eu nem vejo ele!
– Ele disse que nos atacou porque somos seus amigos. – Keika e Tikara explicaram.
– Como é? Isso não faz sentido!
(Cebola) - Não faz mesmo! O Feio nunca foi de atacar o resto da turma! Geralmente ele vem pra cima de nós quatro.
Eles voltaram a discutir, tentando encontrar uma resposta para aquela situação absurda quando Xaveco percebeu uma coisa.
– Ô gente, peraí! Por que o Cebola e a Irene não foram atacados?
Todos ficaram em silêncio e olharam para ele.
– Não olhem pra mim, eu nem faço idéia! Vai ver temos sorte, só isso.
– Sorte nada, amore! A Irene não foi atacada porque não é amiga da Mônica. E você anda de carão com ela há dias! Aí sobrou pra mim!
– Sobrou pra todos nós, ne fofa? Minha roupa está perdida pra sempre e meu cabelo terá que ser lavado umas cem vezes!
Todos se voltaram para Mônica, olhando-a acusadoramente. Ela entendeu o recado.
– Vocês estão falando que isso tudo é culpa minha?
(Maria) - Foi o próprio Capitão Feio que falou!
(Luca) – Foi mal, Mônica, mas a gente tá achando que é isso mesmo! Eu nunca fiz nada pra ele e fui atacado só por ser seu amigo!
– Parece que ser amigo da Mônica dá azar mesmo! – Irene falou com um sorrisinho irônico.
– Como é?
Ela encolheu-se toda e começou a chorar.
– Que coisa, ninguém pode te falar mais nada que você já vem com um monte de pedras na mão?
– Foi você quem provocou e...
– Pára, Mônica, já deu! Não vem descontar seus problemas na Irene, ela não tem culpa de nada!
– Vai ficar do lado dela, é?
– Vou, senão você parte pra cima dela!
– Ora, seu...
– E quer saber? Também tô achando que o pessoal tá sendo prejudicado por sua causa!
(Magali) – Não exagera, Cebola! Eu aposto que o Feio tá fazendo isso pra gente virar as costas pra Mônica!
(Cascão) – A Magá tá certa. Se a gente fizer isso, ele vence!
(Cascuda) – E se não fizer, seremos cobertos de gosma nojenta várias outras vezes! Eu não agüento isso não!
(Nimbus) – Nem eu!
(Denise) – Eu muito menos, tô fora! Invadir mansões e enfrentar fantasmas é uma coisa. Ficar coberta de gosma nojenta é outra muito diferente!
Um a um, eles começaram a se dispersar dali. Ninguém queria ficar perto da Mônica e também precisavam dar um jeito em toda aquela sujeira. Junto com eles, ficaram apenas Cascão e Magali.
– Gente, eu sinto muito, mas não sei o que tá acontecendo, é sério!
– Sussa, Mônica. Esse meu tio é doidim da silva.
– E mesmo, amiga! Eu não vou te deixar de lado só porque aquele maluco me sujou um pouquinho. A gente vai superar essa.
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