Uma semana exata corre, mas os dilemas permanecem. Talvez de acordo com os objetivos de Dark e seus aliados, o caos despertou de uma maneira alarmante. E tudo promete que ainda há muito mais por vir...

Por outro lado, os sentimentos dos jovens estudantes de Kyodai estão oscilando. Insegurança, medo, incerteza, angústia... Em cada um há um sentimento predominante, mas a maioria está domada por um turbilhão de emoções. É por isso que, nesta noite de lua cheia, Nagashi Swords está assentada na borda da janela do seu quarto, com as pernas para fora da mesma, apreciando a luz do luar.

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– Luz esplêndida... – pensa a loira, observando a magnífica lua neste céu noturno, tendo em seu colo o seu “animal anormal”.

Todos os seus amigos já conheceram o Ai, seu pequeno “bichinho de pelúcia não inanimado”, tal como concluída a votação de uma semana atrás: a escolha da nova diretora do colégio foi decidida de maneira justa e coesa. Há poucos minutos, Nagashi estava pensando em ambos os assuntos.

– Yukino... Sugaku... – imagina a garota, com seu sonolento Ai em seus braços. – São mulheres fortes. Cometeram erros, sofreram muito, mas são fortes. E a luz que suas essências emanam também são esplêndidas...

– Swords-kun, não vai dormir não? – indaga Tsubaki, assentada em sua cama, trajando uma fina camisola dar mesma cor da pelagem de Blue, quem já dorme ao lado direito do seu travesseiro.

– Perdi o sono. – fala Nagashi, permanecendo de costas para ela, mantendo o olhar ao céu.

São três da madrugada. Sherry, aparentemente, deve estar no 14º sono. Tsubaki, por outro lado, acabara de acordar. A outra, no entanto, não conseguira pregar os olhos desde as 23h00min. Após uma hora inteira se revirando na cama, veio para a janela. Aqui está desde então.

– Você parece preocupada. – opina Tsubaki. – É algo relacionado ao pai da Fontaine-kun? Ou com o... – revira os olhos, dobrando sua língua com dificuldade para falar. – Chrisyart-san... Chrisrurt-san... Chrisphurt-san... Anthony-san?

A loira ri. Mantendo Ai em seus braços, coloca suas pernas para dentro do quarto, voltando-se para Tsubaki. Sorridente, mantem suas pálpebras fechadas por alguns momentos. E, suspirando, diz:

– Não exatamente...

No caso de Anthony, foi encontrada em sua cama, no mesmo dia em que Grade e Raphael o capturaram, um bilhete – supostamente da autoria dele – dizendo que ele estava cansado de tantos problemas e que estava retornando para casa. Eric, inclusive, tentou entrar em contato com o amigo, mas como no bilhete estava claro que o garoto queria ficar em paz, desistiu. Por ser uma pessoa mais na dele, seu sumiço não levantou muitas suspeitas. Além disso, ninguém faz ideia de que o aviso de sua partida é falso e foi forjado por Grade Lark, que pensou até mesmo nesses detalhes.

Já no caso de Pierre Fontaine, ninguém nunca mais teve notícias dele. Alguns empregados falaram para Sherry que ele comentara sobre uma viagem para a França, mas nada foi confirmado. A garota tentara encontrar seu pai e teve, inclusive, a ajuda de Amaya e Senshi – ambos possuem habilidades úteis nesses casos – para isso, mas nem sinal dele. O que ninguém espera é que ele já está morto, pois foi usado como “alimento” para Fênix.

– O caso do Pierre é mesmo preocupante, mas na verdade, eu estava pensando em coisas mais positivas, digamos assim. – alega, reduzindo as proporções do seu sorriso, mas sem tornar-se séria.

– Como assim? – indaga Tsubaki, confusa.

– Estava pensando sobre a luz das pessoas. – articula.

– A luz das pessoas? – questiona, ainda mais confusa.

– Cada pessoa tem algo que a faz especial e não falo exatamente de dons especiais ou coisa do tipo. Falo mesmo é de características que nos destacam na multidão. – explica. – Você, por exemplo, inspira gentileza, ingenuidade, pureza. É impossível alguém não gostar de você.

Tsubaki sorri, corando. E agradece:

– Obrigada.

– Antes de vir para Kyodai, eu havia perdido essa visão, tinha medo de ser a responsável por apagar a luz das pessoas. – conta. – O meu passado, hoje, não me assombra mais, mas o levo como experiência para não cometer os mesmos erros.

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– Isso é ótimo. – opina a garota, exibindo seu mais doce sorriso. – Você realmente mudou muito desde que te conheci, Swords-kun. A luz da amizade fez a sua própria luz brilhar muito mais intensamente do que antes.

– Também agradeço. – comenta a dona de Ai.

Nagashi volta para o chão. Andando em direção à sua cama, coloca o seu pequeno animal sobre sua escrivaninha enquanto vai preparando o “berço de sono” para deitar-se. No processo, vai falando, de costas para Tsubaki:

– A melhor coisa da minha vida foi vir para cá. Enfrentei grandes problemas e intensos desafios...

E volta todo seu corpo para amiga ao terminar. E completa:

– Mas agora sou feliz.

– Não quero, eu não quero chocolate! – resmunga Sherry, em sua cama, tendo alguma espécie de sonho desagradável. – A minha pele vai ser amarguradamente prejudicada! Não quero, não quero!

Nagashi, deitando-se, fica olhando para o debater-se da amiga assim como Tsubaki.

– Pare, Daniel! Se insistir, vou te surrar até a morte! – esbraveja a filha do falecido Pierre Fontaine.

As duas espectadoras da crise noturna de Sherry riem, mas se seguram para não o fazerem alto demais. Na sequência, ambas recostam suas cabeças sobre seus travesseiros, suspirando. Nagashi pega seu animalzinho de volta e o coloca ao lado do seu travesseiro. E pensa:

– Sherry e Daniel... Eles não admitem mesmo que são mais que amigos...

– Boa noite, Swords-san. – deseja Tsubaki.

– Boa noite, bons sonhos. – rebate, fechando seus olhos.

Por alguns momentos elas permanecem assim. Tsubaki adormece, mas Nagashi, apesar das suas tentativas, não. Reabrindo seus olhos, frustrada por não conseguir dormir, pensa:

– E quando tudo acabar? Como ficarão as coisas?

– Quando tudo acabar, ele irá embora. – fala uma ávida voz na mente da loira: é Arashi.

Ao se dar conta, em sua própria mente, Nagashi está perante Arashi. Uma encara a outra: ambas com expressões neutras.

– É melhor ir se acostumando, Nagashi. – recomenda. – Você não terá Senshi Yujo para sempre...

Nagashi, com seus olhos trêmulos, ergue seu pulso direito à frente do seu coração e o aperta com a mão esquerda. Desviando seu olhar por alguns instantes, acaba lançando-o de novo para sua personalidade alternativa. E fala:

– Prefiro acreditar que estaremos juntos até o fim das nossas vidas.

– Vocês são, literalmente, de mundos diferentes. – argumenta, encarando-a. – É um amor impossível.

– Não importa. – articula, surpreendendo sua ouvinte. – Acredito que até mesmo os amores impossíveis são capazes de ultrapassar suas barreiras. Dará tudo certo no fim, eu creio.

Arashi sorri, dando as costas para a “Swords original”. Cruzando os braços, fecha suas pálpebras. E fala:

– Eu realmente espero, por você, que seja assim...

/--/--/

Enquanto isso, em um dos corredores da ala dos quartos masculinos de Kyodai...

Senshi Yujo e Gingamaru Pride. Lado a lado, os dois se encontram de costas coladas à parede, assentados ao chão. Ambos não conseguiam dormir e por isso estão aqui dessa forma.

– A lua tem muitos mistérios, não acha? – indaga Senshi, de olhos fechados, com sua face direcionada para o teto.

O local é todo coberto e não é possível ver a lua daqui, obviamente. Porém, esse fato não impede o amado de Nagashi Swords de se perder em pensamentos líricos.

– Sei lá. – comenta o outro, dando de ombros. – Não sou do tipo de pessoa que costuma se preocupar com indagações poéticas.

– Então me diz. – pede Senshi, reabrindo seus olhos, lançando seu olhar para o amigo: exibindo um radiante sorriso. – Está muito feliz por tudo o que aconteceu de bom com você, não é verdade?

– Eu preciso mesmo responder? – questiona, rindo. – Tenho mais que absoluta certeza que o mestre dos sentimentos aqui sabe o que estou sentindo.

Senshi, sem se segurar, dá algumas risadas. No processo, suspirando profundamente, Gingamaru fecha seus olhos. Enquanto os mantem assim, comenta:

– Eu, mesmo sem saber, vivi sempre em busca de um real sentido da minha vida. Aliás, eu buscava um específico sentido: a minha mãe. – garante. – Eu fui muito idiota mesmo e talvez tenha merecido o que passei fora dessa forma “humana”.

– Como assim? – seu ouvinte tenta entender, arqueando sua sobrancelha esquerda.

Gingamaru reabre seus olhos. Com o rosto para a frente, procura explicar:

– Eu senti dor durante todo esse tempo. A cada segundo, parecia que todas as células do meu corpo se contorciam por não controlar direito aquele poder. Além disso, eu não estava completamente desconexo do mundo. Eu estava percebendo o que acontecia em certas proporções, mas não podia interagir com nada nem com ninguém. – e suspira, dando uma pausa em suas palavras. – O que aconteceu com a Sophia, a Samasha, o Saito e o Jayden... Bem, eu meio que pude saber.

Senshi, atento, fixa seu olhar em Gingamaru, que prossegue:

– Inclusive de certas coisas relacionadas à minha mãe... Eu soube parcialmente de tudo. – e volta sua face para Senshi. – Mas agora tudo isso é passado, pois posso até chorar, sei que durante a luz da manhã, a felicidade virá.

Senshi sorri. E fala:

– Sinto que suas palavras são sinceras. Você está certo. Mesmo após uma noite de angústia, a luz da manhã sempre surge e incendeia nossos corações. Assim é a vida.

– Além disso, vamos vencer o que for surgir em nosso caminho. – articula Sayuri, surgindo e surpreendendo ambos.

– Nem percebi quando chegou. – admite Senshi, voltando sua face para ela.

De braços cruzados, a garota sorri. E diz:

– Vocês estavam concentrados demais na conversa para que pudesse me notar, mesmo com seu dom especial. Mas quanto ao que estavam falando, sim, acredito que venceremos tudo.

– Sim, venceremos sim. – articulam, juntos, Senshi e Gingamaru.

Os jovens se referem ao verdadeiro adversário segundo Reiko e Sugaku: Dark – ou Edward Strauss. Todos em Kyodai têm ciência do quão problemático é o desafio de quebrantar as ambições dele. Porém, ninguém agirá de maneira precipitada. Pelo contrário, o plano é agir meticulosamente – mas antes de tudo, é necessário esperar os resultados das discussões entre os núcleos políticos de todo o mundo. Confrontar ou não os humanos avançados? Essa é a questão que paira pela sociedade global há vários dias, sem nenhuma resolução até o momento.

– A morte, inclusive, não deve ser considerada como um mal. – pontua Reiko, surgindo de trás de Sayuri. – Se você morre com o espírito limpo e a alma saudável, ela é uma benção.

– Verdade. – concorda Senshi, se levantando do chão, sendo acompanhado de Gingamaru. – Quando você está salvo do mal, morrer é algo que será bem vindo.

– Vocês sempre tem a mania de falar complicado, nossa. – Gingamaru se expressa, fazendo bico, coçando sua nuca com sua mão direita.

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Sayuri direciona seu olhar para Gingamaru. Reiko e Senshi percebem a atitude dela e se entreolham.

– Bem, já está tarde. – articula o “prateado”, fitando Reiko. – Vou indo dormir, pessoal.

– Eu também. – determina a viajante do futuro que, inclusive, não está mais usando os seus típicos trajes, mas sim um exemplar do uniforme do terceiro ano de Kyodai. – Boa noite para vocês.

– Boa noite. – fala Senshi.

– Boa noite. – Sayuri e Gingamaru: juntos.

Senshi vai para um lado e Reiko vai para outro. Enquanto os dois se afastam, um pouco corada, a flautista presente mantem sua cabeça cabisbaixa. Agora, é muito mais complicado encarar os olhos de seu amado humano avançado.

– Queria falar comigo, não é? – pergunta o filho de Yukino, fazendo bico enquanto cruza seus braços.

– S-sim. – admite ela, ainda corada, gaguejando um pouco. – E-eu q-queria s-sim...

– Não tenha medo das suas próprias palavras. – recomenda o garoto, exibindo um radiante sorriso, fazendo-a erguer a face e encará-lo. – Sinta-se livre para falar da forma que te fazer melhor.

– Você já sabe o que eu gostaria de falar. – articula ela, levando ambos os braços para trás do corpo, unindo suas mãos dessa forma: se sente mais segura nessa postura.

– Sim, eu sei... – admite ele, se aproximando com mais três passos, ficando a poucos centímetros dela. – Quando você me encontrou após ser atacado por aquele cara da Gênese, eu pude ouvir o que me disse.

Os olhos da garota se arregalam. Nem mesmo ela esperaria pelo que acabou de ouvir do garoto que ama. Ele, então, prossegue:

– O que você sente por mim é verdadeiro. Eu sei bem disso.

Sayuri fica ainda mais corada, sentindo seu coração se acelerar desesperadamente. E se lembra das próprias palavras, quais pronunciou ao encontrar o corpo de Gingamaru na piscina: “Eu te amo como nunca amei ninguém, mas não pude fazer nada.”.

– Você disse que queria uma oportunidade nova, que estaria disposta a dar sua vida por mim. – completa o garoto, descruzando os braços. – Mas meu valor não é tão alto assim.

– Para mim é. – garante ela, desatando o laço de seus braços atrás de si, mantendo o esquerdo onde está, mas levando o direito para frente e colocando sua respectiva mão sobre seu seio esquerdo. – Eu amo você.

– Por quê? – questiona. – O que achou em mim merecedor de um sentimento tão nobre, vindo logo de uma pessoa tão preciosa quanto é?

– O amor não precisa ter justificativas, ele apenas existe. – diz ela, sorrindo, menos envergonhada. – Ele é luminoso, é esplêndido. Superior a qualquer poder especial: esse é o dom do amor, que quebra qualquer barreira e toda divergência.

Ele se aproxima mais, colocando-se a uma distância perigosa segundo os preceitos de Sayuri. Engolindo seco, a garota sente a necessidade de se afastar, pois mesmo amando-o, tem medo de se machucar caso se lance de cabeça em um romance de caráter duvidoso. Entretanto, permanece como está. Observando os negros e profundos olhos dele, sente o forte desejo de esquecer sua razão e se jogar com tudo no que sente por Gingamaru.

– Será que devo? – pensa ela, receosa. – Será que devo me entregar ao que sinto e acreditar em nosso laço?

– Foi você o instrumento dos céus usado para me devolver tudo o que foi arrancado de mim um dia. – ele se expressa, sorrindo. – Viu? Até falando difícil eu estou, tudo por que você trouxe de volta para mim o direito de viver.

Os olhos de Sayuri tremulam. Ele, apesar disso, não para por aí:

– Não posso negar que, de certo modo, você sempre me chamou a atenção. Sim, não era amor, mas...

– Mas...? – imagina ela, aflita.

– Mas a admiração que foi surgindo em mim com o tempo de convívio, aos poucos, foi se transformando em outra coisa. – garante ele, alimentando a esperança de sua ouvinte. – Eu descobri que te amo, Sayuri.

Ela fica pasma. E seu coração acelera ainda mais, parecendo inclusive que explodirá a qualquer instante. Seria possível?

– Não está enganado quanto a isso? – pergunta ela, tentando evitar as falsas esperanças. – Eu te amo sim, mas não tenho a necessidade de tê-lo forçosamente ao meu lado apenas por um valor de gratidão. Eu fiz o que fiz por que, além de ser humana e me importar com os outros, o amo de verdade. Irei até os confins do Universo por você. E não é necessário fazer nada em troca, sinto o que sinto independente das suas atitudes. É um amor que jamais será apagado.

Ele coloca seu dedo indicador esquerdo sobre os lábios dela e a garota se cala. Sorrindo, diz:

– Você está mais falante do que de costume.

A garota permanece em silêncio. Aproveitando a oportunidade, mantendo seu dedo aos lábios da artista, o garoto conta:

– Eu não estou enganado quanto ao que sinto, pelo menos não mais. Você me deu a chance de ressurgir como uma pessoa nova em meio à grandes coisas. – e suspira, abaixando seu braço, afastando seu indicador dela. – Essa oportunidade foi capaz de esclarecer todas as dúvidas e incertezas que me oprimiam. Eu estou feliz de verdade como nunca antes, mesmo sabendo que nós estamos em um período bem preocupante.

O garoto, então, a abraça de repente, apoiando seu queixo no ombro esquerdo dela. E agradece, para um espanto ainda maior da música:

– Mas obrigado por tudo! Sem você, não sei o que seria de mim... – pausa por alguns segundos, mas prossegue: – Só há algo mais que precisa fazer por mim.

– O quê? – indaga ela.

Ele afasta seu rosto do ombro dela e o aproxima da face de Sayuri. Olhando-a nos olhos, ainda sorrindo, pede:

– Me permita amar você.

– Me amar? – pensa ela, extremamente emocionada. – Gingamaru-kun...

– É o que falta para a minha plena felicidade. – revela ele. – Com você ao meu lado, não existirá nada capaz de nos deter...

E eles se beijam. Ao longe, de uma das duas pontas do corredor, Yukino Arima observa a cena com um sorriso sincero em sua própria face. Satisfeita, olha para a dupla, que se completa de maneira apaixonada: o encontro suave, mas incomparável, de incessantes lábios. Nisso, enquanto se beijam, Gingamaru pensa, feliz:

– Pois, juntos, somos completos. Somos luz...