Kuroko's Murderer

Piadas à parte


-Espera, espera – várias gotas de suor escorriam pela face de Midorima – Você disse tesoura? Tesoura de jardinagem?!

-T-Tesoura? – Kise gaguejou e até chegou a engasgar.

-AKASHI!! – Kagami apoiou as mãos na mesa e se ergueu furiosamente. O investigador apoiou uma mão no ombro dele e o empurrou de volta para a cadeira.

-Acalme-se, sim?

-Só porque eu tenho mania de tesouras não quer dizer que eu cortaria Tetsuya até a morte, francamente – Akashi suspirou – Eu tenho uma mulher e dois filhos pequenos em casa, até parece que eu tenho tempo para tal coisa.

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-Bom, vamos dar uma olhada na sua ficha – o investigador vasculhou a pilha de papéis e pegou o que correspondia ao ruivo. Deu uma olhada. Não havia nada aparentemente anormal. Passou os olhos pelas fotos em cima da mesa - Pelas fotos, parece que o senhor foi o último a chegar, estou enganado?

-Não.

-Posso perguntar o por quê?

-Motivos pessoais – o tom de Akashi era de fim de conversa. Ou, pelo menos, de assunto.

O investigador franziu as sobrancelhas. Fechou os olhos por alguns segundos, coçou a nuca e então disse:

-Prove-se inocente.

-Perdão?

-Diga por que não mataria Kuroko Tetsuya.

Akashi ergueu as sobrancelhas, surpreso. Encostou as costas na cadeira e entrelaçou as mãos em cima da mesa. Pegou fôlego e começou a falar.

“Tetsuya não era um homem que se destacava muito, apesar de ser um homem de destaque. Fui eu quem descobriu sua habilidade, o Misdirection, mas apesar disso nunca dei algum tipo de tratamento especial a ele ou a nenhum dos outros. Nós da Geração dos Milagres acabamos nos afastando durante os anos de colegial, mas casualmente nos encontrávamos nos fins-de-semana ou durante os torneios de basquete. Sempre considerei Tetsuya um ótimo colega e um excelente rival. É claro que a escolha de seu parceiro poderia ter sido melhor, mas isso não vem ao caso agora. Nunca quis machucá-lo nem tive raiva dele...

A não ser durante aquele jogo”.

Todos ficaram em um silêncio sepulcral. Akashi emitia uma aura sombria e densa, era difícil de respirar perto dele. Aquele momento foi um choque para todos, principalmente para o ruivo, e todos sabiam que ele ficava assim quando falava daquele jogo. Kagami estremeceu dos pés à cabeça, lembrando daquele dia.

“Mesmo assim, faz muito tempo e é passado. Não há motivos para eu ter matado Tetsuya ou querer vê-lo morto. Ele foi um grande colega, nossos tempos em Teiko foram agradáveis. Isso é tudo”.

O ar ao redor de Akashi estava pesado. Os homens sabiam que aquele não era um dos assuntos preferidos dele. O ruivo parecia perigoso calmo do jeito que estava.

-Ótimo. – o investigador coçou a bochecha e remexeu algumas fotos – Sr. Kagami.

-Sim?

-O senhor tem alguma tesoura de jardinagem em casa?

Kagami franziu a testa. Que tipo de pergunta era essa? Uma gota de suor escorreu pelas suas costas, fazendo-o estremecer.

-Não.

-Então como diabos uma tesoura...

-Tetsuya pediu para que eu o emprestasse – Akashi sobrepôs-se, falando serenamente – Parece que ele iria cortar os arbustos do jardim do prédio.

-Parece que acabou cortando outra coisa – Murasakibara quase riu. Todos os olhares caíram sobre ele – Calma gente, foi só uma piada...

-Certo... – o investigador piscou algumas vezes e afrouxou a gravata – E o que o senhor quis dizer com “a escolha de seu parceiro poderia ter sido melhor”?

-Só acho que Kagami não é o parceiro certo para Tetsuya – havia uma sombra de sorriso no rosto do ruivo – Sem ofensas, é claro.

-Akashi estava com ciúmes...? – Midorima arregalou os olhos.

-Tetsu morreu por causa de ciúmes?! – Aomine fechou a cara.

-O que? – Akashi parecia surpreso – Não digam besteiras, Shintarou, Daiki.

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-AH! Então é isso?! – Kagami disparou furiosamente – Kuroko não poderia estar com mais ninguém ou morreria?!

-Eu nunca disse isso. – Akashi estava se enfurecendo, mandou um olhar que reprimiu Kagami na mesma hora.

-Ok, ok. Porque não nos conta o que exatamente aconteceu naquele jogo que você mencionou? Estou curioso.

“Final da Wintercup, Seirin contra Rakuzan. Tetsuya e Kagami eram oponentes admiráveis, mas estavam perdendo. Eles jogavam bem, conseguiram fazer mais pontos do que qualquer adversário que enfrentei. No terceiro quarto Tetsuya veio com alguma ideia e eles até chegaram a passar na frente, mas logo depois retomei o controle. No quarto quarto, estávamos empatados, faltavam somente alguns segundos, consegui marcar, eu iria ganhar. Mas Tetsuya conseguiu passar pelo meu Emperor’s Eye e marcou no último segundo.

Iríamos à prorrogação.

Estava muito disputado, nossos times jogavam bem e marcavam muitas cestas. Eu liderava o fluxo da partida, a vitória parecia certa. Então, nos últimos minutos, alguma coisa estranha aconteceu no time de Seirin e eles conseguiram furar a defesa e marcar muitos pontos. Empatamos em 122 a 122. Faltando dois minutos, consegui me distanciar um pouco. Porém, no último minuto, uma nova jogada de Tetsuya conseguiu nos fazer empatar de novo. Faltavam somente dez segundos e um jogador do meu time fez uma falta em Izuki. Ele marcou os pontos. Cinco segundos faltando, empatei. Mas então, Kagami e Kuroko fizeram uma jogada e conseguiram marcar.

Foi a primeira e única vez que perdi”.

Podia-se sentir a raiva emanando de Akashi, que mesmo assim mantinha uma cara séria. Aquele dia foi um pesadelo para o resto dos membros da GdM, que nunca esperariam ver Akashi perder nem em um milhão de anos. Nunca lhes ocorreu pensar como se comportar ao ver o ex-capitão perdendo. O ruivo suspirou e rapidamente voltou a falar.

“Aquele dia fiquei com uma raiva incontrolável. Mas mesmo assim, controlei-me pelo bem do time e fui para casa. Nunca, em nenhum momento daquele dia tive vontade de machucar Tetsuya ou qualquer um dos seus companheiros de time. Somente guardei minha raiva para mim e tratei de esquecer o assunto. Não há motivos para suspeitar que eu tenha matado Tetsuya”.

-Há motivos de sobra, sr. Akashi – o investigador quase riu enquanto anotava todos os detalhes mentalmente. Resolveu então provocar um pouco – A que horas mesmo você disse que chegou à residência?

-7:30 aproximadamente.

-Você disse que se atrasou. Para que horas estava marcado o encontro?

-6:30 da noite – Akashi perdia a paciência.

-Claro, claro. E você se atrasou por motivos pessoais. Hm, porque você não conta como foi sua noite na casa do sr. Kuroko e do sr. Kagami? – sorriu.

Akashi cerrou os olhos, desconfiado.

-Você está testando minha paciência, sr. Investigador? – o tom dele era acusatório, quase irônico.

-Não, não, claro que não. Só estou curioso. – ele respondeu calmamente, apoiando o queixo nas mãos, esperando para ouvir.

Seijuro respirou algumas vezes olhando fixamente para o investigador. Em seguida, encarou Kagami. E continuou a olhar nos olhos dele enquanto narrava a noite.

“Como falei, cheguei na casa deles perto das 7:30. Todos já estavam comendo. Atsushi tinha preparado o jantar, e Kagami e Daiki discutiam um pouco, nada fora do normal. Kise contava piadas e Kuroko brincava com o cachorro. Depois do jantar resolvemos jogar baralho. Enquanto Kagami e Atsushi lavavam a louça, Tetsuya levava o cachorro para passear e Kise ia ao banheiro, eu e Shintarou jogamos algumas partidas rápidas. Ganhei, é claro. Depois disso, jogamos normalmente. Foi uma noite muito agradável. Porém, tive que ir embora cedo por motivos pessoais”.

-Que horas eram quando você saiu?

-9:30.

-Esses seus motivos pessoais estão me dando nos nervos – Kise resmungou, fazendo bico.

Três batidas na porta ressoaram pelas paredes, e um homem baixinho colocou a cabeça para dentro.

-Com licença, sr., Parece que chegaram novas informações.

O investigador suspirou, apoiando as mãos na mesa. Ergueu-se, murmurando um pedido de licença e deixou a salinha cinzenta. Alguns minutos de silêncio perduraram até Murasakibara começar a cantarolar:

-Aka-chin matou Kuro-chin. Aka-chin matou Kuro-chin. Aka-chin matou…

-VOCÊ QUER PARAR COM ISSO?! – Kagami gritou, e depois tapou as orelhas com as mãos. O peito dele doía.

-Não é certo acusar sem provas, Murasakibara – Midorima ajeitava os óculos.

-Então foi você, Mido-chin!

-O QUÊ?!

-Vamos, parem com isso. – Akashi disse.

-Mido-chin matou o Kuro-chin!

-Eu não tenho motivos para querer machucar o Kuroko. E não é certo brincar com essas coisas, não é como se Kuroko fosse voltar, sabia?

Murasakibara piscou algumas vezes, então bocejou.

-Eu ainda acho que Aka-chin matou o Kuro-chin. – ele disse numa voz entediada.

-É muito fácil incriminar os outros, não é, Murasakibara? Estou começando a achar que foi você – Midorima perdia a calma.

Atsushi tentou pensar em alguma coisa para se defender, mas estava com tanta preguiça que não conseguiu. Em vez disso, tombou a cabeça no ombro e sorriu, olhando para Akashi.

-Aka-chin matou Kuro-chin com a tesoura, disso eu tenho certeza.

-Quer parar com isso, Atsushi?

-Lembra, Kise-chin, que o Aka-chin escreveu o endereço da casa do Kuro-chin num pedaço de papel? Isso é muito suspeito!

-Não me mete no meio dessa conversa – Kise cruzou os braços e desviou o olhar rapidamente.

-Hmmmm, ok, já sabemos que Aka-chin matou Kuro-chin com a tesoura, falta descobrir onde.

-Você não quer calar a maldita boca? – Aomine resmungava, olhando ameaçadoramente para o homem mais alto.

-Pare com isso, Atsushi. – Akashi estava sério.

-Ah, mas Aka-chin tinha inveja de Kuro-chin, lembra Kise-chin? – Murasakibara estava se empolgando – E levando em conta que o Aka-chin e o Mido-chin passaram mais tempo na sala de estar...

-CALE-SE, ATSUSHI – Akashi gritou em alto e bom tom, furioso. Murasakibara calou-se num segundo, encostando as costas na cadeira. Abaixou o olhar. Era raro Akashi perder a paciência, e Murasakibara tinha conseguido tirá-lo do sério.

E, sorrindo do outro lado da porta, estava o investigador, escutando a tudo atentamente. Concluindo o que tinha que concluir daquela breve discussão, bateu na porta e entrou, dando fim à briga.

-E então? – Kagami estava ansioso; batia ritmicamente o pé no chão, esperando alguma resposta que finalmente pudesse apontar o culpado.

-Foram achadas digitais na arma do crime.

Houve um turbilhão de mudanças na atmosfera do local. Primeiramente, todo mundo pareceu aliviado; mas logo em seguida o ar ficou pesado, estranho, agitado, inquieto. A aura ao redor dos cinco homens era uma mistura de sentimentos. Aomine batucava os dedos na mesa nervosamente, Kise afastava o cabelo dos olhos encarando a mesa, Midorima ajeitava os óculos, Murasakibara coçava a nuca mecanicamente e Akashi continuava sério, Kagami tinha vontade de levantar e dar um soco em alguém. Ninguém olhava o investigador nos olhos.

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-Na verdade, foram achadas digitais em todas as armas. Parece que cada arma tinha a digital de um de vocês, e isso, senhores, é muito intrigante. Honestamente, eu não sei muito bem o que fazer sobre isso. Basicamente voltamos à estaca zero.