Kissu´s

Lǜ yǎnjīng


(Kurogane e Shaoran - CLAMP)

...

“Então ele disse: Vamos aproveitar os dias que nos restam juntos sem se importar com mais nada. E eu concordei”. Olhava-se no espelho, recordando a noite anterior com carinho. Tomoyo enxugava seus cabelos com um secador. Meilin, sentada na cama, olhava Sakura.

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“Que romântico Sakura! Ainda bem que consegui filmar a cena...”.

“Quê?!”. Confusa fitou uma Tomoyo deslumbrada recordando da cena da noite anterior. Não fazia ideia de tinha sido filmada pela amiga.

Meilin, até então calada, encarou Tomoyo: “Isso não é nada romântico, Tomoyo! É como se fosse uma despedida antecipada!”.

Tomoyo acordou do seu transe e se deu conta que as palavras da amiga faziam sentido. Ficou séria, deixando Sakura preocupada: “Eu não tinha pensando por esse lado”. Tomoyo desligou o secador.

“N-não, está tudo bem!”- Sakura sacudiu as mãos, sorrindo sem graça – “Apesar de tudo, eu estou feliz em saber que meus sentimentos são correspondidos e, pra mim, isso é o suficiente. Vou guardar esse sentimento com carinho”. Levou as mãos até o peito.

“Tem certeza, Sakura?”.

“Hã?”

“Disso que você acabou de falar. Você tem certeza?” – Sakura nada disse, apenas sorriu e confirmou com a cabeça – “Então eu perdi tempo!”.

“Como assim, Meilin-chan?”.

“Como assim?! Às vezes, esse seu jeito me irrita!” – Disse ferozmente, assustando Sakura que se encolheu, Tomoyo ao seu lado, segurou sua mão – “Vocês estão tão ocupados com o romantismo melodramático de vocês que sequer prestam atenção envolta! Todos nós estamos na torcida por vocês e fazendo de tudo o que está ao nosso alcance para ajudar!”.

“Meilin, eu...”

“Agora, você vai me escutar!” – Meilin aproximou-se dela com o olhar intimidador – “Quando eu fui a sua casa naquela tarde, eu estava despedaça por dentro! Minha cabeça estava a mil, mas mesmo assim eu fui até lá, não por você, mas pelo Xiaolang! Desde o inicio, eu sabia que isso tudo iria acontecer, mas, eu queria ter certeza de que você não jogaria a toalha! Porque o meu primo, o Shaoran que você conhece, e que eu conheço desde criança, não jogaria, e se ele está fazendo isso é por sua culpa!”.

“Meillin! Você está sendo muito dura!”. Tomoyo disse, séria.

“Alguém tem que ser! Eu simplesmente cansei disso! Se você ama mesmo meu primo, lute por ele! Vai até o fim! Agora, se tem certeza mesmo do que você disse anteriormente, pare de transparecer o contrário das suas palavras, isso é irritante!”.

“Desculpe...”

“Peça desculpa por não cumprir com o prometido! Ou você esqueceu do que você me prometeu quando fui até a sua casa?!”.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Lembrança de Sakura...

“Prometer?”.

“Sim” - Meilin aproximou-se dela, agachou e ficou frente a frente, segurando uma de suas mãos- “Pode me prometer que ficará ao lado de Shaoran, que não desistirá dele, dos seus sentimentos e tal pouco sucumbirá às dificuldades?”.

“Mas e-eu...”.

“Prometa”.

Sakura sorriu: “Tudo bem. Eu prometo”.

Meilin a encarou docemente: “Shaoran precisará de uma pessoa forte e determinada ao seu lado. Posso confiar que você é essa pessoa?”.

“Sim!”. Que determinação em responder era essa? Corou ao perceber a empolgação.

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“E-eu lembro!”.

“Hunf... Enfim! Preciso tomar um ar, esse assunto sempre me irrita!”.

“Meilin-chan!” – Sakura levantou bruscamente da cadeira, sorriu e disse – “Obrigada por tudo! Obrigada por tudo o que tem feito e o que já fez pela felicidade do Shaoran e, consequentemente, pela minha também. Eu não sei o que seria de mim sem os amigos que tenho, não sei o que seria de mim sem uma amiga tão especial como você, Meilin-chan”.

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Meillin engoliu seco e sem olhar para trás disse: “Não é pra tanto Sakura! Você e meu primo estão especialistas em cena dramáticas!” – Virou para trás e deu língua – “Apenas lembre-se das minhas palavras de hoje! Até mais”. E saiu correndo, roboticamente.

Sakura confusa, não entendeu a cena, mas ainda disse alto: “Não esquecerei!” – Voltou a sentar na cadeira, ainda confusa com a pressa dela– “Ela saiu correndo...”.

“Aiaiai Sakura, você é tão ingênua...”.

Meillin apoiada na porta enxugava as lágrimas. Havia ficado emocionada pelas palavras da japonesa, sussurrou: “Como pode existir uma pessoa como ela? Tão amável...”.

“Acho o mesmo!”.

Ao ouvi-lo deu um pulo: “Fay! Que susto!”.

“É interessante ouvir você falar aquelas palavras...”.

“Deu para ouvir detrás da porta, agora?”. Cruzou os braços, com uma leve irritação estampada em sua face.

“Você fala alto...” – Fay deu um sorriso largo – “Você também deveria seguir seus conselhos”.

“Você está falando do quê?!”.

“Kurogane”.

“Hunf... Depois eu resolvo isso!”. Deu de ombros.

“Meillin...”

“Ainda não estou pronta, Fay. Praticamente, todos os dias meu pai me fala sobre pretendentes como se a gente vivesse na época do Império...” – Suspirou fundo – “Imagina quando ele souber que estou tendo um relacionamento com Kurogane às escondidas?! Ele ia pôr a culpa na minha tia, que nem mesmo imagina isso”.

“Ia ser engraçado”.

“Bobão! Somente para você!”.

“Imagina a cara do Kuro-kuro sendo encurralado pelo seu pai e pela Senhora Li?!”.

Meilin ficou em silêncio imaginando a cara de desespero de Kurogane, e por fim disse, entre risos: “Olhando por esse lado, é engraçado mesmo!”.

.........................................................

Mansão Li – Sala de Treinamento

De forma sincronizada, os dois saltaram para trás: “Quanta energia!”. Kurogane arqueou os braços, pronto para o próximo ataque.

Shaoran sorriu: “Estou te batendo muito? Se quiser, paramos o treino para você se recuperar”. Passou a mão na testa, e posicionou-se.

“Líder Li! Líder Li!”. A voz de Ren torcendo por ele, atraiu sua atenção. Ele sorriu para ele, que gritou mais ainda. Ren assistia o treino dos dois, ao lado de Eriol e Yue.

“Não seja ridículo!”. Kurogane correu em sua direção e deu chute, que foi defendido por Shaoran que tentou um soco, mas Kurogane desviou.

“Qual é! Não é feio admitir que esteja cansado de apanhar Kurogane”.

Kurogane nada disse, deu um soco no estomago de Shaoran que caiu para trás: “Se eu fosse você, prestava mais atenção na luta”.

Shaoran tossiu, e sorriu de lado: “Tem razão”. Levantou do chão e correu. Deu vários golpes, dos quais Kurogane desviou, mas não foi rápido o suficiente para desviar do chute de Shaoran que o fez tombar para o lado.

“Filho de uma...”.

“Ei, ei, ei! Mais respeito com o seu líder, por favor! Além disso, tem criança aqui!”- Shaoran disse de forma zombeteira. Sorria. Seus olhos foram ao encontro com os de Sakura que acabará de chegar à sala de treinamento. Junto dela estava Fay e Tomoyo. Acenou para eles, timidamente. Distraído, não desviou do chute de Kurogane que o fez cair –“Ei Kurogane! Isso não vale!”.

Kurogane andou em direção as espadas e pegou duas, logo, jogou a segunda espada para Shaoran que a pegou: “Já falei para prestar atenção na luta”.

“Ok, ok. Erro meu”. Shaoran, em movimentos rápidos, balançou a espada no ar, demonstrando sua habilidade. Era a espada de seu pai. A mesma que lutou por ela contra Zhang.

“Não é perigoso?”.

“Não se preocupe, Sakura. As espadas estão protegidas, além disso, os dois são habilidosos com elas”. Disse Fay com o costumeiro sorriso.

Eles se juntaram aos outros. Sakura sorria com toda a empolgação de Ren que torcia por Shaoran.

Ren olhou para ela e sorriu: “Lǜ yǎnjīng, lǜ yǎnjīng! Você viu o quanto o líder Li é forte!”.

“Sim, sim! Ele é muito forte!”. Sorriu, mesmo não entendendo do que ele havia a chamado. Olhou para os dois que seguiam com a luta intensa. Nenhum dos dois queria perder, isso estava obvio.

“Lǜ yǎnjīng... Você vai se casar com o Líder Li?”.

“Quê?!”.

“Minha mãe disse que se vocês se amassem iriam, meu pai não tem certeza e meu avô disse que sim! Eu até pensei em perguntar pro Liu, meu irmão, mas ele é um bebê, ele só sabe babar! Eca! “ – Fez cara de nojo, fazendo Sakura sorrir com a sua inocência – “Eu perguntei ao líder Li e ele disse que só os deuses sabiam, eu perguntei aos deuses, mas não responderam... Então resolvi perguntar a você!”.

“E-eu, e-eu...”. A gagueira e as bochechas vermelhas estavam em sincronia

“Se vocês casarem, você vai me deixar vir para cá, né? Treinar com o Líder Li?!”.

“C-claro que sim!”.

Abriu um largo sorriso: “Ufa! Tinha medo de que você não me quisesse aqui! O líder Wulong disse que se vocês ficarem juntos não iam me querer aqui, porque vocês nem iriam sair do quarto por dias ou, talvez, meses, eu não entendi muito... Como vocês iam fazer pra comer...?”. Pôs a mão no queixo.

Eriol, Tomoyo e Fay sorriam sem jeito com o que Wulong havia dito a uma criança.

“Também não entendi...”. Sakura, confusa, não tinha percebido a malícia das palavras de Wulong.

Minutos depois...

Shaoran, caído no chão, tentava recuperar o fôlego, ter Kurogane como oponente, não era algo fácil. Sentiu a toalha sobre seu rosto, e abriu os olhos. Kurogane sorria de lado, estendendo a mão.

“Empate?”

“Empate!”. Segurou a mão dele, que o ajudou a levantar do chão.

Ouviu os aplausos, e os seguiu com o olhar. Os dois curvaram-se, agradecidos pela plateia.

“Líder Li! Líder li! O senhor foi demais! Você também Kurogane, me ensina aquele chute?!”. Ren pulava empolgado, tentando imitar alguns golpes da luta.

“Tenho que concordar com ele. Vocês lutaram brilhantemente! Faz tempo que não te vejo lutando com tanta energia, Li”. Disse Fay.

“A presença dela me deu um gás a mais”. Shaoran olhou em direção de Sakura que, permaneceu onde estava, sorria enquanto conversava com Eriol e Tomoyo.

“Então ela tem que vir a todos os treinos, estou cansando de ganhar de você”. Disse Kurogane enquanto enxugava o suor.

“Não enche!”. Ao ouvi-lo Shaoran, ficou contrariado.

Fay aproximou-se de Kurogane e cochichou em seu ouvido: “Meilin quer falar com você”.

“Agora?”.

“Sim, ela disse ‘imediatamente’ para ser mais preciso”.

“Hunf... Geniosa”.

“Algum problema?”. Ao perceber a conversa paralela, Shaoran sentiu uma leve curiosidade.

“N-não. Eu tenho que resolver umas coisas, lá” – Sem graça, apontou em direção à saída - “Lá fora e lá dentro. Quer dizer, lá dentro da mansão. D-da mansão Li. Mansão que é...”. Não conseguia lidar com o nervosismo em mentir. Atrapalhado nas palavras, deixava Shaoran confuso, que se esforçava em entendê-lo.

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Fay sorriu sem graça, e puxou Kurogane, na tentativa de ajudar o amigo enrolado: “Kurogane, vamos. Ren vamos comigo? Você deve está com fome, prometi ao seu avô que cuidaria muito bem de você!”.

“Tudo bem! Depois vamos jogar vídeo game, líder Li?”.

“Sim, vamos sim!”.

Shaoran pôde perceber que todos saiam até mesmo Eriol e Tomoyo, que de longe acenaram. A figura tímida de Sakura sentada sozinha, o fez sorrir. Com a mão, acenou para que ela se aproximasse.

Ela andou em passos lentos, e se pôs a sua frente de cabeça baixa, relutava em olhá-lo.

“Algum problema, Sakura?” - Ela nada disse, apenas sacudiu a cabeça negativamente. Notou que ela estava inquieta e com vergonha. Logo percebeu o motivo daquilo. Ele estava sem camisa, apenas usando o calção azul de algodão. Ele sorriu e andou em direção a sua blusa – “Desculpe, eu não sabia que eu sem camisa era uma cena tão horrenda...”.

“N-não, n-não é isso! É que, é que...”.

“Algumas mulheres ansiavam em ver sem camisa!”.

“Ora, seu...!”.

Ele riu. A risada era tão contagiante, que ela se pôs a ficar admirando aquele som tão gostoso de ouvir: “D-desculpe Sakura, mas a cara que você faz quando está brava é a coisa mais fofa e engraçada de ser ver!”. Ficou vermelha, era um misto de alegria com leve irritação.

“Hum... Eu já vi corpos melhores que o seu...”. Deu de ombros, ressabiada. Mentia. Sempre cobria os olhos e tinha muita vergonha de ver os homens que, às vezes, apareciam descamisados nos doramas que costumava assistir.

“Ei! Não vale!” – Ele chegou por trás e abraçou, sussurrando – “Quer me deixar louco de ciúmes?”.

Vermelha, o repreendeu: “Shaoran!”. Fez menção de sair de seu abraço, mas ele a segurou mais firme.

Ele fechou os olhos, aproveitando aquele momento, sentindo seu cheiro e respiração: “Espera, só mais um pouquinho...”. Pediu.

Ainda vermelha, ela sorriu e também fechou os olhos, também decidiu aproveitar aquele momento.

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Aproximou-se da pequena cobertura sob o lago, aos fundos da mansão. Os funcionários estavam concentrados na parte da frente da mansão, organizando os preparativos da festa de aniversário de Shaoran, ali estava deserto, um bom lugar para encontros. Pôde vê-la, em pé, encostada no pilar de madeira. Ao aproximar-se, sorriu de lado: “O que foi?”. Notou a feição séria e o bico que ela fazia.

“Demorou!”.

“Xiaolang estava querendo lutar de verdade hoje”.

“Me deixa adivinhar... Sakura estava lá?”

“Sim.”

Meillin sorriu e balançou a cabeça: “É um bobão apaixonado mesmo”. Kurogane notou o carinho que ela tinha em falar do primo. Aquilo o incomodou um pouco.

“Você...” – Kurogane relutou, mas continuou a falar – “Você não o ama mais?”.

“Claro que amo, Kurogane!” – Ela viu a surpresa em seu olhar ao ouvi-la – “Não romanticamente falando, claro”.

“Então porque não respondeu isso?!”. Bufou, irritado.

“Não foi isso que você perguntou. Você perguntou: Você não o ama mais? E eu respondi! Você não perguntou: Você não o ama mais, romanticamente falando?”.

“Ah! Você entendeu o que eu quis dizer!”.

“Não, se tivesse entendido teria falado o que você queria ouvir!”.

“Pelos deuses, como você é bocuda!”.

“Meu charme!”. Sorriu.

“É um charme irritante!”.

Ela riu entre as mãos: “Kurogane... Amanhã no aniversário do Xiaolang... Sinceramente estou preocupada com os planos da tia”.

“Eu também... Mas temos que tentar pelo menos”.

“É, eu sei... Que loucura! A gente fazendo um esforço tremendo pelos dois, e eles, dois bobões, no clima de despedida. Isso é tão irritante!”.

“Nenhum dos dois quer se separar, mas ao mesmo tempo, nenhum tem coragem de pedir um ao outro que um deles ceda. Tem outras coisas envolvidas. A família dela, por exemplo, não iria concordar em ela desistir de seus sonhos no Japão para se casar com Xiaolang”.

“É... Mesmo assim, é bem irritante”. Perguntou-se quantas vezes já tinha falado “irritante” naquela tarde.

“Meilin, s-seus pais vão vir?”.

“Sim, porque a pergunta? Quer dizer a eles que está vendo a filha deles as escondidas?”. Deu língua, e aproximou-se dele, encarando, um raro, Kurogane envergonhado.

“Ainda não juntei dinheiro suficiente pra casar com você, falta só um pouco. A primeira coisa que seu pai vai fazer é querer saber o quanto eu tenho no banco”. Disse determinado. Não queria ser humilhado pelo futuro sogro, sabia que não seria aceito com facilidade por não ser um herdeiro de alguma dinastia ou ser algum pretendente rico. Meillin o encarava carinhosamente, aproximou-se mais ainda.

Colocou a mão em seu rosto, ela perguntou: “Você está gostando pra valer de mim?”.

“Sim, pra valer”. Ele pôs a sua mão na dela e retribuiu o olhar carinhoso.

“Que bom, eu também estou gostando pra valer de você. Então é bom você juntar logo esse dinheiro”- Meilin o beijou e ele retribuiu o beijo, logo se abraçaram, aprofundando mais o beijo. Meilin acariciou os cabelos dele e ele apertou mais seu corpo contra o seu – “Te espero mais tarde”. Ela disse ofegante, interrompendo o beijo.

“Foi desse jeito que Fay soube da gente... Eu saindo do seu quarto tarde da noite”.

“Foi engraçado!” – Riu ao lembrar-se da cara de espanto de Fay ao flagrar os dois se beijando, no momento em que se despediam– “Bem, eu estarei lá. Se não quiser ir, problema seu”. Ela deu uma piscadela e saiu do seu abraço.

“Geniosa...”. Kurogane balançou a cabeça, e se preparou para ir.

“Pra onde você vai?”. Notou que ele tomava a direção da sala de treinamento.

“Xiaolang ficou lá”.

“Pelo que eu vi, todos saíram, e ele está a sós com a Sakura”.

“E qual é o problema?”

“Qual é o problema?!” – Meilin levou a mão até a testa – “Pelos deuses... Eu vou precisar de um remédio para dor de cabeça... O problema é que você é o guarda-costas do Xiaolang, não a vela”.

“Vela?!”

“Aiaiai Kurogane! Os dois estão lá sozinhos, você vai atrapalhar”.

“Ah tá! Entendi!”. Kurogane voltou a andar em direção a eles.

“Kurogane, você não me escutou?!”. Perguntou boquiaberta.

“Escutei sim, mas meu dever é estar ao lado do líder. Xiaolang é alguém que devo proteger em qualquer momento”.

“Proteger do quê? Dos beijos da Sakura?!” – Meiling sacudiu a cabeça, inconformada – “Tudo bem. Vai lá, Xiaolang deve está precisando MUITO da sua proteção e vai ficar MUITO feliz em te ver lá grudado nos dois” – Kurogane nada disse, apenas percebeu a ironia das palavras dela – “Eu espero que você venha me proteger mais tarde também”. Ela sorriu e se foi, o deixando mais uma vez, envergonhado.

...

Kurogane aproximou-se da entrada, e pôde escutar a risada dos dois. Olhou para eles, sem querer ser visto e os viu deitado no tatame. Os dois lado a lado, conversavam, Shaoran parecia lhe contar alguma história, não dava para escutar com exatidão.

Kurogane sorriu de lado e encostou-se a parede, do lado da porta da entrada. Devagar, deslizou o corpo até o chão, sentando. Decidiu esperar ali. Não iria atrapalha-los.

.........................................................

Mansão Li – Sala de Jantar

“Fico feliz em ver essa mesa tão cheia”.

“Nós agradecemos pela hospitalidade, Senhora Li”. Disse Eriol, abaixando a cabeça, seguido por todos.

Shaoran, sentado ao lado da mãe, sorriu. Ver todos os amigos reunidos renovava suas energias. Teria um dia cheio de formalidades amanhã, por causa da comemoração de seu aniversário, mas tudo o que queria na verdade era sentar com eles, comer suas comidas favoritas, tocar alguma música ou até mesmo quem sabe, cantar em um karaokê na companhia de muito saquê.

Sorriu ao imaginar se Sakura iria beber com eles. Provavelmente, não. Mas seria engraçado vê-la bêbada e com as bochechas rosadas.

“O que queria de aniversário Shaoran?!”. Nakuru perguntou, empolgada, tirando Shaoran de sua imaginação.

“O que eu queria?!”.

“É, estou perguntando no passado, porque há essa hora já compramos presentes... M-mas quero saber se eu acertei!”.

“Não precisava comprar nada!”.

“Claro que sim! Você vai adorar o meu! É uma jaqueta linda!”- Nakuru contava os detalhes do presente, animada – “Ei! Mas você vai poder usar?! Você só usa essas roupas agora!”. Apontou para a roupa típica chinesa, em tons escuros, que ele usava, o deixando sem graça.

“Nakuru!”. Yue a repreendeu. Ficou receoso de que as palavras dela não soassem bem nos ouvidos da mãe de Shaoran ou das irmãs. Mas, suspirou aliviado, ao vê-las risonhas.

“Com certeza eu iriei usar Nakuru-chan. M-mas...” – Ele olhou envolta – “Vocês aqui são meu grande presente”. Olhou os amigos com carinho, que sorriam retribuindo as palavras ditas.

“Corta essa Shaoran! Porque você não diz que está grato por eles aqui, já que foram eles que trouxeram o seu grande presente?!”. Disse Meilin referindo-se a Sakura. Com o comentário, fez todos da mesa rirem, menos Sakura, que nada entendeu. Shaoran ficou vermelho.

“Sr. Hiiragizawa, meu filho disse que toca piano profissionalmente?”.

“Sim, participei de alguns recitais antes de entrar na banda, mas hoje não toco profissionalmente, quer dizer, apenas na banda”.

“Poderia nos agraciar com seu talento, depois do jantar enquanto tomamos chá?”.

“Claro, será um prazer Senhora Li”. As irmãs de Shaoran comemoram animadamente.

...

Eriol decidiu tocar Itsumo Nando Demo” do compositor, favorito de Shaoran, Joe Hisaishi. As irmãs do amigo chinês estavam envolta do piano, suspirando, encantadas por ele.

Nakuru, sentada ao lado de Tomoyo, Sakura e Meilin, encarou Tomoyo: “Você não sente ciúmes, Tomoyo-chan?”.

“Não. O Eriol-kun é alguém que deve ser admirado”.

“Incrível! Você é tão madura, Tomoyo-chan!”. Sorriu, entusiasmada.

Sakura fechou os olhos, e sentia-se maravilhosamente bem ao ouvir aquela canção. Sentia uma paz profunda e uma felicidade acalentadora. Desejava que aquele momento ao lado deles não terminassem. Para ficar perfeito, faltavam seus amigos, seu pai, seu irmão e Kerberus. Os imaginou ali com ela.

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Yelan apreciava o som, sentada na poltrona de frente para Eriol. Achava que seu filho foi humilde em descrever o talento de Eriol. Ele tocava extraordinariamente bem, fazia tempo que não ouvia e via alguém tocado com tanta delicadeza e paixão. Lembrou-se do marido, era daquela forma que ele tocava.

Kurogane, próximo a Shaoran, fechou os olhos, lembrou-se das tardes ensolaradas ou das noites em que Lang tocava para todos, mesmo depois de chegar das cansativas viagens de negócio, ele fazia questão de tocar.

Ao abrir os olhos, Sakura notou olhares sobre si, e os seguiu. Viu Shaoran do outro lado da sala, sorrindo para ela, ficou vermelha, mas retribuiu o olhar. Desde que tinham combinado de aproveitar os dias juntos, não se sentia mais inibida de demonstrar seus sentimentos. Tampouco ele.

Ao escutar as palmas, deixaram de se olhar, notou que Eriol havia acabado de tocar. Bateu palmas também.

“Eriol-chan, você é incrível!”. Nakuru gritou, entusiasmada. Ele nada disse, apenas sorriu.

“Toque mais uma, por favor!”. Fuutie, irmã de Shaoran, pedia.

“Tomoyo-chan! Cante para nós!”. Shaoran pediu sorrindo.

“O quê?! Ela canta?!” – As irmãs dele correram até ela com os olhos emocionados – “Cante para nós! Deve ser a coisa mais fofa do mundo!”.

“Se não for pedir muito, poderia cantar para nós Sra. Hiiragizawa?”. Yelan pediu.

Tomoyo assentiu com a cabeça e levantou-se, para alegria das irmãs de Shaoran e para de Sakura que adorava ver a amiga cantar.

Tomoyo andou em direção a Eriol que tinha o costumeiro sorriso no rosto.

“A sua preferida?”.

“Sim!”.

Yoru no sora ni matataku

Uma distante estrela dourada

Tooi kin no hoshi

brilha no céu noturno

Yuube yume de miageta

Com a mesma cor do pequeno pássaro

Kotori to onaji iro

que apareceu em meu sonho noite passada

...

Meillin sorriu ao passar por Kurogane, que antes estava ao lado de Shaoran, mas afastou-se ao notar que ela aproximava-se. Enquanto todos estavam dentro da sala de música, conversando entre si, Shaoran decidiu ir até a sacada tomar um ar. Estava inquieto.

Kurogane ficou do lado dentro, deixando os primos a sós. Shaoran, debruçado na sacada, bebia uma taça de vinho, enquanto olhava o movimento dos empregados que cuidavam dos preparativos de seu aniversário: “Ansioso?”.

“Não sei. Acho que nervoso. Essas formalidades me deixam inquieto”. Notou que havia um palco, perguntou-se que banda iria tocar.

“Vai dar tudo certo Xiaolang!”.

“Obrigado, Meillin”. Sorriu para a prima, e voltou a olhar o movimento.

“Xiaolang...”.

“Hum?”.

“Então é isso? Você vai desistir da Sakura?”.

“Meillin, eu não posso...”.

“A fazer abdicar a vida dela por mim bláblábláblá, eu sei, eu sei!” – Suspirou impaciente – “Só acho que vocês deveriam tentar”. Debruçou-se sobre o batente da sacada.

“Tentar?”

“Xiaolang, eu não sei se você sabe, mas existe avião, férias... Nenhum portal vai se fechar e a Sakura vai ser obrigada a viver aqui para toda a eternidade, ela é livre para ir embora, se quiser...” – Ela gesticulava, imitando avião e simulando um portal. Shaoran riu dos seus gestos – “Ei, eu falo sério! Não escutou nada do que eu falei, né? Hoje, eu nem deveria ter saído da cama. Foi só irritação! Enfim, vou voltar lá pra dentro antes que eu jogue você daqui de cima”.

“Meillin...” – Ao escutar seu nome, parou de andar -“Obrigado. Você sempre diz as coisas certas nas horas certas. Eu tenho muita sorte em ter na minha vida. Não sei o que seria de mim sem você!”. Sorriu.

Emocionada Meillin, nada disse, apenas deu língua e se foi: “O que deu neles hoje? Querem me fazer chorar?!”. Murmurou para si, enquanto segurava as lágrimas. Kurogane demonstrou preocupação ao vê-la prestes a chorar, mas ela sorriu para ele. Pelo olhar, ele entendeu que ela estava bem, e que ele não se preocupasse. Sorrindo para Kurogane, ela se afastou.

“Sua prima tem razão. Deveriam tentar”. Kurogane aproximou-se dele, ficando ao seu lado.

“Sim” – Shaoran virou-se e encostou as costas no batente da sacada – “Ela tem toda razão” – Viu Sakura, envergonhada, enquanto tinha as bochechas apertadas pelas as suas irmãs exageradas.

“Então acho que você deve dar o primeiro passo...”.

“Eu só preciso de coragem...” - Tomou o ultimo gole do vinho – “Kurogane...”.

“Sim?”. Kurogane deixou de olhar a movimentação e o encarou.

“Se você fizer a Meillin chorar, acabo com você”.

“Q-que...?!”

“Ah qual é...! Eu não vivo em uma bolha” – Sorriu da cara de surpresa que Kurogane ainda mantinha – “Não faça essa cara!”.

“E-eu...”

“Não percebi logo de cara... Mas teve um dia em que tive certeza”.

“Que dia?!”

“Quando insinuei que vocês formavam um belo casal. O olhar de surpresa dela... Foi aí que comecei a reparar em vocês... Na forma que ela olha pra você. E em como você a olha... É bem claro.”.

“Desculpe não ter falado antes...”.

“Tudo bem. Só não a faça chorar... É umas das coisas que tenho que conviver... Talvez seja por isso que você não teve muita paciência comigo quando pisei aqui” – Lembrou quando ela confessou seus sentimentos e a hostilidade de Kurogane com ele – “Meillin é muito especial, então entendo você... Ela é a irmã mais nova que sempre quis ter pra proteger.”.

Kurogane apertou seu ombro: “Vou cuidar bem dela. Eu gosto muito... Eu a-amo...”. Tentava falar, mas a vergonha era maior.

“Ora, ora... Kuro-kuro apaixonadinho!”.

“Ora, seu...!”. Tentou agarrá-lo pelo pescoço, mas Shaoran desviou.

“Fico feliz. Minha prima e meu amigo... Um brinde a vocês”. Sorriu e estendeu a taça para o alto.

“Está vazia, idiota!”.

“Ah...! Então é melhor ir encher...”.

“Já chega de beber...”.

“Sim, papai Kuro-pipi!”. Shaoran imitou uma voz infantil e saiu correndo de lá.

“Desgraçado!”. Kurogane observou o amigo se afastando. O semblante de irritação foi dando lugar ao de serenidade. O viu se aproximando de Sakura. Deseja que Shaoran pudesse ser feliz com Sakura. Assim, como deseja ser feliz com Meillin.

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