The Trip.

Quando Lucy entrou em Hogwarts no quarto ano, mesmo estando lá a menos tempo que o resto da turma, se sentiu tão á vontade que nunca se imaginou indo embora. Nunca pensou que um dia não veria aquelas pessoas, conversaria com os quadros, comeria no Salão Principal ou andaria pelos jardins. Mas quando o dia da sua formatura chegou ela não estava em panico, tá ela sempre estava pirando com tudo, mas, com aquilo ela estava tranquila principalmente porque ele estava com ela. Albus Potter estava ao seu lado com a mão entrelaçada na sua, sorrindo com lágrimas nos olhos, como todos, e ele a olhava com aqueles olhos verdes brilhantes a fazendo perder o folego.

Depois de Hogwarts eles tentaram ir devagar, se estabilizar nos novos empregos e planejar a nova vida, mas a necessidade de ficarem juntos era demais. Então depois de algum meses morando juntos eles se casaram, mais felizes do que já estiveram em toda a vida, até que a vontade de se ver ficou mais insuportável. Lucy já estava correndo entre um encontro e outro com editoras sobre o seu novo romance, Albus tinha progredido tanto na área de Leis da Magia que recebia cada vez mais trabalho. Mas essas pilhas de trabalho foram criando uma barreira entre eles.

Quando ela estava em casa ele estava trabalhando e quando ele estava em casa ela estava dormindo ou escrevendo. Correndo de um lado para o outro, passando na frente do outro focados em outra coisa. Foram muitos dias com apenas um boa noite na cama antes de não se verem por mais um dia.

A vida estava difícil, mas Lucy não conseguia admitir aquilo.

— Como assim você vai viajar dia sete? - ela disse aumentando o tom de voz por causa do barulho de trovão lá fora.

— Eu não posso fazer nada, Lucy.

— Você só pode estar brincando comigo Albus! Você viajou o mês passado inteiro e não consegue uma folga no seu aniversário de casamento?

— Eu que o diga! Você tem uma reunião quase o dia todo. - o Potter respondeu mexendo os braços, quase apagando a vela acesa. A chuva tinha começado há uma hora, quase o tempo em que eles estavam discutindo e a luz tinha acabado. Se perguntassem para o casal como abriga começou nenhum saberia responder, mas foi quando Lucy estava abrindo as gavetas procurando velas para iluminar a sala quando achou uma carta do Ministério para Albus dizendo que sua próxima viagem ia ser para a Escócia dia sete de outubro.

— É a última.

— E essa pode ser a minha última tarefa no Ministério,se eu não for, Lucy eu posso perder o meu emprego.

Lucy fechou as mãos em punho se segurando para não gritar “ que se dane o Ministério e o seu trabalho.” Albus sabia disso.

— Você acha que eu quero passar o nosso aniversário de casamento lendo papéis de leis que não vão mudar nada na nossa vida?

— Podia ter uma lei que te proibisse de ser tão viciado no trabalho. - Albus riu alto.

— Diz a pessoa que acorda em cima de papéis e tinta toda a noite, a sua cama sente a sua falta sabia?

— Como sabe disso se nunca dorme em casa?

O silêncio se instalou rapidamente, o casal continuou se encarando respirando fundo. Não para se acalmar, mas para recuperar o folego para começar outra briga. As discussões estavam piorando, no começo elas eram curtas e sobre coisas aleatórias tipo quem esqueceu de pegar as cartas da caixa do correio e elas molharam por causa da chuva, no final algum sempre acabava rindo de quão ridículo era.

Mas agora mesmo naquele comodo mal iluminado eles sabiam qual expressão dominava o rosto do outro, se conheciam bem demais para imaginar o outro sorrindo nessa situação.

Lucy suspirou passando as mãos nos cabelos escuros. Ela sabia que casamento era difícil, mesmo que seus pais fizessem parecer tão fácil, mas a grifinória só queria que fosse como naquelas músicas românticas onde eles não se preocupavam com o dinheiro e trabalho, só de ficarem juntos. Mas o amor não pagava as contas, nem eles aparentemente.

— O que estamos comemorando? - perguntou a morena quando entrou em casa. Albus tinha se oferecido para fazer o jantar, tinha arrumado a mesa de um jeito bonito, o vinho tinto descansava entre os pratos e talheres em volta do arranjo de flores. A casa cheirava a lasanha.

— A nossa vida? - retrucou o Potter saindo do forno e beijando a namorada.

— Você quebrou alguma coisa?

— Sua confiança em mim é linda.

— Pra combinar com o resto da minha cara.

— Eu sei. - ele a beijou de volta conduzindo a morena até a mesa.

— Eu deveria ficar com medo?

— Você já não tem medo de mim?

— Al…

— Relaxa, tudo está inteiro, o gato da vizinha está vivo e eu não queimei a lasanha.

— Muito bem.

Albus sorriu indo pegar a comida. Lucy fechou os olhos na primeira garfada sentindo o queijo e a massa derreterem em sua boca.

— Eu amo você. - murmurou.

— Eu ou a lasanha?- perguntou o moreno comendo também, ele fechou os olhos. - Com certeza a lasanha.

— O que temos para comemorar?

— Como foi o seu dia? - Lucy franziu as sobrancelhas ao ter a pergunta ignorada.

— Já comentei o quanto eu odeio trabalhar naquele café?

— Ainda não nessa ultima hora.

— Eu odeio muito.

— Não vai demorar muito Lucy, alguém vai aceitar o seu livro.

— Como sabe? Nem te deixei ler ainda.

— Eu sei porque eu confio em você, - ele pegou sua mão por cima da mesa. - e sou seu namorado você me paga pra dizer essas coisas.

— Você quer um aumento, por isso a lasanha.

— Não, na verdade eu tenho noticias do Ministério para nós.

— Nós? - ele assentiu sorrindo.

— Sabe como temos que fiscalizar as outras sedes do Ministério em outros países?

— Aham…

— Me convidaram pra ir pra França fiscalizar o meu departamento.

— Albus isso é ótimo!

— E você vai junto.

— O que?

— É só por alguns meses.

— Meses?

— Mas vai ser ótimo porque eles pagam o hotel e…

— Albus!

— O que?- ele franziu as sobrancelhas confuso, se perguntando porque ela não estava animada.

— Eu não posso ir para a França.

— Por que não?

— Porque eu tenho um emprego? E responsabilidades aqui? Esqueceu que eu tenho que cuidar do Peter? - Albus revirou os olhos. O irmão mais velho de Lucy,Peter, tinha machucado o joelho e usava a irmã e o irmão gemio Fred de apoio.

— Você odeia aquele trabalho, e o Peter tem o Fred eles vão ficar bem.

— Então,eu não posso ir trabalhar porque você quer trabalhar?

— Não, eu preciso trabalhar e não quero que você fique longe

— Mas você vai estar longe de mim também, sei que vai estar trabalhando o tempo todo.

— Lucy, eu nadaria um oceano por você,mas eu só estou começando no ministério é uma oportunidade rara. Eu não quero ir,mas eu tenho que ir.

— Eu sei que você quer ir,Al. Mas o negocio de morarmos juntos era pra compensar o tempo que não ficamos juntos. Eu só estou dizendo que não sei se vou conseguir ficar sem você.

— Você não vai ficar sem mim Lu.

— Mas e se você nunca mais voltar? Conhecer uma loira alta lá não sei aonde e nunca mais voltar? O que eu vou fazer Albus?

— Lucy Potter, eu já fiz algo que te provasse que eu não te amo?

Lucy sentiu as lágrimas vindo.