Kiss Kiss

Último fim de semana


Era quarta-feira de manhã e eu e Richard preparávamos o café da manhã enquanto falávamos sobre bobeiras. Ele já estava bem melhor da surra que havia levado daqueles covardes e isso me aliviava demais. De repente, nossa porta foi bombardeada com batidas diversas. Fui até a porta e sorri quando identifiquei as pessoas pelo olho mágico.

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— É o pessoal. – Disse sorrindo para o meu namorado e ele assentiu. Abri a porta e fui atacada com abraços e risadas.

— Que ânimo, hein. – Richard zombou.

— É porque você não sabe da maior! – Michael dizia animado enquanto invadia meu novo apartamento. Todos entraram e eu pude fechar a porta.

— O que houve? – Perguntei cruzando os braços.

— Fomos aceitos nas escolas técnicas de Gotham! – Ray contou super feliz e eu fiquei surpresa.

Era o sonho de eles serem aceitos nas escolas técnicas com os cursos dos sonhos e agora, eles tinham finalmente conseguido essa façanha. Eu comecei a vibrar e a pular com meus amigos que estavam felizes com a mudança.

Ray falava sobre como fazer Moda iria ser incrível e como ela seria a melhor estilista do mundo. Michael falava da escola de programação que havia conseguido entrar, agora só faltava lançar seu futuro jogo que faria muito sucesso. Mel e John falavam das escolas de engenharia mecânica que iriam fazer. Ambos estavam muito empolgados com a possibilidade de mexer com motores e automóveis.

— Isso é ótimo! – Comemorei. – Estou tão feliz por vocês!

A felicidade ainda não havia me feito cair na vida real, então ajudei meu namorado a fazer mais lanches para comemorarmos juntos. Quando sentamos para comer e conversar que a ficha caiu.

— Então – comecei hesitante – vocês realmente vão ir embora para Gotham. – O sorriso de cada um deles começou se esvair.

— É. – John começou olhando todos. – Nós vamos para Gotham. – Sua animação havia realmente desaparecido.

— Vai... – Ray não sabia exatamente o que dizer. – Vai ser legal.

— Mas é claro que vai. – Tentei animá-los. – Gotham é incrível e vocês vão se divertir demais. – Bebi um gole do meu suco. – Só fica um pouco longe.

— Três horas de viagem. – Mel comentou.

O silêncio se espalhou pela sala. Todos apenas olhavam para seu lanche e comiam quietos. Eu não queria ter causado tudo isso, realmente queria vê-los felizes.

— Nós precisamos arrumar uma forma de comemorar isso. – Disse e todos voltaram a me olhar. – Sim, precisamos sair para comemorarmos. – Me levantei tentando melhorar o humor do local. – Quando vão?

— Na segunda-feira de manhã. – Mel confessou.

— Então temos tempo para transformar essa despedida na melhor.

— Em minha opinião, vocês dois também deviam ir para Gotham. – Ray disse. – Você tem o Ryan lá e o Richard tem a família dele, não é?

— É complicado conseguir uma transferência assim. – Suspirei pesado.

— Inclusive Kory – Michael me chamou – vamos morar no mesmo prédio do Ryan. – Fiquei encantada com a novidade.

— A diferença é que vamos estar no último andar e ele no quarto. – Mel explicou.

— Isso é ótimo, ele vai amar ver vocês.

— Vamos logo montar essa comemoração? – Richard chamou.

Naquele dia, todos nós fizemos uma sessão pipoca com vários filmes e com muita besteira que nós pedimos para entregar. Falávamos do que íamos fazer no fim de semana e sobre o quão incrível seria.

No dia seguinte eu e Richard levantamos bem cedo para sairmos com nossos amigos. Havíamos marcado um super tour pela cidade para tirarmos varias fotos. Fomos ao zoológico, depois fomos a vários museus e galerias de arte. Fomos a feiras e centros comerciais diversos por Jump City para ver as mais variadas coisas.

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Rimos muito quando Ray se assustou com uma lagartixa que o namorado colocou de modo furtivo em seu ombro. As pessoas olharam perplexas para a garota que tentava agir como se nada tivesse acontecido. Compramos as mais diversas bobeiras: bijuterias, brinquedos engraçados e objetos decorativos.

Na galeria, Mel e Michael tentavam imitar as poses das esculturas e quadros nos fazendo rir muito alto, quase sempre sendo repreendidos por críticos que estavam no local no dia. Nos museus ficamos encantados com a exposição de geologia com as mais diversas pedras preciosas e maravilhosas já vistas. Além de equipamentos encontrados do início da colonização americana.

No sábado, nós fomos à praia e ficamos o dia todo naquela região. Indo a soverterias e comendo besteiras enquanto pegávamos sol. Eu havia queimado bastante, assim como as meninas. Mergulhar na agua do mar e brincar de achar conchas era incrível. Eu amava isso. E só de pensar que já passeie por essa praia com Richard a noite, só me trazia melhores memórias.

No domingo, acordamos cedo como nos outros dias. Hoje havíamos marcado um piquenique entre todos nós. Iriamos ficar o dia todo no parque central de Jump City, no nosso cantinho favorito: a mesa de piquenique embaixo de uma árvore em frente ao lago.

Cada um levou comidas deliciosas e o bastante para o dia. As roupas confortáveis e o clima maravilhoso só cooperaram para o nosso dia ser melhor ainda. Assistimos o pôr-do-sol ali mesmo, rindo e conversando. Mel estava com uma latinha de cerveja nas mãos enquanto sorria.

Vou sentir falta disso...— Disse de forma doce.

— Disso? – Questiono.

— Desses nossos momentos loucos. – Respondeu.

— Eu também vou. – John levantou da toalha e abraçou a garota.

— Vou sentir falta da escola também, de algumas pessoas de lá... – Ela parou para dar um profundo suspiro que me pareceu doloroso.

— E da sua mãe? – Ray questionou.

— A Sarah? – Mel disse com desgosto e deu outra golada na bebida. – Eu não dou a mínima para aquela... – Mais um suspiro doloroso. – Aquela mulherzinha.

— Eu não tenho ninguém aqui, então acho que só vou sentir saudades de vocês dois. – Ele parou para pensar. – E da senhorinha que alugava a garagem para minha moto.

— Meu pai vive viajando a trabalho, mas vou sentir a falta ele e da escola. – Ray comentou. – Ele disse que ia sempre me visitar e pediu para que eu e Michael não tenhamos filhos por agora. – Todos nós rimos. – Ele tem razão. – Ela zombou.

— Eu sei que vou sentir a falta das minhas mães, elas vão continuar aqui. – Michael começou. – Mas a escola tinha gente legal, sei que vou acabar me lembrando deles uma hora ou outra.

— Vocês deviam ir para Gotham, hein. – Ray disse. – É só o que eu acho.

— Eu também acho. – Mel começou. – Argenta vai acabar enchendo o saco de vocês dois e o Xavier é meio doido. Vai que ele cisma de mexer com vocês de novo?

Bem...— Suspirei. – Eu não sei.

— Nós vamos analisar as possibilidades, certo? – Richard disse sorrindo para mim. – Em Gotham o que não falta é lugar para ficar e muito menos dinheiro.

— Vamos pensar isso com calma. – Disse e todos nós voltamos a apreciar aquele fim de tarde maravilhoso.

Segunda-feira chegou e nós acordamos cedo para ver nossos amigos na rodoviária. Queríamos nos despedir uma última vez deles. Enquanto Michael e Ray colocavam as malas no bagageiro, John e Mel nos abraçavam para logo irem pegar seus assentos do ônibus, já que haviam contratado uma empresa que levou as suas motos na sexta; ou como chamavam de seus “bebês”.

— Meu amigo, Victor, também chamava o carro dele assim. De bebê. – Rimos da declaração de meu namorado.

— Boa viagem. – Disse quando Ray e Michael se aproximaram de nós. – Me avisem quando chegarem. Amo vocês.

— Nós também. – Ray disse enquanto fazíamos um abraço de grupo.

— Por que estamos nos abraçando mesmo? – Michael zombou e todos nós rimos em meio a lagrimas.

— Pensa bem – Ray começou – a sua vida pode estar em Gotham.

— Tem alguma coisa segurando ela aqui, vou descobrir o que é e me livrar disso. – Richard brincou.

Ver meus amigos entrarem no ônibus de viagem e dar tchau para mim de suas janelas partiu meu coração. Eu não aguentei vê-los partir e comecei a chorar. Corri poucos metros quando o ônibus começou a partir, apenas para gritar mais uma vez.

— AMO VOCÊS! – Eu queria ter a certeza de que eu havia falado o bastante e de que eles sabiam disso. Que eles haviam escutado...

Em meio às lágrimas de desespero e tristeza, meu namorado se aproximou e me abraçou com força. Ele fazia carinho em meu cabelo enquanto dizia que tudo ficaria bem.

Se você falar, a gente simplesmente pega o necessário e vamos juntos para Gotham... É só me falar o que quer...

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